Recebi um texto de Artur Soares, “Escritor d’Aldeia”, e que aqui reproduzo.
«PARA QUE CONSTE
Toiradas/aborto
O matador do touro na arena, pode ser homem bondoso e honesto. Dúvidas, também se podem colocar naqueles que gostam de assistir a tal massacre. E matar o touro na arena, é arte com certeza; mas desejar vê-lo morrer, pode ser falta de chá ou de sensibilidade;
Os portugueses atentos, os não feirantes nem alienados perante a vida social que teimam impor, conhecem as razões porque a lei do aborto em Portugal mata aos ziguezagues – a torto e a direito – porque todos, indirectamente, pagam para tais serviços, tais birras ou políticas cancerígenas;
Neste nosso enfadonho país em tantas coisas da vida social, hipocritamente chamam criminosos aos matadores de touros na arena. E aos que defendem o aborto e aos que defendem a liberdade de abortar, chamam-lhes democratas e progressistas. Foi pena – para tais defensores e decretantes – que não tivessem tido umas mães libertadas, que lhes fechassem as pernas ao nascer.
(In BICADAS DO MEU APARO – Artur Soares – escritor d’Aldeia)
(O autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico)»
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Senhor Artur Soares, não sei se interpretei bem ou mal o seu texto. é um textoi dúbio, que tanto dá para um lado, como para o outro.
Caso o tenha interpretado mal o texto, aqui deixo uns reparos.
Vamos por partes.
Primeira parte:
O matador do Touro na arena jamais será bondoso e honesto, e muito menos um homem.
O matador do Touro na arena é uma criatura com aspecto humano, mas não passa de um ser desumano com instintos assassinos. Os seres humanos bondosos e honestos jamais irão torturar e matar seres sencientes, indefesos, inocentes e inofensivos, e previamente enfraquecidos, para uma arena, com o intuito de divertir os sádicos. Isso é coisa de psicopatas, algo bastamente estudado pelas Ciências do foro mental.
Matar um Touro na arena jamais foi um acto artístico, mas sim, um acto cruel, violento, sanguinário, cobarde, perpetrado por gente que sofre de graves deformações mentais, devido à miséria moral, social e cultural em que foi criada.
Os que assistem e gostam de tais actos, são sádicos, e babam-se ao ver SOFRER um ser vivo, seja ele humano ou não-humano. Gostam de ver sangue, esgares, estertores da morte, tudo isso englobado numa descomunal demência colectiva, também provocada pela miséria moral, social e cultural em que foram criados.
Nesta imagem fica explicado que uma pessoa do bem e de bem, jamais se regozija ao ver um torturador de touros morrer na arena. Essa morte pode ser-lhe indiferente, como são indiferentes as mortes dos terroristas, dos assassinos em série, dos que andam por aí a fazer mal à Humanidade. Ninguém chora essas mortes, a não ser a família. O mundo sente alívio e apenas diz que é menos um a espalhar o mal.
Os tauricidas correspondem aos terroristas dos Touros. E quando um desses tauricidas morre na arena, diz-se que é menos um a fazer mal aos Touros. E isto não é sinónimo de regozijo. Mas de alívio.
A insensibilidade, deixamos para os que torturam Touros e se regozijam (esses sim) com o sofrimento atroz deles, dos Touros).
Segunda parte:
Já vimos que a tauromaquia é uma estupidez assente na mais profunda ignorância. Tentar justificar esta estupidez com a chacina de crianças no ventre materno, o que socialmente se designa por aborto ou interrupção voluntária da gravidez, é algo que me deixou perplexa.
E ainda bem que falou nisto.
Oito semanas: o embrião cresce a uma velocidade impressionante, protegido pelo saco fetal.
Origem da foto:
https://manuelhborbolla.wordpress.com/2015/05/30/la-vida-fetal-y-nuestro-origen-remoto/feto-13/
Uma estupidez jamais pode ser justificada através de outra estupidez.
Não se misture a carnificina dos Touros, com a discussão da chacina de inocentes seres vivos dentro do santuário da vida, que é o útero de uma mulher.
A cobardia é igual. Matam-se seres indefesos, inocentes e inofensivos, unicamente por interesses dos mais variados. E tanto condeno a chacina de um Touro indefeso, inocente e inofensivo numa arena, como condeno a chacina de um ser, a quem chamariam filho (se o deixassem nascer) também indefeso, inocente e inofensivo dentro do útero materno, um lugar que deve ser de vida e não de morte.
Isabel A. Ferreira