Episódio 1
Sou marginal. Sim, mas não por me ter deixado escorrer para as margens da vida, ou corromper pelo poder. Sou marginal apenas porque vivo à margem dessa vida e desse poder. Aliás, de todos os poderes. Livre como um cavalo selvagem à solta numa ilha virgem.
Apresento-me: Antonino Boaventura. Um criado às vossas ordens. Ex-diarista d’O Virónorte, outrora um jornal de muito prestígio, a nível nacional, hoje em franca decadência, uma vez que em nome dos novos valores democráticos, datados dos finais do segundo milénio depois de Cristo, se vendeu a uma dama chamada Política, e perdeu-se entre as fitas do seu avental, só cá para nós, cheiinho de nódoas, que nenhuma água e sabão consegue limpar.
Licenciei-me em Engenharia de Letras Mortas, um curso que surgiu na sequência de uma Reforma Governamental e que, na altura, me pareceu extremamente interessante e útil, até porque era uma novidade. Como sabem, os Reformadores do Ensino Português entretêm-se a inventar cursos dos mais geniais, com dois objectivos: primeiro, o de manterem os jovens desocupados ocupados durante quatro anos, para depois, logo que (de) formados, ficarem desocupados novamente, por tempo indeterminado; segundo, para justificarem os montantes (termo que vem de montanha) recebidos mensalmente, para pensarem, sentados à secretária (reparem que eu não disse, sentados em cima da secretária), pois também os há. Porque é fino. Está na moda. É chiquérrimo, como diria a Dadá Careta, a notável mais colunável do nosso país.
Mas obviamente, isto não se aplica à Licenciatura em Engenharia das Letras Mortas, que é um curso com uma extraordinária saída profissional, chegando a proporcionar-me um trabalho profícuo, tão profícuo que me levou ao desemprego. Mas esta é uma história que não interessa nada, como diria uma grande senhora da nossa televisão.
Apresentado o protagonista, falemos do nosso País.
De ventanas viradas para o oceano, é um território pequeno, mas onde tudo é de grande dimensão, a começar pelo mar que nos banha, que é imenso. Depois vem o resto: a ignorância colossal que envolve determinadas mentes; a enorme cegueira mental dos que podem e mandam; a desordem governamental é considerável; é interminável a hipocrisia; é opulento o cinismo; são soberbas as injustiças; enormes são as mentiras; e desmedidas são também as manipulações e as cumplicidades... Tudo em grande! Apenas o Antonino Boaventura, este criado às vossas ordens, é pequeno, como o País. Não em estatura, evidentemente. Digo pequeno no sentido de... pequeno. Isso mesmo! Entenderam perfeitamente.
Mas por hoje, chega. Regressarei para falar das gentes deste país pequeno, onde todas as coisas são de grande dimensão.
Isabel A. Ferreira
Uma reflexão sobre a ignorância e os ignorantes militantes, ou seja, aqueles que, apesar de toda a informação, optam por continuar ignorantes.
Origem da foto: Internet
Consta que são bastantes, os ignorantes, os indiferentes, os invejosos, os mesquinhos, os desconfiados, os medrosos, os corruptos e os interesseiros, que desconhecem o sentido da cidadania, logo, não a exercem. E, por isso, permitem que o país seja malgovernado, abandalhado e vendido aos pedaços, a quem dá mais.
Se a ignorância pagasse imposto, Portugal seria o país mais rico do mundo.
Esta é a triste verdade.
É que a ignorância optativa está disseminada por toda a parte, por todos os extractos sociais e pelos mais altos cargos da Nação.
A Saúde, em Portugal, está gravemente doente.
A Pobreza espreita em cada esquina.
O Ensino anda a rastejar por um chão pejado de uma descomunal cegueira mental.
A Cultura Culta e a Cultura Crítica emigraram para mundos mais civilizados.
As Artes sufocam, e apenas os escravos do poder vivem à custa delas.
A Língua Portuguesa anda perdida nos subterrâneos de uma ignorância e de uma indiferença descomunais que, alarvemente, estão a esmagar a identidade do povo português.
A política da violência e crueldade contra seres vivos tem os seus maiores defensores sentados nos Palácios de São Bento e de Belém.
Os indiferentes andejam por aí, como sonâmbulos. Se lhes mexem nos bolsos, agitam-se, mas sem grande convicção, por isso tudo continua sempre igual, sempre funesto, sempre obscuro, sempre mergulhado no lodo de um passado que se quer passado, e não presente ou futuro.
Na hora do voto, vota-se na continuidade, porque o medo de mudar é mais forte do que a vontade de ousar o desconhecido, a modernidade, o avanço civilizacional.
A ignorância e a indiferença estão a cozinhar Portugal em banho-maria, e os bobos da corte saltam e riem, porque enquanto houver povo ignorante e indiferente, mantê-lo-ão sob o seu jugo, e destruirão a Nação, em prol de interesses que não interessam, de modo algum, a Portugal.
E os Portugueses, tal como num tempo ainda bem presente, lá vão cantando e rindo, levados, levados, sim, pela voz do som tremendo, da ignorância sem fim… (1)
Isabel A. Ferreira
(1) Excerto adaptado do Hino da Mocidade Portuguesa, letra de Mário Beirão
Convidado de honra para assistir a uma sessão de selvajaria tauromáquica no campo pequeno, em Lisboa (que dizem ser) a capital de um país da Europa do Sul…onde se esbanja dinheiros públicos nesta actividade selvática...
No passado dia 25 de Março, quando o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, se deslocou ao campo pequeno para assistir ao Meeting Lisboa, foi abordado pelo aficionado Rui Bento, que o convidou para estar presente na tourada que comemora o 125º aniversário daquela arena de tortura de seres vivos, convite que, segundo rezam as crónicas, o presidente da República teria aceitado com muito agrado.
Fonte:
Excelentíssimo Senhor
Presidente da República Portuguesa,
Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa,
Tive conhecimento de que Vossa Excelência foi convidado a assistir a uma sessão de tortura de bovinos, vulgo tourada, para comemorar os 125 anos da existência da arena do campo pequeno, a qual, só por si, já diz do enorme atraso civilizacional em que Lisboa ainda está mergulhada. Uma vergonha!
Como é do conhecimento do mundo civilizado e, com certeza, de Vossa Excelência também, a tauromaquia é uma actividade cruel e sanguinária, de natureza retrógrada e medievalesca, que revela um enorme atraso civilizacional e uma descomunal brutalidade por parte de quem a pratica, aplaude e promove.
A existência de touradas noutros países (em mais sete, entre 193 que existem no mundo) não legitima a sua existência em Portugal, até porque, nesses outros sete países, onde ainda existe esta prática grotesca, fortes grupos abolicionistas estão a trabalhar afincadamente, para que esta actividade abjecta, que envergonha a Humanidade, e que consiste em torturar seres sencientes e indefesos, para divertir mentes perversas e deformadas, seja abolida. E os progressos são mais que muitos.
Um cidadão medianamente culto sabe que esta brutalidade não faz parte da Cultura Portuguesa, e Portugal nada ganha ao manter activa esta crueldade gratuita, pelo contrário, só perde prestígio e afunda-se na incivilidade para a qual tal prática impele o país.
Estamos em pleno século XXI depois de Cristo, e nem no século XXI antes de Cristo, esta brutalidade existia. Não faz sentido algum retroceder no tempo, até porque nunca se retrocederia tanto, ao ponto de igualar a crueldade com que hoje se trata os animais não humanos, para divertir mentes perversas. Nunca, em tempo algum, em épocas primitivas, os homens das cavernas se comportaram tão brutalmente como os do século XXI depois de Cristo, no que respeita ao divertimento à custa do sofrimento atroz de animais como eu ou como V. Exa., sim, porque, na realidade, somos biologicamente tão animais quanto eles.
O avanço civilizacional não se faz à custa da tortura animal, para que sádicos e psicopatas se divirtam. É que a tauromaquia, queiram ou não queiram os tauricidas e aficionados, assenta na violência, na crueldade, na sevícia, na cobardia, na estupidez, na ignorância, na insensibilidade, no mau carácter e na falta de empatia para com a vida dos outros seres vivos, que têm direito à vida, tanto quanto nós também temos.
Por tudo isto, a tauromaquia é uma prática absolutamente indefensável e jamais poderá merecer respeito ou aceitação por parte dos seres humanos, civilizados e evoluídos, que cresceram moralmente, culturalmente, intelectualmente, socialmente.
Posto isto, senhor presidente da República Portuguesa, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, sugiro a Vossa Excelência que, publicamente, já demonstrou afectos por esta barbárie, que faça uma reflexão profunda sobre esta matéria, pois essa reflexão poderá ser-lhe bastante útil, se ainda não conseguiu ultrapassar a crença no que insistem em chamar de “tradição”, pois esta não passa de um costume obsoleto e obscuro, assenta na mais profunda ignorância, e que não faz o mínimo sentido em pleno terceiro milénio depois de Cristo.
A presença de Vossa Excelência numa tal comemoração só desprestigia o alto cargo público que exerce.
Por favor, não envergonhe Portugal, nem os Portugueses.
Com fé e esperança no triunfo da lucidez,
Isabel A. Ferreira
Os aficionados de selvajaria tauromáquica têm muita dificuldade em aceitar o que várias Ciências demonstram ser uma deformação da mente. Vivem com os pés fincados no passado e recusam a evolução. Têm medo da verdade e da mudança.
Preferem viver na ignorância, para não terem de enfrentar a dura realidade de descobrirem qual o grau exacto da patologia que lhes deforma a mente.
Até porque se aceitarem a verdade, acham que podem correr o risco de deixarem de ser o que são…
E isso assusta-os.
E isto faz-me lembrar a história do Salvador…
Salvador era um homem feito, de barba na cara, mas decidiu que não casaria enquanto a mãe (conhecida pela alcunha “a ruiva” devido à cor dos cabelos) vivesse.
Ela, no conceito dele, sempre fora uma santa de altar, que ficara viúva pouco antes de ele nascer. Criara-o sozinha, com grande sacrifício, e isso, ele nunca poderia esquecer. E lá ia vivendo a sua vidinha, pacata, do trabalho para casa, e da casa para o trabalho, com paragem, por vezes, na Taberna do lugarejo, o seu único “entretenimento”.
Um dia, porém, inesperadamente, um estranho entrou na taberna para se “refrescar”, e depois de beber uns copos, começou a recordar passagens pitorescas da sua vida, que iam fazendo as delícias dos homens que ali se reuniam, para jogar às cartas, beber e conversar. Foi então que veio à baila “a ruiva” que ele conhecera em tempos idos, num bar de alterne, e que um dia engravidou e foi de lá corrida quase a pontapés, por não ter mais serventia. Percebiam, não percebiam?
E as gargalhadas jocosas soaram alto.
Ora juntando isto a mais aquilo, e mais o facto de o indivíduo ter reconhecido “a ruiva”, quando ela, nesse dia, por azar, entrou na taberna, para comprar vinho como era habitual, Salvador descobre, ali mesmo, que a mãe fora uma famosa e bela prostituta, das mais requisitadas, e que nunca soube quem era o pai do seu filho.
De uma só virada, Salvador ficou a saber que era filho de pai incógnito e que a mãe, além de não ser santa, era uma grande mentirosa e hipócrita.
Hipócrita, porque desde que Salvador se conhecia como gente, uma vez por ano, no dia 13 de Agosto, dia do (suposto) aniversário da morte do pai, a quem a mãe chamava o “meu querido Totó” (diminutivo de António), acompanhava-a até ao cemitério local, e diante de uma campa rasa (uma campa de ninguém, abandonada há anos, soube mais tarde) onde ela depositava uma flor que arrancava furtivamente do jardim público (as posses eram poucas), chorava baba e ranho, com ladainhas e orações à mistura, por alma do Totó, ritual que Salvador acompanhava sempre com muita consternação ao ver o enorme sofrimento da mulher que o dera à luz.
E os dois ficavam ali, um tempo sem tempo, a chorar sobre o túmulo de ninguém, apesar de Salvador sempre ter estranhado o facto de a mãe não ter uma fotografia do pai.
Ao ouvir a narrativa do estranho, Salvador sofre um tremendo choque psicológico e instintivamente recusa-se a acreditar nesta verdade, à qual chama repetidamente mentira, até porque a mãe dizia que o indivíduo estava bêbado e devia estar a confundi-la com outra ruiva, que não ela. Mas “ruivas” nunca as houve aos magotes, e ainda mais por aquelas bandas.
Se Salvador decidisse acreditar no que descobriu, a sua vida, a sua realidade, a sua história mudaria por completo. Ele não seria mais ele, nem a mãe seria mais a santa de altar que ele tanto venerava, e aquele ritual do 13 de Agosto nunca mais se repetiria, e ele ficaria definitivamente órfão de pai, e quando saísse à rua sentir-se-ia como se estivesse completamente nu.
Saiu da taberna, cabisbaixo, atrás da mãe, repetindo não é verdade, não é verdade, é tudo mentira… E a mãe a dizer que sim…
E quando queremos que uma verdade seja mentira, ou uma mentira seja verdade, repetimo-la até à exaustão, e então ela passará a ser o que quisermos que seja.
Foi o que fez Salvador. A mãe continuou a negar. Ele a recusar-se a acreditar, e assim o tempo foi passando, e a vida foi sendo vivida quase como dantes… Quase… porque a dúvida instalara-se na mente de Salvador, e isso flagelava-o.
Naquele ano, o ritual do cemitério realizou-se sem a baba e ranho habitual… E este pormenor foi o princípio de alguma coisa que começou a burburinhar na mente de Salvador.
Um dia, em que a mãe saiu, Salvador virou a casa do avesso, com o intuito de encontrar alguma coisa que aquietasse aquela dúvida que estava a corroê-lo por dentro.
Foi então que, escondido entre a roupa interior da mãe, encontrou um pequeno álbum de fotografias, que ele nunca tinha visto. E entre as fotografias estava uma, aquela que o catapultou para a realidade que ele tanto fazia questão de negar, para defender a vida tal como sempre a vivera: a mãe, uma lindíssima ruiva, ali estava, em trajes de coelhinha da Playboy, numa pose que nada condizia com as das santinhas de altar…
Naquele momento o mundo desabou sobre a cabeça de Salvador: ele já não tinha um pai chamado Totó, que estava enterrado numa campa rasa, que a mãe enfeitava com uma flor roubada no jardim público; a mãe já não era a santa de altar que ele sempre tinha venerado; a verdade da vida dele passara a ser uma mentira. Ele já não era ele. Quem seria então?
Agora não tinha mais nada: nem identidade, nem vida, nem pai, nem mãe. O que fazer das ruinas em que esta descoberta transformou a sua vida?
Saiu de casa, deixando-a revirada do avesso.
Nunca mais ninguém soube do Salvador.
A “ruiva”, essa, continua a ir ao cemitério, visitar a campa de ninguém, onde agora, em vez de uma, coloca duas flores arrancadas furtivamente do jardim público.
***
É disto que os aficionados têm medo, quando se recusam a acreditar na realidade patológica das práticas selváticas da tauromaquia.
Isabel A. Ferreira
Maria Helena Capeto, uma cientista e escritora que muito prezo, escreveu este curto mas interessantíssimo diálogo, que diz tudo sobre a tentativa que fazemos para passar aos desinformados, as informações necessárias para que evoluam e saiam da ignorância em que estão mergulhados até à ponta dos cabelos.
Porém, a missão torna-se impossível, porque assim como o pior cego é aquele que não quer ver, o pior ignorante é o que, por opção, prefere continuar ignorante.
Homo Sapiens versus Homo Parvus
Sapiens - Não arranques a árvore, colhe só os frutos!
Parvus - Eu quero a árvore toda para mim!
Sapiens - Se não arrancares a árvore todos vão poder comer os frutos, tu incluído.
Parvus - És parvo ou quê? Estão ali mais duas árvores!
Sapiens - Mas se arrancas essa, os teus irmãos também arrancam as outras.
Parvus - E depois?
Sapiens - Depois não há mais frutos para ninguém!
Parvus - Mas nós ficamos com eles, por isso não há problema. É tradição.
Sapiens - Os frutos vão apodrecer e nem vocês vão ter mais.
Parvus - Lá estás tu com as tretas das teorias sempre armado em sabichão! Aprendeste isso onde? Sempre arrancámos as árvores! Não consegues perceber que assim estamos a protegê-las? Se não as arrancássemos já não existiam! Vê se vais aprender alguma coisa de jeito! Se soubesses do que falas ias arrancar as árvores como nós!
Sapiens - Desisto. Quando não tiverem frutos comam os troncos!
...
Maria Helena Capeto
É urgente rever o conceito de Ser Humano. Os que evoluíram não podem ser metidos no mesmo saco dos que não evoluíram.
Existe uma abismal diferença moral, cultural e humana entre uns e outros
CORRIDAS DE TOUROS À CORDA
É a ignorância (e não o sonho da poesia de António Gedeão) que comanda a pobre e podre vidinha desta gentinha que assim brinca aos parvos com um ser senciente amarrado a uma corda...
«Estão do lado dos que erram os que afirmam que os touros utilizados nas corridas à corda não são vítimas de maus-tratos. Claro que o são pela ansiedade e pânico que sofrem na captura e afastamento do campo e da manada; pela violenta contenção da corda; pela excitação provocada pelo ruído e pela multidão ululante; pelo esgotamento e frequentes quedas e ferimentos e até mortes que acontecem aos touros» (Dr. Vasco Reis – Médico Veterinário)
É deplorável a ignorância e a irracionalidade dos que defendem a cruenta corrida de touros à corda.
***
OS CAVALOS NÃO PRECISAM DE MEDALHA!
«Obviamente, até o mais inculto dos homens concluiria que o cavalo, ou qualquer outro animal explorado, nunca escolheria, por vontade própria, uma vida de subserviência aos humanos» (Direitos dos Animais)
Esta é outra barbaridade, outro crime, outra imbecilidade da criatura pré-humana.
A subjugação e exploração animal são eticamente erradas. Os animais não existem para servir o animal humano.
***
ASSIM DEVEM VIVER OS MAGNÍFICOS SERES QUE SÃO OS CAVALOS: LIVRES NA NATUREZA
«... Especialista em neurofisiologia… desculpem, em meteorologia do touro de lide, o matador aposentado [Jaime Ostos] argumentou que durante a lide "o nervo torna-se como um raio e não é igual a quando está flácido e a dor chega mais rápido ao cérebro».
[Este será ] o próximo Prémio Nobel, mas terá um rigoroso adversário no Professor Illera, que considera precisamente o oposto. Vamos ver se se põem de acordo. [Jaime Ostos] é um morto-vivo.
(José Enrique Zaldivar Laguia)
Legenda - Jaime Ostos: «O Touro não sofre porque a dor tarda em chegar ao cérebro».
Ao menos o Touro tem cérebro, algo que falta a Jaime Ostos. Por isso diz o que diz, porque não tendo cérebro, a dor para ele não existe. Daí que não saiba que o Touro, tendo cérebro, a dor que lhe chega é lancinante.
Fonte da imagem:
(Escritor russo, autor do bestseller “Guerra e Paz”)
Uma reflexão magnífica de sábios, sobre a condição animal, matéria tão descurada por aqueles que se consideram seres “racionais”.
Vale a pena ler, e depois de ler, nunca mais poderão dizer que não sabiam…
A defesa dos direitos dos animais ou da libertação animal, também chamada simplesmente abolicionismo constitui um movimento que luta contra qualquer uso de animais não-humanos que os transforme em propriedades de seres humanos, ou seja, meios para fins humanos.
Eis uma visão humanista e sábia sobre os animais não humanos.
***
«Pensei mais de uma vez que, quando se trata de animais, todo o homem é um nazista.» - Isaac Bashevis Singer in «O Penitente»
«O que todos esses pretensos sábios, filósofos e líderes mundiais sabem a seu respeito? Eles convenceram-se de que o homem, o pior transgressor dentre todas as espécies, é o ápice da criação. Todos os outros seres foram criados somente com o propósito de servirem a humanidade, podendo, com isso, serem atormentados e exterminados. Em relação a eles, todas as pessoas são nazistas; para os animais o mundo é uma eterna Treblinka.» - Isaac Bashevis Singer in The Letter Writer)
«Concedei aos animais um vislumbre de razão, imaginai que pesadelo apavorante é, para eles, o mundo: um sonho de homens de sangue-frio, cegos e surdos, que lhes cortam a garganta, abrem-lhes o peito, esventram-nos, cortam-nos em pedaços, cozinham-nos vivos, às vezes rindo-se deles e de suas contorções enquanto padecem em agonia. Há coisa mais atroz entre os canibais?» - Romain Roland
«Quanto mais completamente a criação inferior se encontra submetida à nossa força mais responsáveis deveremos ficar pelo seu mau governo; por maioria de razão se deve considerar esta responsabilidade, visto que a própria natureza dos animais inferiores os torna incapazes de receberem em outro mundo qualquer recompensa dos maus tratos que sofrerem neste.» - Alexander Pope, in The Guardian
«Que ingenuidade, que pobreza de espírito, dizer que os animais são máquinas privadas de conhecimento e sentimento, que procedem sempre da mesma maneira, que nada aprendem, nada aperfeiçoam! Será porque falo que julgas que tenho sentimento, memória, ideias? Pois bem, calo-me. Vês-me entrar em casa aflito, procurar um papel com inquietude, abrir a escrivaninha, onde me lembra tê-lo guardado, encontrá-lo, lê-lo com alegria. Percebes que experimentei os sentimentos de aflição e prazer, que tenho memória e conhecimento.» - Voltaire, in Dicionário filosófico.
«Responde-me maquinista, teria a natureza ajustado nesse animal todos os órgãos do sentimento sem objectivo algum? Terá nervos para ser insensível? Não inquines à natureza tão impertinente contradição.» - Voltaire, in Dicionário filosófico.
«Chegará o dia em que todos os homens conhecerão o íntimo de um animal. E neste dia, todo o crime contra o animal será um crime contra a humanidade.» - Leonardo da Vinci, citado em "Pantanal.
«Mentem todos os que afirmem que os animais nasceram para servir de sustento ao homem ou para servirem de nossos escravos… Se assim fosse teríamos de aceitar como perfeitamente lógica a asserção, condenada actualmente, de que a exploração do homem pelo homem é uma coisa imprescindível e que existe todo o direito do homem sacrificar os seus semelhantes, visto que, como os animais, nós possuímos inteligência, vida, percepção, e somos também sensíveis ao sofrimento.» - J. Fontana da Silveira em Almanaque Vegetariano.
«Os animais foram criados pela mesma mão caridosa de Deus que nos criou... É nosso dever protegê-los e promover o seu bem-estar.» - Madre Teresa de Calcutá.
«Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram nem tomam em consideração as condições dos animais.» Abraham Lincoln.
«Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seus semelhantes.» - Albert Schweitzer (Recebeu o Prémio Nobel da Paz de 1952).
«A protecção dos animais faz parte da moral e da cultura dos povos civilizados.» - Victor Hugo,
«As pessoas se sentem ofendidas com campanhas pelos direitos dos animais. Isso é um absurdo. Não é tão ruim quanto a indústria de assassinato em massa de animais.» - Richard Gere .
«Como zeladores do Planeta, é nossa responsabilidade lidar com todas as espécies com carinho, amor e compaixão. As crueldades que os animais sofrem pelas mãos dos homens estão além da nossa compreensão. Por favor, ajudem a parar com esta loucura.» - Richard Gere.
«Eu dei minha beleza e minha juventude aos homens. Agora dou minha sabedoria e minha experiência aos animais.» - Brigitte Bardot - Actriz francesa, sobre a instituição de protecção aos animais que fundou na década de 80.
«Quando se é capaz de lutar por animais, também se é capaz de lutar por crianças ou idosos. Não há bons ou maus combates, existe somente o horror ao sofrimento aplicado aos mais fracos, que não podem defender-se.» - Brigitte Bardot.
«Quando o assassinato de um animal, especialmente com requintes de perversidade, for na verdade punido como crime hediondo, aí o homem terá justificada a sua condição de racional.» - Geuza Leitão.
«É uma barbárie, horrível, medieval. Não posso imaginar-me por um momento sequer, a cantar lá.» - Paul McCartney, revoltado com cenas de matança de cães e gatos num mercado chinês.
«Não importa se os animais são incapazes ou não de pensar. O que importa é que são capazes de sofrer». - Jeremy Bentham.
«Enquanto matarmos e torturarmos animais, vamos continuar a torturar e a matar seres humanos - vamos ter guerra. Matar precisa ser ensaiado e aprendido em pequena escala; enquanto prendermos animais em gaiolas, teremos prisões, porque prender precisa ser aprendido em pequena escala; enquanto escravizarmos os animais, teremos escravos humanos, porque escravizar precisa ser aprendido em pequena escala.» - Edgar Kupfer- Korberwitz.
«O animal selvagem e cruel não é aquele que está atrás das grades. É o que está na frente delas.» - Axel Munthe.
«Não podemos ver a beleza essencial de um animal enjaulado, apenas a sombra de sua beleza perdida.» - Julia Allen Field.
«O circo ensina as crianças a rir da dignidade perdida dos animais. Nesse caso, a 'humanização' dos bichos reflecte claramente a falta de humanidade das pessoas projectada em um macaco de vestido, camuflada sob os risos.» - Olegario Schmitt (escritor brasileiro) em No Pé da Letra (1999).
«Matar um animal para fazer um casaco é um pecado. Nós não temos esse direito. Uma mulher realmente tem classe quando rejeita que um animal seja morto para ser colocado sobre os seus ombros. Só assim ela será verdadeiramente bela.» - Doris Day.
«A pessoa que eu amo nunca usaria pele de animais. Pele faz-me pensar em mulheres rasas, que não têm consciência. A indústria de peles pertence a uma época em que as pessoas eram inacreditavelmente egoístas. Se você fosse uma espécie de chefe de organização tribal e não existisse uma loja de departamentos, 350 anos atrás, eu entenderia. Mas hoje em dia temos fibras sintéticas e usar peles não é mais uma necessidade. O elitismo das peles deixa-me com vontade de vomitar.» - Gavin Rossdale, em entrevista à revista Grrr!
«A protecção dos animais faz parte da moral e da cultura dos povos.» - Victor Hugo
«Todos os seres vivos buscam a felicidade; direccione a sua compaixão para todos.» - Mahavamsa (Budista)
«Os animais existem por suas próprias razões. Eles não foram feitos para humanos, assim como negros não foram feitos para brancos ou mulheres para os homens.» - Alice Walker
«... vários vivisseccionistas ainda alegam que o que eles fazem ajuda a salvar vidas humanas. Eles estão a mentir. A verdade é que as experiências em animais matam pessoas, e os que investigam em animais são responsáveis pelas mortes de milhares de homens, mulheres e crianças a cada ano.» - Dr. Vernon Coleman (Membro da Sociedade Real de Medicina, Inglaterra)
«Crueldade é algo que está presente em famílias humanas por incontáveis eras. É quase impossível alguém que é cruel com os animais ser generoso com as crianças. Se se permite às crianças a crueldade contra os seus animais de estimação ou outros que cruzem os seus caminhos, elas aprenderão facilmente a ter o mesmo prazer com a miséria dos seus semelhantes. Essas tendências podem facilmente levá-las ao crime». - Fred A. McGrand (1895)
«Se eu tivesse outra vida, dedicá-la-ia inteiramente à luta contra a vivissecção.» - Bismark
«Até que tenhamos coragem de reconhecer a crueldade pelo que ela é - seja a vítima um animal humano ou não humano - não podemos esperar que as coisas melhorem neste mundo...não podemos ter paz vivendo entre homens cujos corações se deleitam em matar criaturas vivas. Para cada acto que glorifica o prazer de matar, estamos atrasando o progresso da humanidade» - Rachel Carson
«A civilização de um povo se avalia pela forma como 0os seus animais são tratados.» - Humboldt
«Mutilar animais e chamar isso de “Ciência” justifica a condenação da espécie humana ao inferno moral e intelectual... Essa repugnante Idade das Trevas da tortura impensada dos animais tem que ser superada.» - Grace Slick (Músico)
«Se fôssemos capazes de imaginar o que se passa, constantemente, nos laboratórios de vivissecção, não poderíamos dormir em paz e em nenhum dia estaríamos felizes e tranquilos.» - Dr. Ralph Bircher
«Não há diferenças fundamentais entre o homem e os animais nas suas faculdades mentais (...) os animais, como os homens, demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento» - Charles Darwin
«Os animais dividem connosco o privilégio de ter uma alma» - Pitágoras
«Pergunte aos vivisseccionistas por que eles experimentam em animais e eles responderão: «Porque os animais são como nós». Pergunte aos vivisseccionistas por que é moralmente 'OK' experimentar em animais e eles responderão: «Porque animais não são como nós». A Experimentação animal apoia-se em contradição de lógica.» - Professor Charles R. Magel (1920)
«Incêndios deliberados e crueldade contra animais são dois dos três sinais de infância que sinalizam o potencial de um serial killer» - John E. Douglas
«Por que é que o sofrimento dos animais me comove tanto? Porque fazem parte da mesma comunidade a que pertenço, da mesma forma que os meus próprios semelhantes.» - Émile Zola
«Não há crueldade pior do que pensar e acreditar que os animais existem para servir o Homem.» - Gabriela Toledo
«A Vivissecção é bárbara, inútil e um empecilho ao progresso científico.» - Dr. Werner Hartinger (Cirurgião)
«Entre 135 criminosos, incluindo ladrões e estupradores, 118 admitiram que quando eram crianças queimaram, enforcaram ou esfaquearam animais domésticos.» - Ogonyok (Soviet anti-cruelty magazine; citado em "The extended circle: a dictionary of humane thought”.
«Respeitem os mais velhos e celebrem os jovens. Mesmo os insectos, as ervas e as árvores não devemos nunca maltratar.» - Ko Hung Confucionista - Taoista
«Não sou basicamente um conservacionista. Quando a última baleia for massacrada, como certamente um dia acontecerá, o sofrimento delas vai acabar. Essa não é uma perda para a baleia, mas para a espécie humana. Não estou preocupado com a extinção de espécies - isso é loucura dos homens - Eu tenho uma única preocupação: o sofrimento que nós deliberadamente infligimos aos animais enquanto estão vivos.» - Clive Hollands
«O erro da ética até ao momento tem sido a crença de que só se deve aplicá-la em relação aos homens» - Albert Schweitzer
«Jamais creia que os animais (não humanos) sofrem menos do que os (animais) humanos. A dor é a mesma para eles e para nós. Talvez pior, pois eles não podem ajudar a si mesmos» - Dr. Louis J. Camuti
Fonte do texto:
https://pt.wikiquote.org/wiki/Direitos_dos_animais
Fonte da imagem:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1110104692355626&set=p.1110104692355626&type=3&theater
Violência, crueldade, ignorância, estupidez, futilidade...
O touro "bravo" ou de "lide" não é agressivo. Estes animais são, por natureza, tão ou mais afáveis do que os cães. O Fadjen, um mediático touro "bravo", salvo de um ganadeiro Espanhol, é neste momento, um excelente exemplo de que a agressividade genética do Touro se encerra num mito propagandeado pela tauromaquia.
A etologia, como ramo da zoologia, explica que o comportamento não é determinado pela genética, mas pelo ambiente e interacções do animal. Ou seja, independentemente das características genéticas, o seu comportamento será sempre condicionado, em última análise, pelo propósito e personalidade de quem os cria, tal como acontece com os cães.
Para os tornarem, não-agressivos, mas mais reactivos de modo a que seja possível toureá-los (ou lidá-los), os ganadeiros criam-nos em sistema extensivo, com pouco contacto com humanos, sujeitando-os a duros "treinos" a todos os níveis, sendo os físicos, dignos de um atleta de alta competição e, de vez em quando, alguns morrem subitamente devido ao exagerado esforço a que são sujeitos.
Por vezes, os touros são drogados com Rompum e Calmivet, duas substâncias anestésicas que administradas em pequenas quantidades, causam um efeito calmante. Mas nem sempre a dose "certa" é bem calculada, levando a que alguns sucumbam à dose excessiva, mesmo antes de entrar na arena.
Há muito que a ciência provou o sofrimento do Touro. Todos os seres sencientes, ou seja, os que possuem um sistema nervoso central, grupo do qual faz parte o ser humano, têm a capacidade de experimentar sofrimento físico e psicológico, tal como stress, medo, pânico, angústia e tristeza. Sofrem ainda traumas psicológicos e desenvolvem depressões, bem como afectos, e constroem ainda relações com outros seres, incluindo o Homem.
Na capacidade de sentir, os animais não são diferentes do ser humano.
O Touro dito "bravo" tem direito à sua integridade física e psicológica e principalmente tem direito a não ser utilizado como objecto de tortura para gáudio de uma minoria que nem sequer é representativa do povo português. À semelhança de tantas outras espécies, o Touro poderá perfeitamente viver em liberdade e em paz no seu habitat, nem que seja em zonas protegidas, não sendo também por isso, aceitável o "argumento" da sua preservação como justificação da tauromaquia.
Não é portanto admissível que no século XXI d. C., um país civilizado (?) como Portugal, acolha ainda uma tradição que viola 90% (!) dos pontos considerados na Declaração Universal dos Direitos dos Animais da UNESCO:
1 - Todos os animais têm o mesmo direito à vida.
2 - Todos os animais têm direito ao respeito e à protecção do homem.
3 - Nenhum animal deve ser maltratado.
4 - Todos os animais selvagens têm o direito de viver livres no seu habitat.
5 - O animal que o homem escolher para companheiro não deve nunca ser abandonado.
6 - Nenhum animal deve ser usado em experiências que lhe causem dor.
7 - Todo o acto que põe em risco a vida de um animal é um crime contra a vida.
8 - A poluição e a destruição do meio ambiente são consideradas crimes contra os animais.
9 - Os direitos dos animais devem ser defendidos por lei.
10 - O Homem deve ser educado desde a infância para observar, respeitar e compreender os animais.
Mas não são apenas os direitos dos animais que são violados pela tauromaquia.
A psicologia, a psiquiatria e a neurociência provaram que assistir a touradas provoca traumas psicológicos nas crianças, tornando-as tolerantes à violência gratuita e contribuindo para que se tornem adultos agressivos. Este foi um dos argumentos que levou à abolição das touradas na Catalunha, em Espanha, país onde a tradição é muito mais forte do que em Portugal, pela sua origem.
Isabel A. Ferreira