Sexta-feira, 21 de Dezembro de 2012

Na Póvoa de Varzim, o que há de comum entre o 14º Encontro pela Paz e o Clube de Tiro de S. Pedro de Rates?

 

Os Pombos, naturalmente…

 

 

Este pombo transporta a flor branca, que as pessoas são convidadas a deixar numa taça, e no Dia Mundial da Paz (1 de Janeiro) ir atirá-las ao mar, num gesto de (falso) “amor à Humanidade”, porque o amor à Humanidade, implica fazer dele um exemplo de VIDA…

 

 

 

Este é o pombo que, depois de estar preso numa gaiola, é libertado, e em pleno voo, de uma liberdade envenenada, será atingido por um tiro, e morrerá ou não, conforme a pontaria do matador… E se não tiver morte instantânea, ficará numa dolorosa agonia, até dar o último suspiro… E chamam a isto “grande competição”…

 

 

 

Estes são os que, hipocritamente, seguem o pacifismo de Mahatma Gandhi, aquele que disse:

 

 

Gandhi.png

  

Estas são as caras da chacina dos pombos, caras e nomes que ficarão para sempre ligados a uma prática tão sanguinária quanto primitiva.

 

E não me venham dizer para não “misturar as águas”, e que uma coisa nada tem a ver com a outra. Quem promove o Encontro pela Paz, promove a chacina dos Pombos. E é como diz Gandhi:

 

Gandhi.png

 

***

 

Posto isto vou transcrever a carta que dirigi aos autarcas poveiros, e que caiu em saco roto, pois rotos são os valores que eles defendem…

 

Póvoa de Varzim, 27 de Novembro de 2012

 

Exmo. Senhor Doutor Luís Diamantino,

Digníssimo Vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim

 

C/C Doutor José Macedo Vieira

Digníssimo Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim

 

Exmo. Senhor:

 

(…) Não posso compactuar com uma “cultura” que está em pleno pé de igualdade com a outra “cultura” e “arte” que a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim mete no mesmo saco: a tauromaquia (com vacadas, agora em Rates) e o tiro aos pombos, também em Rates. Actividades dignas apenas de trogloditas.

 

Como acreditar em quem quer “vender gato por lebre” a cidadãos que amam a CULTURA CULTA e repudiam a cultura inculta?

 

A Póvoa de Varzim é uma cidade tauromáquica. Em 2013 receberá o campeonato de tiro aos pombos, uma actividade que além de incluir uma infinita dose de covardia, tal como a outra, é de uma asquerosidade inenarrável. E ainda há o apoio ao Clube de Caçadores da Estela, com a sua horripilante “Batida à Raposa”, um acto de gente medieval. E a Caça Desportiva? E o campo de concentração dos cães, no Horto Municipal? E a permissão de circos, com animais aprisionados e maltratados, em território poveiro?

 

Que cultura da violência e crueldade é esta, numa mesma cidade, Doutor Luís Diamantino?

 

Como cidadã portuguesa, não posso deixar de manifestar o meu repúdio pela prática de actividades violentas, primitivas, cruéis e ofensivas para com os Animais e a Natureza, e a sensibilidade de quem é verdadeiramente Culto, num município (…) que se diz da “cultura” e do lazer e onde até é “bom viver”. Que legitimidade tem este slogan?

 

As touradas, as vacadas, o tiro aos pombos e todas as formas de violência contra animais não humanos são rituais sanguinários e primitivos, os quais, infelizmente, permanecem até aos dias de hoje, no nosso país terceiromundista, mas que estão completamente ultrapassados e que não se justificam nos tempos em que já se colocou os pés na Lua.

 

Sabe disso, não sabe, Doutor Luís Diamantino?

 

E a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim até pode dizer que tudo isso é permitido por lei. Será? Mas também sabemos que os municípios FOGEM à aplicação das leis quando INTERESSES MAIS ALTOS SE LEVANTAM. E aí já podem “fugir” à lei.

 

E a mim, Doutor Luís Diamantino, não adianta dizer que não é bem assim, porque particularmente eu SEI (…), mas o povo português também sabe das falcatruas que determinados autarcas fazem para “dar a volta às leis” e prevaricarem em benefício próprio, inclusive com o aval de autoridades também corruptas.

 

E no caso dos maus-tratos a animais nem seria preciso fazer falcatruas, bastava apelar para a DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DOS ANIMAIS (que Portugal assinou para “inglês ver”) ou apelar para a CONSCIÊNCIA HUMANA dos autarcas poveiros. Ou outras vias mais terra-a-terra, como fazem noutras circunstâncias.

 

Além disso, existe algo que uma pessoa DIGNA não faz: «quando alguém compreende que é contrário à sua dignidade de HOMEM obedecer a leis injustas, nenhuma tirania pode escravizá-lo», quem o disse foi um HOMEM INTEIRO – Gandhi.

 

É o que eu sigo. Correndo riscos e arcando com as consequências, é o que eu sigo.

 

Estas práticas são de uma violência extrema e de uma enorme falta de respeito para com os animais não humanos, provocando-lhes um sofrimento indizível e inútil, tanto físico como psicológico, apenas para que uns poucos encham os bolsos e os sádicos aplaudam e dêem aso às suas fantasias obscuras.

 

Admira-me o Doutor Macedo Vieira, como médico, não saiba nada de Ciências Biológicas, de Ética e de Mamíferos Superiores. E do sofrimento REAL de que eles padecem ao serem torturados. Tanto quanto um ser humano. E ele tinha OBRIGAÇÃO de saber disso.

 

E diz-se o Doutor José Macedo Vieira um “humanista”!!!

 

Se ele não sabe, e “estudou” Medicina, como poderão saber os ignorantes aficionados e matadores de pombos, que não estudaram nada de nada?

 

E o Doutor Luís Diamantino, que frequentou uma Universidade, que é professor? Que valores humanos tem para ensinar aos seus alunos, aos seus filhos, se é conivente com esta barbárie?

 

A tauromaquia e o tiro aos pombos são actividades bárbaras, que em nada beneficiam os animais humanos e não humanos, que nelas são intervenientes, e que envergonham Portugal, no que se refere à maneira como os animais são tratados, e são absolutamente indignas do Ser Humano.

 

Num país que se quer civilizado e desenvolvido não se admite que animais sejam perseguidos, torturados e mutilados em nome do entretenimento e de uma cultura inculta.

 

E mais: «Como corolário de uma tradição religiosa que superlativou o homem como ser imortal, destinado à salvação e à ressurreição, distinguindo-o de todas as outras criaturas terrenas, a nossa civilização (?) despreza os animais e trata-os com uma crueldade inenarrável em nome da ECONOMIA, da CIÊNCIA e do ESPECTÁCULO», in «Da Imortalidade dos Animais», de Eugen Drewrmann (autor da obra «Funcionários de Deus»), cuja leitura recomendo veementemente.

 

Não pode considerar-se entretenimento e aplaudir-se algo que é extremamente cruel e sanguinário. Isto pertence ao foro das aberrações.

 

A esmagadora maioria da sociedade portuguesa, incluindo a poveira, afirma-se hoje contra esta obscena cultura de violência que as actividades lúdicas que envolvem brutalidade e crueldade contra seres vivos representam.

 

Nós queremos que a Póvoa de Varzim seja uma cidade realmente evoluída e progressista, onde os animais não humanos sejam bem tratados, protegidos e respeitados.

 

Só assim o «Correntes d’Escritas” e o Festival Internacional de Música e o Encontro pela Paz farão sentido nesta cidade. Em 2013, estes três eventos culturais não bastarão para disfarçar os PODRES da autarquia poveira. Algo terá de mudar.

 

 (…)

 

Por isso venho apelar ao raciocínio humano, à lucidez, ao bom senso e à sensibilidade do Doutor Luís Diamantino, para esta questão, fazendo lembrar que estas são práticas indignas de seres que se dizem racionais.

 

É que os divertimentos onde são utilizados animais não são nada racionais. Pelo contrário, só demonstram a irracionalidade de quem os permite, apesar de existirem leis (parvas).

 

Peço, pois, a V. Exa. que, tendo em conta o acima exposto, se digne proceder a diligências no sentido de abolir na Póvoa de Varzim estas práticas primitivas, proclamando a Póvoa de Varzim Cidade Anti-Taurina, e anulando o campeonato de tiro aos pombos, e as restantes actividades, onde animais não humanos são torturados barbaramente.

 

Quando fui à inauguração daquele fatídico campo de tiro, em Rates, o Doutor Manuel Vaz (então Presidente da Câmara Municipal da PV) assegurou-nos de que ele seria apenas para tiro aos pratos. E nesse tempo eram os pratos que na realidade levavam os tiros.

 

E o que faz o Doutor José Macedo Vieira? Coloca nos pratos os inocentes pombos, mortos a tiro, desalmadamente (alguns ficando vivos, em agonia lenta), e deixa os pratos intactos.

 

Aproxima-se o “Correntes d’Escritas”. Muitos escritores não sabem que estão a participar numa farsa. A Cultura Culta não pode correr a par da cultura inculta que a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, também promove.

 

Esperamos que por ocasião do “Correntes” estas barbaridades já tenham sido banidas da Póvoa. Seria uma boa notícia para transmitir aos escritores, e a Póvoa e os seus actuais autarcas (que estão na lista dos proscritos) poderão elevar-se e dar um exemplo da Dignidade e da Humanidade que esperamos de quem tem a função de promover uma Cultura condizente com a evolução dos tempos e das mentalidades.

 

E acabariam o vosso mandato em grande.

 

E poderiam transformar a MONUMENTAL NÓDOA NEGRA DA PÓVOA DE VARZIM (vulgo, praça de touros), num belo anfiteatro coberto (aliás já houve um projecto nesse sentido), que pudesse receber o «Correntes d’Escritas» (que já não cabe no Auditório), e os concertos do Festival Internacional de Música, e o Encontro pela Paz…

 

Agradecendo antecipadamente a atenção de V. Ex.ª e, DESTA VEZ, ficando na expectativa de uma resposta a este apelo que espero seja positiva, para bem da cidade da Póvoa de Varzim, da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, dos seus governantes e dos poveiros, despeço-me com os meus melhores cumprimentos,

 

 

 

O que os autarcas poveiros estão a fazer é um insulto à população. Esperamos que esta saiba retribuir, não votando neles nas próximas eleições.

 

 Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:09

link do post | Comentar | Adicionar aos favoritos
Comentários:
De Isabel A. Ferreira a 12 de Junho de 2013 às 09:26
Pedro Freitas, as petições não valem nada.

Quanto à divulgação do massacre de pombos na Póvoa de Varzim, fiz a minha parte e o que pude para demover aqueles energúmenos.

Tenho várias publicações neste Blog e escrevi várias cartas que enviei aos autarcas poveiros.

Mas tínhamos de SER MUITOS. E somos tão poucos.

A única maneira de acabar com a carnificina na Póvoa de Varzim é NÃO VOTAR PSD.

A Póvoa cheira ao mofo de um passado longínquo. E o candidato à continuidade desse cheiro a mofo está PODRE.

O que querem os poveiros?
De Pedro Freitas a 12 de Junho de 2013 às 13:43
temos que partir para as redes socias, nomeadamente na pagina do evento em questão e demonstrar a indignação.
se quiser eu envio o link
De Isabel A. Ferreira a 12 de Junho de 2013 às 14:02
Então envie o link Pedro.

Vamos fazer um pouco mais dee barulho em torno disto.

Obrigada.

Comentar post

Mais sobre mim

Pesquisar neste blog

 

Dezembro 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

Posts recentes

A intuição de Mário Soar...

Carta Aberta, ao Primeiro...

«Se Deus tivesse falado…»

Pobreza em Portugal: «Tod...

Alguém na China, veio esp...

Comunicado do MCATA: Bala...

«Bicadas do Meu Aparo»: “...

«Donald Trump prova ao mu...

«Bicadas do meu aparo»: “...

Iniciativa Legislativa Ci...

Arquivos

Dezembro 2024

Novembro 2024

Outubro 2024

Setembro 2024

Agosto 2024

Junho 2024

Maio 2024

Abril 2024

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Agosto 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Agosto 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Direitos

© Todos os direitos reservados Os textos publicados neste blogue têm © A autora agradece a todos os que os divulgarem que indiquem, por favor, a fonte e os links dos mesmos. Obrigada.
RSS

AO90

Em defesa da Língua Portuguesa, a autora deste Blogue não adopta o Acordo Ortográfico de 1990, nem publica textos acordizados, devido a este ser ilegal e inconstitucional, linguisticamente inconsistente, estruturalmente incongruente, para além de, comprovadamente, ser causa de uma crescente e perniciosa iliteracia em publicações oficiais e privadas, nas escolas, nos órgãos de comunicação social, na população em geral, e por estar a criar uma geração de analfabetos escolarizados e funcionais. Caso os textos a publicar estejam escritos em Português híbrido, «O Lugar da Língua Portuguesa» acciona a correcção automática.

Comentários

Este Blogue aceita comentários de todas as pessoas, e os comentários serão publicados desde que seja claro que a pessoa que comentou interpretou correctamente o conteúdo da publicação. 1) Identifique-se com o seu verdadeiro nome. 2) Seja respeitoso e cordial, ainda que crítico. Argumente e pense com profundidade e seriedade e não como quem "manda bocas". 3) São bem-vindas objecções, correcções factuais, contra-exemplos e discordâncias. Serão eliminados os comentários que contenham linguagem ordinária e insultos, ou de conteúdo racista e xenófobo. Em resumo: comente com educação, atendendo ao conteúdo da publicação, para que o seu comentário seja mantido.

Contacto

isabelferreira@net.sapo.pt