Pergunta-se: o que fazia uma criança de quatro anos num antro de violência?
Onde estavam as autoridades?
O que tem a dizer a Comissão de Protecção de Menores?
Será preciso morrer uma criança para que esta estupidez acabe?
Que pais são estes?
Isto configura um crime de negligência, e nenhuma autoridade actua.
Quem protege as crianças portuguesas das mãos de carrascos?
A criança caiu da altura de uma quarta bancada. Como não sofreu nada, tudo bem. A estupidez continuou. Se a criança morresse, enterrava-se, como se fazem com todos os mortos. Se ficasse estropiada, seria uma honra para aquela gente atrasada, que tem neste divertimento de broncos, o supra-sumo das suas pobre vidas. E os pais e as autoridades receberiam os aplausos da cumplicidade.
Este é mais um triste episódio, em que as autoridades portuguesas, que não tendo dignidade, são as principais culpadas.
Uma bela prenda de aniversário para a inocente criança que completou ontem (27 de Abril) quatro anos de idade.
Quatro anos de idade. E estava a ver touradas.
Na notícia deste episódio macabro, lê-se que : «Felizmente, o miúdo nada sofreu, levantou-se pouco depois pelo seu próprio pé, foi socorrido (não de imediato) pelos Bombeiros presentes na praça (que tardaram a entender as pessoas que do outro lado da praça os chamavam, incluindo o toureiro Marcelo Mendes, que estava montado e prestes a iniciar a lide e foi quem atravessou a praça para chamar os socorristas) e depois transportado ao hospital, onde não lhe foi detectada nenhuma lesão».
Não lhe foi detectada nenhuma lesão física, é preciso frisar.
Mas uma criança não é feita só de corpo. A lesão principal e a mais importante ficou lá: o medo, o susto, a aflição que marcará a sua inocência.
E o que se passou depois é de doidos. Mas a tal de “festa” tem de continuar, porque aquela gentinha atrasada não conhece mais nada do mundo.
E as autoridades portuguesas, todas elas, desde o Presidente da República, passando pelo Primeiro-ministro e pela Assembleia da República, juizado de menores, comissões, polícias são os principais responsáveis pelo que aconteceu a esta criança, e a muitas outras que são expostas a esta violência gratuita e desnecessária.
E a irresponsabilidade de todos os intervenientes deste episódio nasce de uma ignorância entranhada, que terá de ser arrancada a ferros.
«Já no final do espectáculo, um porta-voz da empresa "Tauroleve" (co-promotora do festival desta tarde em Samora) anunciou ao microfone que a criança estava bem e solicitou à Comunicação Social "alguma calma" por forma a "não prejudicar a Festa".»
Não prejudicar a “festa”? A “festa”?
E a criança? Não ficaria prejudicada com o que lhe aconteceu?
E quem se importa?
Ninguém. E ainda têm o desplante de dizerem:
«Entende-se a preocupação empresarial. Contudo, o acidente é notícia. E em nada prejudica o espectáculo tauromáquico.»
Pois! O espectáculo tauromáquico. Esse é que é! As crianças que se lixem!
Porque segundo eles:
«Mais grave, mesmo, foi o cenário de pânico que a seguir se viveu na praça, com o público a debandar das bancadas em desenfreada correria e os (muitos) turistas que se encontravam na trincheira e saltar para a arena... depois de inicialmente se ter espalhado a confusão havendo quem dissesse que tinha sido um toiro que escapara e andava por baixo das bancadas...»
Sim… os muitos “turistas” das terrinhas vizinhas, também elas, um atraso de vida.
Isto acontece em Portugal, onde leis parvas permitem divertimentos parvos, e onde as autoridades não tendo autoridade, não fazem cumprir as leis válidas.
E quem poderá punir as autoridades que não cumprem a Constituição da República Portuguesa?
Fonte:
http://farpasblogue.blogspot.pt/2014/04/panico-esta-tarde-em-tourada-em-samora.html