Casa meio vazia, o ritual pré-histórico não foi televisionado, como é habitual.
As coisas estão a correr como o previsto.
2013 é o ano aziago da tauromaquia.
Os Touros e os Cavalos são os nossos heróis!
Copyright © Isabel A. Ferreira 2009

Amigo Luís,
Para ti talvez seja difícil ler esta carta, no lugar onde te encontras. Por isso, vou ler alto estas palavras que te escrevo, porque sei que o eco da minha voz chegará até a ti.
O que eu tenho para dizer-te é muito simples.
Foste soldado, foste poeta e ninguém te celebrou em vida.
Deixaram-te morrer só, pobre, sem glória, a ti, que perpetuaste o nome de tantos heróis!
Mas sabes, a vida de poeta é mesmo assim. Ninguém o compreende, e queres saber porquê? Porque o pensamento do poeta nasce com asas e ele precisa de voar. E para ver um poeta voar é necessário sensibilidade.
Eu comparo o poeta às aves. O que aconteceria a uma ave se lhe cortassem as asas?
Tu, apesar de tudo o que sofreste, nunca permitiste que cortassem as asas do teu pensamento, por isso, o teu engenho e arte foram imensos. Contudo, foi preciso morreres, para que o teu talento fosse reconhecido.
Nunca vi o teu rosto, conheço apenas o teu pensamento e a dimensão da tua alma, através das tuas obras literárias.
Hoje, parece-me que sempre te conheci.
Sabes, sou amigo dos poetas. De todos os poetas. Compreendo-os. E se dependesse de mim, não ficaria nenhum por celebrar, porque o poeta, de todos os seres mortais, é o mais imortal. É o único que pode voar com as asas do seu pensamento, e deter-se na eternidade.
E como é bom voar com os poetas!
E dentre todos, tu foste o que voou mais alto.
Joel