«A Póvoa de Varzim virou, em definitivo, uma página da sua História»
lê-se no site deste município.
O Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, já tinha anunciado, na passada semana, que a Praça de Touros, uma vez feito o investimento de cinco milhões de euros previsto para transformar aquele espaço num pavilhão multiusos, deixaria de acolher touradas. Anteontem, porém, o autarca declarou o concelho anti-touradas, afirmando que “o corte inevitável com uma “tradição” que, tendo feito o seu caminho e prosseguido o seu objeCtivo, não tem, nos nossos dias, razão de ser”.
(Ressalvamos o termo “tradição”, porque jamais as touradas foram uma tradição, mas tão-só um costume bárbaro, introduzido em Portugal pelos monarcas espanhóis (os três Filipes) quando se apoderaram do nosso território, e que depois de terem sido “devolvidos” a Espanha, o povo português, que tanto gosta de estrangeirismos, adoPtou cegamente, e hoje, em plena República, e com um governo socialista, ainda se mantém, em Portugal, esta reminiscência da grosseria monárquica.
Lê-se igualmente na notícia que «depois de proibir a utilização de animais selvagens em “espeCtáculos” de circo (mesmo antes de ser proibido por lei), o que também ressalvamos, uma vez que depois desta declaração foi permitido um circo com animais, no concelho, e de criar mais condições para a população canina, quer no Centro de Recolha Oficial de Animais de Companhia (onde se não fazem abates), quer nas instalações de “A Cerca” (associação de voluntários com foi estabelecido protocolo de suporte à sua aCtividade), e depois de, com esta associação e os Bombeiros Voluntários, ter criado a Ambulância Animal para socorro de animais em sofrimento na via pública, a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim aprovou, por unanimidade, a interdição de corridas de touros ou outros “espeCtáculos” que envolvam violência sobre animais a partir de 1 de Janeiro de 2019, e aqui ressalvamos o termo “espeCtáculos”, por esta barbárie não constituir um espeCtáculo, mas configurar, isso sim, uma prática selvática de origem monárquica.
Esperemos igualmente que nesta boa vontade a favor do bem-estar animal, esteja incluída a abolição do tiro aos pombos e da batida às raposas, esta última, uma prática perpetrada pelo clube de caçadores da Estela.
Aires Pereira, presidente do município poveiro, esclareceu ainda que “com a progressiva perda de público dos “espeCtáculos” tauromáquicos (mais acentuada a norte que a sul), refleCtida numa queda global de 50% nos últimos 7 anos, as praças de touros do Norte passaram a ter um uso residual.»
Acrescentou ainda Aires Pereira que «ultimamente, apenas se realizavam duas touradas por ano naquela praça e que a sociedade se tem vindo a posicionar de forma diferente em relação a essas corridas: há uma outra sensibilidade em relação às touradas, as novas gerações olham-nas de forma diferente, este ano já não se fizeram garraiadas nas festas académicas e a Câmara decidiu dar um novo uso àquela praça».
Muito bem, senhor presidente.
Os poveiros civilizados ganharam, e a Póvoa de Varzim acaba de dar um passo relevante em direCção à Evolução. Que não haja a mínima possibilidade de retrocesso. E que este passo fique aqui registado, para que se conte e se faça História.
Isabel A. Ferreira