Num comentário (no Facebook) à minha publicação intitulada: «SIM OU NÃO? TAUROMAQUIA É TRADIÇÃO, ARTE E CULTURA?»
Por Ana Estrela
«Relativamente às touradas, nunca é uma questão de respeitarmos ou não quem gosta, é uma questão de respeitarmos a vida, neste caso, a não-humana.
O que está em causa é se o homem deveria ter o direito a torturar assim um ser vivo em nome da sua... diversão.
Quanto a mim, não o deveria ter, porque o animal tem valor por si só e não mediante a serventia que tem para o homem. Os touros existem porque fazem parte da natureza tal como todas as outras espécies e não para servir como objecto de tortura.
Qualquer ser vivo, não vegetal, que tenha a capacidade de sentir não pode ser espetado com ferros para entreter uma multidão, enquanto sangra. Os intervenientes humanos na tourada expõem-se ao perigo que constitui o touro e fazem-no por livre e espontânea vontade. O touro é colocado naquele contexto por vontade humana, sentindo medo, desorientação e dor.
Todo o homem que concorda com um acto de selvajaria como este é rude e desprovido de sensibilidade. Ao homem enquanto ser racional é exigível bem mais do que isso… A quem utiliza como argumento pró-tourada o facto de ser uma tradição com centenas de anos em Portugal, bem como o facto de ser o ganha pão de muitas famílias, eu digo que os anos de prática de uma determinada actividade bem como o facto de alguém fazer vida disso, não podem ser justificações para perpetuar algo que é degradante do ponto de vista moral… Assim sendo, a escravatura ainda deveria ser legal já que existiu durante tanto tempo, e porque os traficantes de escravos iriam ficar sem o seu ganha-pão.
A condição humana é naturalmente a de evolução, mudança, abolição de tudo o que está errado. E como não me engano, as touradas terão o seu fim, porque o homem acaba sempre por seguir o caminho certo, e isso sim, é só uma questão de tempo...»