Exmo. Senhor Presidente da República,
Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva,
Excelência,
Concedo-me o direito e a liberdade de escrever a Vossa Excelência depois de ter tomado conhecimento de que, no próximo dia 23 de Julho, será entregue a Medalha de Mérito ao Grupo de Forcados Amadores de Santarém.
Como é do conhecimento público, na sua origem a Ordem do Mérito tinha, entre outros, o objectivo de laurear actos de benemerência pública e actos cívicos que se reflectissem no progresso e prosperidade do País.
Foi com inaudita surpresa, pois, que fui informada de que Vossa Excelência ia premiar um grupo de indivíduos que se dedica unicamente a massacrar um animal, naquilo a que chamam “pega”, numa tourada, quando o Touro já está completamente enfraquecido, moribundo, não só pelas hemorragias internas causadas pelas farpas que lhe foram espetadas, mas também por todo o stress provocado pela sua retirada do pasto e o transporte até à arena, e por toda a actuação cruel anterior à intervenção dos forcados.
É completamente inconcebível ver nesta prática cruel qualquer vislumbre de mérito, por muita imaginação que possamos ter, ou que benefício possa trazer à República Portuguesa, a não ser a desonra.
Esta condecoração é, na opinião de todas as pessoas civilizadas e cultas do mundo, uma afronta a quem realmente se dedica ao serviço comunitário, ao avanço do país, e à sua boa imagem.
A indústria tauromáquica já só existe em oito países dos 193 que existem no Mundo e está, cada vez mais, a ser condenada e repudiada pela opinião pública mundial.
Em 2014, o Comité de Direitos das Crianças da ONU recomendou a Portugal para que tomasse medidas que afastassem as crianças da violência física e psíquica que tal prática representa, contudo, esta recomendação caiu em saco roto, pois existem algumas crianças, em Portugal, que continuam a frequentar os antros de violência tidos como “escolas de toureio”, e a presenciar esta brutalidade e crueldade gratuitas sobre um ser vivo, nas arenas portuguesas, sem que autoridade alguma intervenha.
Os próprios países que ainda mantêm a prática tauromáquica estão, aos poucos, a aboli-la, seja estatalmente ou declarando algumas das suas cidades e vilas livres desses exercícios de violência.
Por tudo isto, solicito a Vossa Excelência que reconsidere esta condecoração e que tome em consideração que Portugal, como um país integrado numa Europa que se quer civilizada, deveria dar um bom exemplo e premiar quem dá um contributo educativo e positivo, ao nosso País, em vez de passar a mensagem de que a violência e o derramamento de sangue de seres vivos indefesos e inocentes devem ser recompensados.
Confiando que Vossa Excelência tomará a decisão mais civilizada e pedagógica para que Portugal não seja enxovalhado no mundo moderno e culto, e especialmente para que os mais jovens, se revejam em valores humanos e não em crueldades, e aprendam a respeitar todos os seres, como é da ética e dos bons costumes, despeço-me com todo o respeito,
Isabel A. Ferreira
(Adaptada da carta original da Associação Animal)
Concordo, de todo, com a carta, cuja iniciativa aplaudo. Foi infeliz e inoportuna a decisão do presidente, que merece reconsideração e desistência. Condecore quem, de facto, honra Portugal, ao invés de agraciar quem pratica o mal.
Obrigada, Arthur Virmond de Lacerda Neto.
A sua opinião é bastante importante.
Saiba o presidente da República Portuguesa honrar os compromissos que tem com Portugal, e não com "gente" que nada deu ao país, a não ser VERGONHA!
De Ana Macedo a 21 de Julho de 2015 às 22:42
Completamene correcto... Isto é uma vergonha ...
Uma vergonha que, a acontecer, atirará Portugal para um caixote de lixo.
De Lucília Maria Baptista Andrade Ferreira a 21 de Julho de 2015 às 23:40
Realmente é uma triste iniciativa. Há tantas pessoas ajudando, fazendo voluntariado, esquecendo-se de si para ajudar os demais. Esses ficam esquecidos. Assassinos e torturadores de animais são aplaudidos na praça pública, apoiados com o dinheiro dos contribuintes e ainda recebem medalhas do nosso presidente da república. Isto faz-me lembrar outro, de triste memória que ajudou a legalizar os touros de morte em Barrancos. Triste país o nosso. São estes os políticos que nós temos infelizmente.
Realmente Lucília, são estes os políticos e a política que temos no nosso País.
Vamos ver se o presidente Cavaco Silva ficará tristemente para a História, como aquele que condecorou torturadores de bovinos indefesos, assim como Jorge Sampaio ficou tristemente na História como o presidente que introduziu os touros de morte em Barrancos.
É triste, Lucília. Muito triste.
De Arsénio Pires a 15 de Julho de 2015 às 00:16
Vamos esperar, BEM SENTADOS, que ele mude de ideia!
A Ética emigrou da classe política!
Só a ética, Arsénio?
Emigrou a Ética, a Lucidez, a Honra, a Vergonha na Cara, essas coisas que fazem parte do carácter dos HOMENS, nas falta nos "omens" que governam o nosso apodrecido País.
De Manuel Vital a 20 de Julho de 2015 às 11:23
O Prof. Cavaco Silva intitula-se presidente de todos os portugueses, logo devia afastar-se de um tema tão fraturante na sociedade portuguesa. Como português civilizado abomino as touradas, quem gosta de torturar animais é boçal e representa apenas uma minoria que não merece qualquer reconhecimento.
Exactamente Manuel Vital.
A minoria tauromáquica é minoria, mas poderosa economicamente, graças aos dinheiros públicos que recebe do governo português.
É tudo farinha do mesmo saco.
De Margarida a 18 de Julho de 2015 às 19:46
Concordo, de todo, com o que é dito na carta , cuja iniciativa aplaudo.
De Jose Palmeiro a 25 de Abril de 2016 às 17:02
Estou totalmente de acordo com o conteúdo desta carta. As touradas representam uma afronta aos direitos dos animais e condecorar quem os tortura é simplesmente estar ao lado de uma prática atroz e infigna de um povo civilizado.
Absolutamente indigna.
Mas apesar de se ter feito uma revolução (a de Abril) para acabar com as práticas, todas as práticas, do passado, esta, assim como outras mantém-se, para nos lembrarmos de que o passado não passou, e está presente naqueles que deveriam representar uma Democracia que deveria ser, mas não é, e representam os "valores" de uma monarquia desgastada, e de uma ditadura que nada fez para que Portugal e o seu povo evoluísse culturalmente.
O atraso de vida continua.
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