Quinta-feira, 19 de Setembro de 2019

Na celebração do 80º aniversário de Jorge Sampaio, esqueceram-se de referir o facto que perpetuará o seu nome: os Touros de morte em Barrancos

 

Depois de muitos anos fora da lei, Barrancos conquistou em 2002 um regime de excepção que legalizou a “tradição” local de Touros de morte, graças à falta de bom senso do socialista Jorge Sampaio.

 

Na reportagem comemorativa do 80º aniversário deste ex-presidente da República Portuguesa, transmitida, ontem, pela TVI, esta puxou pelos galões de Jorge Sampaio, esquecendo-se do mais relevante, daquilo que marcou a sua presidência: o facto de ele não ter defendido a civilização. A História sempre foi implacável, para os que não pugnaram pela evolução. 

 

E a pergunta é esta:

 

O que levará um cidadão, que nasceu em berço de ouro, estudou em Inglaterra, e exerceu o mais alto cargo da Nação, a defender a barbárie, para a encaixar numa lei e a harmonizar com a tradição de matar Touros em público, banalizando a morte, ainda que de um animal não-humano, como se a morte alguma vez pudesse considerar-se um espectáculo de gente humana e civilizada?

 

Mas recordemos as crónicas da época (2002).

 

SAMPAIO BARRANCOS.png

A deplorável cena, que se vê na imagem, em Barrancos, leva-nos a um nome: JORGE SAMPAIO, que não soube defender a Civilização. Em nome da “tradição” a estupidez mantém-se numa terra que vive mergulhada num medievalismo tremebundo… Repare-se na expressão do desventurado Touro… entre os aplausos de alienados mentais… E o pior, é o horrendo EXEMPLO para as crianças.

 

A questão dos touros de morte foi levantada aquando da visita a Barrancos do Presidente da República, no âmbito da Presidência Aberta pelo Alentejo. Na altura, Jorge Sampaio defendeu a harmonização da lei com a tradição, o que levou, dias depois, o CDS-PP a relançar o seu projecto, tentando que houvesse consenso com todos os grupos parlamentares.

 

(Pois esperemos que o povo português, avesso a divertimentos cruéis, sangrentos e violentos, saiba em quem não votar).

 

Segundo Nelson Berjano (autarca barranquenho) as declarações de Jorge Sampaio, durante uma visita à vila, «foram um passo crucial para que tudo se resolvesse».

 

Na Praça da Liberdade de Barrancos, onde anualmente, é construída a praça de touros improvisada para as festas, Jorge Sampaio defendeu uma solução jurídica capaz de conciliar a lei com a tradição da morte de touros na arena nas festas do concelho.

 

(Como se alguma vez Liberdade pudesse rimar com barbárie)!

 

«O Presidente é a favor da legalidade, mas, acreditando na autoridade democrática, recomenda que tentemos preservar as tradições e perceber os povos mais distantes. Há tradições que seria conveniente enquadrar legalmente de outra maneira», declarou, então Jorge Sampaio.

 

Pare se perceber os povos mais distantes, jamais houve necessidade de preservar as suas tradições bárbaras que, em nome da evolução e da civilização foram sendo deixadas para trás, Sr. Presidente Jorge Sampaio.

 

Por conseguinte, as declarações de Jorge Sampaio levaram os grupos parlamentares do CDS-PP, PSD e PCP a apresentarem um projecto conjunto que criou um regime de excepção para “espectáculos” com Touros de morte em Barrancos, aprovado, em 17 de Julho de 2002, no Parlamento, com 116 votos a favor, 92 contra e nove abstenções, sendo que os deputados do Bloco de Esquerda, do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV), dois parlamentares do CDS-PP, oito do PSD e a grande maioria da bancada socialista — a única onde foi decretada disciplina de voto com excepção para cinco deputados — votaram contra o diploma que pôs fim à celeuma que se arrastava há três anos, sem que as autoridades nada fizessem para o evitar, fechando os olhos, como o fazem em Monsaraz.

 

E Nelson Berjano, ufanado, declarou: «Duvido que a questão se tivesse resolvido tão rapidamente se Jorge Sampaio não tivesse dito o que disse», recordando que a lei com o regime de excepção para Barrancos foi publicada em Julho de 2002, e as touradas com Touros de morte das festas em honra da Santa, em Agosto daquele mesmo ano já decorreram legalmente.

 

***

 

2019 – Reportagem da TVI apresenta toda a brutalidade que se vive em Barrancos, numa reportagem que me cauisou asco e  revolveu as entranhas.

 

Este ano, a TVI tornou a transmitir uma reportagem, no Jornal da Noite, no dia fatídico para os Touros, em que apresentou a brutalidade nua e crua dos Touros de morte em Barrancos, como se estivessem a falar de ópera... Mas o som foram ps berros de dor dos desventurados Touros que caíram em mãos assassinas.

 

Custou-me a acreditar no que vi e ouvi.

 

A TVI mostrou em toda a sua crueza moral, cultural e social uma das mais repugnantes e estúpidas práticas que mancham a sociedade portuguesa,a gora com o aval do presidente Jorge Sampaio.

 

E como foi aterrador ver e ouvir aquela gente rude, inculta, encruada, primitiva, incluindo crianças, a quem impingem esta barbárie como algo normal, naquele lugar que em nada difere de um adro medieval, onde os brutos se divertiam e em pleno século XXI D. C. continuam a divertir-se boçalmente!

 

Anda-se a vender por aí um Portugal para inglês ver, esquecendo-se o outro lado, o lado negro, hediondo e feroz de um Portugal selvático, viabilizado por governantes a quem falta o bom senso, a empatia, o sentido de Estado, a visão de um futuro evoluído para oferecer aos adultos  ainda a ser.

 

Aquelas imagens que a TVI teve a indignidade de transmitir, mostraram ao país o profundo atraso civilizacional, moral e cultural em que o governo português teima em manter uma população que acredita piamente que aquela selvajaria (agora avalizada por Jorge Sampaio) é uma “tradição” digna de ser preservada. Dão sangue ao povo, para o manter apaziguado, como nos tempos do Circo Romano. Ouvi crianças a louvar as touradas, imagens que me chocaram profundamente, porque aquelas crianças estão condenadas a ser imbecis o resto da vida, se ninguém fizer nada por elas, urgentemente.

 

Ainda ontem ouvi um elemento do CDS/PP a falar que se deve ter em conta o superior interesse das crianças, a propósito da polémica questão das barrigas de aluguer. Mas não os ouço falar no superior interesse das crianças que são lançadas a esta selvajaria medievalesca, cruel e violenta. Uns serão filhos e outros enteados?

 

Ainda se a TVI aproveitasse a reportagem para condenar a brutalidade, a crueldade, a violência e o crime de lesa-infância que ali está a ser cometido!!!!

 

Mas não! Ao que se viu, a TVI transmitiu “aquilo” com o mesmo fervor com que transmitiu as cerimónias da ida do Papa Francisco a Fátima.

 

Como é possível que uma estação de televisão desça a um nível tão baixo? Ir a Barrancos exaltar o inexaltável. Fazer a apologia da selvajaria tauromáquica numa época em que “isto” está a ser repudiado por todo o mundo civilizado.

 

E tudo em nome de uma “tradição” defendida por Jorge Sampaio, quando apenas as tradições que dignificam as acções do Homem devem ser perpetuadas!

 

Surpreende-me que Barrancos ainda não tivesse erigido uma estátua ao homem que devolveu a esta localidade medieval, o sonho de assistir ao vivo os estertores da morte de um ser vivo.

O que eu gostaria de entender, é como o cidadão Jorge Sampaio, Presidente da República Portuguesa e com um reconhecido currículo, pôde descer tão baixo ao defender uma prática bárbara, a que chamou indevidamente "tradição", como TORTURAR e MATAR seres vivos sencientes em plena praça pública, para divertir um povo embrutecido!



Como é isto possível? Preciso de um argumento RACIONAL, para entender Jorge Sampaio.

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:47

link do post | Comentar | Adicionar aos favoritos

Mais sobre mim

Pesquisar neste blog

 

Março 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
14
15
16
17
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

Posts recentes

«Não há a mínima TOLERÂNC...

São José festejado em San...

Brasileira diz que são os...

Legislativas 2024: nenhum...

Parabéns, Colômbia sem to...

Os milhares de pessoas pr...

Dois anos de guerra na Uc...

«Bicadas do Meu Aparo: “P...

Na passagem do 97º aniver...

Aleixei Navalny, um símb...

Arquivos

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Agosto 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Agosto 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Direitos

© Todos os direitos reservados Os textos publicados neste blogue têm © A autora agradece a todos os que os divulgarem que indiquem, por favor, a fonte e os links dos mesmos. Obrigada.
RSS

AO90

Em defesa da Língua Portuguesa, a autora deste Blogue não adopta o Acordo Ortográfico de 1990, nem publica textos acordizados, devido a este ser ilegal e inconstitucional, linguisticamente inconsistente, estruturalmente incongruente, para além de, comprovadamente, ser causa de uma crescente e perniciosa iliteracia em publicações oficiais e privadas, nas escolas, nos órgãos de comunicação social, na população em geral, e por estar a criar uma geração de analfabetos escolarizados e funcionais. Caso os textos a publicar estejam escritos em Português híbrido, «O Lugar da Língua Portuguesa» acciona a correcção automática.

Comentários

Este Blogue aceita comentários de todas as pessoas, e os comentários serão publicados desde que seja claro que a pessoa que comentou interpretou correctamente o conteúdo da publicação. 1) Identifique-se com o seu verdadeiro nome. 2) Seja respeitoso e cordial, ainda que crítico. Argumente e pense com profundidade e seriedade e não como quem "manda bocas". 3) São bem-vindas objecções, correcções factuais, contra-exemplos e discordâncias. Serão eliminados os comentários que contenham linguagem ordinária e insultos, ou de conteúdo racista e xenófobo. Em resumo: comente com educação, atendendo ao conteúdo da publicação, para que o seu comentário seja mantido.

Contacto

isabelferreira@net.sapo.pt