Eu, como cidadã portuguesa defensora da descolonização linguística nas ex-colónias portuguesas, até porque todas elas possuem uma linguagem riquíssima que se afastou, muito naturalmente, do Português, e têm os seus próprios dialectos, congratulo-me com Cabo Verde, por ter sido a primeira ex-colónia a ter a coragem de assumir uma Língua Nacional, a Língua Cabo-verdiana, cortando, deste modo, o cordão umbilical que ainda ligava o arquipélago ao colonizador português. Ninguém é verdadeiramente livre, agarrado ao umbigo da mãe. Se bem que as ex-colónias espanholas, inglesas, holandesas e francesas nunca tiveram qualquer problema com a Língua dos países que as colonizaram, dando-se muito bem com as suas VARIANTES.
E aqui não está na berlinda o acto da colonização, que aconteceu numa época passada, em que o mundo ainda estava por desbravar. E o que se fez ou deixou de fazer, então, pertence aos valores do passado, que nada têm a ver com os valores actuais, e querer misturar esses valores não é da inteligência.
Portanto, é de toda a legitimidade que, agora como um país livre, o Arquipélago de Cabo Verde tenha a sua própria Língua, e não há mal nenhum que o país tenha a Língua Cabo-verdiana (como me soa bem!) como primeiro idioma, e o Português como segunda ou até terceira Língua. Há tantos países que são plurilinguísticos!
Que Cabo Verde seja exemplo para as restantes colónias, nomeadamente, o Brasil, que tanta repulsa mostra pela Língua do ex-colonizador, e que, com Portugal, engendrou um “acordo” com o intuito de impor o brasileirismo a todas as outras ex-colónias. Algo que não deu certo, e jamais dará.
Vejamos, então, o que nos diz a notícia.
Isabel A. Ferreira
O Governo [cabo-verdiano] vai introduzir a disciplina de Língua Cabo-verdiana no Ensino Secundário (a partir do 10º ano de escolaridade), no ano lectivo 2022/2023. A iniciativa, que acontece no âmbito dos novos planos curriculares da reforma do ensino secundário, foi anunciada esta terça-feira, 9, pelo Ministério da Educação.
De acordo com o Ministério da Educação, a introdução da nova disciplina será feita de forma experimental e vai “servir de piloto para o seu alargamento a médio prazo, após amplos consensos científicos”.
A disciplina será introduzida no âmbito dos novos planos curriculares da reforma do ensino secundário, em processo de conceptualização e implementação, lê-se ainda na página de Facebook da tutela.
A par desta iniciativa ao nível curricular, o governo manifesta, na mesma publicação “total disponibilidade em apoiar e fomentar a investigação de base académica visando consensos técnico-científicos em matérias da linguística, uniformização e padronização das bases gramaticais e ortográficas da língua nacional, comum às suas diversas variantes”.
A nível do alfabeto, diz o governo que “a investigação poderá também incidir sobre o alfabeto unificado do crioulo, o ALUPEC, tendo em vista alcançar abrangência e conter resistências ao seu uso na escrita do crioulo”.
Conforme relembra o post, o Ministro da Educação, Amadeu Cruz, reuniu-se no passado mês de Julho, com representantes do grupo promotor da petição sobre a política linguística em Cabo Verde e com o investigador e linguista, Manuel Veiga. Durante esse encontro foram abordadas questões ligadas à investigação linguística e à metodologia para a integração da disciplina de língua cabo-verdiana no sistema de ensino, no âmbito da reforma do Ensino Secundário.
Entretanto, reconhece-se, haverá necessidade de fazer uma articulação e sintonização entre o Ministério da Educação e o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, “em virtude de alinhamento em matérias mais ligadas à cultura e de ordem constitucional, bem como a necessidade da criação de um grupo de trabalho conjunto para a elaboração de um plano de acção de fomento da investigação e do ensino da língua cabo-verdiana”.
Fonte:
(*) O Expresso das Ilhas é um dos jornais semanários publicados em Cabo Verde, foi fundado em 1991. Tem a sua sede na cidade da Praia, no concelho homónimo da Ilha de Santiago. O jornal é publicado predominante em português. As cores usadas no logótipo são o vermelho e o azul, representando as cores da bandeira de Cabo Verde.
A ideia partiu do Paulo Teixeira, que vai coordenar os trabalhos.
«Citando A. Jackson (presidente dos Estados Unidos da América do Norte de 1829 a 1837, pelo Partido Democrata): «um só homem armado de coragem, vale por uma maioria». Nem mais.
O Blogue «O Lugar da Língua Portuguesa» está totalmente à disposição deste novo Movimento, para divulgar o que for necessário divulgar. Eu continuarei a aplicar o meu lema: «Contra o AO90, marchar, marchar!»
Porque já chega de marcar passo e de deixar que políticos ignaros, incompetentes, irresponsáveis e servis usem e abusem do poder que (ainda) têm, para impor a Portugal um “tratado” que nenhum dos países, ditos lusófonos, cumpre, por ser algo do foro da irracionalidade.
Deixo-vos com a carta onde Paulo Teixeira diz ao que vem.
Da minha parte, espero que as figuras públicas/mediáticas, que se têm manifestado publicamente contra a absurdez do AO90, saiam da sua zona de conforto e se disponham a usar da sua influência e mediatismo, para que Portugal possa, definitivamente, ver-se livre, deste pesadelo, gerado por gente que não sabe ser e, muito menos, não sabe estar.
Isabel A. Ferreira
Caros desacordistas,
É com enorme agrado e orgulho que vos contacto, em especial para vos felicitar pela corajosa opção de rejeitar o Acordo Ortográfico de 1990 (AO90) na vossa vida!
O meu é nome é Paulo Teixeira, sou gestor comercial e, certamente, do mesmo modo que todos vós, abomino o AO90! É um bom começo e uma constatação feliz para todos, sim, mas não basta haver muitas pessoas como nós. Na verdade, e ainda que sejamos a maioria nesta batalha contra o AO90, partilhamos entre nós um grave problema que nos impede de ser bem-sucedidos: estamos todos a trabalhar isoladamente, cada um para seu lado, desorganizados e a cada instante mais desgastados e desmotivados...
Mas há dias tive uma ideia que abrandou as minhas preocupações e me encheu de motivação, um pensamento que bem delineado poderá transformar-se numa poderosa "ferramenta" contra o AO90. E então pensei: se o acordo continua de pé por culpa de estarmos desunidos e desfocados do cerne desta batalha, então a criação de um "grupo de trabalho" no Facebook com as pessoas certas pode ser o primeiro passo para convergirmos para o mesmo fim!
E quem são as pessoas certas, perguntarão? Para mim, são todas aquelas capazes de contribuir activamente com algo importante para o grupo e suas acções, em especial as figuras públicas de relevo, que se manifestam declaradamente contra o AO90! Se queremos vencer este atentado ortográfico, vamos precisar de toda a criatividade do mundo para chegar às melhores ideias, de muita energia para dar andamento às estratégias de ataque mais eficazes e do "peso" das maiores figuras públicas/mediáticas! E porque são as figuras públicas/mediáticas tão especiais? Porque são a "influência" perfeita para inverter tendências e mudar mentalidades! Actores, cantores, compositores, músicos, escritores, tradutores, professores, linguistas, comediantes, juristas, médicos! Todos juntos seremos imparáveis e capazes de derrotar a inutilidade que é o AO90! Todos juntos num lugar que, passo a partilhar, se encontra aberto no Facebook com o nome Portugal em Movimento Contra o AO90, em: https://facebook.com/groups/pemcao90/
Dito isto, ficam desde já convidados a integrar este Movimento, pois acredito que a vossa presença, a par de tantas outras de renome, vai fazer toda a diferença na defesa e preservação da Língua Portuguesa! Conto convosco!
Muito obrigado pelo vosso tempo!
Com os melhores cumprimentos,
PAULO TEIXEIRA - coordenador deste Movimento.
pauloteixeiramailbox@gmail.com
Eu concordo com o que diz Inês Sousa Real, porque este é um tema que não é para levar a sério, e já nem sequer deveria ser destacado ou discutido nas televisões, por se tratar de algo obsoleto, obsceno, anti-ético, anti-civilização, anti-evolução. Então, para ironia, ironia e meia.
Inês Sousa Real ironizou, e fez muito bem, porque isto só ironizando, uma vez que discorrer sobre este tema, a sério, não tem ponta por onde se lhe pegue.
Para bailarinos os toureiros servem, para torturar Touros, não servem.
O ballet seria uma boa alternativa para eles, se já não tivessem outros ofícios e não andassem a viver à custa dos nossos impostos.
Morrer à fome, não morrerão.
Mas há mais a considerar.
Engane-se quem vê nestas palavras piadas homofóbicas, impróprias para uma deputada. Sejam realistas. Os toureiros põem-se a jeito, com aquela figurinha triste que fazem, vestidinhos com aquela fatiota idiota, de tempos que já lá vão. Lembram-se como se vestiam os reis Luíses de França? Há quanto tempo isso foi? Olhem se os reis hodiernos andassem ainda vestidos desse modo!!
EVOLUAM!!!!! Venham para o século XXI d. C.
Contudo, o problema das touradas não está nos “trajes de luces” e lantejoulas dos toureiros. Hoje, as touradas são uma actividade apenas de e para gentinha que ainda não evoluiu, e pior do que isso, que se RECUSA a evoluir.
E o que se passa numa tourada é o seguinte: os psicopatas (toureiros, montadores de Cavalos, bandarilheiros, forcados) torturam os Touros; e os sádicos assistem, aplaudem e babam-se de gozo. Tudo isto pertence ao foro das deformações mentais. E, sim, jamais um atrasado mental (não confundir com doente mental ou deficiente mental) reconhecerá o seu atraso. A abolição é o caminho, mas para tal, primeiro há que LIMPAR a Assembleia da República dos trogloditas que, nestes tempos hodiernos, ainda viabilizam esta prática bárbara, que o mundo civilizado rejeita.
Deixo-vos com uma interessantíssima e realista descrição (que assino por baixo) do que é este mundinho tauromáquico, da autoria do Grupo
Juventude anti-tourada Portugal & Mundo
num comentário à publicação, no Facebook:
(…) Não se aplica, misturar homossexualidade ou simplesmente sexualidades com termos depreciativos ou ofensivos do jargão popular arcaico. Até porque estamos no tema tauromaquia, em fase de descarrego contra actividades seriamente nocivas a todos os níveis.
A moral (…) perde-se logo (…) a defender a honra dos toreros e seus trajes.
Se são toreros, são também pessoas que não prestam, e alguém ainda não percebeu. Não lhes queremos mal fisicamente (e mesmo quando queremos não fazemos), é proibido.
São uns cobardes do pior, geralmente narcisistas e investidos de prepotência, além de sádicos, sofrem com uma grande lista de perturbações de personalidade, necrofilia e outras, que os tornam pessoas desprezíveis naquilo que fazem no físico dos animais. O diagnóstico psiquiátrico deles está feito e conclui que são uns maricas num mundo de fantasias. São duma infantilidade crónica, primária, tóxica, até porque geralmente são infectados desde crianças como se fosse hereditário e incontornável. Vestem o que lhes der mais jeito, passam mais vergonha por isso, cada vez mais ridículas figuras, com os seus paramentos de sacerdote carrasco da seita, do bando dos matatoros. É tudo parte da burla exaltada.
O que é que isso tem a ver com homofobias? Nada.
O mundillo dos tauricidas é machista, alguma dúvida? Não valem nada se não estiverem dentro do seu círculo de camaradas e compadrio.
A tauromáfia domina imensas famílias ricas dos agro-negócios, dos latifundiários, com parentela da nobreza extinta, "conservadora" e "tradicionalista", que mantém grande ligação e influência nas arcadas do poder dominante. Vivem em estranhas ilusões.
Não assumirem que o mal que provocam aos animais é incómodo para a sociedade e para eles mesmos, mostra o quanto são absurdos. Só nos dão desgostos. E continuam a achar-se no direito de continuar, indiferentes a tudo. Enquanto isso, pagamos todos.
Fonte: https://www.facebook.com/photo?fbid=4624813704200182&set=gm.4196747883697292
***
Mas há mais. Vejam o que nos conta os Marinhenses Anti-touradas
= UMA VERGONHA QUE TEM DE SER DENUNCIADA =
Há quem esteja a tentar fazer crer que não se realizou a largada de touros de sábado à noite em Santarém. Mas realizou-se, ainda que tenha terminado antes da hora prevista.
A imagem desta publicação mostra bem como estava a bancada.
Quem quiser saber mais sobre esta duplamente vergonhosa largada de touros, tem mais informações na publicação e respectivos links disponíveis em
https://www.facebook.com/antitouradas/posts/4349599058406957
Fonte: https://www.facebook.com/antitouradas/photos/a.215152191851685/4351674074866122/
***
É isto que as autoridades portuguesas permitem, indecentemente.
Isabel A. Ferreira
Isabel A. Ferreira
Aqui fica eternizado o cartaz que fez mossa aos caçadores?) pois se não lhes tivesse feito mossa, por que haveriam de o retirar? Não é verdade?
Fonte:
Inês de Sousa Real deputada do PAN, na Assembleia República, na sua página do Facebook queixou-se e muito bem, que apesar de vivermos num Estado de Direito (viveremos?) 47 anos depois daquele primeiro 25 de Abril, alguém [que se imagina quem seja] decidiu cortar e tirar a tela do PAN, que estava colocada em plena Rotunda do Marquês de Pombal, condicionando um dos mais basilares direitos que temos: o da liberdade de expressão, refere a deputada.
Inês de Sousa Real salientou ainda que, na falta de argumentos válidos, que sustentem esta actividade anacrónica e a chacina que aconteceu na Herdade da Torre Bela (e em tantas outras), praticam-se actos inaceitáveis, como o de furtar uma tela de um partido político no exercício da sua liberdade democrática.
«Mas não nos vão silenciar! Continuaremos sempre na senda da defesa das causas que formam o nosso ideário! A queixa-crime segue agora para as entidades competentes e agradecemos que nos façam chegar qualquer informação que alguém possa ter sobre o caso» refere ainda Inês de Sousa Real.
É que, infelizmente, apesar de estarmos no ano 2021 d.C.:
Da caça, dos caçadores
Anda por aí uma argumentação altamente falaciosa, para justificar a caça, nomeadamente, ao JAVALI, dizendo-se que é para controlar a sua população, que eles acham que é excessiva.
A caça traduz-se na exteriorização do instinto mais primário que existe no animal humano: o instinto de matar por prazer.
Não é necessária a intervenção do animal humano para a conservação das espécies. A própria NATUREZA encarrega-se disso muito sabiamente.
Os animais na Natureza não precisam de ser CAÇADOS para diminuírem a sua população, porque na Natureza os animais SABEM como resolver esse problema, sem terem de ser ASSASSINADOS.
A caça faz parte de um lobby, que mexe com muito dinheiro, à conta do assassinato de animais indefesos. É um lobby poderoso, aliás, como todos os lobbies ligados ao negócio da MORTE e EXPLORAÇÃO de animais não-humanos. O lobby da caça, bem como todos os outros lobbies exterminadores, estão protegidos no Parlamento.
Contudo, os caçadores não passam de um bando de trogloditas com instintos primitivos, “gente” que não evoluiu e não sabe estar no Século XXI d. C.
Deixo-vos com algumas citações brilhantes:
- «Ceder aos instintos mais primários, deixar que o ser primitivo se sobreponha ao ser humano que há em nós, é sinal de pouca inteligência». (...) Sejamos humanos, deixemos os animais em paz» (Carlos Galvão)
- «Os caçadores nem desejam o bem-estar animal nem procuram o equilíbrio da biodiversidade. O único desejo que têm em mente é o bem-estar do seu ego e o equilíbrio da sua arma».(Pedro Neves)
- «Os caçadores podem ser muitos, mas aqueles que abominam a caça são mais ainda. E são mais novos. Muitos ainda não votam. Quando votarem terão morrido um número maior de defensores da caça.» (Miguel Esteves Cardoso)
- A caça é um instinto primitivo que, nos dias de hoje, se denomina biocídio. (Li algures)
Isabel A. Ferreira
Passados são já 47 anos, sobre aquela madrugada, na qual, todos os Portugueses pensantes e livres, dotados de Sentido de Cidadania e de Espírito Crítico, depositaram todas as esperanças de ver um Portugal finalmente livre da ignominiosa política despótica que o sufocava.
Por tudo o que aqui abordarei, repetindo o que ainda não foi alcançado e o que se destruiu, depois daquele primeiro 25 de Abril, o que teremos para celebrar hoje?
Seria da racionalidade que o actual governo, deputados da Nação, presidente da Assembleia da República, presidente da República, autarcas e partidos políticos, fizessem um acto de contrição e pedissem desculpa aos Portugueses, por pouco terem feito pelos ideais de Abril, ainda por cumprir.
Portugal é um país em franca decadência moral, social e cultural, e , em quase tudo, está na cauda da Europa, quiçá do Mundo. E disto não nos livra nem o clima, nem as belas paisagens, os monumentos, a gastronomia e a relativa segurança na vida quotidiana. Porque tudo isto é apenas para estrangeiro ver e viver.
Esta imagem representa a esperança que os jovens, a caminho do Futuro, depositaram na Revolução dos Cravos, sonhando com uma sociedade onde pudessem estudar, tirar um curso, exercer a profissão, na qual tanto investiram, viver e educar os filhos em liberdade… Quantos deles se arrastam por aí, desempregados, ou com empregos precários? Quantos deles foram obrigados a emigrar? E não foi para isto que se fez o 25 de Abril.
Que 25 de Abril celebramos hoje?
Bem, no que me diz respeito, celebro o facto de poder escrever nas linhas, o que até ao dia 25 de Abril de 1974 escrevia nas entrelinhas, através de senhas, para despistar a PIDE. Se bem que, já em “democracia”, no pós-25 de Abril, por ousar dizer verdades inconvenientes, ter sido “importunada” com vários processos judiciais, que acabaram sempre por ser arquivados, porque, obviamente, não era eu a criminosa.
Celebro também poder participar em eleições não manipuladas (por enquanto) pelo Poder, para escolher a governação do meu País. Só que foram pouquíssimas as vezes em que os candidatos, que eu tinha como honestos e incorruptíveis, para poderem exercer o Poder, e em quem votei, chegaram ao Poder. Mas não será esta uma particularidade da Democracia? Não será o Poder o espelho do Povo?
Celebro poder viajar para o estrangeiro, sem ter de pedir permissão ao marido.
Contudo, NÃO celebro a LIBERDADE de que tanto se fala, quando se fala de Abril, porque LIBERDADE sempre a tive, mesmo com a PIDE a rondar os meus calcanhares; mesmo com a censura a tentar travar-me o PENSAMENTO, porque, para mim, LIBERDADE não é poder fazer ou dizer tudo o que me apetece. Para mim, LIBERDADE é poder PENSAR, ter SENTIDO DE CIDADANIA e ESPÍRITO CRÍTICO, algo que nenhum algoz, por mais autoritário que seja, jamais poderá arrancar de mim, porque, como diz Manuel Freire, na canção que escreveu e compôs, intitulada LIVRE, a qual já cantei com ele (meu primo, em quarta geração), num tempo em que era proibido cantá-la:
“Não há machado que corte
a raiz ao pensamento (…)
porque é LIVRE como o vento (…)»
E este é o verdadeiro espírito da LIBERDADE, que deveria ser celebrada no 25 de Abril, e não é celebrada, porque o conceito de Liberdade foi amputado, e a tão ansiada DEMOCRACIA PLENA (aquela em que os governantes servem o Povo e o País, e não os lobbies e os seus interesses particulares; aquela em que o Povo é quem mais ordena) está ainda por cumprir, porque esmagada por governos autoritários, por um Parlamento ao serviço de interesses lobistas, e por presidências da República sem o mínimo sentido de Estado (exceptuando o General Ramalho Eanes).
Se o 25 de Abril trouxe à sociedade portuguesa alguns benefícios, os malefícios estão a superar esses benefícios, e Portugal retrocede a olhos vistos nas poucas conquistas que o 25 de Abril lhe trouxe. Em 47 anos desconstruiu-se o País que a Revolução dos Cravos, com boas intenções, tentou construir.
Como podemos celebrar Abril, se estamos atolados em corrupção, vigarice, hipocrisia, subserviência, servilismo, ganância, negociatas, enriquecimento ilícito, ignorância optativa, irresponsabilidade, negligência, incompetência, condutas terceiro-mundistas, fraudes, paus-mandados e imposições prepotentes?
Portugal serve de motejo a países que, apenas por mero interesse, lhe finge amizade, algo que uma cegueira mental acentuada não permite vislumbrar.
Já não somos Portugal. Perdemos a nossa IDENTIDADE e a nossa DIGNIDADE de País livre e independente, ao descartarmos a Língua Portuguesa, substituindo-a por uma mixórdia, cada vez mais bizarra e funesta, que nos envergonha a todos.
Eis o que, passados 47 anos, Portugal continua a ser:
- Um país, onde ainda se continua a viver em pobreza extrema, com crianças e idosos a passarem fome, com bairros de lata às portas de Lisboa, e centenas de sem-abrigo, sem esperança alguma.
- Um país, que continua a ter a maior taxa de analfabetismo da Europa.
- Um país dos que menos gasta na Saúde, com um Serviço Nacional de Saúde caótico, onde falta quase tudo, e o aumento da Tuberculose (agora disfarçada, pela pandemia, que tomou conta das notícias) diz do subdesenvolvimento, do retrocesso e da miséria que ainda persistem por aí.
- Um país que empurra para o estrangeiro os seus jovens mais habilitados: enfermeiros, médicos, engenheiros, investigadores, artistas.
- Um país com o terceiro pior crescimento económico da Europa.
- Um país que mantém o trabalho precário, e salários miseráveis, enquanto que para a “cultura” da morte (touradas e caça), os subsídios são obesos.
- Um país com a 3ª maior dívida pública da União Europeia.
- Um país cheio de gritantes desigualdades sociais, onde os ricos são cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres.
- Um país onde ainda há populações que vivem sem água encabada, sem electricidade, sem esgotos, sem telefone.
- Um país cheio de banqueiros e outros que tais ladrões, que sugam o dinheiro do Povo.
- Um país com um governo que se diz de esquerda a fazer políticas de direita.
- Um país com uma Comunicação Social submissa e servilista.
- Um país onde a Justiça anda de rastos, com processos que demoram tempos infinitos, com o intuito de prescreverem; uma justiça extremamente cara, desigual, lenta, injusta, e, em muitos casos, nomeadamente no que respeita ao MP, anda ao sabor de interesses políticos.
- Um país onde a Constituição da República é violada por quem a deveria defender.
- Um país com uma política e políticos desacreditados.
- Um país que promove a violência contra animais não-humanos, o que por sua vez gera a violência contra os seres humanos; um país que os mantêm acorrentados, enjaulados, torturados em público, para gáudio de sádicos e psicopatas.
- Um país com um elevado índice de violência doméstica.
- Um país com um elevadíssimo número de crianças e jovens em risco.
- Um país que atira crianças para arenas de tortura de animais, e permite que sejam iniciadas em práticas violentas e cruéis, roubando-lhes um desenvolvimento normal e saudável, o que constitui um crime de lesa-infância. Impunível.
- Um país cheio de grupos e grupelhos de trabalho; de secretários; de secretários de secretários; de assessores; de secretários de assessores; de comissões; de subcomissões, que não servem absolutamente para nada, a não ser para ganharem salários descondizentes com os serviços que (não) prestam; de deputados a declararem moradas falsas para receberem subsídios ilícitos; de deputados a declararem habilitações falsas; e ex-presidentes da República com gabinetes e mordomias, à excepção do General Ramalho Eanes.
- Um país que descura a sua Flora e a sua Fauna, mantendo uma e outra ao abandono e à mercê de criminosos impuníveis.
- Um país que mantém as Forças de Segurança instaladas em edifícios a caírem de podres, e com falta de quase tudo.
- Um país onde ainda existem Escolas com instalações terceiro-mundistas, sem as mínimas condições para serem consideradas um lugar de aprendizagem; e com tribunais, como o de Monsanto, que parece um galinheiro abandonado.
- Um país onde as prisões são lugares de diversão, com direito a vídeos publicáveis no Facebook; e onde droga é traficada, descaradamente.
- Um país cheio de leis e leizinhas inúteis e retrógradas, que não servem para nada, a não ser para servir lobbies dos mais hediondos, e proteger criminosos impuníveis.
- Um país que não promove a Cultura Culta, e apoia a tortura de Touros e Cavalos, a que muitos querem, porque querem, que seja arte e cultura.
- Um país que apoia chorudamente a caça, assente em premissas falsas e exterminadoras.
- Um país, cujo Sistema de Ensino é dos mais caóticos, desde a implantação da República, onde falta quase tudo, e com a agravante de se estar a enganar as crianças com a obrigatoriedade da aprendizagem de uma ortografia que não é a portuguesa, a da Língua Materna delas, estando-se a incorrer num crime de lesa-infância. Impunível.
- Um país, que tinha uma Língua Culta e Europeia, e hoje tem um arremedo de língua, uma inconcebível mixórdia ortográfica portuguesa, imposta ditatorialmente por políticos pouco ou nada esclarecidos e servilistas, que estão a fabricar, conscientemente, os futuros analfabetos funcionais, e a promover a iliteracia. E já sou poucos os que escrevem correctamente a sua Língua Materna.
- Um país onde os governantes não sabem escrever correCtamente, a Língua oficial do País que dizem servir: a Portuguesa. E como referiu Maria Alzira Seixo: «Ao menos, Salazar sabia escrever».
- Um país onde, parvamente, se começou a dizer “olá a todos e a todas, amigos e amigas, portugueses e portuguesas”, como se esta linguagem, dita inclusiva, viesse resolver as disparidades sociais. Uma desmedida parolice.
- Um país, com um presidente beijoqueiro e viciado em selfies (agora suspensas devido à pandemia) e um primeiro-ministro que não tem capacidade para ver o visível, muito menos o invisível, que qualquer cego, de nascença, vê à primeira vista.
- Um país, que em 2018/2019 foi marcado por uma constante contestação social, com o número mais elevado de sempre de greves em todos os sectores da sociedade portuguesa, número que continuaria a aumentar em 2020/2021 não fosse a invasão covideira.
- Enfim, um País que perdeu o rumo, e faz de conta que é um país.
Os 47 anos da Revolução dos Cravos não foram ainda suficientes para acabar com todas estas nódoas negras que mancham a Democracia que deveria ter nascido do 25 de Abril?
Enquanto tudo isto (e muito mais, que agora não me ocorre) não sair da lista do que não se quer para um País de Primeiro Mundo, evoluído e civilizado, o que há para comemorar em mais este 25 de Abril?
Como disse Manuel Damas, num texto escrito há dois anos, no Facebook, por esta altura:
Não foi para isto que se fez Abril. Falta cumprir Abril, porque falta:
- recuperar a Honestidade;
-recuperar a Seriedade;
- recuperar a Dignidade;
- recuperar o Pudor.
- recuperar o Sentido de Estado.
- recuperar o Sentido de Missão no exercício da Política para o Povo e pelo Povo.
E acrescento eu:
- Falta também recuperar a vergonha na cara.
Isabel A. Ferreira
***
Uma entrevista ao autor da imagem, que ilustra este texto, a quem faltam apoios para sobreviver da sua ARTE:
O Parlamento português, sempre colado aos mesmos partidos políticos (PS, PSD, PCP, Chega, Iniciativa Liberal e CDS/PP) vai dando uma no cravo outra na ferradura, muito mais na ferradura do que no cravo, pois de vez em quando vão dando uns rebuçadinhos, para amainar as hostes.
De acordo com o PAN, ao longo dos últimos anos – inclusive nos dias anteriores ao massacre da Torre Bela – foram muitas as vezes que apresentaram propostas, numa tentativa inglória da urgente regulamentação da cruel e anacrónica prática da caça, contudo, nenhuma foi aprovada!
O lobby da caça até pode ser poderoso, mas não pertence ao mundo civilizado. E assim sendo, é o parente paupérrimo da sociedade portuguesa.
Diz o PAN que a maioria parlamentar continua, reiteradamente, a REJEITAR toda e qualquer proposta no sentido de transformar um sector, que continua a achar-se intocável, aliás como outros sectores quejandos, com a total conivência da maioria das forças políticas. Porém, e ainda de acordo com o PAN, nenhum sector o é, daí que continuarão a fazer finca-pé para provar isso mesmo, e mudar a realidade de violências e crueldades perpetradas contra animais não-humanos, que já só devíamos conhecer através dos livros de História!
2017: Suspensão da caça a norte do Tejo durante o período de dois anos? Não votada!
Fonte: https://www.facebook.com/PANpartido/photos/pcb.3723932874334447/3723930307668037/
***
A propósito deste tema, para que se tenha uma ideia do que a maldita caça representapara o comum dos mortais, aqui deixo um comentário publicado na minha página do Facebook, de um cidadão português, que amaldiçoa esta actividade com toda a legitimidade, porque a caça nem é boa para os animais não-humanos, nem para os animais humanos, que somos todos nós. A caça é uma praga de parasitas da sociedade, que o Parlamento português sustenta a pão-de-ló.
E os cães que abandonam depois das caçadas! Eu, na minha aldeia (Beira Baixa), já recolhi dezenas deles, desde há 30 anos e, nesta data, tenho 12 desses! E os cães que matam e que atiram para os poços das hortas, nos últimos dias de caça! E as toneladas de chumbo que ficam "semeadas" lá pelos campos! Até um apiário, com 15 colmeias, que tinha numa horta dos meus pais tive que abandonar! Davam tiros nas colmeias e destruíram-me vários portões! Há mais de 20 anos que não passo um fim-de-semana na minha aldeia, por causa dos caçadores, venho sempre embora à sexta-feira à noite! Bandidos, Selvagens!!!!!!!
«O massacre na Herdade da Torre Bela» é uma excelente análise pelo Dr. António Garcia Pereira, sobre o massacre de 540 animais, às mãos de caçadores vindos de Espanha, e que não é caso único em Portugal.
«Para quem esteja convencido de o que aconteceu na Azambuja foi um caso único, existem centenas de unidades de turismo cinegético em Portugal apoiadas pelo nosso Estado, onde se pode chacinar animais talvez não em tão grande número e desde que se pague bem, até podem levar as crianças, é ver as fotos. Portugal tem 72% do território coberto com áreas de caça». (João Pedro Gericota Catalão in Facebook).
Consultar o link:
https://www.facebook.com/Entre-Veredas-Turismo-Cineg%C3%A9tico-342164699666902/
A quem quer enganar senhor ministro do Ambiente?
«O massacre na Herdade da Torre Bela»
Por António Garcia Pereira
Foi há poucos dias conhecida – e apenas e tão só pela vanglória dos autores dessa façanha ao se arrogarem fazer-lhe publicidade – uma selvajaria sem limites, que merece uma análise e uma denúncia bem mais aprofundadas do que aquelas a que a – mais que justa, aliás – indignada emoção do momento permite.
Com efeito, na passada quinta-feira, 17/12, na Herdade da Torre Bela, situada na zona da Azambuja, num troglodítico evento denominado “montaria”, organizado pelos proprietários da Herdade e pela empresa espanhola “Hunting Spain and Portugal, Monteros de La Cabra”, 16 caçadores espanhóis abateram, e de forma completamente bárbara, 540 animais de grande porte, entre veados, gamos e javalis.
Uma absoluta selvajaria que não é caso único
Esta absoluta e cobarde selvajaria foi, primeiro, levada a cabo sobre animais propositadamente encurralados pela técnica do “cercão”, ou seja, intencionalmente confinados numa zona sem grande vegetação e toda murada, logo, sem qualquer possibilidade real de fuga. Depois, foi exibida pelos autores da façanha, de forma completamente alarve, nas redes sociais, com a publicação de fotografias e legendas como esta: “We did it again! 540 animals with 16 hunters in Portugal. A total super record MONTERIA” (Conseguimos de novo! 540 animais com 16 caçadores em Portugal. Um total e super recorde MONTERIA). Publicações como esta foram, entretanto, apagadas (e o site da empresa espanhola desactivado) perante o clamor de protestos e denúncias que, muito justamente, se ergueu contra elas e numa mais que óbvia, mas tardia, tentativa de apagar o rasto digital da barbárie.
Indivíduos que se dizem caçadores e que, por força do dinheiro que têm, se puderam encher de gozo por aniquilarem centenas e centenas de animais de grande porte a quem prévia e deliberadamente cortaram todas as hipóteses de fuga e que, ainda por cima, se vêm depois gabar para as redes sociais desse seu “feito”, não podem deixar de merecer o maior repúdio e o mais profundo dos desprezos.
Mas a verdade é que situações como esta não apenas não são “casos isolados”, como são possibilitadas e até incentivadas por um regime legal que isenta as Zonas de Caça Turística (ZCT) de prévia autorização ou, sequer, informação às autoridades, e desde logo ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), acerca deste tipo de eventos e que até permite que elas tenham os seus próprios guardas!
E também por uma completa ausência de efectiva fiscalização, mais ainda sem aviso prévio, por parte do mesmo ICNF, sendo por isso que (apenas) agora o inefável Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes – o mesmo que nunca soube de nada do que se passa habitualmente nas montarias ou, por exemplo, com as empresas que poluem o rio Tejo… –, veio anunciar que, com a casa já arrombada, irá enfim “pôr trancas à porta”, ou seja, fiscalizar as cerca de 1.500 Zonas de Caça Turística existentes no país e que até aqui têm estado em autêntica roda livre.
Mas nas Zonas de Caça Turística também existem limites quantitativos definidos para os abates, e que constam dos chamados Planos de Ordenamento e Exploração Cinegéticos. E estes não são públicos!?
Acresce que a mesma empresa espanhola já publicara notícias e imagens de outras matanças, quer de animais de grande porte (como em Janeiro de 2017 e em Outubro de 2018, com veados e gamos), quer, por exemplo, de patos, gabando-se, em Dezembro de 2019 e sob o título “Ducks in Portugal”, do morticínio de 600 patos em 2 dias com apenas 5 espingardas e anunciando novas matanças em Março, Abril e Maio de 2020.
Por seu turno, o próprio ICNF dá autorização para o funcionamento de “quintas” (como, por exemplo, a conhecida “Quinta dos Penedinhos”) onde propositadamente se criam em massa animais, tais como coelhos e perdizes, apenas e tão só para depois serem largados e caçados às dezenas ou centenas.
E mais! Circulam na net, ainda que de forma mais reservada, várias filmagens, de uma barbaridade e ferocidade indescritíveis, de montarias e caçadas particulares, com uso de matilhas de cães esfaimados e até de veículos “quatro rodas”, bem como com a utilização de facas para apunhalar e degolar as presas, inclusive crias.
Deste modo, tentar apresentar o que agora se passou na Herdade da Torre Bela – e que apenas se conheceu porque os autores do morticínio, muito orgulhosos da sua cobarde façanha, se vieram gabar publicamente dela e publicar impressionantes imagens – como um caso único e afirmar que coisas destas não acontecem por este país fora, só a pura ignorância ou, pior, a refinada má fé se pode atribuir.
As hipócritas lágrimas de crocodilo
Face a tudo o que já se sabia, ou se tinha obrigação de saber, e a tudo o que não se fiscalizava, vir neste momento, como fez o Ministro do Ambiente, mostrar-se “chocado”, chorar lágrimas de crocodilo e afirmar que, agora, sim, é que descobriu que a Lei da Caça tem de ser alterada e que os serviços que ele próprio dirige têm de fiscalizar a sério, cheira à mais completa das hipocrisias.
Ficam assim bem a claro as razões que explicam o porquê de o regime legal e a actuação das entidades administrativas e de fiscalização terem regras e procedimentos mais apertados para a caça em geral, mas deixarem por inteiro à solta as sanguinárias “caçadas” dos ricos, que chegam a pagar 6, 7 ou 8 mil euros, como aqui terá sucedido, pela participação.
Mas é óbvio que, não obstante toda essa inconcebível largueza de movimentos conferida à “caça turística”, o que se passou na Herdade da Torre Bela é de todo ilegal, até porque a Lei das Bases Gerais da Caça[1], apesar de tudo, estabelece claramente que “o ordenamento dos recursos cinegéticos deve obedecer aos princípios da sustentabilidade e da conservação da diversidade biológica e genética no respeito pelas normas nacionais ou internacionais que a elas respeitem”[2]. Assim como estatui que “tendo em vista a conservação da fauna e, em especial, das espécies cinegéticas, é proibido (…) ultrapassar as limitações e quantitativos de capturas estabelecidos” [3], preceito legal este cuja violação é punida “com pena de prisão até 6 meses ou com pena de multa até 100 dias.”[4].
A Herdade da Torre Bela e o negócio da central fotovoltaica
A Torre Bela é uma Herdade com cerca de 1.700 hectares de área, com uma tapada (onde ocorreu esta matança), e é formalmente propriedade de uma empresa chamada Sociedade Agrícola da Quinta da Visitação (SAG, Lda), cujo objecto social é… a agricultura e a produção animal combinada, e à qual, já desde 2003, foi atribuída a concessão de outras Zonas de Caça Turística, a saber, as da Quinta de Santareno (na freguesia de Almoster) e da Quinta da Lapa (na freguesia de Manique do Intendente), numa área total superior a 305 hectares.
Ora, é também a esta mesma Sociedade que está concessionada a Zona de Caça Turística onde se verificou o abate selvático, e é para esta mesma herdade (sobre cuja propriedade real recaem suspeitas de que – tal como, aliás, já referiu o próprio hacker Rui Pinto – ela pertença, na realidade, a … Isabel dos Santos) que está projectada uma gigantesca central fotovoltaica com a enorme área de 775 hectares, a ser explorada pelas empresas Aura Power Rio Maior S.A. e Neoen[5](através da CSRTB, Unipessoal, Lda), tudo isto representando um investimento há muito (pelo menos, desde 2009) querido pelos donos da quinta e no valor de qualquer coisa como 170 milhões de euros.
Ora, o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) desse empreendimento – que está neste momento, e até 20 de Janeiro de 2021, na fase de consulta pública, na chamada Plataforma Participa da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) – aponta de forma muito clara, e precisamente no local projectado para ser ocupado pelos painéis da central, a existência dos animais de caça “que futuramente deixarão de ter habitat adequado dentro da Tapada”, pelo que, para a resolução desse problema, existirão apenas duas alternativas: a da transferência dos animais para outro local ou o seu extermínio.
É claro que os promotores deste mega-projecto prometeram e prometem, à boca cheia, o respeito pela Natureza e a salvaguarda da biodiversidade, mas a verdade, nua e crua, de facto salta agora à vista. E assim, no Resumo não técnico do “Estudo de Impacte Ambiental das Centrais Fotovoltaicas de Rio Maior e de Torre Bela, e LMAT de Ligação”[6], pode mesmo ler-se o seguinte e muito (e agora ainda mais) significativo trecho:
A área onde se pretende instalar as Centrais Fotovoltaicas está integrada dentro do recinto murado da Quinta da Torre Bela, que corresponde a uma Tapada, a qual está integrada na Reserva de Caça Turística da Torre Bela. Esta reserva de caça possui espécies cinegéticas de grande porte, nomeadamente veados, gamos e javalis. A proprietária desta quinta, na expetativa da implantação deste Projeto das Centrais Fotovoltaicas tem desenvolvido ações para diminuir o efetivo dos animais. Alguns têm sido caçados, e outros têm sido transferidos para a zona murada que se localiza a nascente, onde não está previsto instalar qualquer elemento do Projeto. Prevê-se que previamente ao início das obras já estejam retirados da área afeta ao Projeto todos os animais de grande porte.
Para quem conhecia esta realidade era, pois, já previsível o que ali se preparava…
Os silêncios e as hipocrisias dos não inocentes
Contactada pela imprensa para se pronunciar sobre o vergonhoso extermínio, a já citada empresa espanhola “Hunting Spain and Portugal, Monteros de La Cabra” recusou-se a prestar qualquer declaração, o mesmo sucedendo com a sociedade agrícola cujo proprietário, segundo o jornal de informação regional “Verbo Local”, terá porém confirmado ao Presidente da Câmara da Azambuja a veracidade das fotos que haviam sido publicadas, mas invocando não saber quantos animais teriam sido mortos “porque quem organizou foi o filho”.
Para além do Ministro do Ambiente, também o referido Presidente da Câmara Municipal da Azambuja e os representantes das empresas que irão explorar a central fotovoltaica, logo trataram igualmente de manifestar a sua alegada “consternação” pelo morticínio.
Mas, entretanto, ficou a saber-se que, após diversas reuniões entre o governo e a Câmara Municipal da Azambuja, esta, na sessão do passado dia 22/09/2020, aprovou – com base na Proposta nº 78/P/2020, e com 4 votos favoráveis (todos do PS) e 3 contra (da CDU e do PSD) – a declaração de interesse público municipal[7] relativamente ao pedido apresentado pelas duas empresas promotoras da central fotovoltaica, mostrando assim e muito claramente o seu empenho na concretização de tal projecto.
Logo de seguida, ou seja, em finais de Setembro e inícios de Outubro, foi realizada na Herdade da Torre Bela uma gigantesca operação de abate e de arranque de árvores, sobretudo sobreiros (que são uma espécie protegida), numa área de 750 hectares, para assim “limpar” o espaço necessário para a instalação de cerca de 640.000 painéis fotovoltaicos, destruindo ao mesmo tempo a esmagadora parte do habitat (e do refúgio) dos animais de grande porte ali existentes, ficando apenas uma estreita área de eucaliptos junto à EN 366. Assim se destruiu também o habitat natural de toda uma série de outras espécies, tais como répteis, ouriços, corujas e saca-rabos, para além de uma águia real ibérica (em vias de extinção), que, entretanto, desapareceu por completo daquela zona.
Sendo óbvio – desde logo pelo próprio teor do Estudo de Impacte Ambiental – que a existência e funcionamento da mega-central não era, nem é, compatível com a presença de animais, em particular de grande porte, e sendo a sua transferência um processo algo complexo e obviamente implicando custos, a solução “óbvia” para quem não olha a meios para atingir lucros – solução essa que só o Ministro do Ambiente finge não ver – foi o seu extermínio em massa por um meio que, ainda por cima, é altamente lucrativo pois representa o embolsar não apenas do dinheiro das inscrições dos “caçadores”, como também da venda da própria carne, a qual, apesar de não se conhecer a presença de veterinários para certificarem a respectiva qualidade alimentar, é sabido que é normalmente destinada a consumo humano e enviada fundamentalmente para a indústria de carnes e enchidos de Espanha.
Um caso de polícia e um caso de política
O massacre na Herdade da Torre Bela é, pois, e antes de mais, um caso de polícia que não se sanciona e muito menos se resolve com a mera (e logo anunciada) suspensão ou retirada da licença de caça à empresa concessionária. Até porque, beneficiando da prévia destruição do habitat que os defendia, encurralar centenas e centenas de animais numa área murada, logo, intransponível, e chaciná-los em massa constitui, inequivocamente, um crime previsto e punido no Código Penal[8] com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa até 300 dias (muito mais pesada do que a quase simbólica sanção da Lei de Bases da Caça). A que acresce também o crime do abate massivo das árvores, igualmente punido pela lei penal[9].
E agora vamos ver se o Ministério Público se mexe com a rapidez e a eficiência que a gravidade e o carácter repulsivo das condutas aqui em causa exige e impõe, ou se antes vai deixar (mais) este processo a aboborar, porventura até à prescrição do procedimento criminal, como lamentavelmente tem sucedido noutros casos, como, por exemplo, os de maus tratos a cães usados em corridas.
Esta situação é também claramente demonstrativa da opacidade e, sobretudo, da hipocrisia dos responsáveis políticos (dos locais aos governamentais) que, sempre com grandes e ocas palavras sobre a “preservação do meio ambiente”, a “preservação da natureza” e a “gestão sustentada dos recursos”, para viabilizarem os projectos dos grandes interesses económico-financeiros e na ânsia de assim poderem receber algumas migalhas dos lucros com aqueles alcançados, não hesitam em viabilizar tais projectos, em declará-los de “interesse público” e em destruir, ou em permitir destruir, inclusive das formas mais violentas e repugnantes, esse mesmo ambiente e esses recursos naturais.
O vil metal é, de facto, uma coisa muito poderosa para quem não tem princípios…
António Garcia Pereira
[1] Lei n.º 173/99, de 21/09, com as actualizações do Decreto-Lei n.º 159/2008, de 08/08 e do Decreto-Lei n.º 2/2001, de 06/01.
[2] Art.º 3º, al. d).
[3] Art.º 6º, n.º 1, al. d)
[4] Art.º 30.º, n.º 1.
[5] A Neoen é uma gigante multinacional francesa da área das chamadas energias renováveis e, por exemplo, possui e opera parques eólicos em 11 países em 4 continentes distintos.
[6] Página 42, volume 5.
[7] Proposta n.º 278/P/2020, de 22/09/2020.
[8] Art.º 278º, n.º 1, al. a), que sanciona “quem, não observando as disposições legais ou regulamentares ou obrigações impostas pela autoridade competente em conformidade com aquelas disposições: a) Eliminar, destruir ou capturar exemplares de espécies protegidas da fauna ou da flora selvagens ou eliminar exemplares da fauna ou flora em número significativo” (sic, com negrito nosso).
[9] Art.º 278º, nº 1, al. b) do mesmo Código Penal.
Não foi com surpresa, mas com uma enorme decepção, que ouvi, repetido até à exaustão, que Marcelo Rebelo de Sousa se recandidataria a mais cinco anos de mero faz-de-conta-que-faz, porque na realidade, o selfie man, desde 2015, que nada fez por Portugal, que mereça destaque.
Durante estes cinco anos, limitou-se a usar a sua pessoa, desde o seu primeiro dia como presidente da República Portuguesa, para alimentar o seu imenso ego, para se promover, numa prolongada e enfadonha campanha política, talvez já pensando na sua recandidatura.
Resultado: gastou a imagem, aparecendo, aparecendo, aparecendo… todos os dias, todos os dias, todos os dias… nas televisões, extrapolando as suas competências de Chefe de Estado, metendo-se em tudo e mais alguma coisa, excepto no que lhe não convém, não se apercebendo de que o que é demais é moléstia…
E este sentimento de decepção e de agastamento não é apenas meu. Penso que todos os portugueses, com capacidade de pensar, pensam como eu.
Aqui deixo uma pequena amostra dos comentários a uma publicação minha no Facebook, que dizem do pensar de muitos…
Fernando
«Tem razão, cara lutadora Isabel A. Ferreira. Foi sempre muito carinhoso e bom a dar beijinhos e abraços, fala bem a Língua Brasileira, nunca fez nada contra o "Acordo Ortográfico, de 1990", nomeadamente para o ilegalizar, de acordo com a Norma Ortográfica em vigor e nomeadamente, com a Lei e a Constituição da República Portuguesa. Para além disso, já afirmou que, "Os portugueses têm de se convencer, de que o Brasil é que tem de gerir a política da Língua Portuguesa". Nunca votei nesse senhor nem nunca hei-de votar nele. Com todo o respeito, parece-me que este senhor é muito boa pessoa mas, vive e governa em Portugal, de certo modo, com o pensamento no Brasil.»
***
Manuel
«Triste personagem: por actos (não) praticados NÃO é o presidente de todos os portugueses, como se costuma dizer (embora não praticando). Subjectivamente (às vezes às claras), defende primeiro o seu ego e os interesses políticos e outros. A frase acima, sobre a Língua Portuguesa, mostra o Estadista que não cumpre o seu DEVER - imperdoável! E o pior é que a questão da Língua não é o único grande problema de que se agacha. Fico-me por aqui...»
***
Beth
«Este ser, ou nem ser é o presidente de si próprio, um egocêntrico que gosta, só, de chamar a atenção sobre si próprio, nada mais havendo que não seja, a vaidade de ser.
Para isso, abraça, beija, afaga, se mostra e exibe sem se importar se os outros aceitem essas manifestações do adónis português que ocupa um super lugar de destaque.
E se não gosta que tenhamos esta perspectiva de imagem, desapareça ou mude de atitude, seja responsável e bom cumpridor das suas obrigações porque está a lesar todos os portugueses e a destruir a nação com o seu deixa andar.
***
E eu concordo em absoluto com estes meus amigos. Nestes últimos cinco anos, MRS nada fez por Portugal. Nada. Espero que o Povo se recorde disto, na hora de votar. O pior é que as alternativas não são as melhores. Prevejo uma elevadíssima abstenção, que vai privilegiar o CHEGA. Marcelo poderá até ganhar, mas será eleito por uma minoria, se formos descontar tudo o que há para descontar: abstenções, votos brancos, votos nulos e votos nos outros candidatos.
E não houve nenhum amigo que lhe dissesse para calçar as pantufas e deixar-se ficar em casa, porque faria muito mais por Portugal, estando caladinho e quietinho! Eu é que não sou amiga dele, se fosse, era o que lhe diria.
Isabel A. Ferreira
O texto, mais abaixo reproduzido, foi-me enviado, via e-mail por Pedro Belo.
O vídeo, está no Facebook.
Ambos reflectem um mesmo problema, em tempos diferentes.
Pandemias sempre as houve, no decurso da História da Humanidade, o problema está na irracionalidade do homem, que não lhe permite aprender com os erros cometidos noutras épocas.
A História da Humanidade está cheia destas histórias, mas o homem, que se diz racional, nada aprende com elas. E os episódios repetem-se ad nauseam, desde os tempos mais remotos.
Querem o exemplo maior? Uma inconcebível II Grande Guerra Mundial (1 de Setembro de 1939 - 2 de Setembro de 1945), depois de uma inimaginável I Grande Guerra Mundial, (28 de Julho de 1914 - 11 de Novembro de 1918), apenas num espaço de 21 anos. Vinte e um anos!
E, pelo que vemos, o homem continuará a não aprender nada com a Covid-19. E teremos mais do mesmo, para pior, num futuro que podemos antever próximo porque vivemos num tempo, em que já nos resta pouco tempo para reverter os estragos que o homem, que se diz racional, provocou na casa comum a todas as espécies: o Planeta Terra.
Isabel A. Ferreira
A “pneumónica” matou 50 milhões de pessoas no Mundo. Na imagem de cima, voluntárias australianas em Brisbane. Em baixo, máscaras mais coloridas, tentam evitar a propagação da Covid-19, que já matou cerca de 1,5 milhões de pessoas em todo o Mundo.
***
«Um salmo de David diz: «Nas margens dos rios da Babilónia, Aí nos sentámos, Aí chorámos, Ao recordarmos Sião.»
Hoje em pandemia, as pessoas dizem: «Estávamos tão bem nas nossas vidas e agora cai-nos isto em cima!!»
Surpresa ou Distracção?
Esta Pandemia tão grave esteve muito tempo em gestação. Os epidemiologistas há muito que advertem para o surgimento inevitável deuma pandemia e os ambientalistas tinham-nos dito que, quanto mais a actividade humana perturbar o equilíbrio dos sistemas naturais, mais provável será o surgimento de novos agentes patogénicos: cortar florestas ou penetrar em ecossistemas não perturbados anteriormente, por exemplo, muitas vezes para expandir terras agrícolas, expulsa patogénicos que estavam retidos no meio selvagem.
A perda de biodiversidade e de habitats espalha doenças entre os animais selvagens. Entretanto, a intensificação da criação de gado e a caça e comércio crescentes de animais selvagens estão a misturar animais como nunca antes, enquanto a agricultura industrial, significando animais mantidos em condições de sobrelotação e de stress, tem baixado as respostas imunitárias.
Um grupo de cientistas, escrevendo na revista The Lancet, em 2015, concluiu que as alterações profundas nos sistemas naturais da Terra constituíam uma crescente ameaça à saúde humana, nomeadamente, o surgimento de novas doenças, a par com as alterações climáticas, como uma dessas ameaças.
Antes já tinha havido outras 'surpresas' nos últimos dez anos: a SARS e a MERS.
Portanto, os poucos que estavam atentos sabiam que isto estava para vir e que, de facto, somos nós que o provocamos, fazendo-o recair sobre nós mesmos.
Os ''distraídos'' agora apanhados nesta pandemia pensam que, apesar das indicações claras quanto aos limites ecológicos, podíamos continuar a desfrutar dos frutos do progresso tecnológico e da riqueza sempre crescente, sem que houvesse consequências.
Pensam que, com estímulos económicos bem dirigidos e uma busca concertada por uma vacina, iríamos ultrapassar este problema passageiro e que a vida iria recomeçar mais ou menos como era antes. Bem, isso ainda poderá acontecer, mas talvez não aconteça. E, tal como aqueles que choravam nas margens dos regatos da Babilónia, se não acontecer, não conseguimos, realmente, começar a imaginar o que isso irá, de facto, significar.
Então, como é que vivemos nestes tempos, no meio da crise, onde ainda não temos a perspectiva da sua magnitude, da sua duração ou do seu impacto derradeiro?
Todos vivemos com um sentido elevado de provisoriedade, o que alguém, recentemente, me descrevia como a exaustão da incerteza.
Como é que será o mundo depois disto? Que tipo de recuperação é possível, incluindo para o mundo natural? O que é que podemos esperar e ter expectativa para já?
A crise Espiritual da humanidade agrava tudo isto, pois todos estavam apegados - obcecados- presos nas manhas do consumismo/ilusões/fantasias mundanas e nem havia tempo sequer para parar e pensar que somos criados e não nos criámos a nós mesmos... que somos filhos de Alguém .... que temos de estar agradecidos e atentos à nossa Luz interior que nos liga ao Espirito Criativo do Universo e nos equilibra e prepara para receber sejam boas ou más notícias - acontecimentos.
É urgente parar para equilibrar, sem estarmos ansiosos a preocupar-nos, a queixar-nos dentro da nossa cabeça, mas em vez disso, a criar espaço, cada dia ou cada semana, para prestar atenção ao que estamos a sentir, ao que é duro, àquilo de que sentimos falta e ao modo como isso nos está a afectar.
Nessa paragem sentir que sim, é verdade, fomos surpreendidos, apetece-nos chorar esta situação, tudo bem, choremos e sintamos isso por dentro.
Isso abre um espaço dentro de nós, ao nosso redor, abre um espaço para a meditação, para deixarmos ir os nossos pensamentos, as nossas ansiedades, para nos entregarmos a nós mesmos à quietude e ao silêncio, estando simplesmente presentes e disponíveis.»
Na sua página do Facebook, o deputado europeu Francisco Guerreiro anunciou a aprovação (335 votos a favor, 297 contra e 60 abstenções) da emenda proposta pelos Greens/EFA in the European Parliament (do qual faz parte) para a nova Política Agrícola Comum que retira os apoios financeiros, através dos chamados “pagamentos associados”, para a criação de touros ditos “bravos” (que, diga-se de passagem, não existem na Natureza) cujo destino final é a venda para fins tauromáquicos, quer através da venda directa ou intermediária.
«Numa Política Agrícola Comum minada pela obsessão pela superprodução e crescimento económico, em clara desconsideração pelo ambiente, saúde humana e bem-estar animal, esta é uma pequena grande vitória contra a tauromaquia. Veremos agora se sobreviverá às negociações com a Comissão e o Conselho (trílogos)», refere Francisco Guerreiro.
Fonte: