De Lilith Marleen a 18 de Setembro de 2014 às 20:02
Talvez não saiba isto sobre mim, Isabel, mas eu também sou do concelho da Moita. A vila propriamente dita fica a menos de 10 minutos de carro de minha casa. Ser da Moita não significa ser aficionado nem ignorante.
Regra geral, as pessoas da Moita são simpáticas, bem-dispostas e prontas a ajudar o próximo. Por isso é que eu não sei, não compreendo mesmo, como são capazes de venerar a tauromaquia como veneram! Esta gente diz que gosta de animais, adoram os seus cães e gatos de estimação, no entanto não lhes faz impressão nenhuma ver o touro a ser espetado na arena. Sabe porquê, Isabel? Porque acreditam piamente que o touro não sofre, e que gosta da luta.
Não sei como aquelas pessoas conseguem ser assim tão cegas para o sofrimento do touro, mas a verdade é que para elas não existe sofrimento. Não existe maltrato. Só existe o convívio, a festa, a bebida, a música e as figuras "artísticas" que os toureiros fazem com a capa e com os cavalos.
É como quem consegue ir ao supermercado e comprar bifes, sabendo mas não sabendo que os bifes vieram de um animal que teve de sofrer e de morrer. Contentam-se com o catrapázio com a imagem do pasto verdejante e a vaquinha a comer, livre e contente, por cima das embalagens de cadáveres. A minha própria mãe diz que não seria capaz de matar um animal para comer. Mas já que quando vai ao supermercado o animal já está morto, não se importa de o comer. Isto é algo que me faz espécie!
Com a tauromaquia é a mesma coisa. Nem todos os aficionados têm noção da carnificina que é a tourada. Claro que há aqueles doentios que têm perfeita noção do sofrimento do animal e gostam de o ver torturado. Depois há aqueles que vivem numa fantasia, que acham que o touro é um animal mágico que não sente dor (porque, para eles, o morrilho é "tecido morto" - e já agora, para os aficionados fantasiosos que estiverem a ler este comentário, tecido morto não sangra!!) e delira com o evento em que o enfiaram à força.
Estes últimos são pessoas que não vêem a verdade porque não querem ver, não a querem encarar. No dia em que a encararem como ela realmente é, tenho a certeza que deixam de ser aficionados. O pior é que esse dia provavelmente nunca chegará.
Lilith, não, não sabia que era da Moita.
Ser da Moita não significa ser bronco, nem aficionado, nem ignorante a não ser os que são. Obviamente.
Se a Lilith não é nada disso não pode sentir-se atingida.
É como dizer que os Portugueses são um povo atrasado. São. Mas eu não me sinto atingida, como Portuguesa, porque eu sei o que sou.
Na Moita há de tudo, como em todo o lado. Mas há maioritariamente uma população atrasada civilizacionalmente. E as pessoas simpáticas, bem-dispostas e prontas a ajudar o próximo não são em número suficiente para fazer da Moita uma terra limpa da selvajaria tauromáquica. Infelizmente.
Essa gente que diz gostar de animais, não sabe o que é um animal. Para elas, animais são cães e gatos e nenhum mais. Nem delas próprias têm noção de que são animais também, e de que o que elas sofrem, todos os animais sofrem de igual modo.
Dizem que podem torturar o Touro, porque o Touro não sofre, a isso chama-se IGNORÂNCIA. Pura e dura.
Mas na era de toda a informação já era tempo de saírem desse buraco negro, e virem para a Luz. Mas não querem. Optam por continuar IGNORANTES, como a professora catedrática.
Esta é a pior das ignorâncias.
A selvajaria tauromáquica é movida a VINHO, Lilith. Convívio é outra coisa.
Diz a Lilith que nem todos os aficionados têm noção da carnificina que é a tourada. Pois não têm, mas também não querem saber a VERDADE. Os outros são os SÁDICOS. Os que sentem prazer com o sofrimento de um ser vivo, indefeso e senciente.
É evidente que tecido morto não sangra. Quem não sabe isto é IGNORANTE. Mas a Lilith e eu estamos a dizer que TECIDO MORTO NÃO SANGRA, mas eles, se lerem isto, chamam-nos parvas e optam por continuarem na ignorância.
Os aficionados mais velhos, nunca deixarão de ser aficionados. Só a morte os livrará desse estigma.
Os novos, que gostam da carnificina, já nasceram VELHOS. São meros trapos inúteis da sociedade.
Para os velhos aficionados e os novos que já nasceram velhos, o tempo da libertação infelizmente virá apenas com a morte deles.
A Moita é uma das localidades portuguesas onde a brutalidade existe. E essa é uma realidade horrível, com que os moitenses cultos terão de conviver, Lilith, até que se faça LUZ.
De Lilith Marleen a 19 de Setembro de 2014 às 10:07
Claro que não me senti atingida, Isabel! É como diz, em todas as localidades de Portugal há de tudo um pouco. Se na Moita a maioria são (infelizmente) aficionados, em Viana do Castelo, por exemplo, os aficionados são uma ou duas ameixas podres caídas ao chão, ao pé raíz da ameixoeira sã e carregada de ameixas viçosas e saudáveis.
Apenas quis comentar algo que já tenho na cabeça há algum tempo, relacionado com a fantasia que os aficionados vivem e com a noção idiota que têm de que o touro não sofre. São cegos por opção.
Eu sei que não se sentiu atingida, Lilith.
As pessoas inteligentes sabem separar as águas.
E agradeço muitíssimo a sua intervenção, que foi bastante útil.
Bem-haja por ser como é, e contribuir para a construção de um mundo livre desta selvajaria tauromáquica.
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