Que justiça será esta? Por que leis se regerão os tribunais espanhóis?
Naturalmente por leis tão irracionais quanto as portuguesas, que não consideram os Touros e os Cavalos animais.
O toureiro José Antonio Canales Rivera foi condenado pelo Tribunal de Magistrados Número 1, de Puerto Real, em Cádis, a pagar uma multa de 600 euros, após admitir ter maltratado com crueldade um Cavalo.
O ponto de partida foi uma denúncia apresentada pelo Observatório de Justiça e Defesa Animal, no Instituto do Meio Ambiente de Cádis, em Espanha.
Esta é a primeira vez que um toureiro é condenado neste país por abuso animal.
O caso remonta ao passado mês de Fevereiro quando, num clube de equitação, na província de Cádis, um cavalo sofreu múltiplas lesões no seu focinho.
O animal apresentava ferimentos profundos, com sangramento e em forma de meia-lua, acima do seu nariz. De acordo com testemunhas presentes, as lesões foram causadas pela utilização de “serretas vivas” que são instrumentos cruéis de punição, fabricados com pontas de ferro colocadas directamente sobre a pele do focinho do Cavalo.
De acordo com especialistas, estes aparelhos oprimem violentamente o animal, de modo que ao menor movimento contrário à vontade deste, os dentes afiados das “serretas” são cravados no focinho do animal, numa área particularmente sensível, onde existem muitas terminações nervosas.
O Observatório de Justiça e Defesa Animal emitiu o seguinte comunicado:
«Como defensores legais dos direitos dos animais, lamentamos que ainda no século XXI, os animais não gozem do respeito e consideração que merecem como seres vivos que são, mas ao mesmo tempo, celebramos que a sociedade, no seu conjunto avance, estando cada vez mais sensibilizada para o abuso de animais, de modo que o sofrimento destes não lhe é indiferente, e torna-se cada vez mais normal que os próprios cidadãos chamem a atenção das autoridades e das organizações de defesa animal, como é o nosso caso, quando existem episódios de possíveis maus-tratos e dos quais foram testemunhas».
Fonte:
***
Contributo do Dr. Vasco Reis, médico veterinário português, para entendermos melhor o que aqui esteve em causa.
«O cavalo é um animal que procura evitar o perigo através da fuga. No entanto, este animal sociável, generoso, tornado submisso, é obrigado na lide a enfrentar o touro pelo respeito/receio que o cavaleiro lhe incute por meio da voz, por inclinações do corpo, por pressão das pernas e pela pressão e dor que instrumentos utilizados pelo cavaleiro lhe provocam (serreta, freio, bridão, barbela, rédeas, esporas).
O sofrimento psicológico e físico do cavalo está sempre presente na lide e incide principalmente no foro psíquico, na boca através de freio e bridão, na mandíbula pela barbela, no chanfro pela serreta e no ventre pelas esporas.
O grau de sofrimento depende da acção do cavaleiro ser mais ou menos violenta, provocando mais ou menos dor. A acção da serreta pode ser forte a ponto de ferir o chanfro e até partir os ossos nasais subjacentes ao chanfro. Há casos de cavalos que morrem durante a lide por síncope cardíaca provocada por esforço e por pânico.
A tourada significa enorme sofrimento para touros e cavalos.
No caso desta punição, tratou-se simplesmente de resultado de violência bem detectada ou de mais atenção prestada por quem denunciou, mas não se trata de um caso isolado.»