Terça-feira, 17 de Setembro de 2024

Fogos florestais: em Portugal, há muito que não se investe na prevenção, não se limpam florestas, todos os anos são repetidos os mesmos erros, os mesmos lamentos, porque os sucessivos governos pós-25 de Abril continuam a nada fazer para evitar trag

 

E uma das perguntas a fazer é: estarão os Bombeiros Voluntários preparados para enfrentar fogos de tamanha envergadura? Terão formação específica para tal?

Mais vale prevenir do que remediar é um provérbio português que nenhum governante pós-25 de Abril jamais teve a intenção de pôr em prática.

De boas intenções está o inferno cheio.

Ter intenções de... não basta. Não traz de volta à vida quem a perde nos incêndios criminosos.

E o negócio do fogo? Por que não são penalizados os que lucram com os incêndios? Quem são os cúmplices deste crime?

Há muita coisa por explicar, e TUDO por fazer, para que se poupem vidas humanas e não-humanas, em Portugal.

 

Isabel A. Ferreira

 

Bombeiros.PNG

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:49

link do post | Comentar | Adicionar aos favoritos
Comentários:
De zé onofre a 17 de Setembro de 2024 às 20:41
Boa tarde, Isabel

A questão dos incêndios é da responsabilidade do desenvolvimento económico retrógrado, neste caso da agricultura.
Somos um país que, pelo menos, desde o início da sua saga pelos mares tem andado com o passo trocado.
Porém não vou tão lá longe. Vou falar do que aconteceu a partir do Fontismo.
Argumentavam os Fontistas que eram necessárias vias férreas para modernizar e aumentar a riqueza do País, e davam como exemplo a Inglaterra, a França e Os Estados Unidos.
Eu digo que teoricamente estavam correctos. Na prática puseram o carro à frente dos bois.
A via férrea tornou-se necessária, nos países referidos pelo Fontismo, para escoar os produtos da indústria e da Agricultura. Ora Portugal, nesses tempos, não tinha indústria e, segundo Eça de Queirós, o agricultor empobrecia alegremente.
Em vez de industrializar e renovar os métodos agrícolas para justificar a via férrea, equacionou o problema ao contrário. A consequência foi que as vias férreas que foram até o interior do país não levou progresso, apenas começou o despovoamento. E isso é tão verdade que num dos filmes dos anos trinta - Maria Papoila, acho eu - uma camponesa que descia das Beiras para Lisboa cantava "adeus aldeia que eu levo na ideia nunca mais voltar".
Ela ficaria por Lisboa, outros ficariam pelo Porto, mas a maioria dirigia-se aos portos do Porto e Lisboa e embarcavam para "os Brasis".
E a indústria continuava a marcar passo e a agricultura era gerida por contractos medievais. Proprietários absentistas que tinham as suas Propriedades arrendadas a quintos, a quarto e a terços ( 1 para o caseiro, cinco para o senhorio, etc., etc. ).
Depois da Guerra, a 2ª, houve uma ligeira abertura industrial, mas apostou-se prioritariamente na indústria ligeira - vestuário e calçado - para suprir as necessidades internas, e o excedente iria para as Colónias.
Contudo a agricultura ia-se arrastando, na sua maioria, nos moldes medievo/feudais.
Até à guerra colonial foi possível manter as coisas como estavam.
Só que a guerra colonial arrancou os jovens camponeses dos
seus lugarejos e juntamente com isso deram-lhe a conhecer um outro mundo para lá do adro e do campanário da Igreja.
Descobriram que o Mundo era Grande para além das vistas curtas de uma governação que tinha como mote "pobre, mas honrado".
Regressados da guerra as fronteiras ficaram abertas para a emigração legal e ilegal para uma Europa que ainda se reconstruía das ruínas da Segunda Guerra.
Entretanto o Governo começava a investir na indústria pesada, naval e siderúrgica, principalmente.
Os jovens camponeses dirigiram-se para esses polos industriais, que somando-se à emigração sangrou de braços jovens a agricultura.
Nem assim a agricultura se modernizou. Apenas os contratos passaram a ser a meias, mas renovação de meios zero.
Com a adesão à CEE a agricultura é vendida à PAC e os campos ficam definitivamente despovoados. Os proprietários - levados na cantiga que Portugal não é um país florestal e não agrícola - apostam na floresta.
Numa floresta que dê lucros rapidamente e as encostas dos montes e antigos campos de cultivo tornam-se em eucaliptais. Dizia um ciclista Australiano que participou numa Volta a Portugal que para se sentir na Austrália apenas faltavam os coalas.
Campos sem gente, florestas que são "gasolina pura", aliados a pirómanos e a interesses escusos dão como resultado um país a arder.
E voltando ao Fontismo a via férrea vai fechando para o interior do país, sobrando apenas o eixo Faro/Braga e as ligações a Espanha.
Para que o despovoamento fosse total construíram-se autoestradas que tornaram dormitórios das grandes cidades quase todo o interior.
Mais uma vez as vias de comunicação provocaram o inverso do pretendido, ainda não aprendemos que é preciso apostar no desenvolvimento económico do interior.
Sem agricultura, sem indústria, sem uma politica florestal que respeite os solos e o clima, não há gente, não havendo gente não há quem cuide, e aí temos a consequência - um Povo que se acumula junto ao mar e o interior que é um braseiro só.
Não adiantam planos, meios aéreos, multas pesadas para os incendiários.
O essencial é reverter o modelo de desenvolvimento económico que herdamos do Fontismo, que já ele se baseava em premissas invertidas.
Esta a opinião dum leigo.
Zé Onofre


De Isabel A. Ferreira a 18 de Setembro de 2024 às 16:05
Boa tarde, Zé Onofre.

Agradeço o seu contributo para esta questão, que considero gravíssima, e não posso deixar de concordar com a sua análise.

Portugal saiu dos carris, e não conseguiu pôr-se nas linhas nestes últimos 50 anos, devido às más-políticas ou ausência delas, e o caos foi-se instalando sub-repticiamente, até chegar ao ponto a que chegámos. E não vejo modo de isto entrar nos carris, porque os políticos falam demais e agem de menos, ou nem sequer agem.

Para o ano, aqui estaremos a falar das novas tragédias dos novos incêndios (se sobrar alguma coisa para arder) porque continuar-se-á a não fazer nada, como até aqui, para mudar as coisas.

São muitos anos de promessas que não se cumprem. São muitos anos de desinvestimento no que importa.

Acreditar nas promessas dos governantes é como acreditar em que as galinhas têm dentes.

Comentar post

Mais sobre mim

Pesquisar neste blog

 

Outubro 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
14
16
17
20
23
24
26
28
29
31

Posts recentes

Iniciativa Legislativa Ci...

«Cova da Moura e enviesam...

Guterres a exibir a sua s...

PAN denuncia a diminuição...

Torre do Castelo de Guima...

A censura da "demo-cracia...

A propósito do circo mont...

Assinalando o 50º anivers...

A partir de denúncias fei...

«Bicadas do meu Aparo»: «...

Arquivos

Outubro 2024

Setembro 2024

Agosto 2024

Junho 2024

Maio 2024

Abril 2024

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Agosto 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Agosto 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Direitos

© Todos os direitos reservados Os textos publicados neste blogue têm © A autora agradece a todos os que os divulgarem que indiquem, por favor, a fonte e os links dos mesmos. Obrigada.
RSS

AO90

Em defesa da Língua Portuguesa, a autora deste Blogue não adopta o Acordo Ortográfico de 1990, nem publica textos acordizados, devido a este ser ilegal e inconstitucional, linguisticamente inconsistente, estruturalmente incongruente, para além de, comprovadamente, ser causa de uma crescente e perniciosa iliteracia em publicações oficiais e privadas, nas escolas, nos órgãos de comunicação social, na população em geral, e por estar a criar uma geração de analfabetos escolarizados e funcionais. Caso os textos a publicar estejam escritos em Português híbrido, «O Lugar da Língua Portuguesa» acciona a correcção automática.

Comentários

Este Blogue aceita comentários de todas as pessoas, e os comentários serão publicados desde que seja claro que a pessoa que comentou interpretou correctamente o conteúdo da publicação. 1) Identifique-se com o seu verdadeiro nome. 2) Seja respeitoso e cordial, ainda que crítico. Argumente e pense com profundidade e seriedade e não como quem "manda bocas". 3) São bem-vindas objecções, correcções factuais, contra-exemplos e discordâncias. Serão eliminados os comentários que contenham linguagem ordinária e insultos, ou de conteúdo racista e xenófobo. Em resumo: comente com educação, atendendo ao conteúdo da publicação, para que o seu comentário seja mantido.

Contacto

isabelferreira@net.sapo.pt