Reflexão ao redor da incapacidade moral e natural de evoluir
«Muitas vezes, aqueles que defendem os direitos dos animais são vistos como alguém que ama mais um animal do que o seu semelhante humano. Nada de mais errado. A verdade é que as sociedades onde os direitos dos animais não estão protegidos são, por norma, sociedades que não respeitam os direitos humanos na sua totalidade.
E porquê? Porque é através da forma como tratamos o outro que nos definimos, e maltratar um animal é assistir ao rebaixamento do ser humano, à sua desumanização, à ignorância mais pura da sua própria condição. Porque o ser humano é, também ele, um animal. Com características que o distinguem dos outros, mas, no entanto, um animal. E ao não respeitar os restantes animais, não se está a respeitar a si próprio.
Portugal é um bom exemplo disto mesmo. Faltam leis e, mais importante ainda, falta uma cultura de cidadania bem arreigada, por isso, assistimos à constante violação de direitos, por falta de instrução, de cultura, de humanização. Tanto vemos cães e gatos acorrentados nas varandas dos prédios ou nos quintais das aldeias, como vemos lares de idosos em condições deploráveis.
Tudo isto faz parte do mesmo problema.
Enquanto não percebermos isso, falharemos em solucioná-lo, enquanto sociedade civil. E é a sociedade civil que tem de intervir para que se mudem as consciências. As leis têm de existir, mas o cumprimento delas está no coração de cada um. Os animais não falam, não se podem defender. Por isso, é importante que nós os possamos defender, possamos ter uma voz activa por eles. Sem excessos, nem fundamentalismos. Apenas com muito amor.
Amo muito os animais, como amo muito o ser humano. Defendo-os, como se me defendesse a mim, porque, em última análise, me estou a defender a mim. À minha dignidade. À dignidade da espécie à qual pertenço.»
(Ana Bacalhau)
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O exercício (nunca faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a ti) não é difícil para eles (aficionados). Eles é que nem sequer querem fazer esse exercício. Não se consegue argumentar com pessoas de mente fechada.
Eu desconheço o perfil do amante/defensor das touradas, mas suspeito que uma parte desse grupo esteja ligada ao negócio (criação de touros ou cavalos, roupa dos toureiros e outro equipamento, etc.). Daí a defesa de algo em que têm interesses.
Outra parte poderá ser por questões semelhantes ao do clubismo. Aprenderam a gostar, afeiçoaram-se e ficou o gosto. Só não entendo a razão das ameaças de morte ou de outro tipo de violência. Devem ser casos pontuais e de uma minoria de indivíduos.
Outra fracção do grupo de aficionados arrisco-me a dizer que são pessoas que defendem a tradição só porque é tradição. No outro oposto existem aqueles que vão nas modas todas e renegam o que é velho. Há que ter espírito crítico e analisar se faz sentido continuar um espectáculo que se baseia na morte e humilhação de alguém, sejam touros, pessoas ou erva do chão.
Os toureiros gostam muito de demonstrar as suas capacidades artísticas em cima do cavalo e até podem dizer que admiram muito os animais. Outros podem argumentar que se não fossem as touradas não haveria a preservação de certas espécies de touros e de cavalos. E?? Se eu admirar muito os toureiros e as suas capacidades posso tirar-lhes a vida? Não. Pelos vistos é crime.
O livre-arbítrio é um direito que todos temos. No entanto, e o direito a tirar a vida a outro ser, principalmente para lazer? Qual é a entidade que tem autoridade para regular isso?
No período do Império Romano, os jogos envolviam a morte de animais e de pessoas. Hoje, os alvos são apenas os animais porque os seres humanos consideram-se demasiado superiores. Nas guerras ainda vemos que há humanos que se consideram superiores a outros (note-se que quem luta são as pessoas comuns e quem os manda lutar são os poderosos).
Convém só relembrar que um dos propósitos dos jogos era o de distrair as massas dos problemas do dia-a-dia. Na actualidade, o futebol tem tratado desse assunto muito bem.
(http://ideiasebaleias2.blogs.sapo.pt/touradas-48047)
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«Tantos séculos, tanta luta, por uma Modernidade Civilizacional e ainda em pleno século XXI, temos a bestialidade humana, bem patente, bem visível, praticada por criaturas que, carregam ainda hoje, a escuridão dos tempos, os malefícios da barbárie e há uns cobardes que poderiam mudar por completo este desgraçado estado de coisas e não o fazem e também um povo amorfo a que pertencemos, escolhendo sempre o mesmo género de gentinha...»
(José Costa)
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«O ser humano é um animal superior na medida em que encerra em si essa potencialidade de compaixão, de amar, respeitar, e cuidar de todos os seres vivos e não vivos. A inteligência e outras coisas são consequência dessa potencialidade. Se o ser humano não se comporta assim, e age de forma egoísta e cruel, não passa de um animal inferior. A superioridade é uma potencialidade. Se ele não a usa, não vive plenamente a sua humanidade.»
(José Alves)
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«(Referindo-se a um aficionado, professor catedrático na Faculdade de Direito na Universidade de Lisboa): Com esta postura revela ser apenas alguém com algum grau de cultura e bem informado, ávido de informação que lhe permita ter o jogo de cintura necessário na política, como afirma. Revela a inconsciência de um conhecimento mais profundo que lhe permita fazer uso do seu intelecto e discernir sobre questões morais sobre o que é certo e errado em situações que envolvem tortura e sofrimento.
Revela grande ausência de carácter na postura confortável que partilha com padrões arcaicos de comportamento institucionalizado na sociedade, demonstrando uma real falta de consciência ética e falta de conhecimentos elementares no que diz respeito ao conhecimento das espécies animais.»
(Margarida Farrajota)