É deste modo completamente livre que devem viver os Cavalos.
Sem arreios, sem selas, sem serem montados.
Os Cavalos não nasceram para ser escravos do animal humano.
Nenhum animal nasceu para ser escravo de outro animal.
Nem sequer o animal humano nasceu para ser escravo dos da sua espécie, muito menos os animais não humanos nasceram para ser escravos do animal humano.
Hoje, neste dia de São Francisco de Assis, o frade que considerava os animais não humanos seus irmãos, meditemos na sua mensagem e façamos do mundo o paraíso que todos os animais, humanos e não humanos, merecem.
Mas não é este ensinamento que a igreja católica passa aos seus “fiéis”, cuja esmagadora maioria comete as maiores barbaridades contra seres tão sencientes.
Um cão nunca abandona o seu dono, seja em que circunstância for.
Mas o dono de um cão abandona-o em qualquer circunstância…
Esta imagem está a correr mundo, e a emocionar os seres humanos mais sensíveis.
Vem-nos de Itália, onde nas localidades de Amatrice e Accumoli se registou um terramoto no qual morreram mais de uma centena de pessoas.
Os caixões das vítimas foram levados para um complexo desportivo, onde foram veladas por familiares, amigos governantes e gente anónima.
Entre essa multidão, encontrava-se um cão da raça Cocker Spaniel que, visivelmente triste, ficou a velar o corpo do seu dono junto ao caixão.
São assim os melhores amigos do Homem, mas por vezes, o Homem não é o melhor amigo do cão, e abandona-o, maltrata-o, tem-no como (mais) um objecto da casa, e não lhe dá qualquer atenção.
Penso que esta seria uma boa altura para a igreja católica tomar uma posição mais compassiva em relação aos animais não humanos, e pregar aos seus fiéis que eles, sejam cães ou de outra qualquer espécie, especialmente aqueles que são utilizados para divertimento dos sádicos, são tão animais como nós, têm sentimentos humanos, são criaturas de Deus, que dividem connosco o privilégio de ter uma alma, como afirma o sábio e iluminado filósofo grego, Pitágoras.
(Há séculos que me recuso a frequentar lugares onde se praticam estes horrores nos bastidores, contra inocentes e indefesos seres vivos e animais como eu).
Este Macaco de circo foi repetidamente espancado pelo seu cruel “treinador ".
Mais de 30 países já baniram os circos que exploram e escravizam animais.
Se o vosso país ainda não proibiu actos praticados por animais nos circos, por favor, tomem a iniciativa e boicotem esses circos.
A Arte Circense é um atributo unicamente do Homem.
Quando me vi com Tiiti de Gayport – Tributo ao Amor, o livro de Maria Helena Capeto, nas minhas mãos, o meu primeiro gesto foi acariciar o rosto de Tiiti, na capa do livro, numa espécie de ritual de boas vindas. E mal sabia eu o que esperar desta leitura.
Este é um livro que todas as pessoas devem ler, porque aprenderão a viver em harmonia com a Vida, com a Natureza e a compreender melhor o Universo, não o Universo que nos “mostra” a Ciência, mas o outro, aquele que é o verdadeiro Universo, onde toda a Vida está entrelaçada, e que apenas uns poucos alcançam.
Li este livro avidamente.
Trata-se de uma fascinante declaração de amor eterno a um ser que escolheu a autora para com ela partilhar as alegrias e as tristezas da própria existência.
Quando temos um animal, não somos nós que o escolhemos. É ele que nos escolhe. É ele que, de um modo ou de outro, vem ter connosco, ou leva-nos até ele, para que o recebamos e com ele partilhemos a vida e as emoções, com uma cumplicidade única e inevitável.
Mas Tiiti é também um ponto de partida para uma reflexão intimista de uma outra realidade que foge aos nossos sentidos mais terrenos.
Com Tiiti, Maria Helena Capeto compreendeu que «tudo faz parte do mesmo tecido cósmico, tudo nele está entretecido e entrelaçado», e a partir daqui, reescreveu magistralmente os conceitos que temos da Vida, da Natureza, do Cosmos, da Ciência que não nos diz nada, ou quase nada, porque a essência do mistério da Vida não é para dizer, mas para sentir. Para intuir. Para ser, sem ter como ser provado.
Com Tiiti de Gayport confirmei o que sempre havia intuído: os homens não têm a capacidade de compreender a linguagem da Natureza, como têm os animais não-humanos, que o homem tanto nega e menospreza. E no entanto, considera-se uma espécie “superior” a todas as outras espécies. E não tem motivo algum para tanto.
Saberá realmente o Homem quem é o Homem, de onde vem e para onde vai, e qual o seu verdadeiro lugar no Cosmos?
O animal humano vê o mundo à medida da sua estreiteza de espírito.
Fascinei-me com a lucidez com que Maria Helena Capeto nos coloca diante da nossa insignificante “civilização”, que pode ser destruída num segundo, se assim o entender a Mãe Natureza.
E o que é o homem perante a força ingovernável dessa Natureza?
O homem julga-se o dono do mundo, o dominador do mundo.
Como se engana!
Quem domina o Planeta são as poderosas forças da Natureza, que o homem não tem como vencer.
O homem é apenas uma pequena porção daquela poeira cósmica de que todas as coisas terrenas e não-terrenas são feitas. Todas, incluindo os animais, ditos não-humanos, tão desvalorizados pelo homem.
Se a humanidade, e apenas a humanidade fosse exterminada hoje, os restantes animais e as plantas continuariam a viver, agora mais tranquilamente sem a predação humana.
O que dizer mais sobre Tiiti de Gayport?
Ocorre-me declarar que, a partir desta leitura, fiquei com a certeza de que a Natureza é a medida de todas as coisas, e não o homem, como ele julga que é.
Sejamos humildes.
Termos consciência de nós próprios é sabermos que não fazemos qualquer falta a nenhuma outra criatura. Pelo contrário, o homem sem a restante vida planetária não sobreviveria nem um só dia.
Obrigada, Maria Helena Capeto, por esta bela lição de Amor, que tão profundamente me tocou.
Isabel A. Ferreira
O Amor Animal
O vídeo, aqui reprodizido, é apenas uma pequena amostra desse amor entre os animais humanos e os animais não-humanos
A este propósito, aproveito para aqui deixar uma nova teoria sobre a Humanidade, da autoria de Josefina Maller, incluída no seu livro
«A Hora do Lobo»
«Oskar entende a política como um veículo que deve levar de um lugar para o outro, de passagem, e apenas de passagem, aqueles que nela se enfronham, e não um lugar cativo, propício a gerar a mais sórdida e malfazeja corrupção. Por este motivo, Oskar incomodava os corruptos, forçosamente. Era, pois, um homem a abater. Um dia, na impossibilidade de o eliminarem fisicamente, amordaçaram-no, do modo mais infame e covarde.
Como consequência desse acto, começou a interessar-se pelo estudo do que mais tarde viria a designar de Fenómeno do Homo Parvus ou Homo Predador, isto é, de uma criatura com aspecto de homem, porém possuidora de um cérebro primitivo, extraordinariamente mais primitivo do que o dos seus (dele, Oskar) irmãos macacos, conforme ele próprio faz questão de afirmar, e a qual criatura se desenvolveu paralelamente ao chamado Homo Sapiens – aquele que possui saber e o utiliza para o seu próprio bem-estar, e para o bem-estar de toda a Humanidade. Todavia, afiança Oskar, não se sabe muito bem como nem porquê – aliás como muita coisa que diz respeito à ciência, existindo até várias teorias sobre a questão, todas elas obviamente contraditórias, ou não seja a verdade da ciência sempre provisória – o Homo Parvus conseguiu sobrepor-se ao Homo Sapiens e alcançou o poder, se bem que um poder podre, o mais obtuso e destrutivo dos poderes, porque assente numa insipiência grosseira, o que o levou a começar a desgovernar o mundo, e este transformou-se num lugar mais caos do que ordem, onde o Sapiens, sob o desgoverno do Parvus, viveu quase sempre à deriva. Um contra-senso? Talvez, assevera Oskar, e questiona: «A força bruta, assente na ignorância, não foi sempre mais poderosa do que a mais eloquente inteligência? Quantos homens sábios morreram às mãos do Homo Parvus!»
A vida ignara dos homoparvus, norteada pelo seu saber pobre e podre, gira ao redor de tudo o que diz respeito à aniquilação do Planeta e dos seres que nele vivem: guerras, crimes de guerra, genocídios, massacres, torturas, invasões de territórios, armas nucleares, químicas e de destruição massiva, extinção de espécies; massacres de animais, campos de concentração, de reeducação e de extermínio; terrorismo, bombistas suicidas, enfim, um catálogo infinito de atrocidades, digno apenas de constar n’ O Livro Negro do Terror e da Ignorância, livro que, na verdade, já conta muitos milhares de páginas, escritas com o sangue dos inocentes. E sobre estas matérias, é preciso que se diga, Oskar escreveu já vários livros, que enfureceram não só os poderosos do seu país, como também os poderosos de todo o Planeta. É, pois, evidente, que Oskar seja tão desprezado, entre os políticos, entre os desgovernantes (como ele os qualifica) e até entre alguns dos seus pares, devido às suas ideias, estranhas, polémicas e, sobretudo, provocadoras, porque demasiado “simplistas”, na opinião das (des)inteligências buriladas no caos em que se transformou a vida no Planeta, onde proliferam (pre)conceitos abstracto-filosóficos, baseados na exclusividade de um eu sem causas, e em normas de conduta imoral e incívica, rebuscadas, sinistras e insólitas, a todos os níveis, tornando impróprias para consumo as sociedades engendradas em tal desordem.
Todas as épocas e todas as gerações, desde o dia em que o homem descobriu que podia acumular riquezas, e que essas riquezas lhe conferiam um determinado poder, tiveram o seu caos. No entanto, o tempo de Oskar, que, enfim, também é o nosso, é o tempo em que as nações, apesar de todos os progressos e de todas as evoluções, de todas as revoluções e de todas as boas intenções, ainda discutem a questão da guerra e da paz, não conseguindo atinar com qual destas situações será mais vantajosa para a Humanidade, ou mais condizente com mentalidades evoluídas. Direi que não estamos propriamente na era dos trogloditas, pois só pontualmente, um ou outro homem vive em cavernas. Calcula-se ter havido uma evolução de ideias e de comportamentos, desde o já longínquo primeiro amanhecer do australopiteco, contudo, essa evolução não se verificou entre o Homo Parvus que, nascendo pequeno e medíocre, permanece pequeno e medíocre, empancado, autoritário, impiedoso, repressivo, demente, obstinado, ignorante, enfim, constitui um verdadeiro entrave ao progresso dos povos.
Por outro lado, a cultura, o saber, a ciência, a arte, tudo o que valoriza a existência dos seres ditos humanos, é do domínio do Homo Sapiens que, no entanto, e inexplicavelmente, raras vezes teve o poder de mandar no mundo e quando, eventualmente, lá chega, é impiedosamente assassinado. O poder é dos fracos, e o saber dos fortes, sentencia Oskar que, todavia, não consegue explicar por que o poder dos fracos sempre se sobrepôs ao saber dos fortes, distanciando-nos, deste modo, e cada vez mais, do paraíso primordial, que foi o nosso Planeta à época da sua criação.
Quantos livros de poetas foram apreendidos e queimados diante da porta de Adriano, no decorrer dos séculos! Por esta e por outras que tais discrepâncias, Oskar recusa-se a aceitar o conceito de uma Humanidade uniforme, ou seja, rejeita a ideia da existência de uma só espécie humana. Para ele, há o Homo Sapiens, possuidor de uma inteligência construtiva, e o Homo Parvus que, não tendo evoluído ainda, é o resistente de uma raça de destruidores, não completamente extinta, e que, desde sempre, dominou a Humanidade através de políticas despóticas, agressivas e irracionais, e em tempos mais recentes, acrescidas de uma perversão mental conhecida por terrorismo, que se generalizou por todo o mundo.
Vive-se numa época em que já não há governantes nem autoridades, tão-só desgovernantes e desautoridades, sem a mínima capacidade crítica, analítica, ou mesmo reflexiva. Os autodenominados “políticos” e “autoridades”, ao não terem respeito por si próprios, não o têm também em relação aos outros, mas, sobretudo, não têm o respeito desses outros, ao praticarem uma política conforme os seus interesses mesquinhos, e não com base nos interesses dos povos, isto é, não exercem uma política com saber, com prudência e com lucidez, como seria desejável. O importante é acumular riquezas como se fossem viver eternamente e pudessem levá-las com eles para os túmulos, transformando os vermes em seus legítimos herdeiros.
Estamos num tempo em que paira sobre a Humanidade o espectro da pobreza extrema, da fome, da destruição do ambiente, da cada vez mais acentuada escassez de água potável, considerada o ouro de um futuro que, no entanto, é já presente; e de doenças provocadas por vírus e bactérias inteligentes, o novo e mais mortal inimigo do homem, o qual não se combate com armas de fogo comuns. Com as nucleares, talvez! Contudo, neste caso, quem não morresse da doença, morreria da cura. E o círculo fechava-se, nele encurralando a desprotegida Humanidade.
A grande maioria dos povos tenta sobreviver na linha de todos os limites, enquanto uma minoria atira para o lixo os excessos de uma existência farta. Já não se diz que o mundo é governado, mas que o mundo é desgovernado por uma sucessão de uns e de outros, tal o caos em que os cada vez mais poderosos homoparvus mergulham as nações. A vida no planeta começa a ser deprimente e insustentável. As políticas, ditas globalizantes, estão a transformar o mundo no quintal dos desgovernantes que detém um domínio político fortemente acorrentado a um ameaçador e obcecado poder económico, minado pela corrupção e pelo tráfico de influências. Os países, os povos, os cidadãos comuns que não pertencem ao chamado Double G (Grupo dos Grandes) consomem-se num quotidiano carregado de nuvens negras e águas fétidas e agitadas, vivido num permanente e desesperado desassossego, alimentado por um profundo desânimo, enquanto os “políticos” menores, sonhando com um lugar cativo no tal Double G, resvalam para enormes desaires. É o tempo do domínio da besta, que nada tem a ver com o ano da besta das profecias, ou com as bestas das lendas e dos saberes antigos. Esta é uma besta moderna, completamente desavergonhada, e que faz alarde da sua bestialidade, através dos actos que pratica, deixando atrás de si um rasto de destruição e de lixo, nunca visto ou sequer imaginado.
Estamos no tempo em que os fins justificam todos os meios, mesmo os mais inconcebíveis e irracionais. E enquanto o mundo do Homo se desmorona, a aranha continua a construir a sua teia, com engenho e arte, cuidadosamente, uma teia, no entanto, tão frágil que um sopro de vento pode desfazê-la num segundo. Mas esse é o destino da teia da aranha, que intui a sua vida breve, por isso, é tão delicada no fabrico dos fios que enredam a presa com que se alimenta, uma vez que não é da aranha cultivar uma horta ou um pomar. E enquanto essas teias são tecidas, com extrema minúcia, o mundo vai girando, vertiginosamente, enlouquecido e, de volta em volta, o tempo avança. Inexorável».
(Excerto do livro «A Hora do Lobo» © Josefina Maller
Hoje, na Assembleia da República, vai discutir-se se menores de idade devem ou não assistir à barbárie das touradas, e à crueldade, à violência, à desumanidade que estão implícitas no que alguns teimam em chamar de “espectáculo" tauromáquico.
O PEV (partido Os Verdes) quer até que o que chamam de “artistas tauromáquicos” (insultando deste modo iníquo os verdadeiros artistas que praticam as Artes Superiores da Humanidade) tenham o 12º ano, como se a instrução pudesse conferir sensibilidade a quem já nasce sem ela. Tomemos como exemplo os professores universitários que se babam nas arenas, e aplaudem a tortura de Touros e Cavalos, e chamam a isso "arte". De que lhes serviu a instrução?
A apetência pelo sadismo vem do berço. Há excepções, naturalmente. Gente, que apesar de ter sido criada para ser sádica, consegue evoluir, contudo, são uma minoria.
Não faço fé nenhuma num governo que, em pleno século XXI da era cristã, ainda esteja a discutir algo que o mundo civilizado já tem como um conhecimento adquirido: que a violência e a crueldade não são valores humanos que possam ser transmitidos às crianças e aos jovens, e até mesmo aos adultos, através de uma actividade primitiva, bruta e sanguinária.
O que deveria hoje estar a ser discutida na Assembleia da República era a abolição destas práticas cruéis, desumanas, violentas, atrozes a que chamam tauromaquia.
Como poderemos dizer que Portugal é um país evoluído, se está entre os oito países terceiro-mundistas que ainda mantêm esta prática grosseira, entre os 193 países que existem no mundo?
***
Todos os animais não-humanos têm o direito inapelável à vida, uma vez que para viver nasceram. Tal como nós.
Todos os animais não-humanos merecem o nosso respeito.
Mas haverá um limite?
Quando somos atacados por lombrigas, deveremos deixá-las devorar-nos?
Não mato moscas. Se elas me entram em casa, abro a janela e enxoto-as janela fora. E se for o mosquito zika? Então paro para pensar. Ou eu ou ele.
E quanto a piolhos, pulgas, carraças e outros que tais parasitas... tal como os assassinos, ladrões, violadores, pedófilos da espécie humana?
Também aqui ou eu ou eles. E se me atacarem tenho o direito à autodefesa.
Tudo isto é muito complicado.
A vida é complicada, e é muito difícil viver.
MAS...
Existe um MAS...
Todos os animais têm o direito inapelável à vida. Devem ser protegidos através de uma lei, uma vez que ainda existem animais homens-predadores inconscientes, involuídos, para quem a Lei Natural não tem a mínima importância, ou melhor, desconhecem-na por completo.
Não devemos matar nenhum animal apenas por matar ou para nos divertirmos. Esmagar uma formiga é um acto cobarde: o gigante contra o pequenino. Por que se haverá de esmagar uma formiga que não está a fazer-nos mal algum? Então não a esmaguemos.
Esta terá de ser uma questão de consciência, de evolução de mentalidade, de superioridade moral.
E uma parte da Humanidade, do povo, dos governantes, dos ministros, dos deputados, dos padres, dos legisladores ainda está muito longe dessa superioridade moral, para que sigam a Lei Natural e tenham uma postura consciente perante a vida, qualquer vida, no cumprimento do preceito máximo da Humanidade, desde os tempos mais remotos: «Não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti», que era o que os padres deviam ensinar nas igrejas.
E esta é que é a grande questão.
Isabel A. Ferreira
«O Papa Francisco lamentou hoje que algumas pessoas sintam compaixão pelos animais, mas depois mostrem indiferença perante as dificuldades de um vizinho, numa reflexão sobre o conceito de "piedade" durante uma audiência geral na Praça de São Pedro.»
Foi profundamente lamentável esta insinuação do Papa Francisco, a quem dedico um afecto especial, e por isso mesmo, fiquei magoada.
Ao ler as palavras atribuídas ao Papa Francisco, nem quis acreditar, pois parecia que estava a ouvi-las da boca de um aficionado ferrenho de tauromaquia, o qual diz exactamente a mesma coisa, quando tenta desacreditar os anti-touradas.
Mas pensem bem: qual de nós sentiria compaixão por um animal não-humano, e desprezaria um animal humano, ainda que fosse um carrasco, se este precisasse de ajuda?
Eu, sendo católica não-praticante, já o fiz. (Sou não-praticante por discordar de muitas posições da Igreja Católica).
É que sendo a piedade uma das mais preciosas faculdades da alma humana, como bem a descreveu Leon Tolstoi, o Sábio, tal como as outras faculdades da alma humana, ou nascemos com elas, ou não as aprendemos em nenhuma escola da vida.
O Papa Francisco falava perante dezenas de milhares de pessoas, numa audiência jubilar, cerimónia que se realiza num sábado por mês, e alertou que não se deve confundir a piedade com a comiseração hipócrita, que consiste apenas numa emoção superficial, que não se preocupa com o outro.
Pois não haverá ninguém mais hipócrita do que a Igreja Católica, no que respeita à prática da piedadezinha e caridadezinha, salvo raras excepções, que as há, e que merecem todo o meu respeito.
E foi então que Francisco, o Papa, fez esta pergunta insólita: «Quantas vezes vemos pessoas que cuidam de gatos e cães e depois deixam sem ajuda o vizinho que passa fome?»
Como disse, Sua Santidade Papa Francisco? Alguma vez alguém que cuida de gatos e cães deixou de dar de comer a quem tem fome, ainda que esse faminto seja um miserável predador de animais não-humanos?
Se um necessitado vizinho, aficionado de touradas, estiver a morrer de fome, por piedade, qualquer defensor de animais matar-lhe-ia a fome, com toda a certeza. Sem pensar duas vezes.
Ou estarei a medir todos os defensores de animais, pela minha medida?
E disse mais o Papa Francisco, que me desiludiu, com este seu pensamento:
«Não se pode confundir compaixão pelos animais, exagerando no interesse para com eles, enquanto se fica indiferente perante o sofrimento do próximo». Isto é exactamente o que dizem os aficionados, quando não têm argumentos para defender a tortura, e querem atacar os anti-touradas.
Quantos de nós, defensores dos animais não-humanos, já não ouvimos isto, da boca de aficionados de touradas?
E na onda de despropósitos em que vagueou, o Papa Francisco disse a quem o ouvia que, para Jesus, «sentir piedade é partilhar a tristeza, mas ao mesmo tempo agir na primeira pessoa para transformá-la em alegria».
Não, Papa Francisco. Para Cristo sentir piedade não é apenas isto. Não foi isto que retirei dos ensinamentos de Cristo.
Para Cristo, «sentir piedade é colocarmo-nos no lugar do outro, e não fazer ao outro o que não gostaríamos que nos fizessem a nós». E esse outro, para Cristo, é qualquer das criaturas de Deus, incluindo os animais não-humanos.
E se o Papa (e todos os Padres da Igreja) em vez de dizer o que disse, repetisse infinitamente este princípio máximo de todas as religiões, o mundo seria um paraíso: «Não faças aos outros, o que não gostarias que te fizessem a ti».
Foi este ensinamento que Cristo nos deixou, e ao qual a Igreja Católica faz ouvidos de mercador.
Eu, que abomino touradas e predadores de animais não-humanos, por piedade, já ajudei aficionados e predadores de animais não-humanos nas suas misérias.
Que moral teria eu, para lutar pelo que luto, se fosse tão desumana como os desumanos predadores de animais não-humanos?
Até um assassino merece um prato de comida. Ou não? Ou deixamos morrer à fome os prisioneiros, os condenados à morte pela justiça dos “homens”?
Ao condenado à morte é-lhe oferecido o maior manjar, como último pedido.
Por que haveria os defensores de animais não-humanos recusar um prato de comida a um vizinho faminto, ainda que fosse um desalmado?
Este mundo, por vezes, não me parece um mundo. Parece-me um buraco negro, onde até um representante de Deus comete os seus erros.
Por fim, o Papa Francisco apelou ao cultivo da piedade, sacudindo de cima de si próprio a indiferença que impede cada um de reconhecer o sofrimento dos outros.
Do que se esqueceu Francisco de dizer foi que nesses outros também estão incluídos os animais não-humanos, também criaturas de Deus, a que a Igreja Católica não dá o mínimo valor, nem defende, como defendia São Francisco de Assis, permitindo as maiores barbaridades, em Portugal, em Espoanha, em França e em mais cinco países sul-americanos, onde se pratica a tortura de Touros, com a bênção da Igreja Católica.
E isso não é nada, nada, mas mesmo nada cristão.
Será apenas católico, apostólico, romano?
Isabel A. Ferreira
Fonte:
Na sequência de um artigo publicado no meu Bogue, neste link
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/governo-portugues-pare-imediatamente-a-635082
sobre a petição de Stephanie Christie, dirigida ao governo português, solicitando que este pare medianamente a exportação de cães e gatos para os referidos países, e na qual Portugal é posto de rastos, devido às notícias saídas a público, a este respeito, recebi o Ofício nº 704/2016, oriundo do Director-geral da DGAV (Direcção-geral de Alimentação e Veterinária), Álvaro Pegado Mendonça, que passo a transcrever:
Nova petição: Portuguese Government, stop immediately the export of dogs and cats to SouthKorea and Philippines / Governo português parar imediatamente exportação de cães e gatos para a Coreia do Sul e Filipinas
«Exmos.(as) Senhores(as),
A DGAV, estranha o teor da petição pública em apreço e rejeita liminarmente o conteúdo da mesma, por não corresponder à verdade.
Na origem desta situação estarão as declarações do ex-Secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agro-alimentar, quando falava aos média relativamente ao intenso trabalho realizado no âmbito da internacionalização.
Neste âmbito, aludiu ao trabalho difícil de negociação das questões sanitárias e fitossanitárias com países terceiros, com vista à exportação quer com fins comerciais quer com fins não comerciais.
Ainda neste contexto global da internacionalização apontou os mercados, produtos e ainda os animais vivos exportados, onde se inserem os animais de companhia, o que terá levado a interpretação errónea por parte do leitor, induzido pelo título do artigo que remetia as declarações para os produtos agro-alimentares.
Como é do conhecimento geral, a DGAV, entidade responsável pelos requisitos à exportação é igualmente o garante da saúde e bem-estar animal, estando comprometida com estes objectivos a nível interno e externo, pelo que é um dos Estados Membros que ratificou a Convenção Europeia para a Protecção dos Animais de Companhia.
Factualmente ainda acrescentamos que os animais, nomeadamente os de companhia, só viajam para países terceiros acompanhados de certificados sanitários registados e emitidos pela entidade competente, a DGAV, o que nos permite afirmar que só foram emitidos durante os anos de 2014 e 2015, 31 certificados sem fim comercial e com o objectivo de os animais acompanharem os seus donos até ao local de destino.
Com os melhores cumprimentos,
Álvaro Pegado Mendonça
Director-geral
CVO Portugal»
***
(AVISO: uma vez que a aplicação do AO/90 é ilegal, não estando efectivamente em vigor em Portugal, o texto acima foi reproduzido para Língua Portuguesa, via corrector automático).
***
Eis a minha resposta a este Ofício que, devo confessar, me desiludiu.
Exmo Senhor,
Agradeço a gentileza da resposta.
Porém, devo acrescentar o seguinte:
1 – A petição aqui referida (e esta outra que publico hoje) é da autoria de activistas estrangeiros, que se basearam em notícias que correm o mundo, sobre a venda de cães e gatos por Portugal, às Filipinas e Coreia do Sul, países que utilizam animais (ditos de estimação, no Ocidente) para os COMEREM.
2 – O que aqui está em causa (e chamo a atenção precisamente para as notícias que circulam no estrangeiro, e não partiram de nós, portugueses, que nos batemos pelo bem-estar de TODOS os animais não humanos, e não só cães e gatos, como a Lei de Protecção Animal n.º 69/2014, de 29 de Agosto, apenas prevê) é a exportação dos nossos animais (que até podem ir com todos os certificados sanitários em dia) para países que os COMEM, e que para os comer sacrificam-nos de uma forma bárbara.
Pensamos que esta não é uma política correcta, até porque também sabemos que as entidades portuguesas que deveriam ser mais cuidadosas nestas matérias, nem sempre abrem os olhos ao que se passa, por exemplo, nos bastidores das touradas, quando os touros moribundos são retirados da arena; nem nas “festas” de matança de porcos em público, para divertir um povo inculto; nem nos canis municipais onde os cães passam fome, morrem de doenças, sem qualquer apoio veterinário, e muitos deles são mortos à paulada; e nem sequer nos matadouros, onde os animais são abatidos de uma forma monstruosa.
Portanto, tudo o que se relaciona com os animais não humanos em Portugal, incluindo os ditos "animais de companhia ou de estimação", que na sua maioria nem são uma coisa nem outra, porque continuam a ser maltratados, apesar das denúncias, e quem os maltrata não é punido, apesar da Lei, não estão devidamente protegidos, até porque existem bastantes lacunas nessa Lei, onde a maioria dos animais não humanos nem sequer são considerados animais, estando dela excluídos: o caso dos Touros, dos Cavalos, dos Cães utilizados em corridas ou em lutas (que continuam a existir por aí, e ninguém faz nada); o tiro os pombos, os animais utilizados nos circos e zoológicos, enfim… apenas os cães e gatos (e mesmos estes, nem todos) são considerados animais.
É raro, muito raro (e a mim até nunca aconteceu) que as denúncias que fazemos de maus-tratos a animais ditos de estimação e de companhia (cães e gatos) tenham uma resposta positiva por parte das autoridades que nunca vêem o que nós vemos.
Porque nós, os que nos batemos pelo bem-estar de TODOS os animais não humanos, não precisamos de leis para sabermos que TODOS os animais são seres sencientes, logo, merecedores de uma protecção igual à que se dá aos animais humanos.
E se os humanos fossem realmente seres humanos, nem sequer precisariam de leis para os “orientarem” no sentido de que, como animais que também são, não devem fazer aos outros (animais) o que não gostariam que lhes fizessem a eles. Este é um princípio básico adoptado por todos os grandes pensadores, há milhares de séculos…
Mas infelizmente, o mundo em que vivermos tornou-se imperfeito depois do aparecimento do homem. Apenas alguns tiveram a ousadia genética de evoluírem, e instintivamente compreenderem que o homem não é a medida de todas as coisas, mas apenas mais um animal entre muitos, com a responsabilidade acrescida de zelar pelo Planeta e por todos os outros seres, simplesmente porque é ele que está com o queijo e a faca na mão, ou seja, é ele que tem um completo domínio sobre o mundo (infelizmente).
É uma vergonha para a espécie humana a existência de “homens” que se comportam mais irracionalmente do que aqueles que eles rotulam de irracionais.
Portanto, Exmo. Senhor Álvaro Pegado Mendonça, a resposta que eu gostaria de ter recebido era outra.
Gostaria que me dissesse que Portugal não mais exportaria cães e gatos portugueses, para os países que os sacrificam antes de os comerem.
Infelizmente, Portugal está muito longe de ser um país evoluído no que respeita ao respeito a ter pelas outras espécies que com ele partilham o mesmo Planeta, o mesmo meio ambiente, o mesmo Sol, a mesma Lua, o mesmo Universo…
Com os meus cumprimentos,
Isabel A. Ferreira
E que no fundo, no fundo… são mais humanos do que muitos que se dizem humanos e não passam de pavorosos ogres
A GNR compareceu ao local e a lei foi cumprida.
Nem sempre acontece, neste país onde tudo anda à balda. Mas, por vezes, a lei cumpre-se.
As queixas que fizemos foram muitas. Matar um porco para consumo alimentar de uma família é algo que ainda se tolera… se a lei for respeitada.
Mas matar um porco para DIVERTIR COBARDES ((porque é da cobardia torturar seres indefesos) é algo intolerável no mundo civilizado...
Fazer da morte uma festa é coisa de “gente” mais primitiva do que o venerável Homem das Cavernas, que só matava animais (sem crueldade) para se alimentar
HAJA EVOLUÇÃO!
Alegre, esperto, curioso, independente e muito, muito inteligente, o porco possui uma inteligência ao nível de uma criança humana de três anos de idade.
Vale a pena continuar a lutar pelos nossos irmãos animais não humanos, seres sencientes tal como nós.