Tal como os Açores estão melhores sem a caça à baleia, também os Açores ficarão melhores sem touradas à corda.
Certíssimo, e estamos a caminhar para lá…
Fonte:
A propósito do seu artigo no Diário de Notícias, sob o título «Simba, Passos, CR7, Shakira e Varoufakis», publicado a 17 de Março do corrente ano
Exmo. Senhor Ferreira Fernandes,
É sempre com inquietação que leio crónicas de ilustres jornalistas abordando o que se faz em excesso pelos ditos animais não humanos, e à míngua pelos animais humanos.
Diz V. Exa. no artigo acima citado: «A morte de Simba, o cão, teve mais letras impressas do que, neste ano, qualquer das mulheres assassinadas (da única subespécie, Homo sapiens sapiens, que imprime letras). Alguém se lembra do nome de uma? Houve, ainda, mais assinaturas para que se investigue a morte do Simba do que gente a assinar a petição pela demissão de Passos Coelho»
Bem, se perguntarmos, assim, de chofre, a V. Exa. o nome de uma dessas mulheres assassinadas, conseguirá dizê-lo?
Quanto a assinar uma petição para demitir Passos Coelho adiantaria alguma coisa? Adiantou? Adiantará, se está no poder de pedra e cal?
Mas a questão nem sequer importa colocar deste modo. Porque saber os nomes das mulheres assassinadas não as traz de volta, nem sequer evita que outras sejam assassinadas, e demitir Passos Coelho seria uma inutilidade, uma vez que o povinho português se prepara para lá colocar mais do mesmo.
Também é um facto que o Diário de Notícias, bem como a generalidade dos media, esmaga-nos com noticiários dos assassinatos dessas mulheres, esmiuçados ao pormenor mais mórbido… porque isso vende… seja o que for, mas vende… Interesse o que interesse, mas vende… se bem que o principal fique por dizer: a origem de tanta violência… Isso já não interessa esmiuçar. E ninguém o faz.
E nesta vossa “falta de interesse” (ou seja lá falta do que for) começa a explicação da intervenção dos Defensores dos Animais ditos não humanos.
É que se o Diário de Notícias (e os outros media) cumprisse o seu DEVER de informar formando, não haveria necessidade de dedicarmos tanta atenção aos milhares de Simbas, que são assassinados por quem também assassina mulheres e crianças, pois significaria que vivíamos numa sociedade civilizada.
De um modo inadequado (apenas com o intuito de vender notícias) os media fartam-nos com o assassinato de mulheres, com os despassos de Passos, com os “likes” do CR7 e da Shakira, ou com a ousadia de Varoufakis (que os políticos da União (ou devo dizer desunião?) Europeia tanto INVEJAM.
E os pobres coitados dos ditos animais não humanos, que são torturados e assassinados às mãos de carrascos cruéis não merecem nenhuma parangonazinha a favor deles?
Alguém tem de gritar por eles.
V. Exa. “grita” pelas mulheres assassinadas pelos violentos maridos que as matam com caçadeiras, e, pelos vistos, até deve saber o nome de todas elas de cor… Mas nunca se atreveu a escrever sobre, por exemplo, a Abolição das Touradas, ou a favor de uma lei que pugne pela Senciência Animal, pelo contrário, o DN defende a existência da selvajaria tauromáquica, logo, a tortura de bovinos, e consequentemente é a desfavor da Senciência Animal, que a falaciosa nova Lei de Protecção dos Animais não contempla.
Logo, tem de haver alguém que grite pelos desprotegidos, indefesos, inofensivos e inocentes animais ditos não humanos, aos quais os media não dão importância alguma.
Não se admire, pois, V. Exa. de ver muitas assinaturas nas petições a favor dos desprotegidos Simbas do mundo, e poucas nas dos mais do que protegidos senhores do mundo…
No dia em que os media deixarem de ser subservientes ao lobby da violência e da crueldade sobre animais ditos não humanos, nós deixaremos de ser tão necessariamente excessivos na defesa deles.
Com os meus cumprimentos,
Isabel A. Ferreira
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Já agora, deixo aqui um textinho muito interessante, que anda a circular na Internet:
«Ouroboros
Falas do caso do cão que morreu? Isso não é nada, ao pé das mulheres que morrem às mãos dos maridos, disso não falas, não é?
Falas das mulheres que morrem? E as crianças de África que morrem de fome, que insensível és tu que nem uma palavra tens para as crianças de África!
Falas das crianças de África que morrem de fome? E aquelas que morrem na Ucrânia, que além de fome morrem da guerra?
Falas da Ucrânia? Não é preciso ires tão longe, fica sabendo que aqui, bem perto de nós, onde podemos actuar, ainda um dia destes morreu um cão? Disso não falas tu.»
Fonte:
http://farpasecornadas.blogspot.pt/
Diz quem sabe e viu: o Médico-Veterinário Dr. Vasco Reis, o único que, em Portugal, dá a cara e luta pela Abolição das Touradas.
O que se segue é a descrição nua e crua da selvajaria tauromáquica que o governo português legitima numa lei parva e inconstitucional.
Brutalmente, tal como foram cravados, os ferros são agora retirados sem anestesia, arrancados ou por corte do couro
(O que talvez os governantes não saibam e é urgente saberem, para que possam legislar conforme a racionalidade)
Texto do Dr. Vasco Reis (Médico-Veterinário dos sérios, e que honra a profissão)
«O touro vive uns 4 anos na campina na boa companhia de outros da mesma espécie em espaço largo e com razoáveis condições.
Passará por momentos difíceis. Desenvolve-se.
Um dia é escolhido para a lide numa tourada.
Apartam-no violentamente, com ou sem medicação, com ou sem uso do bastão eléctrico, para uma manga e enfiam-no numa caixa apertada onde mal se pode mexer.
O stress da claustrofobia é tremendo, ao passar da liberdade e tranquilidade da campina para o caixote onde fica confinado, brutalmente afastado da companhia importante dos outros bovinos a que o ligam laços emotivos fortes.
A seguir acresce a ansiedade/pânico provocados pelo transporte.
Depois a espera, provavelmente, com pouco ou nenhum alimento e bebida.
Talvez sendo injectado, a ponta dos cornos será cortada até ao extremo vivo e muito enervado, ficando extrema e dolorosamente sensível ao contacto.
Para não sangrar cauterizam a sangue frio. Há touros que não resistem a esta operação. Sofre outras acções destinadas a fatigá-lo, debilitá-lo, retirar-lhe capacidade para a lide.
Mais tarde, a condução ao curro da praça de touros. Empurrado depois para a arena = beco cruel sem saída, suportando logo o enorme alarido, que ainda o assusta mais.
Depois a provocação, o engano, o cravar dos ferros, que o ferem e magoam terrivelmente, através da pele, de aponevroses, de mais ou menos músculos, atingindo tendões e, por vezes até pleura e pulmão (meu testemunho) e o fazem sangrar e sofrer.
Tudo isto o enfurece, magoa, deprime e esgota. Depois é retirado com as “chocas”. Brutalmente, tal como foram cravados, os ferros são agora retirados sem anestesia, arrancados ou por corte do couro.
Depois o sofrimento cresce pela dor provocada pelos ferimentos, infectando e provocando-lhe febre, ficando animicamente derrotado, até que o abate o liberte de tamanho sofrer.
Desgraçada vítima dos chamados humanos, “corrida” e torturada unicamente para diversão de aficionados, alimentar de vaidades, de negócios de tauromáquicos e no prosseguimento de uma cruel tradição.
É, portanto, uma aberração, comprovativa da maior hipocrisia, quando tauromáquicos e ganadeiros afirmam serem as pessoas que mais gostam dos touros.
Deixam-nos viver eventualmente bem durante cerca de 4 anos, para que então sejam torturados na tourada e abatidos em sofrimento uns dias a seguir, em vez de viverem no seu meio natural os 20 anos em média da sua expectativa de vida.
Revoltante e vergonhoso é que tal crueldade seja permitida legalmente, feita "espectáculo" e publicitada.
Percurso do Cavalo usado para toureio
O cavalo é um animal de fuga, que procura a segurança e que a atinge pondo-se à distância daquilo que desconfia ou que considera ser perigoso.
Defende-se do agressor próximo com o coice e por vezes com a sapatada do membro anterior, se for mais afoito ou considerar o perigo menor.
No treino e na lide montada, ele é dominado pelo cavaleiro com os ferros na boca, mais ou menos serrilhados, puxados pelas rédeas e actuando sobre as gengivas (freio ou bridão – este com acção de alavanca, ambos apertados contra as gengivas e língua por uma corrente de metal à volta do maxilar inferior– barbela), elementos castigadores.
Em alternativa pode ser usado o “hackamore”/serrilha exterior à boca actuando contra o chanfro e também submetido à acção de alavanca.
O cavalo é incitado pela voz e por outras acções, chamadas de “ajudas”, como sejam de esporas que são cravadas provocando muita dor e até feridas sangrentas.
Calcule-se o sofrimento físico e psicológico do cavalo, que por vezes provoca a morte em plena tourada por síncope cardíaca.
Ele é impelindo para a frente para fugir à acção das esporas, devido à dor que elas lhe provocam e a voltar-se ou travar pela dor na boca e pelo inclinar do corpo do cavaleiro.
Resumindo: o cavalo é obrigado a enfrentar o touro pelo respeito/receio que tem do cavaleiro, que o domina e o castiga, até cravando-lhe esporas no ventre e provocando-lhe dor e desequilíbrio na boca. Isso transtorna-o de tal maneira, que o desconcentra do perigo que o touro para ele representa de ferimento e de morte e quase o faz abstrair disso.
É, portanto, uma aberração, comprovativa da maior hipocrisia, quando cavaleiros tauromáquicos afirmam gostarem muito dos seus cavalos e lhes quererem proporcionar o bem-estar.
Revoltante e vergonhoso é que tal crueldade seja permitida legalmente, feita espectáculo e publicitada.»
Vasco Reis (Médico-Veterinário)
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Agora que os governantes já sabem, só têm uma opção: abolir esta verdadeira selvajaria exercida sobre dois magníficos animais sensientes, e que envergonha até as pedras da calçada portuguesa.
Como é possível que "gente" que se diz "civilizada" e exige respeito, pode praticar, apoiar e aplaudir tamanha barbárie?
Não, não merecem o mínimo respeito, a mínima consideração, e o perdão, poderá até acontecer, mas é preciso que se arrependam de actos tão vis e pugnem pela abolição de tais práticas desumanas, boçais e imensamente cruéis.
Isabel A. Ferreira
Os ganadeiros poderiam dedicar-se ao fabrico destas engenhocas e ganhariam muito mais dinheiro do que com a criação de bovinos, para a qual DESAVERGONHADAMENTE precisam de DINHEIROS PÚBLICOS.
Poderiam exportar estes “brinquedos” para os países atrasados onde ainda há quem brinque aos parvos.
Os torcionários e os cobardes forcados já não precisariam de serem mortos ou ficarem estropiados, porque se a engenhoca se descontrolasse poderia ser desligada por controlo remoto.
Enfim… os que gostam de enriquecer ou divertir-se às custas da TORTURA DE SERES VIVOS poderiam continuar a dar vasão a essa psicopatia latente e os BOVINOS VIVERIAM FINALMENTE EM PAZ… COMO MERECEM.
Com estas engenhocas é só vantagens!
Fonte:
http://blogcontraatauromaquia.wordpress.com/2014/08/25/problema-resolvido-para-eles/
Fernão Bôtto Machado, um Homem que se bateu pela abolição das touradas em Portugal, em 1911, já com um sentido progressista e avançado naquele tempo, completamente o contrário do que se passa actualmente, onde uma maioria retrógrada de deputados tem mentalidade medieval, atrasada, de uma miséria moral espantosa!
E o pior… é que não têm o mínimo de brio pessoal.
ooo
Fonte:
Um texto para reflexão.
A tourada – que consiste em perseguir, golpear e mutilar um touro indefeso e aterrorizado diante de uma multidão depravada – fere brutalmente os direitos dos animais.
Recentemente, a ONU (Organizações das Nações Unidas) declarou que assistir a este bárbaro espectáculo é também incompatível com os direitos das crianças.
O Comité da ONU para os Direitos da Criança recomendou que as mesmas não devem assistir ou participar de touradas devido à sua extrema violência. O pronunciamento foi feito em relação a Portugal, onde as crianças são obrigadas a frequentar as arenas e, por vezes, envolvem-se em actos de crueldade contra os animais, nas escolas de toureio, para onde vão obrigadas pelos pais.
Esta decisão da ONU vai ao encontro do que os especialistas afirmam há muito tempo, e os que praticam, apoiam e aplaudem a tauromaquia rejeitam porque optam pela ignorância.
No ano passado, 140 cientistas e académicos escreveram a políticos espanhóis salientando que a promoção do abuso a animais tem um efeito negativo sobre a sociedade como um todo.
Para uma criança, assistir à cena de um animal a ser torturado e morto, é uma experiência bastante traumática. Com o tempo, ela pode até ser dessensibilizada, o que a transformará num adulto empedernido, sem a mínima empatia pelos seres vivos, incluindo seres da sua própria espécie.
Um estudo recente da Universidade de Tufts descobriu que aprender a cuidar de um animal ajuda os jovens a desenvolverem melhores relacionamentos e a tornarem-se mais confiantes e empáticos.
Estas são as qualidades que as sociedades progressistas e modernas devem encorajar aos seus filhos, em vez do gozo pelo derramamento de sangue. Como disse a modelo espanhola Elen Rivas: «Glorificar a matança deliberada de animais não deve ser tolerada numa sociedade civilizada».
As touradas são responsáveis pela morte de aproximadamente 40 mil Touros por ano. Um biocídio em grande escala.
Todos os que lutam pelos Direitos dos Animais e pela Abolição das Touradas esperam que a influência da ONU ajude a convencer a União Europeia e os governos dos países que ainda permitem as touradas em seu território, a suspenderem o apoio a essa indústria cruel e imoral e abolirem definitivamente esta obscenidade que despreza os Touros e os Cavalos, mas também os Seres Humanos, que são agredidos na sua sensibilidade, pelo ritual primitivo e cruel que é a tauromaquia.
Texto baseado nesta fonte:
Quando se esperava que a Senhora Bastonária enviasse ao governo (ou mais precisamente à Inspecção-Geral das Actividades Culturais) um parecer assente nos estudos biológicos que, naturalmente, teriam de ter feito para receberem o título de “médicos”, no sentido da abolição das touradas, não, enviou uma recomendação que deixa muito a desejar quanto ao profissionalismo dos “veterinários”…
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Isto não dói nada num animal morfologicamente semelhante ao homem e que possui um sistema nervoso central?
Podemos experimentar estas ferramentas num homem, para tirar as dúvidas?
Deixo-vos com o depoimento de um verdadeiro médico veterinário:
BEM PREGA FREI TOMÁS…
Por Dr. Vasco Reis
«Dá para pensar quando se conhecem profissionais com responsabilidades e actividades na tauromaquia, na caça, etc….
O percurso violento de extrema tortura que a tauromaquia provoca ao touro de lide vai ser encurtado com o abate libertador breve, a seguir a todo o sofrimento infligido.
Segundo o recentemente aprovado Regulamento, vão ser médicos veterinários que irão fazer o disparo que deverá atordoar e paralisar relativamente a vítima. Este acto é algo de grande violência para o animal e para o executante.
Na minha opinião, o Regulamento correcto seria o que proibisse todas as actividades tauromáquicas em público e em privado!
Código Deontológico do Médico-Veterinário
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Artigo 1.º
O presente Código integra um conjunto de regras de natureza ética e deontológica que, com carácter de permanência e a necessária adequação aos princípios universais contemporâneos, o Médico Veterinário deve observar no exercício da sua actividade profissional.
Artigo 2.º
1. O presente Código prossegue a salvaguarda da honestidade, dignidade e consciência profissionais, como garantia do serviço a prestar.
2. Os princípios afirmados no número anterior impõem aos Médicos Veterinários, o dever de exercer a sua actividade com os adequados conhecimentos científicos e técnicos, o respeito pela vida e bem-estar animal, a prossecução da sanidade animal, a conservação, o melhoramento, e a gestão do património animal, incluindo o da fauna selvagem, a salvaguarda da saúde pública e a protecção do meio ambiente.
3. No exercício da sua actividade profissional, o Médico Veterinário deve escrupuloso respeito às normas legais, éticas e deontológicas a ela aplicáveis, e técnica e deontologicamente independente, e responsável pelos seus actos, devendo agir com competência, consciência e probidade.»
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Sinto vergonha de no meu País existir uma ordem de “médicos” veterinários que não zela pelo bem-estar dos Touros e dos Cavalos, que uma lei parva, ilegal e bastarda exclui do Reino Animal.
Será que esses “veterinários” que apoiam a tauromaquia também não consideram os Touros e os Cavalos animais como nós?
Gostaria de ver respondida esta pergunta, Senhora Bastonária.
António Maria Pereira (o pai dos Direitos dos Animais em Portugal)
Por Teófilo Braga
Acabei de ler um livrinho intitulado “Touradas” com textos da autoria de M. Dulce Penaguião e Parceria A.M. Pereira e prefácio do Dr. António Maria Pereira, editado em Lisboa, em 2005.
Para além de “belos poemas sobre os momentos do martírio do animal”, todos os interessados na temática dos direitos dos animais e consequentemente na leitura do livro, que se recomenda, terão acesso a uma breve resenha histórica da luta pela abolição da tauromaquia em Portugal e não só, com destaque para a “memória da luta ancestral anti- touradas no seio da própria Igreja Católica, a invocação do pensamento de ilustres portugueses do século XIX, e do momento grande do Direito Português – pela mão de Passos Manuel - na abolição das touradas em Portugal”.
Dos momentos mais altos da história universal destacamos uma Bula do Papa Pio V, de 1 de Novembro de 1567, onde «Pio, Bispo, servo dos servos de Deus», depois de considerar «esses espectáculos de se correrem touros e outras feras em corro ou praça… alheio da piedade e caridade cristã» proíbe e veda «por esta nossa Constituição, válida para sempre, e sob as penas de excomunhão e anátema, em que hão-de ocorrer se a isso contravierem, que em suas províncias, cidades, senhorios, vilas e lugares, permitam espectáculos, deste género, em que se corram toiros e outros animais…».
Infelizmente, o direito da Bula de Pio V apenas durou oito anos, tendo sido levantadas as excomunhões por Gregório XIII, por pressões de Filipe II, rei de Castela.
Em Portugal, ficará para sempre lembrado o decreto-lei de Passos Manuel e da Rainha D. Maria II, de 19 de Setembro de 1836, que determinou «que de ora em diante fiquem proibidas em todo o reino as corridas de touros» porque «são um divertimento bárbaro e impróprio de nações civilizadas».
O Dr. António Maria Pereira, no prefácio ao livro referido anteriormente, desmonta alguns dos estafados argumentos pró-touradas, como o da tradição que segundo ele «não pode obviamente sobrepor-se aos valores fundamentais da nossa civilização- e um desses valores é, precisamente, o da inadmissibilidade da tortura de homens ou de animais”» ou o da suposta “beleza” do espectáculo, escrevendo que «não há “beleza” que justifique o sofrimento ou a tortura de um homem ou de um animal».
No último parágrafo do mencionado prefácio, que a seguir se transcreve na íntegra, o Dr. António Maria Pereira dá a entender que, por mais areia que tentem colocar na engrenagem do progresso, mais cedo ou mais tarde acabará por ser respeitado o direito que todos os animais têm a serem respeitados:
«O vasto movimento universal pelos direitos dos animais não pára e dá-nos a certeza de que, tal como aconteceu com os autos-de-fé, com os enforcamentos públicos, com a escravatura e com tantas outras tradições bárbaras de épocas marcadas pela bestialidade dos costumes, as touradas estão fatalmente condenadas a desaparecer do mundo moderno.»
Mas, quem foi o Dr. António Maria Pereira?
O Dr. António Maria Pereira (1924-2009), foi advogado de profissão, tendo sido deputado à Assembleia da República, na primeira, quinta e sexta legislaturas, eleito em listas do Partido Social Democrata. Notabilizou-se no Parlamento Português pela defesa dos direitos dos animais, tendo sido o autor do projecto de lei que após a sua aprovação deu origem à primeira lei de protecção dos animais no país.
Na sua intervenção, em 1995, em defesa da aprovação da sua proposta afirmou: «Não podemos consentir que, em Portugal, se continue a torturar animais impunemente e que, como com frequência tem acontecido, os juízes a quem foram submetidos casos de crueldade com animais, para julgamento, se declarem impotentes e absolvam os réus por falta de lei aplicável! É uma questão cultural de ordem ética que está em causa. E é precisamente à luz da ética que deve entender-se a obrigação, que todos temos, de não torturar animais gratuitamente e de, na medida do possível, reduzir o seu sofrimento.»
Hoje, passados alguns anos, há que aprovar uma nova lei de protecção dos animais e há que dar continuidade ao labor daquele que foi algumas vezes menosprezado por colegas mas que é por muitos considerado o “pai dos direitos dos animais em Portugal”.
Teófilo Braga (Correio dos Açores, nº 2958, 27 de Novembro de 2013, p.16)
Fonte:
Este é um excelente texto escrito por um espanhol, relativo à dita “festa brava” em Espanha.
No entanto, podemos lê-lo como se no lugar de Espanha estivesse escrito Portugal, porque a situação é exactamente a mesma.
Sem tirar, nem pôr… Por isso…
… Exigimos a abolição das touradas já!
«Agoniza em declínio e ferida de morte», estas seriam as palavras com as quais, nos dias de hoje, se definiria a situação da tauromaquia em Espanha. Palavras que começam a ouvir-se da boca dos próprios ganadeiros, empresários, jornalistas, críticos taurinos, aficionados e toureiros.
A consciência social, a apatia dos aficionados da tourada, a falta de dinheiro, a forte crise financeira que golpeia Espanha, e o querer de alguns municípios estão a fazer com que hoje, mais do que nunca, a tauromaquia esteja mais próximo do precipício.
Desde 2007, as “festas” taurinas decresceram 47% em toda a Espanha. Os ganadeiros já destinam mais reses para os matadouros do que para as praças de Touros, e de dia para dia, contam com grandes perdas económicas, e já se pensa seriamente na alternativa dos matadouros como única via de escape.
A ferida aberta pela Catalunha em 2010, proibindo as corridas de touros, longe de cicatrizar, aprofunda-se cada vez mais, á medida que as Organizações de Defesa dos Animais, com o apoio de mais de 73% da população, continuam a trabalhar no sentido de abolir esta cruel “tradição”, digna de um povo primitivo.
Dois anos depois da sua proibição na Catalunha, parece que chega a vez de San Sebastián, onde o seu alcaide quer por fim a esta atrocidade e, deste modo, não derramar mais sangue inocente nas arenas.
«O sofrimento dos animais não deve converter-se num espectáculo público”, refere o alcaide Juan Carlos Izaguirre.
Não deixa de ser notório que com um país à beira de pedir resgate financeiro, se esbanjem mais de 500 milhões de euros em “festas” taurinas e apesar de usarem a palavra “austeridade” muitos municípios continuam a endividar-se ano após ano, realizando corridas de touros em praças cada vez mais vazias.
Apesar de 73% dos cidadãos estarem contra ou serem indiferentes à tauromaquia, o Governo central faz ouvidos de mercador ao grito unânime do povo, que pede a abolição da tortura e da morte de milhares de Touros todos os anos, em Espanha.
A tauromaquia sobrevive graças aos interesses privados de alguns políticos, ao endividamento dos municípios, à grande oferta de entradas a polos escolares e algumas colectividades, e do engano de turistas.
A estes últimos são vendidos espectáculos de dança entre um touro e um cavalo, em que em nenhum momento o touro é maltratado. Uma vez iniciada a corrida, os turistas saem horrorizados, com lágrimas nos olhos, devido ao que estão a assistir.
A Organização Internacional para a Defesa dos Animais, AnimaNaturalis, continuará a trabalhar para que num futuro bem próximo, esta mal denominada “festa nacional” acabe por ser abolida em toda a Espanha e deixe de envergonhar a maioria dos cidadãos que não querem ser identificados com tamanha atrocidade.»
Guillermo Amengual
(Coordenador para a Espanha da Campanha Anti-Tauromaquia).