Reflexões sobre assuntos actuais, em Portugal, pelo jornalista e escritor irlandês Len Port, no seu Blog «Portugal Newswatch»
«Este é o primeiro artigo/reportagem sobre as TOURADAS escrito por um Jornalista Irlandês, em grande parte resultado do trabalho determinado, paciente, persistente, conciliador e motivador que o nosso valoroso Dr. Vasco Reis, Médico Veterinário algarvio, vem desenvolvendo há anos no Algarve, e que em breve levará ao encerramento da Praça que mais touradas realiza neste belo jardim à beira-mar plantado»
O círculo começa a apertar-se...
Cartaz: «Por favor, não visite este lugar de tortura»
(Foto tirada em Albufeira, em Junho de 2014)
Quarta-feira, 9 de Julho de 2014
«Muitos turistas estrangeiros estão involuntariamente a maltratar os seus filhos e a violar a lei, trazendo os jovens menores de idade para touradas, de acordo com os activistas de direitos animais no Algarve.
O grupo activista «Cidade de Albufeira Anti Touradas» (CAAT) está a solicitar aos serviços de inspecção do Governo, responsáveis pela segurança em espectáculos públicos, para parar de fazer vista grossa ao acesso ilegal de crianças, com idades inferiores a 12 anos.
Os manifestantes afirmam que muitos jovens estão a ser flagrantemente expostos à crueldade contra os animais, cada vez que uma tourada é realizada no Algarve.
Os turistas constituem a grande maioria dos espectadores na praça de touros de Albufeira, o local onde se realiza mais touradas no país.
A Comissão Nacional de Protecção das Crianças e Jovens em Risco (CNPCJR) confirma que a lei proíbe claramente a entrada de crianças com idade inferir a 12 anos.
Não há excepções a esta cláusula. Quando as autoridades não têm certeza da idade da criança, os pais devem ser instados a mostrar um documento que comprove a identidade e idade da criança. Se os pais não o fizerem, a responsabilidade pelo cumprimento da lei será deles.
No início do corrente ano o Comité das Nações Unidas para os Direitos da Criança expressou a sua preocupação acerca desta matéria, e exortou Portugal a investigar os efeitos mentais e emocionais da exposição de crianças à violência das touradas.
Os manifestantes anti-tourada não culpam os turistas por estes, conscientemente, maltratarem os seus filhos ou violarem a lei. A maioria dos pais estrangeiro, britânicos e outros, dizem eles, não têm conhecimento da lei e são eles próprios vítimas da desinformação quanto às touradas serem uma característica aceitável da cultura portuguesa.
«Dizem a toda a gente que os touros não são mortos na arena como em Espanha, por isso soa como se as touradas portuguesas fossem inocentes», diz Isabel Searle, líder dos manifestantes. «Mas os turistas não são informados sobre o sofrimento dos touros antes, durante e depois das lutas».
Esta forma de entretenimento público ocorre em Portugal, bem como em Espanha, há vários séculos, mas um número crescente de pessoas, em ambos os países estão a exigir que ela seja abolida.
As crianças, juntamente com os adultos que assistem a uma tourada em Albufeira podem testemunhar quatro ou cinco touros a serem torturados e trespassados por bandarilhas, num espectáculo que tem a duração de cerca de duas horas.
As touradas são realizadas semanalmente, durante os meses de Verão. «Os turistas vão por curiosidade. Eles não estão cientes da crueldade envolvida», disse Mark Evans, um membro do grupo activista.
«Eu já vi muitos turistas em estado de choque e, por vezes, fisicamente doentes, após a sua primeira tourada. Eles não vão uma segunda vez».
Manifestantes do CAAT, de várias nacionalidades, estão a planear uma outra manifestação pacífica, do lado de fora da arena de Albufeira, na próxima Quarta-feira à noite (16 de Julho) e, novamente, na noite de Sexta-feira, 22 de Agosto. Eles estão a apelar a todos os outros, residentes estrangeiros, bem como portugueses, para se juntarem a eles.
Quando questionada sobre permitirem crianças na praça de touros, a polícia disse aos manifestantes que essa era uma questão para a Inspecção-geral das Actividades Culturais (IGAC). Mas este organismo não tem mostrado, até agora, nenhum interesse em aplicar rigorosamente a lei, dizem os activistas.
Ao promover a consciencialização dos turistas para a brutalidade envolvida nas touradas, os manifestantes esperam pôr fim às touradas no Algarve, o que pode eventualmente levar a uma proibição em todo o país.
Um dos poucos aficionados britânicos que vivem no Algarve, o qual frequenta touradas em Espanha há décadas, disse-nos que o craveira de touradas no Algarve é baixa, porque elas são apenas espectáculos para turistas.
Ele concordou que a tourada é um espectáculo violento e observou que, mesmo no seu mais alto nível, é perigosa para os homens que lutam a pé, que são muitas vezes feridos, às vezes fatalmente, quando atingidos por um touro pesando uns 500 quilos. Os Cavalos, que se apresentam nas Corridas de Touro à Portuguesa, também correm risco de morte.
Comparado com o gado domesticado, criado para carne, os touros destinados à arena têm um estilo de vida muito melhor, afirmou. Touros de qualidade são mantidos em boas pastagens durante cinco anos antes de entrar na arena em condições físicas superiores, enquanto os bovinos são frequentemente tratados com medicamentos para acelerar o crescimento e mantidos em ambiente miserável antes de serem abatidos com menos de dois anos de idade.
Ele não tem certeza que o apoio às touradas diminuiu, e acrescentou que a proibição das touradas na Catalunha foi politicamente motivada, enquanto a sua popularidade na Andaluzia e em algumas terras portuguesas ainda era muito forte. Na França, está a aumentar, disse ele.
Vasco Reis, médico veterinário Português aposentado, que estudou touradas, e cuja persistência ajudou a aboli-la no município algarvio de Aljezur, argumenta que as reacções anatómicas, fisiológicas e neurológicas dos touros, cavalos e seres humanos são semelhantes quando são ameaçados, estão assustados ou feridos.
«O senso comum diz-nos isso e a ciência confirma-o», diz ele.
«É importante mencionar a claustrofobia e o pânico que o touro sente quando é retirado violentamente do campo e transportado num espaço confinado. Em seguida, é constantemente abusado com a intenção de o enfraquecer fisicamente e emocionalmente antes de ser levado para a arena.
«Uma vez na arena, o touro é submetido a muita provocação e tortura. Depois vem mais sofrimento com a extracção, sempre violenta e dolorosa, das lanças, rasgando e golpeando a pele para arrancar as bandarilhas.
«Quando a tourada acaba, o animal é transportado para longe, desgastado, ferido e febril, numa acidose metabólica tóxica grave, o que o torna muito doente, até a morte num matadouro, alguns dias depois, quando, finalmente, é libertado do seu sofrimento.»
O veterinário afirma que os cavalos numa praça de touros sofrem de cansaço e tensão psicológica terrível, porque eles são dominados e encorajados pela força, para enfrentar o touro quando o instinto natural do cavalo é para fugir da situação.
«Com um treinamento pesado, as esporas que o ferem, peças na boca e um grilhão ao redor da mandíbula, que é um modo doloroso para dominá-lo, o cavalo corre o risco de morte na arena, quer por ataque cardíaco ou devido às graves feridas que lhe são infligidas».
Vasco Reis conclui: «É difícil, se não impossível, acreditar que os toureiros e aqueles que gostam de touradas possam dizer que amam os touros e cavalos, quando eles os submetem a esse tipo de violência.
«Eu não posso ajudar, mas pergunto por que uma actividade tão violenta, baseada no sofrimento público destes animais, é permitida continuar, autorizada por lei, ou até mesmo ter adeptos e ser aplaudida e glorificada por alguns. A verdadeira democracia não permite tortura».
O texto original, em Inglês, está no seguinte link:
www.algarvenewswatch.blogspot.com
Abram este link:
http://www.algarvedailynews.com/features/legal/2856-children-exposed-to-bullfight-violence