O atentado ao Charlie Hebdo, perpetrado por abomináveis terroristas, no dia 7 de Janeiro de 2015, em Paris, não foi um atentado apenas contra os jornalistas que trabalhavam naquele jornal satírico.
Foi um atentado contra toda a Humanidade civilizada e livre.
O mundo não mais será o mesmo depois desta tentativa de calar as vozes de uma consciência colectiva.
Não podemos permitir que obscurantistas e ignorantes desprovidos de qualquer sentido humano calem as nossas vozes, aterrorizando-nos com armas de fogo.
As vozes de dez jornalistas calaram-se para sempre, mas milhares de outras vozes gritarão pelo mundo inteiro JE SUIS CHARLIE, e a liberdade de expressão não perecerá.
Quem não tem capacidade intelectual de se rir das suas próprias fraquezas, utiliza a força bruta que os agrilhoa às pesadas algemas da ignorância, para fazer valer ideias retrógradas e irracionais.
E aqueles que ainda não perderam a sua lucidez não podem permitir que a irracionalidade se sobreponha à razão.
JE SUIS CHARLIE será o nosso grito de uma guerra pacífica.
TODOS SOMOS CHARLIE neste momento.
Que estes jornalistas não tenham morrido em vão.
Eles morreram para manter a liberdade de expressão viva.
Saibamos honrar o extremo sacrifício destes heróis da palavra, por um mundo livre do estigma da tirania religiosa, da escravatura política e do encarceramento do pensamento.
JE SUIS CHARLIE.
Hoje e sempre.
De Elisabete a 8 de Janeiro de 2015 às 20:09
O atentado foi abominável, sem dúvida, mas os cartoonistas abusaram durante anos a fio da chamada liberdade de expressão. Gozar indiscriminadamente com as crenças religiosas e espirituais dos outros é grave, não é liberdade, é abuso dessa liberdade.
Lamento a perda das suas vidas humanas e da forma atroz como aconteceu, mas não da arte que faziam. Quem não gostar do que digo, paciência. Rogo-me o direito de me expressar sem agredir os credos espirituais dos outros nem de satirizar e gozar com Cristo, Buda, Maomé, etc. figuras sagradas das maiores religiões do mundo. O Charlie Hebdo publicava pornografia atingindo o âmago da espiritualidade sagrada.
Liberdade de expressão, sim, denúncia, sim, mas com o devido respeito pela vida dos outros e pela nossa própria. Os cartoonistas não tinham medo de morrer e provocaram gente obscura com mentalidade medieval, os terroristas. A vida é mais preciosa do que qualquer irreverência. Se eu me manifestar provocatoriamente nas ruas vou presa ou se for contra alguém num jornal sou censurada, porque os artistas dos cartoons também não o são?... Até porque o famigerado jornal foi há algum tempo criticado por provocar tensões sociais.
Os crimes terroristas não têm razão de ser, mas as 4 vítimas, cartoonistas famosos, não estavam totalmente isentas de culpa e arrastaram todos os outros com eles inclusive os polícias que estavam no cumprimento do seu dever.
O que se verifica é que agora toda a gente diz "Je suis Charlie" porque se solidarizam. Eu também me solidarizo com as vítimas todas, mas nunca com o Charlie Hebdo na sua essência como jornal provocador.
Muito bem, Elisabete.
Tem todo o direito à sua opinião, e nem sequer vou retirar-lhe a razão.
O que diz faz sentido.
A liberdade de expressão não é o mesmo que libertinagem de expressão. Nem pode ser.
O Charlie Hebdo excedia-se, por vezes. É certo. E não posso dizer-lhe que concordei sempre com tudo o que publicava.
Eu jamais satirizaria figuras do culto sagrado de qualquer religião.
Porém, uma coisa é não concordar com quem pensa diferente de nós.
Outra coisa é pretender calar vozes que têm o direito de se expressar, de um modo brutal e definitivo. Cruel e sangrento, em nome de um deus.
Isso ninguém tem o direito de fazer.
E é a condenação desse modo brutal e definitivo de calar vozes que têm o direito de se expressar que aqui coloco em causa.
Por isso grito continuo a gritar Je sui Charlie.
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