Terça-feira, 12 de Maio de 2015

Eu recuso-me a utilizar o AO90

 

Recuso-me a aplicar o AO90. Primeiro, porque não sou obrigada, uma vez que não faço parte da máquina estatal. Só esses serão (não são) obrigados a tal, porque se tiverem coragem e brio não o aplicam.

 

Segundo, ainda que fosse, usaria do meu direito à desobediência civil. Portanto, jamais usarei este acordo ortográfico, que não passa de uma falta de respeito para com a Língua Portuguesa.

 

Uma coisa é a evolução natural de uma Língua. Outra coisa é transformá-la num aborto ortográfico, sem o mínimo nexo, a partir de uma negociata política, que envolve  os subservientes governantes portugueses e os governantes brasileiros, que andam a lutar pela vidinha deles.

 

E querem impor-nos, à força de uma casmurrice sem precedentes,  esta aberração  ortográfica, mal concebida e altamente lesiva da Língua Portuguesa.  

 

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Eu recuso-me, terminantemente, a escrever MAL a Língua Mãe de Portugal, de Camões e de Fernando Pessoa. E também minha Língua.

 

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A única coisa que neste texto está desactualizada é o facto de os ministros serem inteligentes (*), escreverem BEM e discursarem com cortesia e pura dicção… Os actuais ministrio falham nestes três pontos. 

 

(*) Ser inteligente  implica tomar decisões inteligentes, o que em Portugal é algo raríssimo.

 

O resto está intocável desde 1867, altura em que este texto foi escrito, por um Homem que soube HONRAR a Língua Portuguesa.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:08

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Comentários:
De ICE a 12 de Maio de 2015 às 16:40
Vá lá, uma coisa em que concordo plenamente...
De Isabel A. Ferreira a 12 de Maio de 2015 às 17:26
Va lá...
De locutorjosematos a 15 de Maio de 2015 às 06:58
Concordo e apoio a sua posição contra o A.O, também o irei fazer, como locutor de rádio, nos textos que irei escrever ou comentar.
O que aprendi há quase 60 anos, continuará actual, sem qualquer alteração.Nunca fui consultado para dar a minha opinião, que seria sempre negativa, foi imposto, por isso esse A.O., não me diz nada.
De Isabel A. Ferreira a 15 de Maio de 2015 às 09:37
Faz muito bem José Matos.

Penso que todos os Portugueses, que se prezam de o ser, devem recusar a imposição de uma linguagem que não pertence à nossa Língua Portuguesa.

Os políticos têm o nosso país à venda. Até a Língua estão a vender ao desbarato.

Não podemos permitir tal indignidade.

A futura geração será a mais inculta que Portugal jamais teve, se "isto" continuar a vigorar.
De Adolphe Artin-d'Équin a 12 de Junho de 2015 às 17:07
Cara Isabel Ferreira,

Vejo que escreveu o seguinte:

"A única coisa que neste texto está desactualizado é os ministros serem inteligentes, escreverem BEM e discursarem com cortesia e pura DICÇÃO…

O resto está intocável desde 1867, altura em que este texto foi escrito [...]"

o que, infelizmente, não é verdade. Como muito bem sabe, a orthographia original d'esse texto é semelhante a esta anachronica que aqui uso, e que muito me praz, a bella orthographia etymologica, que Portugal nunca deveria ter abandonado.

É isto uma das cousas que mais tristeza me causa n'estas questões sobre orthographia: citam-se authores classicos de Oitocentos, cita-se Pessoa... ...mas practicamente nunca como elles realmente escreveram! A ignorancia quanto à orthographia original das obras parece ser a regra, não o excepcional. E isto torna-se ainda mais caricato, se não outra cousa, ao ler a famosa passagem de Pessoa sobre a sua patria ser a lingua portuguesa... no portuguez do Brasil, qual "escarro direto"...

Aqui fica uma suggestão, a todos: citem-se authores, dentro do razoavel (não fallo de textos da era medieval, por exemplo), tal e qual como escreveram, e não consoante a reforma orthographica que estiver na moda. Assim todos ganhamos um pouco, ao poder ler e apprender cousas que talvez desconheciamos sobre a lingua portuguesa.
De Isabel A. Ferreira a 12 de Junho de 2015 às 20:06
Adolphe Artin-d'Équin, quando citei este texto, o que quis colocar em causa não foi a ortografia, mas o conteúdo político que existe no texto, exceptuando a inteligência dos ministros daquele tempo, que os de hoje não têm; escreverem bem, coisa que os de hoje não fazem; e discursarem com cortesia e pura dicção, o que também hoje não acontece. Tudo o resto condiz com o que hoje se passa no plano da política portuguesa. E foi isso que me interessou salientar.

Quanto ao que pretende insinuar, não lhe dou razão.
Desde Dom Diniz, passando por Luiz de Camões, Eça de Queiroz, Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa, entre outros, a Língua foi evoluindo, e se pegarmos num texto de Eça e o transcrevermos para o Acordo Ortográfico de 1911, não muda a harmonia da Língua, porque esse acordo não a mutilou na sua essência. E o que motivou a essa mudança não foram interesses económicos, nem imposições porque sim, mas a modernização da linguagem.

Não foi a filosofia do “simplex” socrático, para facilitar os que não conseguem “ir mais longe”
E se quisermos ler as obras dos nossos autores, na escrita original, poderemos utilizar as edições da época.

Penso que ao actualizar os textos de Eça de Queiroz (por acaso estou a reler o Primo Bazílio na linguagem da época) não estamos a estropiar a Língua.

No texto que pretendeu mostrar a Língua antes do acordo de 1911, há muitos erros ortográficos.
Mas não me venha dizer que “orthographia” e “ortografia”, “authores” e “autores”, “pharmacia” e “farmácia”, “bella” e “bela” vai no mesmo sentido de “facto” e “fato”, “aCto” e ato”, “direCtor” e “diretor” (que deve ler-se com o E fechado), porque não vai.

Neste AO/1990 há um estropiamento notório da Língua.

No anterior, houve uma adaptação fonética, mas a essência das palavras ficou.

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