Comentários:
De O apartidário a 23 de Maio de 2024 às 17:36
Artigo do Ionline

"O homem não está bem, por causa dos traços de personalidade, os que sempre existiram com maior ou menor expressão, mitigados ou contidos por mínimos de senso, mas sobretudo porque sempre viveu numa bolha.

É da bolha do berço, no conforto do Estado Novo e dos ajustes ao funcionamento democrático, achar-se ungido pela superioridade da Capital e da Linha para rotular terceiros perante estrangeiros de “rural”, “urbano-rural” ou “oriental”. 50 anos depois da implantação da Democracia o país ainda não conseguiu superar a altivez e alegada superioridade de um conjunto de cidadãos mais próximo do Rei Sol do que de um Estado de direito democrático, que em função da origem e da proximidade aos corredores do poder, dos interesses vigentes e das posições consolidadas, acham que Portugal é Lisboa e o resto é paisagem.

É da bolha da irresponsabilidade achar que se pode polemizar em torno de temas, que mexem com feridas da sociedade portuguesa de forma inconsequente quando o país está pejado de problemas e desafios para os quais não têm recursos e ainda estamos num quadro de existência de fundos comunitários, como aconteceu com a necessidade de ajustes de contas com a história de Portugal, sempre à luz dos olhos e dos valores de hoje.

É da bolha da sonsice, pelo seu perfil de personalidade, querer fazer-nos acreditar que o exercício da cunha pelo filho no caso das gémeas não foi validado por um quadro de referência e uma prática do pai, com certeza com diversas projeções nos vários ministérios e instâncias da sociedade portuguesa desde que chegou a Belém. A enunciada rutura mais não é do que uma desumana e sonsa tentativa de contenção de danos, através de uma imposição de uma cerca sanitária de sanção a um comportamento que Marcelo também exercitou em barda ao longo do mandato. Basta considerar o seu comportamento, o que ele verbaliza em público e agora o nível do que verbaliza em alegado privado, como no jantar de correspondentes estrangeiros em Portugal.

A bolha é um problema nacional. Viver na bolha é uma opção, pode até durar décadas e suscitar êxitos, mas, em democracia, há sempre um momento em que surge um clique de mudança, de sintonia com a realidade ou de preservação de mínimos de senso, de compromisso e de respeito pelo acervo de direitos, liberdades e garantias. A bolha de Marcelo é um problema. A bolha de Pinto da Costa levou-o a uma desastrosa saída de cena. A bolha em que vivem muitos protagonistas da vida política, reconfortados pelo que o exercício de funções lhes permite, mesmo que afastados das necessidades das pessoas e do país como um todo, leva-nos ao desgaste do compromisso democrático e à emergência de derivas negativas, do populismo ao insulto gratuito, da falta de observância de regras mínimas de vida em comunidade à disseminação do medo, da mentira e do boato. A bolha pode-se resolver pelo voto, mas numa sociedade com dinâmicas tão intensas, tem de haver forma de os excessos de vivência na bolha serem escrutinados, avaliados e superados quando estiverem reunidos os pressupostos do exagero, do chocante desfasamento, do dano ao interesse geral e do cansaço.

Por agora, para além da evidente espiral de degradação pessoal e institucional, num momento importante do país era bom que assim não fosse, temos um problema constitucional."

Mais aqui https://ionline.sapo.pt/2024/04/30/marcelo-e-o-problema-da-bolha/
De Isabel A. Ferreira a 23 de Maio de 2024 às 18:47
Obrigada, «O Apartidário», por mais estas achas para uma fogueira que não pára de crescer.

Portugal está nas mãos erradas.
Tinha de haver um jeito de correr com quem não merece o epíteto de português.
Todo os cargos de topo, nesta nossa pobre "democracia" estão sujos, pela indignidade com que são exercidos.
De O apartidário a 23 de Maio de 2024 às 17:46
"o actual residente no Palácio de Belém admitiu publicamente que Portugal, do qual é, seria (mas não se comporta como tal), o «supremo magistrado», é colectivamente – e por muitas gerações – culpado por actos hediondos" ---------------- Ao ler esta parte logo me lembrei das palavras ditas pelo personagem em questão(que contrastam claramente com essas que apontam para uma especie de culpa colectiva) ainda no ano passado na Bélgica:

De visita à Bélgica(17-10-23), onde viu cancelado o seu encontro com o primeiro-ministro belga na sequência do ato terrorista de segunda-feira em Bruxelas, mas onde permanecerá nos dias previstos - “o Estado não pode aceitar que ações criminosas questionem o seu funcionamento normal”, afirmou - Marcelo Rebelo de Sousa deixou avisos contra “uma ou duas tentações”.

À primeira, decorrente da ação terrorista do Hamas em Israel e da morte de dois cidadãos suecos em Bruxelas às mãos de um tunisino que se terá afirmado “combatente de Alá”, Marcelo chamou “tentação de um espírito de alarme constante”. E contrapôs-lhe duas certezas: a de que “ninguém pode garantir que não há terrorismo em qualquer ponto do mundo", sendo certo, no entanto, que “as estruturas europeias estão hoje preparadas com condições de segurança muito mais sofisticadas para prevenir” o terrorismo.

A segunda tentação referida pelo Presidente da República é a de acreditar que há culpas coletivas de determinados povos, cenário que rejeitou liminarmente. “Não há culpas coletivas”, enfatizou, recusando-se a “dar o salto imediato” do que se passa “numa ponta do mundo” para atos terroristas que acontecem em todo o mundo. E “também não daria o salto de identificar” esses atos “com determinadas categorias de pessoas”, o que apontaria para a tal “culpabilidade coletiva”.
Daqui https://expresso.pt/politica/presidente/2023-10-17-Marcelo-previne-alarme-em-Portugal-Nao-faz-sentido-nenhum-projetar-fenomenos-de-imigracao-para-construir-cenarios-sobre-terrorismo-6e55ac9d
De Isabel A. Ferreira a 23 de Maio de 2024 às 18:52
Sabe o que isto é?
É a ignorância da História que faz com que se digam disparates de elevado calibre. [:<]
De Octávio dos Santos a 23 de Maio de 2024 às 18:35
Obrigado, cara Isabel, pela divulgação. E, claro, obrigado também, e ainda mais, por continuar a ser uma líder incansável numa luta necessária e justa.
De Isabel A. Ferreira a 23 de Maio de 2024 às 18:54
Eu é que tenho de lhe agradecer o artigo e as gentis palavras que me dirige, caro Octávio.
Obrigada.

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