Luís Campos Ferreira, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, deslocou-se ao Alto Minho para mais uma “Embaixadoria”, desta vez dedicada ao México, acompanhado pelo Embaixador Alfredo Pérez Bravo, com o objectivo de levar embaixadores acreditados em Lisboa a visitar diversas regiões portuguesas, para realçar a diversidade cultural regional e as potencialidades do tecido empresarial do país.
Desta vez a “Embaixadoria” foi até Viana do Castelo, onde, num discurso aqui proferido, Luís Campos Ferreira referiu o Fado, o Cavalo Lusitano e as touradas como prova da “qualidade” do Alto Minho.
Ora, tal afirmação mostra uma certa ignorância sobre o que é o Alto Minho e as suas qualidades.
O Alto Minho não é Lisboa, que põe o Fado e a selvajaria tauromáquica (vulgo tourada) no mesmo saco “cultural”.
O Fado é Património Cultural Imaterial da Humanidade. É.
Mas a tourada é um costume bárbaro, ainda praticado em Lisboa, mas não tem qualquer tradição no Norte de Portugal, à excepção de Ponte de Lima, que é um autêntico ninho de lixo tauromáquico.
Viana do Castelo, a primeira cidade portuguesa a ousar ser anti-tourada, curiosamente, nos mandatos posteriores ao Dr. Defensor Moura, Presidente do município vianense, que limpou Viana do Castelo do lixo tauromáquico, regressou á selvajaria, tornando-se pró-tourada, devido à ineficácia política dos actuais autarcas. Mas a esmagadora maioria da população vianense é anti-tourada.
O Cavalo Lusitano, esse, é na verdade um Cavalo digno e de excelência, porém, é bastante maltratado em Portugal, pois além de não ser considerado um animal, pela lei portuguesa, é cobardemente utilizado nas bárbaras corridas de touros à antiga portuguesa (coisa de um passado que já passou há muito).
Por incrível que pareça, lê-se na Wikipédia que «existe uma raça de cavalos desenvolvida especialmente para as Corridas de Touros, o cavalo Puro-sangue Lusitano (PSL), que se diferencia pela sua coragem, generosidade e altivez.»
Agora digam-me, colocar o Cavalo Lusitano como prova de qualidade do Alto Minho, quando o torturam barbaramente nessas “corridas” á moda do tempo dos ignorantes… será uma prova de “qualidade”?
Isto é uma falta de discernimento total.
Luís Campos Ferreira continua a “mostrar Portugal” ao mundo, mas de um modo que não dignifica nem Portugal, nem os Portugueses que não se revêem nesta incultura bárbara de touradas e utilização de animais como os dignos Touros e o generoso e altivo Cavalo Lusitano, na festa parva dos que ainda vivem na Idade do Calhau.
E a Rádio Geice, que transmitiu este vergonhoso discurso, não terá um espírito de Cultura Crítica, que possa fazer uma triagem daquilo que é civilizado dizer alto, e daquilo que não é civilizado dizer alto?
Este secretário de estado envergonhou Portugal e desprestigiou o Alto Minho com o um discurso sem nexo. E ninguém diz nada?
Fica-se pela triste, pobre e apodrecida mensagem de alguém que ficou parado na Idade Média, mas representa o governo português, no ano de 2015, da era cristã?
Sim, sabemos, que era o embaixador do México (um país tão retrógrado quanto Portugal, nestas questões de evolução e civilização, pois também ainda alberga a selvajaria tauromáquica, se bem que a caminho da abolição) que acompanhava Luís Campos Ferreira….
Mas ainda assim...
Tinha de haver senso crítico.
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