No ano passado foram seis para o hospital.
Estão-se nas tintas para mortos, feridos ou estropiados.
O que importa é que este hábito imbecil se mantenha… à pala de uma lei parva.
E o povo é que paga a conta do hospital destes que se atiram para debaixo dos cornos de um animal acossado, que está defender, legitimamente, a sua própria vida.
(O vídeo foi retirado da circulação para não testemunhar tanta estupidez)
Quantas mortes, estropiados e feridos são necessários mais, para que o governo português ponha fim a esta miséria moral, cultural e social terceiromundista?
Estava de “passagem” pela RTP, quando me chamou a atenção esta notícia insólita, e fiquei pasmada, porque as imagens transmitidas fizeram-me lembrar umas outras, que por vezes são mostradas, em países do terceiro-mundo, onde a civilização ainda não chegou.
Mas o acontecimento deu-se em Samora Correia, no concelho de Benavente, uma terreola portuguesa, com um atraso civilizacional acentuado. É que Portugal não é só Porto, Lisboa e Coimbra.
Quatro pantomineiros foram transportados para o hospital de Vila Franca de Xira, na madrugada de ontem, por terem sofrido ferimentos, um deles com gravidade, durante uma largada de Touros, que é o entretenimento máximo dos broncos.
Nenhum ficou estropiado ou morreu no meio da rua. Estavam a pedi-las. Mas não aconteceu o que poderia ter acontecido.
A RTP deu destaque a esta notícia “importante”, dando tempo de antena a um aficionado que demonstrou a falta de sensibilidade inerente aos torturadores de Touros, pouco se importando com o que aconteceu aos tais pantomineiros que foram levados para o hospital.
Se morresse algum, a festa (a que chamam “brava”) continuava. Enterrava-se o morto, e venha mais um Touro, mais um ferido grave, mais um morto.
Houve feridos. Levaram-nos para o hospital. Exigiram tratamento XPTO. Serviço Nacional de Saúde. Pago por todos os portugueses.
Ninguém os mandou dar o corpo ao manifesto.
Atiraram-se para debaixo do Touro por livre e espontânea vontade. Logo, não tinham direito a assistência pública. Querem correr riscos, corram, mas paguem a factura do seu bolso, e não do bolso dos portugueses.
Não temos obrigação de pagar a conta de psicopatas apoiados pelos governantes.
É que a estupidez tem limites. E a esmagadora maioria dos portugueses não aplaude este hábito primitivo e imbecil de se atirarem para debaixo de um Touro acossado.
Esta é a nona edição desta estupidez, em Samora Correia. Estes não foram os primeiros a ir parar a um hospital. Apesar desses feridos, esta parvoíce continuará até 05 de Maio. Todos os dias, uma largada de Touros. Para broncos verem.
Com esta coisa estranha: há uma largada para crianças (apesar das recomendações da ONU) e outra para mulheres (duvido que sejam Mulheres), e o tal que falou à RTP diz que é uma «pequena brincadeira, com um bezerro muito pequeno e sem riscos», como se os bezerros muito pequenos fossem de pau, e não seres sencientes, que sofrem horrores nas mãos deste refugo de gente.
A minha indignação (à qual tenho direito) vai para os governantes, que permitem este desconchavo; e para a RTP, que não teve a coragem de noticiar a Marcha Animal, mas dá parangonas à estupidez e à violência, sem o mínimo sentido crítico.
Pela aragem já se vê quem vai na carruagem. E tudo isto é de uma pobreza mental, moral, social e cultural de meter dó.
Que gentinha será esta?
Isabel A. Ferreira
Fonte
http://www.publico.pt/local/noticia/quatro-feridos-em-largada-de-touros-em-samora-correia-1633691