Das lanças, dos arpões, das espadas da tauromaquia... da crueldade humana te protegeria Touro, com o meu corpo, se me fosse possível...
Um dia o Touro será deixado livre, para viver em harmonia com a Natureza que lhe pertence, e com a Paz a que tem direito.
Muitos animais e plantas povoaram o nosso Planeta muito tempo antes do homem. E cada um cumpriu a sua missão. Harmoniosamente. Animais de todas as espécies. Plantas, desde a miosótis ao mais frondoso plátano. Todos seres muito belos, mais-que-perfeitos. Sensíveis.
Só depois veio o homem, o qual encontrou um mundo fervilhando de vida até na mais pequenina fenda, entre os rochedos, à beira-mar.
No jardim vivia uma rosa. Viçosa e formosa rosa. O homem veio e disse: «Que linda é a rosa. É minha, pois não sou eu o dono do mundo? Vou levá-la comigo». E o homem arrancou a rosa da roseira, e a rosa murchou, e só o homem é que não viu. E continuou a clamar: «Eu sou o dono do mundo»!
Auto-intitulou-se um ser superior, apenas porque falava, pensava, fazia coisas com as mãos, que mais nenhum outro ser conseguia. E, usando dessa pretensa superioridade, desatou então a maltratar os seus companheiros de vida: tortura e mata, por simples prazer, animais, plantas e até outros seres seus semelhantes. Polui as águas dos rios, dos oceanos e das fontes, antes dele tão límpidas. Destrói as florestas que libertam o oxigénio, sem o qual o planeta não respira. E tudo isto o homem vai fazendo em nome da tal superioridade e de interesses escusos, valores que desvalorizam a existência do próprio homem, e exterminam os animais e as plantas.
Durante milhares de anos, o planeta, chamado azul, foi azul da cor do céu; foi verde da cor dos prados; loiro da cor das searas; vermelho da cor do sol poente; teve todas as cores do arco-íris enquanto não veio o homem. Depois dele, e em nome da sua superioridade, o que foi um paraíso, durante o reinado dos animais e das plantas, transformou-se em caos.
Se o Lobo respeita o homem, porque não há-de o homem respeitar o Lobo?
Se a Árvore respeita o homem, porque não há-de o homem respeitar a Árvore? Afinal, somos todos irmãos.
Iguais, enquanto resultado do mesmo acto criador.
Diferentes no modo como respeitamos a vida.
(Vista da Pedra Bela - Gerês - Foto: Isabel A. Ferreira)