Isabel
Creio que não é a primeira vez que nos cruzamos. Talvez esteja enganado.
Tenho, contudo algumas questões a colocar sobre a defesa da Língua Portuguesa.
1º Qualquer ortografia que se adopte não passa de uma lei arbitrária. Aminha mãe aprendeu a escrever, por exemplo, Pharmácia; Theatro; Izaura; Philarmónica; e tantos outros que de tempos a tempos os governos vão alterando com critérios tão arbitrários como a ortografia que substituíam, como agora o é o AO.
2º Não sou a favor de de3fender qualquer ortografia. Seja a do séc. XIX, a de 1911, a de 1940, ou o AO que está actualmente em vigor. Todas elas se baseiam em critérios arbitrários.
3º - Maior atentado à língua portuguesa é uso e abuso da língua colonialista anglosaxónicagermânica. O uso deste linguajar, este sim, é um atentado à Língua Materna Portuguesa, como a muitas outras Línguas Maternas de outros países que se sentem, como eu colonizados.
4º Concluindo: Unamo-nos contra o colonialismo cultural, que a ortografia da Língua Portuguesa lá irá andando, de acordo em desacordo, desde que não seja substituída por um qualquer Latim dos tempos contemporâneos.
Zé Onofre
Boa tarde, Zé Onofre,
Não, não é a primeira vez que nos cruzamos. Já por aqui andámos a trocar ideias. Vou então responder às suas questões.
1 – Não concordo com a sua primeira observação: «qualquer ortografia que se adopte não passa de uma lei arbitrária». A Linguagem é uma Ciência, que, como todas as Ciências, têm os seus especialistas, os estudiosos que aprofundam, adaptam e organizam os saberes, tornando-os acessíveis às massas menos esclarecidas.
A sua mãe, se nasceu antes de 1945, escrevia as palavras que refere, com fonemas gregos, dispensáveis, uma vez que o alfabeto da nossa Língua é o latino, e no alfabeto latino, os fonemas PH e TH, correspondem às letras latinas F e T, e o Y de “lyrio” ao nosso i latino, o W, que são dois “vês” corresponde ao V, etc., e não havia necessidade de continuarmos a usar fonemas gregos, quando a nossa Língua se baseia no alfabeto latino e é oriunda do Latim, e não do Grego, embora muitos vocábulos tenham raiz grega, onde o Latim foi “beber”. Fernando Pessoa escrevia “pharmacia”, mas no seu nome usava a letra F.
Então, os ESTUDIOSOS da Linguagem decidiram simplificar a escrita, e nasceu a Convenção Ortográfica assinada em Lisboa, em 06 de Outubro de 1945, entre a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras, no sentido de adaptar a grafia ao nosso alfabeto latino, e retirar caracteres duplos, que não faziam absolutamente falta nenhuma para a pronúncia e significado das palavras, porque não tinham função diacrítica, como por exemplo “ella” e “ela”, a qual deveria ser aplicada em Portugal e no Brasil. Se me perguntar se foi uma reforma ortográfica PERFEITA, digo-lhe logo que não, ficaram algumas arestas por limar, o que será natural, porque a linguagem escrita é um processo bastante mais complexo do que a oralidade.
Acontece que, os Brasileiros, tendo um índice de analfabetismo elevadíssimo, e pretendendo baixar esse índice, em 1943 elaboraram unilateralmente um Formulário Ortográfico, aprovado em 12 de Agosto de 1943, constituindo um conjunto de instruções estabelecido pela Academia Brasileira de Letras para a organização do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa do mesmo ano, e que, entre muitas outras modificações, suprimiu as consoantes mudas que ELES não pronunciavam, não seguindo, contudo, um critério científico, pois enquanto os Portugueses NÃO pronunciavam o PÊ de recePção, eles pronunciavam, e esse PÊ escapou ileso no Brasil, e em Portugal foi simplesmente abolido. E é este documento de 1943, que desde então, regula a grafia brasileira, e no qual os engendradores do AO90, se basearam.
De modo que o Brasil assinou o AO45, mas NÃO o cumpriu. E assim nasceu a grafia brasileira, que se opõe à grafia portuguesa.
Citando José de Castilho: « “Divergências novas entre Portugal e Brasil. O AO90 cria diferenças ortográficas num contexto normativo de unificação. Isto constitui uma contradição insanável e uma violação do seu espírito unificador. Este contra-senso científico conduz-nos a um cenário em que as divergências artificialmente criadas na ortografia são superiores às palavras unificadas. Segundo um estudo de Maria Regina Rocha, com base em pesquisas no Portal da Língua Portuguesa, o AO90 harmoniza 569 palavras, mas mantém diferenças em 2691 e cria 1235 novas divergências. Estes números ilustram claramente a fraude da unificação ortográfica do AO90.” excerto de texto de Luís Canau:
https://app.parlamento.pt/webutils/docs/doc.pdf...
2 – Nenhuma ortografia, a não ser a brasileira de 1943 e agora este AO90, se baseia em critérios arbitrários, mas em critérios das Ciências da Linguagem. Sabemos que o AO90 NÃO TEM nenhum critério linguístico, mas somente POLÍTICO.
3 – Existe uma língua de comunicação global: a Língua Inglesa, que não precisou ceder ao gigante EUA, como Portugal cedeu ao gigante Brasil. E sendo uma Língua de comunicação global, a mim, não me causa a menor mossa a utilização de vocábulos, imediatamente compreendidos por todos os povos do mundo, como é, por exemplo, a linguagem informática. E antes o Inglês do que o acordês/mixordês.
4 – Portanto, UNAMO-NOS, SIM, contra o colonialismo linguístico brasileiro, que está a fazer desaparecer a Língua Portuguesa e a ser substituída pelo tal acordês/mixordês.
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