Domingo, 22 de Abril de 2012

«A tourada, razão da existência do Touro bravo?» Ou a queda de um mito...

 

 

 

Sou frequentemente confrontada com gente que pretende defender a existência da tourada com o argumento da “extinção do Touro bravo”, como se o Touro bravo existisse na Natureza, assim, por mero acaso do destino...

 

Eis um texto, escrito por um Biólogo (portanto, não por mim) que explica cientificamente esta questão.

 

Vejamos:

 

«Um dos argumentos frequentemente mencionados em debates sobre touradas é o da importância em manter a espécie do touro bravo. Os proprietários das ganadarias mantêm os touros nos seus terrenos, não porque tenham uma grande consciência ecológica e ambiental, mas porque daí retiram dinheiro. Muito dinheiro.

 

No dia em que os touros deixarem de ser vendidos a 2000 euros cada (sem contar com chorudos subsídios europeus), cerca de 2600 animais por ano (DN, 2007), os proprietários das ganadarias rapidamente se esquecerão de qualquer importância ecológica ou da biodiversidade do touro bravo.

 

 É esta a principal, senão a única, verdadeira razão para a continuação das touradas no nosso país - um forte interesse económico de um pequeno grupo de pessoas. É claro que, para desculpar o indesculpável, atiram para os olhos o argumento de se querer proteger uma espécie. Mas nem o touro bravo é uma espécie, porque é sim uma raça ou subespécie, nem a extinção desta raça é irremediável e obrigatória quando as touradas acabarem.

 

A extinção desta raça não é irremediável nem obrigatória porque nada impede a criação de parques naturais, santuários ou outras soluções viáveis para a conservação destes animais. O que não pode nunca acontecer é justificarmos a crueldade para com uma animal para o poder "conservar".

 

Cabe na cabeça de alguém que a conservação do panda passe por lhe espetar bandarilhas no dorso? Que o repovoamento do lince ibérico na Península Ibérica passe por lhe cortar as orelhas e rabo? A conservação de espécies / raças, não é argumento para continuar as touradas.

 

É um papel que tem de ser assumido pelos portugueses e pelo Estado e não por empresas que da exploração desses animais retiram avultados lucros.

 

Existe outro argumento frequente, que é o da conservação dos ecossistemas, mas este é ainda mais frágil. É que estamos a falar de um animal totalmente domesticado, que só existe por selecção artificial de características de interesse, que no caso do touro bravo é essencialmente a bravura. Ou seja, o touro bravo não existe no campo por estar em total equilíbrio e conjugação com a Natureza. Está lá porque os ganadeiros assim o fizeram e ali o colocaram. Isto significa que um touro bravo é, no mínimo, um elemento supérfluo na manutenção dos montados portugueses.

 

Voltamos então ao único argumento de peso para a manutenção das touradas. Os interesses económicos. Interesses esses que vivem de um espectáculo que promove a ideia de que existe justiça e igualdade em colocar um animal num local estranho e com regras definidas pelos humanos; que coloca animais numa luta que estes não desejam mas são forçados a entrar; que vive da diabolização da imagem de um herbívoro territorial e faz disso um espectáculo de entretenimento.

 

É vital rejeitarmos esta visão subversiva da realidade. É preciso dizer que a tourada não é uma fatalidade e que podemos acabar com uma das formas mais indignas e desumanas de tratamento dos animais da actualidade.

 

O caso muito recente de Viana do Castelo dá-nos força e entusiasmo. É vital agora a maioria silenciosa que se opõe às touradas mostrar o seu descontentamento, de forma pró-activa e com um único compromisso: o respeito pelos animais e pela Natureza.

 

Hugo Evangelista – Biólogo»

 

http://pt-br.facebook.com/notes/campanha-contra-as-touradas-no-mundo/a-tourada-raz%C3%A3o-da-exist%C3%AAncia-do-touro-bravo/209409582442867

 

***

Bem, posto isto, o que podemos acrescentar mais?

 

Isto não foi a “ignorante” Isabel A. Ferreira que o disse.

 

Foi um Biólogo.

 

Apenas quero acrescentar o seguinte: o maior ignorante é aquele que opta pela ignorância.

 

Cultivai-vos, gente que vê na tortura de Touros, “arte e cultura”!

 

Sabemos que nasceram e foram criados na ignorância. Mas não têm de morrer ignorantes. Há muita informação por aí... Informem-se.

 

Tentem deixar de ser ignorantes. Tenham, pelo menos, esse brio.

 

Não vão atrás da ignorância das leis caducas portuguesas.

 

Os nossos governantes (felizmente nem todos) ainda não tentaram abandonar o obscurantismo em que estão mergulhados, mas isto não é motivo para segui-los nesse obscurantismo.

 

Talvez se insistirmos  um pouco mais, eles consigam ver o óbvio...

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:03

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Comentários:
De xxxx a 20 de Fevereiro de 2013 às 18:45
Há artigos para todos os gostos...
http://www.solesombra.net/touro-bravo-e-estudado-na-faculdade-de-medicina-veterinaria/
De Isabel A. Ferreira a 20 de Fevereiro de 2013 às 19:04
Ó XISXISXISXIS, é preciso ter conhecimentos para falar sobre o TOURO, um bovino, herbívoro e manso.

O que esta "veterinária" pretende “estudar” é um touro que NÃO EXISTE na Natureza.

É um touro MANIPULADO PELO ANIMAL HUMANO PREDADOR. E claro, tem características diferentes.

E se esta senhora fosse uma VERDADEIRA MÉDICA VETERINÁRIA, não viria a público dizer disparates, e defenderia o TOURO, tal como ele é na NATUREZA: belo e pacífico.

Se lhe chegassem mostarda ao nariz, ó XISXISXISXIS, também ficaria BRAVO. Então se o torturassem, então ficaria muito MAIS BRAVO.

E no entanto, o XISXISXISXIS BRAVO não existe na Natureza.
De Eu a 10 de Agosto de 2020 às 00:55
Bem na realidade o xxx apresenta alguém que alegadamente tem capacidade para discutir o assunto, o facto de dizer que foi um biólogo que lhe disse ou escreveu isto na realidade vale zero, e vale zero porque foi um psicólogo que mo disse...viu a lógica da coisa? Pois...no entanto embora ache o seu texto completamente lógico, sou contra touradas, o facto do foi fulano que disse, para mim que gosto de provas, abala aestrutura toda do texto...

Pode ser remendado, basta o nome e o texto original do tal biologo
De Eu a 10 de Agosto de 2020 às 01:02
Retiro o que disse.....por algum motivo no tlm não li o nome do Hugo Evangelista... peço desculpa
De Isabel A. Ferreira a 10 de Agosto de 2020 às 15:05
Ia precisamente dizer-lhe que o artigo foi assinado por um Biólogo que se chama Hugo Evangelista, e ia remetê-lo para este "link":

https://www.esquerda.net/author/hugo-evangelista

No entanto, uma pessoa comum, se souber o mínimo de Biologia, chegará facilmente à conclusão de que o mal-denominado "Touro bravo" não existe na Natureza.
De Maria de Fátima Marquez Varela a 31 de Janeiro de 2016 às 01:08
Sou filha de mãe galega e de pai português, já morto. Apesar das idades, o meu pai nasceu em 1935 e a minha mãe, ainda viva, nasceu em 1931, sempre abominaram as touradas. Os meus genes, portanto, são tortos..... abomino em duplicado as touradas. Concordo plenamente com tudo que expõe e chamo de cobardes a todos os toureiros. Sê quiser que tudo isto seja público, queira fazer o favor de mo transmitir que eu farei questão absoluta de fazer circular no facebook sem qualquer pudor. Eis uma das causas que gostaria de abraçar. Cumprimentos Maria de Fátima Marquez Varela
De Isabel A. Ferreira a 1 de Fevereiro de 2016 às 15:36
Não percebi muito bem o que quer que seja público, Maria de Fátima.

Público tudo isto já é.
Não falta informação sobre a iniquidade das touradas.

Quem ainda persiste nessa barbárie têm mentes enquistadas. Cérebros empedernidos. É gente que nasceu e cresceu nas trevas e ainda não evoluiu.


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