Hoje é dia dos limianos incultos (porque os há cultos) mostrarem ao mundo o seu monumental atraso civilizacional, com o aval da igreja católica portuguesa, ao celebrarem o Dia do Corpo de Deus, com uma prática, das mais estúpidas (porque as há mais cruéis) que existem no rol da selvajaria tauromáquica.
Deus não deve gostar que celebrem o seu CORPO deste modo tão vil. Eu, se fosse Deus, não gostaria.
Um bando de alcoólicos tortura um Touro, AMARRADO a uma corda, que levou com uma garrafa de vinho na cabeça, e puxam-no pelas ruas da vila, constituindo a chacota do mundo civilizado.
Um Touro com 450 quilos de peso chegou terça-feira a Ponte de Lima, para servir de diversão a bandos de bêbados, numa prática medieval, primitiva e muito estúpida, a que chamam “Vaca das Cordas’, para celebrarem, com o aval da igreja católica, o Santo Corpo de Deus, como se Deus aceitasse tal oferta pagã e parva.
Segundo o presidente da associação “Amigos da Vaca das Cordas”, Aníbal Varela, que há 35 anos organiza este ritual do tempo das trevas, o Bovino veio de uma ganadaria de Montemor-o-Velho, no distrito de Coimbra, sabe-se lá em que condições, para depois servir de diversão aos bugres.
O ritual macabro da ‘Vaca das Cordas’ obriga a que o desafortunado Touro saia para a rua conduzido por cerca de dezena e meia de pessoas já bastante alcoolizadas, preso por duas cordas, e com os cornos embolados, levado até à Igreja Matriz, onde é preso à janela de ferro da Torre dos Sinos, com este pormenor patético conforme o grosseiro costume local: sendo-lhe dado um banho de vinho tinto da região “lombo abaixo, para retemperar forças”, diz o Aníbal.
E "lombo abaixo" significa quebrar-lhe a garrafa na cabeça.
Quanta boçalidade!
Depois, dá três voltas à igreja, sempre com percalços e muitos trambolhões à mistura dos populares, que ousam enfrentá-lo, após o que é levado para o extenso areal da vila, dando lugar a peripécias, com corridas, sustos, nódoas negras e trambolhões e até pegas de caras amadoras, tudo muito regado a vinho, cerveja e outras bebidas que tais, num ritual bem à moda dos ignorantes medievais, que junta um povo muito primitivo, que sobrevive ao redor de Ponte de Lima, e tem nisto o ponto mais alto das suas inúteis vidinhas.
A igreja católica abençoa, e os governantes apoiam, sem saberem o que fazem, e a má fama que dão a Ponte de Lima, uma vila onde o atraso civilizacional sai à rua neste dia, depois de estar um ano aferrolhado nas escuras cavernas, onde os trogloditas se refugiam.
Misturado com esta selvajaria, onde um pobre animal indefeso é usado e abusado como se fosse uma marioneta, não se tendo em conta que é um SER VIVO, retirado do seu habitat, um animal como todos os animais que o atormentam pela vila adiante, e já madrugada dentro, nas ruas do Centro Histórico faz-se tapetes floridos, por onde irá passar a procissão do Corpo de Deus, num acto altamente sacrílego, que a igreja católica consente.
E nisto consiste esta diversão de criaturas que pararam no tempo, recusando-se determinantemente a evoluir.
Hoje, Ponte de Lima é o caixote de um tipo de lixo que nem sequer serve para reciclar.
Isabel A. Ferreira
Fonte: http://bomdia.eu/hoje-e-dia-de-vaca-das-cordas/