Entre os sobreviventes que encontrámos no que restou de uma pequena aldeia, havia um homem grande, de olhos grandes, negros e cativantes, com um sorriso igualmente grande, apesar de tudo, onde sobressaíam uns dentes extraordinariamente brancos.
Estavam concentrados à beira de um rio, para onde nos dirigimos, com a intenção de nos refrescarmos, depois de termos visitado alguns dos inúmeros campos de refugiados que começaram a substituir as povoações, em determinadas províncias, tal era o estado miserabilista em que se encontrava aquela parte do mundo. Então, o homem grande, de sorriso grande, interpelado por Oskar, relatou que estavam ali, porque estavam.
Para onde iriam?... Os lugares, naquela parte do país, eram todos iguais: arrasados e sujos, cheios de mortos por enterrar e de moscas prontas a sugarem o pouco sangue que lhes corria nas veias.
Felizes eram os abutres que tinham o que comer, com fartura. Mas eles, homens, não se atreviam a comer os restos putrefactos dos seus parentes.
in «A Hora do Lobo» © Josefina Maller
Foto: Internet
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Um inferno chamado GAZA
Na expressão deste menino palestiniano podemos ver o reflexo da crueldade dos que, em nome do ódio, destroem a infância e a vida de milhares/milhões de crianças, sem que elas tivessem alguma vez contribuído para a insanidade das guerras.
Tudo isto é muito triste.
Esta é uma história triste que dura há séculos.
E durará outros tantos séculos, porque os oponentes são feitos da mesma matéria. Infelizmente, os séculos passaram e continuam a passar e as mentalidades nada mudaram. É preciso ir ao fundo da História para tentar chegar ao âmago deste conflito, e nenhuma das partes é isenta de grandes culpas.
Porém, quem paga a factura desta insanidade milenar são as crianças.
Porquê? Que mal fizeram elas aos insanos senhores das guerras?
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Josefina Maller