Devemos mantê-las. Tal como sempre existiram.
Apedrejem-se as mulheres adúlteras. Queimem-se as bruxas.
Enforquem-se na praça pública, os corruptos, os ladrões, os que roubam o Povo, os assassinos…
As tradições são a alma de um Povo… São a herança de antepassados bastante evoluídos, fruto de uma cultura humanista…
Pelas tradições locais livres de selvajaria tauromáquica
Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo,
Presidente da Assembleia Municipal de Vila Franca do Campo,
Presidente da Junta de Freguesia de Ponta Garça,
Presidente da Assembleia de Freguesia de Ponta Garça,
C/c: Bispo da Diocese dos Açores,
Padre da Paróquia de Ponta Garça,
Presidente da AVIPAA
Exmos. Senhores,
Tomei conhecimento de que está prevista a realização de uma tourada à corda na freguesia de Ponta Garça, no próximo dia 24 de Maio, promovida pela Irmandade do Espírito Santo dos Aflitos (Boavista), e venho manifestar o meu mais veemente repúdio por esta iniciativa que, além de conspurcar as tradições do concelho de Vila Franca, que se manteve até ao momento livre de eventos degradantes, como são as touradas, conspurca também a acção de uma Irmandade que deveria seguir os preceitos cristãos, e opta por introduzir numa localidade limpa, costumes pagãos primitivos e de má memória.
No caso presente a situação é bem mais grave, pois o evento é organizado por uma instituição que irá desviar dinheiro dos ponta-garcenses, que devia ser utilizado em acções de solidariedade social e no são convívio, para alimentar um negócio obscuro, que em nada contribui para educar o povo local para o respeito que todos devemos aos animais não humanos, tanto como aos animais humanos, além de causar sofrimento inútil aos primeiros, e colocar em risco a vida dos que vão assistir a esta diversão completamente irracional e incivilizada.
Num concelho que quer ser respeitado pela sua modernidade, pelo seu apego e proximidade aos valores naturais, pelo desenvolvimento do turismo de Natureza e pelo seu cuidado e bem-estar dos animais, não deve existir lugar para este tipo de iniciativas degradantes para animais não humanos e também para os animais humanos, pelo que venho solicitar um acto de contrição por parte dos organizadores de tão indigna iniciativa, e a tomada de medidas para dar cumprimento ao estipulado no Código de Posturas da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo que menciona ser proibido “utilizar animais em touradas”.
Com a minha mais veemente indignação,
Isabel A. Ferreira
***
Enviem os vossos protestos para:
rcouto@cmvfc.pt, cmartins@cmvfc.pt, jfpontagarca@gmail.com, avipaa.associacao@gmail.com, info@igrejaacores.pt, diocese.angra@iol.pt, amigosdosanimaisvilafranca@gmail.com
A propósito deste texto, que pode ser consultado no seguinte link:
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/ctt-confunde-concertos-de-musica-e-523139
recebi dois comentários que passarei a transcrever e a responder, à guisa de esclarecimento público
Comentário no post CTT CONFUNDE CONCERTOS DE MÚSICA E ESPECTÁCULOS DE DANÇA COM SELVAJARIA TAUROMÁQUICA
Eu não defendo nem acuso, nem sequer tenho posição, contudo e neste contexto creio que tudo não passa de comércio. Senão vejamos, a Senhora parece ter uma posição muito correcta face aos direitos dos animais, devo considerar que a sua roupa não tem ar ...Eu não defendo nem acuso, nem sequer tenho posição, contudo e neste contexto creio que tudo não passa de comércio. Senão vejamos, a Senhora parece ter uma posição muito correcta face aos direitos dos animais, devo considerar que a sua roupa não tem artigos made in China? Que não tem um smartphone? Que não possui mada que possa eventualmente derivar das péssimas condições de trabalho que existem por esse mundo fora em países super-populados e escravos da produção em massa? Devo concluir que neste momento imperfeito, todos incluindo eu, somos egoístas, somos idealistas... contudo o mundo em que vivemos requer um pouco mais de realismo. Infelizmente, e volto a salientar que não defendo touradas ou qualquer outro tipo de manifestação parecida, mas do ponto de vista comercial os CTT como a Fnac, como outro tipo qualquer de bilheteiras está no seu direito COMERCIAL de vender entradas para tal acontecimento. Respeitosamente, Dário Falardo.
Dário Falardo a 7 de Abril 2015, 22:57:57
***
Exmo. Senhor Dário Falardo:
Agradeço este seu comentário, porque me dá a oportunidade de desmistificar ideias fixas e preconcebidas, a propósito do nosso dever cívico de proteger a vida, e de contribuir para uma sociedade evoluída, assente em valores humanos e complacentes.
Diz que «não defende nem acusa, nem sequer tem posição», se todos fossem assim, o mundo não avançaria. Os indiferentes são o maior entrave à evolução das sociedades.
Diz também que “neste contexto tudo não passa de comércio». De que comércio, Sr. Falardo? O senhor tem a ousadia de considerar “comércio” a tortura de seres vivos praticada por psicopatas, para divertir sádicos?
E sim, é verdade. Eu tenho uma postura muito correcta, face ao direito de TODOS os animais: humanos e não humanos. Daí que além de defender os direitos deles, não uso nada “Made in China”. Sou adepta de comprar produtos exclusivamente portugueses.
E não, não tenho um smartphone. Por que haveria de ter?
E também não compro absolutamente nada que derive das péssimas condições de trabalho que existem por esse mundo fora em países super-populosos e escravos da produção em massa. Por que haveria de comprar, se tenho outras opções?
O momento, o mundo, as circunstâncias da vida podem ser imperfeitas, mas todos nós, seres humanos, até porque somos racionais, temos o DEVER de pugnar pela perfeição, e não andar no mundo só por ver andar os outros, e ser indiferente a tudo e a todos os que nos rodeiam.
E se o senhor se diz egoísta, saiba que eu não me considero egoísta. Sou bastante altruísta. E também sou IDEALISTA, mas foram sempre os idealistas que fizeram as grandes revoluções no avanço do mundo.
Finalmente devo dizer-lhe que nem os CTT, nem a FNAC têm o direito de colocar o vil metal acima da VIDA, ainda que essa vida seja a de Touros e Cavalos, que são seres sencientes e animais como nós.
E o que chama “vender entradas para tal acontecimento” significa simplesmente vender entradas para a selvajaria tauromáquica, que é algo que não prestigia nem os CTT, nem a FNAC.
E eu, porque não tenho outra opção, de vez em quando, muito de vez em quando, lá tenho de comprar um selo aos CTT, mas para evitar dar lucro a essa empresa, que apoia a tortura de seres vivos, utilizo preferencialmente o e-mail, para me comunicar com o mundo.
Quanto à FNAC não compro absolutamente nada, na FNAC, nem a nenhuma empresa que apoie a selvajaria tauromáquica.
Se eu não agisse deste modo, que moralidade teria para defender as minhas causas?
Com todo o respeito…
***
Ana Sofia da Rocha Simões, deixou um comentário ao post CTT CONFUNDE CONCERTOS DE MÚSICA E ESPECTÁCULOS DE DANÇA COM SELVAJARIA TAUROMÁQUICA às 23:04, 2015-04-07.
Comentário:
Boa noite, D. Isabel Devo dizer-lhe, enquanto defensora da abolição das touradas e de todas as tradições do género que envolvam animais, que concordo com a seu manifesto incómodo em relação à atitude dos CTT, como posto de venda de bilhetes para esse tão deprimente espetáculo. Também concordo que não devia fazê-lo mas com o que não posso concordar é que tenha exposto num blog, um "sitio" público a que toda a gente tem acesso, o nome da funcionária que lhe respondeu. A Senhora deve saber tão bem quanto eu que os funcionários de empresas como os CTT mais não fazem do que cumprir ordens e nada têm que ver com as decisões da empresa onde trabalham. Por muito indignada que a Senhora tenha ficado com a resposta que lhe foi dada, e com direito, creio que deveria ter-se escusado a mencionar o nome da pessoa que assina a resposta que pode, até, ser tão defensora dos animais como a senhora. O mundo do trabalho não é fácil hoje em dia e com esta atitude, mesmo que inconscientemente, a Senhora pode estar a prejudicar uma pessoa que apenas se limita a fazer o seu trabalho sem que isso signifique que concorde com as medidas da empresa que representa. Boa noite Ana Sofia Simões
***
Exma. Senhora D. Ana Sofia da Rocha Simões,
Agradeço igualmente este seu comentário, que me dá a oportunidade de esclarecer algo que, ao que parece, não está claro aos olhos dos leitores dos Blogues.
O que tornei público foi um comunicado que todas as pessoas que escreveram para os CTT a pedir que não apoiem a selvajaria tauromáquica, receberam também. E está muito divulgado no Facebook. Ora quando tornamos público um pedido como o nosso, é natural que a resposta também seja pública e assinada por quem de direito.
Concordo que o nome que deveria constar no comunicado não deveria ser o de uma funcionária, mas o dos responsáveis maiores pelos CTT.
Mas as coisas não funcionam assim.
Sei perfeitamente que as funcionárias, as secretárias de Suas Excelências não têm qualquer culpa das imoralidades dos seus patrões. Nem isto aqui ficou em causa.
Penso que ao publicar o nome de quem assinou o comunicado, não violei regra alguma, nem expus o bom nome da senhora, até porque sabemos que ela apenas se limitou a assinar o “recado” que deveria ter a assinatura dos patrões.
E, se reparar, em momento algum, coloquei em cheque a honorabilidade da senhora, dirigindo-me sempre aos CTT, e não à senhora que assinou o comunicado que foi igual para todos, e não só para mim, como são todos os comunicados de empresas.
Contudo, qualquer comunicado que tornemos público tem de ter uma assinatura para se tornar credível.
Penso que ninguém, que seja minimamente racional, entenderá que o conteúdo do comunicado corresponde ao pensar de quem o assinou.
Sabemos que é simplesmente o pensar dos CTT.
Sei que o mundo do trabalho não é fácil, mas sei também que ao publicar o comunicado, tal qual nos chegou, não estaremos a prejudicar quem o assinou.
Sempre se publicaram os comunicados das instituições com as respectivas assinaturas.
Porém, se a senhora que o assinou for prejudicada, de algum modo, agradeço que me comunique, ela própria, para que eu possa tomar as providências necessárias para que não lhe seja atribuída uma culpa que não tem.
Muito obrigada.
Isabel A. Ferreira
Hoje celebra-se o Dia Mundial do Sono
(E eu nem sabia)
Dizem que, a partir de hoje, os portugueses com problemas de sono vão ter uma nova ferramenta de apoio que visa melhorar a qualidade do sono. A Linha do Sono é assegurada por psicólogos especializados durante 5 horas por dia, 5 dias por semana.
Mas para o que me tira o sono, a mim, nenhum psicólogo terá paliativo…
Origem da imagem: http://www.isleep.pt/wp-content/uploads/2015/01/Tristeza.jpg
São tantas as coisas que me tiram o sono, que nem sei por onde começar.
Talvez seja melhor começar pela coisa mais óbvia: pela tristeza profunda que me causa o estado caótico a que chegou o meu País, governado por uma classe política totalmente desacreditada e desqualificada, talvez a pior que Portugal já teve nos últimos 40 anos.
Não há sector nenhum da sociedade portuguesa que esteja bem ministrado e em que possamos confiar.
Começando pelos Ministérios das Finanças, da Justiça, da Saúde, da Economia, do Ambiente, da Agricultura e Mar, da Educação e Ciência (porque da Cultura nem sequer existe), da Solidariedade, Emprego e Segurança Social…
Qual destes Ministérios funciona plenamente e dá segurança aos portugueses?
Que credibilidade têm os ministros ou os deputados da Assembleia da República e os autarcas portugueses que andam a “brincar” aos políticos, e fazem-que-fazem, obrigando os jovens mais qualificados a sair de Portugal, e mergulhando o País em constantes crises financeiras, económicas, culturais, educacionais, morais?
Não existe nenhum órgão do poder em quem possamos confiar plenamente.
Não confiamos no poder judicial, nem no poder executivo, nem no poder legislativo, nem no poder local, nem no poder policial.
Não confiamos no presidente da República.
Não confiamos nas leis, porque elas não funcionam, nem há quem as faça cumprir.
Até a Língua Portuguesa estão a tentar destruir, com base numa simples RCM, obrigando, ditatorialmente, a função pública e os estudantes a utilizarem uma aberração que dá pelo nome de Acordo Ortográfico 1990, que além de mutilar a Língua, empobrecendo-a, apenas interessa àqueles que não têm capacidade de aprendizagem e a políticos com interesses obscuros, de um e de outro lado do Atlântico.
É o descalabro total. Portugal a bater no fundo.
A corrupção e a ladroagem são o prato do dia em todos os sectores da sociedade portuguesa, atingindo os cargos de topo. Não vemos operários da construção civil ou sapateiros (profissões muito mais dignas do que as de “político”) envolvidos em fraudes fiscais, actos de corrupção ou branqueamento de capitais.
E o maior corrupto e ladrão dos últimos tempos anda por aí à solta, porque se o prenderem terão de prender muita gente “graúda” e não convém…
Para além de tudo isto, que já daria para tirar o sono a uma manada de milhares de elefantes, acrescente-se a onda de violência, ignorância, mediocridade e insanidade mental que arrasta o mundo para a demência total, onde a Vida Humana não tem qualquer valor; onde as crianças são lançadas a uma brutalidade insana, e roubadas da infância a que têm direito; onde todos os dias os Direitos Humanos são violados, nas barbas das autoridades e ninguém faz nada; onde milhões de mulheres ainda vivem sob o jugo de mentecaptos; um mundo onde se mata em nome de nada; onde se tortura e mutila em nome de tradições, que não passam de meros costumes bárbaros…
Que mundo será este?
O meu País e o Planeta estão nas mãos de mentecaptos. O meio ambiente está a ser destruído por mentecaptos. Os seres vivos, humanos e não-humanos, estão a ser massacrados por mentecaptos, em nome de absolutamente nada.
Senhores psicólogos da Linha do Sono… é tudo isto que me tira o sono.
O que podem fazer por mim?
O que podem fazer pela Humanidade? O que podem fazer pelo Mundo? O que podem fazer pelos mentecaptos que governam o mundo?
Isabel A. Ferreira
Li, mas não acreditei.
Li e pasmei!
Braga quer retroceder no tempo e mergulhar nas trevas mais negras, recuperando o costume bárbaro da “corrida do porco preto”, pelas mãos de um tal Rui Ferreira, novo responsável máximo pelas festas do São João de Braga?
Exmo. Sr. Doutor Ricardo Rio,
Isto é verdade?
Recuperar antigas tradições das festas de São João em Braga é uma garantia deixada pelo novo responsável desta festividade, uma escolha de V. Exa., já aprovada em reunião do executivo?
Não tenho nada contra o cidadão Rui Ferreira, nem contra tradições culturais de qualidade.
Contudo, considero uma autêntica aberração a escolha do costume bárbaro (que de tradição nada tem) que esse cidadão quer introduzir nos festejos de São João de Braga, que eram limpos, e a ser verdade esta insólita iniciativa, passam a ser sórdidos.
Uma corrida de porco preto? Nos tempos que correm? Quando o mundo civilizado está a tentar fazer evoluir as terrinhas com um atraso civilizacional, devido a este tipo de iniciativas, que as colocam paradas num passado longínquo, onde proliferava a ignorância e um povo pacóvio?
É isso que V. Exa quer para Braga que, pensava eu, já tinha evoluído?
O tal cidadão Rui Ferreira não tem a mínima culpa de pretender desenterrar mortos putrefactos e tentar ressuscitá-los numa cidade, enfim, que já ganhou algum estatuto de qualidade, e que o perderá imediatamente, logo que esta barbárie, que ele considera algo verdadeiramente “minhoto”, seja recuperada.
A culpa será das autoridades que permitirem tal idiotice.
Numa altura em que os maus tratos aos Animais estão a ser veementemente contestados em todo o mundo civilizado, este cidadão quer fazer corridas de porcos?
Saberá esse Rui Ferreira que o porco não é um alho-porro?
E se esse costume bárbaro estava enterrado, por algum motivo foi.
Não queira o município de Braga regredir…
Tudo menos exploração de animais, Senhor Doutor Ricardo Rio.
Por isso, é muito humildemente, que solicito a V. Exa. que não permita que a cidade de Braga (que eu tinha no coração) se conspurque e perca a sua dignidade de cidade limpa, com esse costume primitivo da corrida do porco preto, sem o mínimo interesse para a cultura de qualidade, que todos nós queremos para a cidade de Braga.
Até porque o Porco é um animal muito inteligente e bastante meigo, e quando é criado com carinho ele comporta-se quase como um cãozinho, seguindo os nossos passos e reconhecendo as pessoas que com ele vivem. (Falo com conhecimento de causa).
Esperando que V. Exa. reconsidere este meu apelo (que, afinal, é o apelo de milhares de portugueses), apresento os meus melhores cumprimentos,
Isabel A. Ferreira
(Texto recebido via-email)
Repare-se como o Touro tem o aspecto de estar muito “bem tratado”…
(As partes a negrito são a resposta da autora do Blogue, á Francisca Lopes)
Cara Isabel A. Ferreira (tirei o Sra D. porque não é digna de tal tratamento),
E eu nem me vou dar ao trabalho de escrever o seu nome ao dirigir-me a si. Além disso não sou sua CARA. E apenas vou responder a este texto, por um único motivo: confirmar por que chamo bronco a um bronco.
1º Quero “agradecer-lhe” pelos insultos que fez à gente da “minha terra”/terceirenses, é sempre bom saber com quem estou a lidar. Depois de chamar aos terceirenses e consequentemente a mim de e, passo a citar: “acéfalos embriagados”, ”bando de bebados” atrasados mentais” “bárbaros” e à Terceira de “atraso de vida” decidi mandar-lhe este mail para faze-la repensar o modo como defende os seus ideais.
DESAFIO-A a enviar uma FRASE MINHA onde adjectivo os TERCEIRENSES com esses “mimos” que a ofenderam tanto. Desafio-a.
Ao dirigir-se ao povo da Mui Nobre, Leal e Sempre Constante Angra do Heroísmo e da Praia da Vitória devia “dobrar a língua” porque estes títulos foram MERECIDOS (ao contrario do que acontece, pelos vistos, com o seu “mui duvidoso currículo”) e concedidos aos terceirenses pelos serviços prestados à pátria portuguesa. Como deve saber “Portugal já foi só na Terceira”.
MUI DUVIDOSAS são a sua falsa afeição pela sua terra, e essa sua falsa moralidade que nada sabendo da minha pessoa põe-se a fazer conjecturas parvas (e depois não querem que eu chame os bois pelo nome). O mundo conhece os terceirenses e o costume bárbaro, primitivo e grosseiro que caracteriza a Ilha Terceira. A Francisca Lopes não me conhece, nada sabe de mim, a não ser o que é público (e comprovado). Por isso não venha com a costumeira estultícia dos que, não tendo argumentos para defender o indefensável, começam a conjecturar.
Além disso a mui nobre e leal e constante…blá, blá, blá FOI… já não é mais. A TORTURA permitida, nos tempos que correm, transformou a terra num acampamento terceiro-mundista.
Bem, voltando ao assunto deste e-mail propriamente dito, antes de mais queria dizer-lhe que nunca na vida tive de recorrer ao insulto para defender uma posição acerca de um determinado assunto mas, nem toda a gente tem a mesma capacidade de argumentação e educação infelizmente e, a “Sra”, é um exemplo disso. Diz respeitar os animais o que acaba por ser irónico, uma vez que não tem sequer a capacidade de respeitar os Seres Humanos… Como é possivel?
Como é possível, não é? E quem pratica, aplaude e apoia a TORTURA de seres vivos para se divertir imbecilmente lá é um ser humano? Por acaso sabe o que é SER-SE humano? Não sabe. E eu não tenho obrigação alguma de respeitar os DESUMANOS (uma outra espécie, menor, insignificante, abdicável) que me provoca alergias e náuseas.
Respeito o animal-humano, respeito o animal não-humano, mas ABOMINO o animal desumano (que é aquele que não respeita os animais: humanos e não humanos). Será um raciocínio demasiado complexo para si?
2º RESPEITO QUE SEJA ANTI-TOURADA, alias tenho grandes amigos que o são. Tenho a certeza que se lhes mostrar este medíocre blog vão condenar a forma como a “Sra” os representa.
O que os outros pensam de mim, NÃO ME DIZ RESPEITO. Sei o que sou, e o que ando aqui a fazer. E isso basta-me. E as suas considerações valem o que valem, ou seja, nada, vinda de quem vem.
3º SOU DEFENSORA DOS DIREITOS DOS ANIMAIS MAS NÃO SOU ANTI-TOURADA (se não consegue separar as coisas o problema de compreensão é seu e lamento profundamente).
Defende os direitos dos animais mas não é anti-tourada, e ainda pergunta se CONSIGO SEPARAR AS COISAS? Esta é de Almanaque. Quer dizer, os Touros para si NÃO SÃO ANIMAIS? Mais uma, além dos legisladores, que não sabe nada de Biologia. A esta nem respondo … É de uma estultícia imensurável. Não há outro modo de designar isto. Quanta estupidez numa tão diminuta frase.
4º As tradições, costumes, moral, inteligencia racional, sofrimento (diferente de dor) fazem parte da nossa condição Humana. É no mínimo caricato que uma “Sra” com o seu currículo, licenciada em Filosofia, não saiba fazer esta distinção… aprendi-a no 10ºano.
Primeiro: Sabe tanto do meu currículo, como eu de Física Quântica. NÃO SOU LICENCIADA EM FILOSOFIA. Não é isso que consta no meu público Short Curriculum Vitae. Se é que o leu. É que anda para aí um Popeye a difamar-me (e isso é crime) e há uns papalvos que vão atrás dele.
Segundo: o que diz sobre a condição humana é que é muito caricato. Conheço muitos animais não-humanos com inteligência mais racional do que os broncos que se dizem humanos e se acham muito racionais.
Terceiro: quanto ao SOFRIMENTO, que, ao contrário do que afirma, TAMBÉM É DOR (o que demonstra desconhecer o significado das palavras) não é uma exclusividade da condição humana, mas É COMUM à CONDIÇÃO ANIMAL. Agora é preciso saber se a Francisca Lopes sabe o que é um ANIMAL. E como já ficou demonstrado, a Francisca Lopes NÃO SABE o que é um ANIMAL. Daí dizer tanto disparate numa frase só.
5º Respeite as tradições , não peço que concorde ou goste delas!! Apenas RESPEITE o espectaculo que é a tourada à corda e, acima de tudo o povo terceirense!!
Também não sabe o que é TRADIÇÃO, se soubesse não incluiria a TORTURA DE SERES VIVOS PARA DIVERTIR SÁDICOS PACÓVIOS nessa designação. A tourada à corda não passa de um COSTUME BÁRBARO que nunca foi tradição em parte alguma do Universo. É apenas um costume bárbaro, que devia ter ficado no passado e não ficou, porque o povo terceirense que pratica, aplaude e apoia tal idiotice, AINDA NÃO EVOLUIU.
E eu NÃO TENHO DE RESPEITAR uma conduta absolutamente ESTÚPIDA, BRONCA, PRIMITIVA, IMBECIL. Não tenho. E sabe porquê? Porque EVOLUÍ. O que me dá o DIREITO de CONDENAR, de ABOMINAR, de CRITICAR a TORTURA DE SERES VIVOS PARA DIVERTIR SÁDICOS BRONCOS.
O Maestro Vitorino d’Almeida usa o termo PAROLOS para designar o que eu chamo de BRONCOS. E ele, assim como eu e tantos outros, temos o DIREITO de CONDENAR as práticas tauromáquicas, porque simplesmente evoluímos. E sabe o que disse Albert Einstein (sabe quem é? ) sobre tradições indignas da Humanidade, como a tortura de seres vivos - porque as há DIGNAS da Humanidade? Disse o seguinte: «As tradições são a personalidade dos imbecis».
6º Queria, ainda, chamar-lhe a atenção para várias questões:
A) Como o “Sra” deve saber as touradas à corda são uma tradição enraizada na ilha Terceira, fazem parte de uma cultura que NUNCA vai morrer e pk? passo a explicar:
Já expliquei que as touradas à corda não fazem parte de tradição alguma, mas de um costume bárbaro, praticado por bárbaros, num passado longínquo, e que gente que NÃO EVOLUIU mantém com um VERGONHOSO ORGULHO. Tradição é um acto de cultura que passa de geração em geração. O que não é o caso da tauromaquia que nunca foi CULTURA.
Não sei se a “Sra” alguma vez foi a uma tourada a corda, tenho a certeza que não, pois os seus comentários demonstram, para além de uma falta de educação tremenda, uma total ignorância acerca deste assunto… Vou tentar explicar-lhe brevemente o que acontece neste evento:
NÃO! Nunca assisti a nenhuma tourada à corda, ao vivo, e jamais o faria, apenas vi vídeos, e pelos vídeos, digo-lhe já, que nem que me pagassem MILHARES DE EUROS eu iria ver tal ESTUPIDEZ (não existe outro modo de designar “aquilo”). Aquilo não é espectáculo, não é arte, não é cultura, não é festa, não é evento, não é nada que se veja, é simplesmente ALGO MUIIIIIITO, MAS MUIIIIITO ESTÚPIDO. E a sua descrição do que é uma tourada à corda, desde o momento em que «vão de buscar os toiros ao “mato”» só me vem dar razão. É preciosa.
Os responsáveis pela festa na freguesia vao de buscar os toiros ao "mato" onde são lancados foguetes, é oferecida comida a todos os presentes, e tocada música, onde existe convivio e o toiro é "o rei da festa" depois, as pessoas seguem em cortejo atrás das gaiolas dos toiros até ao local onde se ira realizar a tourada. Posteriormente os toiros sao embolados para minimizar possiveis danos (respeitando-se a vida humana) e é colocada uma corda ao pescoço com alguns metros de comprimento e largura suficiente do ultimo nó ao pescoço do toiro para que este nao seja estrangulado (ups..afinal respeitamos os toiros).
Começa logo com os Touros no “mato”. Então não estão nos verdes prados das belas paisagens açorianas? Depois os foguetes (abomináveis foguetes, que só servem para fazer barulho e perturbar os animais). Depois come-se e bebe-se, bebendo-se mais,obviamente. E viva o “toiro” que é o BOMBO DA FESTA (é aquele que vai ser torturado). E, veja bem, o povo segue atrás das «GAIOLAS dos toiros» (só isto já é TORTURA que baste). Imagine-se a Francisca dentro de uma gaiola e muito povo atrás a fazer barulho, aos berros, aos gritos… Isto seria LINDO DE VER! LINDO!!!!!
Depois os “toiros” são EMBOLADOS (outra tortura, nem sequer dão oportunidade aos animais de se defenderem dos seus COBARDES CARRASCOS DESUMANOS) … E isto para respeitar a vida humana? Que vida “humana” é essa?
Depois colocam uma corda ao pescoço (outra tortura). Ponha-se a Francisca no lugar do Touro. E ainda tem o desplante de dizer «ups..afinal respeitamos os toiros»… Que grande respeito! Se isto é RESPEITAR… desconhece por completo o significado do termo.
Agora vem o melhor: as comparações PARVAS com atletas… Como é costume… Nunca li tanta parvoíce de uma vez só. Isto só de uma mente completamente DEFORMADA.
Note bem isto que lhe vou dizer….Tal como acontece com os atletas que se magoam nos mais variados desportos por vezes os toiros também se magoam. Tal como vemos na televisao atletas de maratona exaustos depois de uma corrida os toiros tambem o podem ficam (mto raramente, mas já aconteceu).Os acidentes acontecem mas nunca sao provocados por ninguem com o intuito de ferir o animal (toiro, neste caso) ou prejudicar a sua integridade..
NOTEI MUITO BEM. Esquece-se a Francisca de que os atletas estão lá por livre vontade. Não são FORÇADOS a nada. Ao contrário do Touro que vai ser sacrificado CONTRA A SUA PRÓPRIA VONTADE, e nem sequer lhe dão a oportunidade de fugir. Está AMARRADO. Ponha-se a Francisca no lugar do Touro sem o seu consentimento, e imagine… que BOM SERIA!!!! À incapacidade de se pôr no lugar do Touro, chama-se falta de EMPATIA, o mais nobre sentimento humano, que nenhum aficionado da barbárie tauromáquica tem.
Aqui as pessoas amam os toiros!!
Esta pequena frase é HORRIPILANTE. Se isso é AMAR os “TOIROS” o que não lhes fariam se se os ODIASSEM…
As fotos apresentadas neste blog são, no mínimo, maldosas... E passo a explicar: uma demonstra um toiro que desmaiou num dia de calor no porto de S.Mateus (nunca desmaiou? eu ja..), a do toiro a sangrar também é “interessante” (peço desculpa pela expressão) pk digo-lhe, foi a primeira vez que vi tal situação acontecer e acredito que provavelmente se deveu a uma tapada mal construída ou “coisa do género” estou certa que o touro em questão foi IMEDIATAMENTE recolhido sendo-lhe prestada a devida assistência. Outras ainda mostram toiros caidos que apenas estao caidos pk se desequilibraram enquanto corriam (NUNCA CAIU NA VIDA?, sorte a sua...).
Nunca ouviu dizer que UMA IMAGEM VALE MAIS DO QUE MIL PALAVRAS? Não tente justificar o injustificável. As imagens DIZEM TUDO. DIZEM A VERDADE. Apenas os cegos mentais e as mentes deformadas as interpretam de uma modo "suave"...
Eu já caí muito na vida. Mas NINGUÉM ME EMPURROU, NEM PUXOU. Caí, simplesmente. E o Touro aqui, não caiu, porque caiu. E depois não querem ser chamados de BRONCOS!
E o 5º toiro? sabe o que é? convido-a a ir comigo a uma tourada e ver as casas de portas abertas para receber toda a gente e, de forma igual (já viu isto em mais algum lado?.. eu não), oferecendo comida e bebida no dia da festa (e não, não somos a zona com maior indíce de alcoolismo do país…informe-se!!).
Já referi mais atrás que nem que me dessem MILHARES DE EUROS eu iria assistir a tal ESTUPIDEZ. E sim, já vi dar de comer e de beber aos passantes numa festa de São Pedro. Em tantos lados. Não saem da Ilha, não sabem do que se passa nos outros lugares. Mas dar de beber e comer ao povo não DIMINUI O SOFRIMENTO DO ANIMAL TORTURADO.
Ainda lhe digo mais, na minha ilha existem os chamados "partidos de toiros"… as pessoas defendem o seu toiro e ganadaria predilecta mais do que o seu proprio partido poltítco!!!
Isso é que é! Até passam fome se for preciso. Mas o principal é ENCHER OS BOLSOS DOS GANADEIROS. Abra os olhos! Ou será filhinha mimada de algum ganadeiro, e está aqui a TENTAR (porque não consegue mais) defender o dinheirinho do papá?
Para terminar só tenho uma coisa a acrescentar, é pena que as pessoas tomem posições extremistas acerca destes assuntos ainda mais quando não os conhecem. Eu NUNCA vi nenhum TERCEIRENSE a desrespeitar um toiro.
Nunca viu porque não sabe VER com os olhos da alma, se soubesse veria que os terceirenses que praticam, aplaudem e apoiam a TORTURA dos Touros, DESRESPEITAM o DIREITO DELES À VIDA, e insultam a inteligência dos que já EVOLUÍRAM.
Aguardo a sua vinda à Terceira e tenho todo o gosto em mostrar-lhe este espectaculo.
Pois pode esperar SENTADA, para não se cansar. Eu à Ilha Terceira irei no dia em que ABOLIREM A ESTUPIDEZ DA TOURADA À CORDA, que não é espectáculo civilizado. Nesse dia, irei à Ilha Terceira, com todo o gosto, COMEMORAR O FIM de algo que só DESPRESTIGIA a terra e o seu povo.
Com os melhores cumprimentos,
Francisca de Castro Horta Lopes, 23 anos, A.H, Ilha Terceira-Açores
(não preciso de por “.” no meu nome)
Menina Francisca (sem aspas), do alto dos seus 23 aninhos ainda tem muito que aprender.
P.S: como pode ver respeitei a sua opiniao e defendi a minha sem contudo lhe chamar qualquer nome (É Possivel!!). Aliás …ate me dei ao trabalho de escrever este texto para uma pessoa que me faltou ao respeito em vez de ignorá-la (era o que merecia).
Mas nem de perto, nem de longe respeitou a MINHA opinião, até porque a TORTURA de um ser vivo NÃO É uma questão de opinião. É uma questão de ÉTICA, de CIVILIZAÇÃO, de EVOLUÇÃO. E se se deu ao trabalho de escrever este texto é porque a sua consciência está inquietada, NÃO com o facto de eu chamar os bois pelos nomes, mas porque bem lá no fundo SABE QUE A RAZÃO ESTÁ DO MEU LADO, e que mais dia, menos dia, a tauromaquia será ENTERRADA, até porque já está morta há algum tempo e já cheira muito mal.
Se aceitar este texto agradeço que o publique na integra de forma a não deturpar o que aqui escrevi. Se a “Sra” realmente é jornalista deixe que lhe diga uma coisa…não age como tal!!
Deturpar o que aqui escreveu, menina Francisca? Até os erros de Português vão intactos…
Quanto ao ser Jornalista, até sou, mas não estou ao serviço de nenhum órgão de comunicação social, vendido ao lobby tauromáquico. Prefiro comer pão e água, do que o maior manjar, pago com dinheiro sujo do sangue da tortura dos meus irmãos Touros. Ao escrever o que escreveu não insultou ninguém em particular, correcto. Insultou a inteligência de toda a Humanidade que já evoluiu.
Isabel A. Ferreira
«Contra as touradas, contra garraiadas, contra abusos. Estas tradições e outras pseudo-tradições peguemo-las de caras».
(Um texto que dispensa comentários e diz tudo o que há a dizer sobre a idiotice das touradas e garraiadas)
A pega de caras
Por Paula Sequeiros (Investigadora em Sociologia da Cultura)
«O garbo, a pose, o traje de luzes! O cheiro a sangue a borbotar do cachaço do touro ferido pela espada, pelas bandarilhas. O homem macho feito espetáculo [espeCtáculo - PT]. Que melhor nome podia ter? O marialva, o matador. O touro bravo, a natureza bruta, dominada, jaz aos pés.
Versão mais soft (?), sem morte do animal. À vista. Morte assegurada, muitas horas mais tarde, fora da arena. Versão espetáculo [espeCtáculo - PT] do sofrimento de animais, de todas as maneiras. Dos touros, mas também dos cavalos treinados para enfrentar outro animal, tornado inimigo pela tourada.
O dicionário define garraio: 1. Touro novo (que ainda não foi corrido). 2. [Figurado] Homem inexperiente.i
Touro não é animal em estado natural. É produto de apuramento genético para fabricar animal de aspeto [aspeCto - PT] fero, inimigo-ator, [aCtor - PT] animal-espetáculo [espeCtáculo- PT], animal-para-morrer. Produto, portanto, mais que animal. Garraio: produto incipiente na linha de produção, pretérito do produto final.
Homem domina animal, civilização domina natureza – duplamente. Recria-a por capricho, cria-a para morrer à mão. Tradição ancestral. Imagem dum passado em caixilho dourado, pechisbeque. História-mito, almofada onde adormece a consciência do animal humano para esquecer que o é, para ascender a diferente, superior animal com direito à vida e à morte de todos os outros. Mito caprichado da supremacia. Retirado da natureza, estádio vil em que animal mata animal para comer.
Dentro da civilização duma natureza-objeto [objeCto - PT], no abuso por gozo puro, requinte cultural do homem-macho. Natureza criada pelo patriarcado e pelo industrialismo à sua própria imagem. No mundo há muitas outras naturezas. A tradição estava criada. A tradição está servida.
«Civilização, obviamente, refere-se a um padrão complexo de dominação de pessoas e de toda a gente (todas as coisas) mais, atribuído frequentemente à tecnologia – fantasiada como «a Máquina». Natureza é um símbolo tão potente de inocência em parte porque 'ela' é imaginada como privada de tecnologia, para ser o objeto [objeCto - PT] da visão e assim uma fonte tanto de saúde como de pureza. Homem não está na natureza em parte porque não é visto, não é espetáculo».ii
Praxe académica, garraiada, queima-das-fitas.
«A praxe, enquanto ritual iniciático, transmite todo o tipo de valores reacionários [reaCcionários - PT] . Valores como a submissão, o sexismo, a homofobia e o corporativismo são exaltados, numa 'escola de vida' na qual se ensina a supressão do pensamento crítico, a obediência cega à ordem estabelecida e a necessidade de impor hierarquias de tipo militarista na sociedade». iii
Garraiada vai bem com praxe. Praxe também é tradição, ou não? Faz-se correr animal jovem (também podia ter sido aluno, como antigamente, outro garraio), enquanto outros maltratam, batem, puxam o rabo. Não o fariam se fosse outro animal, talvez. Garraio existe para ser garraiado.
Caloiro existe para ser praxado.
Morreu? Foi sem querer. Bicho é coisa, bicho é não-homem, bicho é apenas natureza. Feito para isso. Homem-macho opõe-se a bicho, não tem 'coisas' por animais, não é abichanado. Civilização é homem-macho.
Praxe rima com abuso. Praxe rima com macho.
Abusos sobre raparigas? Não é praxe, é exagero. Acontece é muito.
«A contestação da Praxe em Portugal não é coisa recente. Em textos que datam da primeira metade do século XVIII, já alguns estudantes atacam, por vezes em forma versificada, as assuadas rituais ou verbais: canelões e investidas».iv
A tradição reinventa-se, justifica-se todos os dias. Ou transforma-se.
Que tem feminismo a ver com touradas e garraiadas? Tem tudo.
O pensamento feminista associa natureza e humanidade, não as opõe. Forjado na luta contra a opressão de género, opõe-se a todo o género de opressões.
Contesta a história patriarcal, as tradições de negar direitos, de naturalizar maus-tratos. Celebra a reinvenção do quotidiano, sonha outras tradições.
Contra as touradas, contra garraiadas, contra abusos.
Estas tradições e outras pseudo-tradições peguêmo-las de caras.
***
Bibliografia:
i Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
ii Haraway, Donna. 1994. “Teddy bear patriarchy: taxidermy in the garden of Eden, New York city, 1908-1936.” P. 49-95 in Culture power history: a reader in contemporary social theory, edited by Nicholas B. Dirks, Geoff Eley, and Sherry B. Ortner. Princeton, N.J.: Princeton University Press.: Princeton University.
iii Coelho, Ricardo. 2012. A praxe como escola de vida. Esquerda.net. 22 abril [Abril - PT].
iv Frias, Aníbal. 2003. “Praxe académica e culturas universitárias em Coimbra. Lógicas das tradições e dinâmicas identitárias.” Revista Crítica de Ciências Sociais, 2003 (66, Outubro):81-116.»
Fonte:
É desta “tradição” e “arte de fazer o pino” que o Governo Português é cúmplice...
Um excelente texto, que transcrevo, com a devida vénia, por concordar inteiramente com o seu conteúdo.
***
«Contra as touradas, contra garraiadas, contra abusos. Estas tradições e outras pseudo-tradições peguemo-las de caras.
opiniÃo | 13 Maio, 2012 - 00:00
Por Paula Sequeiros
Lead:
Contra as touradas, contra garraiadas, contra abusos. Estas tradições e outras pseudo-tradições peguemo-las de caras.
O garbo, a pose, o traje de luzes! O cheiro a sangue a borbotar do cachaço do touro ferido pela espada, pelas bandarilhas. O homem macho feito espetáculo. Que melhor nome podia ter? O marialva, o matador. O touro bravo, a natureza bruta, dominada, jaz aos pés.
Versão mais soft(?), sem morte do animal. À vista. Morte assegurada, muitas horas mais tarde, fora da arena. Versão espetáculo do sofrimento de animais, de todas as maneiras. Dos touros, mas também dos cavalos treinados para enfrentar outro animal, tornado inimigo pela tourada.
O dicionário define garraio: 1. Touro novo (que ainda não foi corrido). 2. [Figurado] Homem inexperiente.i
Touro não é animal em estado natural. É produto de apuramento genético para fabricar animal de aspeto fero, inimigo-ator, animal-espetáculo, animal-para-morrer. Produto, portanto, mais que animal. Garraio: produto incipiente na linha de produção, pretérito do produto final.
Homem domina animal, civilização domina natureza – duplamente. Recria-a por capricho, cria-a para morrer à mão. Tradição ancestral. Imagem dum passado em caixilho dourado, pechisbeque. História-mito, almofada onde adormece a consciência do animal humano para esquecer que o é, para ascender a diferente, superior animal com direito à vida e à morte de todos os outros. Mito caprichado da supremacia. Retirado da natureza, estádio vil em que animal mata animal para comer.
Dentro da civilização duma natureza-objeto, no abuso por gozo puro, requinte cultural do homem-macho. Natureza criada pelo patriarcado e pelo industrialismo à sua própria imagem. No mundo há muitas outras naturezas. A tradição estava criada. A tradição está servida.
«Civilização, obviamente, refere-se a um padrão complexo de dominação de pessoas e de toda a gente (todas as coisas) mais, atribuído frequentemente à tecnologia – fantasiada como «a Máquina». Natureza é um símbolo tão potente de inocência em parte porque 'ela' é imaginada como privada de tecnologia, para ser o objeto da visão e assim uma fonte tanto de saúde como de pureza. Homem não está na natureza em parte porque não é visto, não é espetáculo».
Praxe académica, garraiada, queima-das-fitas.
«A praxe, enquanto ritual iniciático, transmite todo o tipo de valores reacionários. Valores como a submissão, o sexismo, a homofobia e o corporativismo são exaltados, numa 'escola de vida' na qual se ensina a supressão do pensamento crítico, a obediência cega à ordem estabelecida e a necessidade de impor hierarquias de tipo militarista na sociedade».
Garraiada vai bem com praxe. Praxe também é tradição, ou não? Faz-se correr animal jovem (também podia ter sido aluno, como antigamente, outro garraio), enquanto outros maltratam, batem, puxam o rabo. Não o fariam se fosse outro animal, talvez. Garraio existe para ser garraiado.
Caloiro existe para ser praxado.
Morreu? Foi sem querer. Bicho é coisa, bicho é não-homem, bicho é apenas natureza. Feito para isso. Homem-macho opõe-se a bicho, não tem “coisas'”por animais, não é abichanado. Civilização é homem-macho.
Praxe rima com abuso. Praxe rima com macho.
Abusos sobre raparigas? Não é praxe, é exagero. Acontece é muito.
«A contestação da Praxe em Portugal não é coisa recente. Em textos que datam da primeira metade do século XVIII, já alguns estudantes atacam, por vezes em forma versificada, as assuadas rituais ou verbais: canelões e investidas».
A tradição reinventa-se, justifica-se todos os dias. Ou transforma-se.
Que tem feminismo a ver com touradas e garraiadas? Tem tudo.
O pensamento feminista associa natureza e humanidade, não as opõe. Forjado na luta contra a opressão de género, opõe-se a todo o género de opressões. Contesta a história patriarcal, as tradições de negar direitos, de naturalizar maus-tratos. Celebra a reinvenção do quotidiano, sonha outras tradições.
Contra as touradas, contra garraiadas, contra abusos.
Estas tradições e outras pseudo-tradições peguemo-las de caras.»
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