elmanofilo, gosto de vaguear pelos seus blogs, porque os seus temas são interessantes.
Gosto de seguir o avesso das coisas, para poder reflectir, e, se puder, dar-lhe a volta, para que se ponham do lado certo.
Cada um tem a sua filosofia de vida.
Eu quando vejo alguém estatelado no chão, não lhe ponho o pé em cima, para que continue estatelado no chão. Estendo-lhe a mão para que se levante.
De pessimistas anda o mundo cheio.
O grupo "Vencidos da Vida" do qual fizeram parte, entre outros, Eça de Queiroz e Antero de Quental, era um grupo altamente pessimista, e o pessimismo destes homens ajudou Portugal a erguer-se do chão?
Não me parece.
Calcaram-no, e até hoje o País nunca se levantou.
O «Rio Portugal» vai poluído sim, mas eu recuso-me a poluí-lo ainda mais, com um pessimismo inútil, que em nada contribui para o despoluir.
Será um modo alienado de ver as coisas...
Será...
Permito-me discordar da forma como aborda esta problemática. Ser crítico é dizer bem e dizer mal. Ser pessimista é só saber dizer mal. Doentiamente.
Pessoalmente digo bem do que está bem (podem chamar-me adulador ou servil... não me importo) e digo mal do que me parece estar mal (chamem-me maledicente, ou bota-abaixo que também não me importo).
Eça de Queiroz e Antero de Quental não podem ser metidos na mesma baliza redutora do «pessimismo», como me pareceu vê-la fazer.
Eça ainda hoje continua a ajudar Portugal com a sua sátira, com a sua acerada ironia, a sua mordacidade aos costumes.
Antero foi diferente. Foi mais um ideólogo, um doutrinador, mais virado para um socialismo romântico com laivos clericais (os adversários chamavam-lhe o «Santo Antero»...); os seus sonetos refletem certa melancolia muito embora sempre impregnados de um desejo de mudança, de mentalidades, de regimes, de sensibilidades.
Eça não era um pessimista «tout court». Ele era um
bom manuseador da pena, que usava como um varapau quando era preciso, mas também com subtileza, com mestria, com romantismo.
O rio Portugal precisa tanto de ser despoluído que todos os utensílios fazem falta.
Os instalados domesticaram a cultura e só vemos o poder usando habilmente a trela publicitária, para ter na mão aqueles que baixam o cachaço, nunca beliscando os czares e os sobas que vão gerindo a coisa pública como se fora uma coutada pessoal.
Elmanofilo, tem o direito de discordar de mim. Eu também se tiver de discordar de si, discordo.
Eu referi-me ao grupo "Vencidos da Vida", do qual fizeram parte Eça e Antero, entre alguns outros.
Não metii ninguém na mesma baliza. Eça e Antero são inquestionavelmente dois Portugueses Grandes, na área literária.
O que eu quis dizer, muito simplesmente é que, desde há muito que o nosso país está afundado. Aparecem grupos pessimistas, críticos a dizerem mal, e apenas isso. Nada fazem para mudar as coisas.
Penso que Portugal não precisa que todos nós sejamos pessimistas. Tem de haver optimistas para poder equilibrar-se a balança.
Nunca Portugal se levantará do chão com o pessimismo que sempre o rodeou. O fatalismo, o tal fado, a tal sina traçada, na palma da mão.
É preciso mudar os discursos.
Dizer mal, por dizer, dos czares, dos sobas e de outros que tais, não leva a lugar algum.
É preciso mudar as mentalidades.
É preciso fazer-lhes ver que apesar de nos quererem pisar, nós não deixamos.
É preciso mais acções e menos palavras.
Na hora de votar é preciso dizer NÃO, e esse NÃO pode traduzir-se no voto em branco, em massa, por exemplo. Coisa que faço há muito tempo. Um protesto calado que, isolado, não tem qualquer força.
Mas pelo menos, não me sinto culpada. Não sou cúmplice desta mascarada que é a governação.
É preciso dizer-lhes (aos czares e aos sobas) que as águas dos rios correm para o mar, e as águas do mar revoltam-se e não há nada que eles possam fazer para as dominar.
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