Uma análise inteligente, lúcida e baseada no saber da ciência.
Quem se atreverá a contestá-la?
Texto do Dr. Vasco Reis (Médico-Veterinário)
«Ponto de vista vital»
Interessa tentar compreender a vida e a diversidade dos seus seres e as suas características vitais. Importa que os seres vivos não sejam tratados como coisas inertes, quando na realidade não o são.
Um observador razoável pode interpretar as experiências que vai somando no dia-a-dia ao viver em contacto com os seres vegetais e animais (humanos e não-humanos).
Assim vai poder chegar a convicções, género senso comum, ainda antes de a ciência ter confirmado os fenómenos. No entanto, a investigação e a confirmação científicas dão maior certeza e força ao que empírica e filosoficamente se admitiu.
Comecei por me interrogar e cogitar:
Porque fogem as baratas, quando se abre a porta de um armário onde estavam escondidas tranquilamente?
Porque fogem moscas e mosquitos quando tentamos apanhá-los, para que não nos incomodem?
Porque se escondem os caracóis nas casas, porque se fecham os mexilhões nas conchas, quando se sentem ameaçados?
Porque fogem ou reagem os animais, desde os considerados mais simples até aos considerados mais complicados/evoluídos, incluindo os humanos?
Respondendo empiricamente/logicamente: porque experimentam emoções (susto, desconfiança, medo) e quando atingidos, sentem dor, que é a melhor e a imprescindível educadora para adquirirem a sensação e a certeza dos perigos à sua volta.
Sem capacidade de sentir desconfiança, susto, medo e DOR, estariam os animais condenados a serem agredidos sem reacção de defesa/fuga e, portanto, condenados à não sobrevivência.
Deve existir uma parte da reacção que resulta das ordens saídas dos genes (vagamente apelidada de instinto) e outra causada pela experiência de sofrimento/dor que acontece ao longo da vida.
A dor e o medo de sentir dor são os melhores aliados para a defesa da integridade física e da vida de todas as espécies animais.
Sistema receptor, transmissor, interpretador de estímulos e emissor de respostas é o sistema nervoso, desde sistemas considerados rudimentares, até sistemas considerados evoluídos.
É absolutamente errada a invenção de que nas touradas os touros possuem mecanismos que os impedem de sentir dor, ou que lhes diminuem muito a dor!
Plantas não têm sistema nervoso, não têm meios de locomoção, não têm capacidade de fugir da agressão. Líquido que pode escorrer da superfície de cortes (que alguém compara a lágrimas) não passa de seiva (transportadora de substâncias nutritivas numa função comparável à da linfa em animais).
Logicamente, se a natureza não forneceu as plantas com sistemas que lhes permitisse fugir da agressão/perigo, ela não deu às plantas a capacidade de sofrer física e mentalmente. Elas não são dotadas de sistema nervoso, nem de algo funcionalmente comparável.
“A natureza não é sádica, nem desperdiçada”.
Desafio e agradeço a quem pense de outra maneira, a apresentar uma explicação alternativa.
Vasco Reis (8.5.2013)
Na passada semana, tive de me deslocar a Castilla y León (Espanha) a trabalho, e de passagem por Tordesilhas, resolvi visitar a localidade, para confirmar (ou não) a ideia horrorosa que eu tinha daquele lugar, onde Touros são (eram) torturados barbaramente.
A realidade ultrapassou as minhas mais péssimas expectativas.
Ao percorrer aquelas ruas por onde os desventurados Touros são (eram) massacrados, fui ter a uma praça antiga e logo deparei com o cartaz que se vê na imagem, que me impressionou pela negativa, porque o direito dos trogloditas acaba quando começa o direito dos outros seres.
Tordesilhas, aliás, como todas as localidades em que estas práticas primitivas se mantêm, é uma terra suja, com um património antigo (talvez do tempo do Tratado de Tordesilhas, ali assinado, e que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha) completamente ao abandono, e em nada do que vi havia beleza.
Qual não foi o meu espanto, quando, chegada a Portugal, no meu e-mail tenho uma mensagem da AnimaNaturalis, uma organização internacional de Direitos dos Animais sem fins lucrativos, cuja missão é estabelecer, promover e proteger os direitos de todos os animais na Espanha e na América Latina, e com a qual colaboro, a dar-me a boa notícia de que o Supremo Tribunal rejeitou o último recurso do Município de Tordesilhas para que se continuasse a torturar os Touros.
«Adeus ao Toro de la Vega».
O acórdão do Supremo Tribunal de Justiça confirmou a legalidade do decreto da Junta de Castilla y León que, em 2016, proibiu a tortura e morte de Touros, em público, com lanças. Algo extremamente cruel e bárbaro.
Acabaram-se todos os recursos, para que esta barbaridade possa regressar às ruas de Tordesilhas.
Acabou-se o Toro de la Vega. Pode ser que agora Tordesilhas possa civilizar-se e tornar-se num belo minicípio.
Acabou-se a monstruosidade e a estupidez que se vê neste vídeo:
Fonte:
Isabel A. Ferreira
No passado dia 20 de Março, depois da Audiência Geral no Vaticano, o Papa Francisco abençoou o torturador e matador de Touros espanhol Juan José Padilla e a sua família. Uma criatura que, embora seja criação de Deus, tortura Touros, criaturas também de Deus.
Padilla encarregou-se de contar ao Papa sobre a sua “profissão”. E o que fez o Papa? Sorriu e apertou-lhe a mão, bem apertada. E o que deveria ter feito o Papa? Não deveria tê-lo levado para um sítio reservado, e dizer-lhe que os Touros também são criaturas de Deus, e torturá-los e matá-los, por divertimento, não faz parte das práticas católicas apostólicas romanas, condenáveis aos olhos de Deus?
Eu fiquei perplexa, porque este gesto não combina nada com o que ele disse na sua carta encíclica. E das duas uma: ou o Papa desconhece o que faz um matador de Touros ou é hipócrita. Não nos esqueçamos que até Jesus Cristo correu à chicotada os vendilhões do Templo, porque há coisas que não podem ser toleradas.
Diante de Juan José Padilla, torturador e matador de Touros, o Papa Francisco deveria ter condenado a prática selvática da tauromaquia, que tortura e mata cruelmente os Touros, seres vivos, criaturas mansas, pacíficas, criaturas também de Deus, e máta-os em nome de nada que seja de Deus. O Papa Francisco deveria ter dado a bênção a esta criatura do mal, que também é criatura de Deus, mas na qual não germinou a semente de Deus, mediante a promessa de este nunca mais voltar a torturar e a matar Touros como divertimento de sádicos.
Diz a notícia que, neste encontro, o Papa abençoou uma foto da família e uma medalha, e o torturador e matador de Touros agradeceu a Deus a protecção na sua vida profissional. E o Papa Francisco não lhe disse que torturar e matar Touros para divertimento não é uma profissão, mas uma prática diabólica, e que Deus não gostará que torturem e matem as suas criaturas mais indefesas, ou seja, os animais não-humanos, que estão à mercê da crueldade da criatura desumana.
Petição ao Papa Francisco, para que honre o nome de São Francisco de Assis e condene a tauromaquia:
À conta deste insulto aos católicos, aos cristãos, a São Francisco de Assis e ao próprio Deus, já corre por aí esta petição, que aconselho, a todos os que abominam os maus-tratos aos animais, a assinarem:
O texto da petição diz o seguinte:
Em 20 de Março de 2019, depois da sua audiência geral, o Papa Francisco teve a atenção especial de abordar o toureiro Juan José Padilla para o cumprimentar, o qual lhe contou sobre a sua profissão. Apesar disso, o Papa Francisco não se pronunciou sobre o facto de que a profissão de Padilla é torturar animais até à morte e pôr a sua vida em risco por dinheiro.
A sensibilidade da sociedade em relação à violência contra os animais está a aumentar, depois de a ciência ter demonstrado que os animais sentem dor e sofrimento. As touradas são violentas, porque nelas todos os tipos de agressões são exercidas sobre um animal inocente até o matar, afogado no seu próprio sangue, cravando-lhe uma espada (estoque) no tórax. De toda a violência contra os animais, aquela que é exercida como meio de entretenimento, cercada de risos e aplausos, é a mais deplorável.
São Francisco de Assis, de quem o actual Papa tomou o nome, ficaria horrorizado com a crueldade gratuita das touradas.
Por outro lado, o Papa São Pio V emitiu em Novembro de 1567 uma Bula chamada De Salute Gregis Dominici que proibia as touradas sob pena de excomunhão. Embora tenha havido modificações subsequentes, a Bula permanece válida e ainda está vigente e aplicável aos crentes católicos.
Por meio desta petição exigimos que o Papa Francisco honre o nome que adoptou e a memória de São Francisco de Assis, assim como a mencionada Bula, com a condenação incondicional das touradas e de qualquer outra prática em que animais sejam maltratados, torturados e executados.
***
O mais estranho é que o Papa Francisco, que adoptou o nome de São Francisco de Assis, o Santo Padroeiro dos Animais, disse-se contra os maus-tratos animais, na sua carta encíclica - Carta Encíclica Laudato Si´ (um dos documentos mais importantes da Igreja), e fez um apelo extraordinário a cada um de nós, católicos e não-católicos.
Neste documento o Papa começa por dizer que «a indiferença ou a crueldade com as outras criaturas deste mundo sempre acabam de alguma forma por repercutir-se no tratamento que reservamos aos outros seres humanos. O coração é um só, e a própria miséria que leva a maltratar um animal não tarda a manifestar-se na relação com as outras pessoas».
(…) «É contrário à dignidade humana fazer sofrer inutilmente os animais e dispor indiscriminadamente das suas vidas».
E termina a apelar a «todos os cristãos a explicitar esta dimensão da sua conversão, permitindo que a força e a luz da graça recebida se estendam também à relação com as outras criaturas e com o mundo que os rodeia».
É, pois, de estranhar esta atitude do Papa Francisco, ao abençoar um torturador e matador de Touros, sem lhe ter chamado a atenção para a crueldade daquilo que ele faz na vida, que não é uma actividade digna de um ser humano, e muito menos uma profissão.
Juan Padilla saiu do Vaticano crente, crente que o que faz é abençoado por DEUS.
O que ele não sabe é que o Papa não é Deus, e se representa Deus na Terra, ao abençoar um torturador das suas Criaturas mais indefesas, cometeu um grave erro, e ofendeu os católicos e o próprio Deus.
E eu, que no dia do Conclave, poucos minutos antes de aparecer o fumo branco, vaticinei o nome que o próximo Papa haveria de tomar (disse alto para os que comigo seguiam o Conclave: «Gostava que o próximo Papa se chamasse Francisco, como São Francisco de Assis, porque ainda não há um Papa Francisco», e quando, naquela noite, ouvi o nome do novo Papa, fiquei paralisada (porque o meu vaticínio cumpriu-se) e ao mesmo tempo feliz. EU, que até tinha muita admiração por este Papa, pela coragem que tem tido de “desenterrar mortos”, fiquei estupefacta e decepcionada com esta sua estranha atitude, de abençoar alguém que ganha a vida com uma prática cruel e sanguinária.
Não digo que não abençoasse o Padilla, afinal é um pobre pecador, que há-de prestar contas a Deus, de toda a crueldade que já praticou na vida. Mas essa bênção deveria vir acompanhada do arrependimento dele, e da sua promessa de nunca mais torturar e matar uma criatura de Deus, para divertir gente sádica.
E isso não aconteceu.
Isabel A. Ferreira
Link para a Carta Encíclica Laudate Si’
«This is how the human beings treat the most helpless and innocent beings of this planet. »
“Seres humanos”?
Não os considero da espécie HOMO. São uns MONSTROS de outra espécie qualquer, abaixo de todas as espécies. Estão no patamar mais baixo do Reino Animal.
Fonte da imagem:
https://www.facebook.com/2138905762994211/photos/a.2140326252852162/2361328080751977/?type=3&theater
Numa iniciativa do Grupo Municipal do PAN, teve lugar ontem, na Assembleia Municipal do PAN, a segunda e última sessão do debate “Lisboa e os Animais: os desafios da sociedade actual”., tendo sido a primeira vez que a Assembleia Municipal acolheu um debate sobre esta matéria.
Na sua intervenção, a deputada municipal Inês de Sousa Real afirmou que «finalmente falou-se sobre este tema com a seriedade e profundidade que ele merece. Lisboa já deu importantes passos neste contexto, como a proibição de circos com animais, mas os desafios são ainda muitos. É preciso passar do papel para a acção. Não adianta aprovarmos medidas de protecção animal quando na prática as coisas não acontecem».
É o caso do Hospital Veterinário Solidário, uma medida do PAN que foi aprovada há mais de um ano, mas ainda sem previsão para ser criado. Esta seria uma das respostas sociais para pessoas em situação de maior vulnerabilidade, como pessoas idosas, pessoas em contexto de violência doméstica ou pessoas em situação de sem-abrigo. Relativamente a esta última população, a Crescer – Associação de Intervenção Comunitária afirmou neste debate que é urgente encontrar soluções para alojar pessoas em situação de sem-abrigo que tenham animais de companhia, algo para o qual o PAN já tinha alertado.
O PAN clarificou ainda neste debate que quando falamos de bem-estar animal não falamos apenas de animais de companhia. «Não podemos dizer que Lisboa corrigiu um atraso civilizacional com o fim do abate no canil municipal, como referiu o PS, enquanto continuamos a praticar corridas de touros no Campo Pequeno, a abater pombos ou a deixar ao abandono animais como cavalos ou ovelhas”, referiu Inês de Sousa Real.
O Grupo Municipal do PAN reiterou ainda neste debate algumas daquelas que continuam a ser as suas principais preocupações nesta matéria, nomeadamente a urgência de um plano estratégico municipal que permita dar resposta às situações diárias que colocam em risco a vida de animais e também de pessoas, a criação de um regulamento do bem-estar animal, a sensibilização para o não-abandono e para a adopção responsável, o apoio às associações zoófilas de Lisboa, a importância de agilizar os procedimentos em caso de maus-tratos ou abandono de animais e de dar resposta aos pedidos de recolha de animais da via pública e às denúncias feitas por munícipes.
Este debate decorreu em duas sessões, nas quais participaram várias associações de protecção animal e de cariz humanitário que actuam na cidade, como a Quebr’a Corrente, a Animais de Rua, a Associação Zoófila Portuguesa, a Campanha de Esterilização de Animais Abandonados e a Crescer, assim como representantes dos serviços municipais - desde a Casa dos Animais de Lisboa, ao LxCRAS, à Provedoria dos Animais, bem como entidades externas: Projecto Defesa Animal da PSP, Ordem dos Veterinários, ANVETEM, entre outros especialistas e particulares que aderiram a este debate. Todos foram unânimes em reconhecer que, apesar do caminho percorrido até agora, muitos são ainda os aspectos que a cidade tem de melhorar, nomeadamente no que diz respeito ao combate ao abandono e aos maus-tratos dos animais.
Fonte:
Comunicado do PAN à Imprensa
Em plenas festas de São José. E nem São José valeu a este jovem, que ficou gravemente ferido, quando um Touro, em legítima defesa, o colheu, no recinto da picaria, provocando-lhe um traumatismo crânio-encefálico.
Mas isto não faz parte da tão apregoada ARTE e CULTURA tauromáquicas? Que importa que morram, que fiquem feridos ou estropiados! O que interessa é a ARTE e a CULTURA que “isto” representa, e soma e segue… sempre...
Lamento pelo rapaz, que foi OBRIGADO à força (e ao bofetão, na maioria das vezes) a expor-se a estes perigos, com a conivência dos progenitores, da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, da igreja católica, e, consequentemente, com o apoio explícito do ESTADO PORTUGUÊS, que nada faz para acabar com estas tragédias. E ninguém aprende nada com elas.
Este é o Portugal pequenino, medíocre, troglodita, que existe dentro do outro Portugal: do Portugal para “inglês ver”.
«O jovem foi transportado para o Hospital Distrital de Santarém tendo sido depois transferido para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde está internado e a realizar exames.
A vítima foi socorrida pelos Bombeiros Municipais de Santarém que estiveram de prevenção nas festas. Os bombeiros assistiram ainda outras duas pessoas no local também devido a colhidas».
E nós todos a pagarmos para isto.
Os tauricidas não estão propriamente a trabalhar em prol da Humanidade e do Planeta, quando estas tragédias acontecem.
Então porquê os contribuintes portugueses têm de pagar estas contas? Além da REVOLTA que tudo isto provoca a quem é dotado de EMPATIA, e sofre com o sofrimento dos Touros, e lamenta o que acontece a quem adora torturar seres vivos.
Quanta miséria moral, social e cultural vai em Santarém!
Isabel A. Ferreira
Fonte:
Então isto não faz parte da CULTURA e da ARTE tauromáquicas?
Esperar o quê? Quem vai para uma arena atacar ferozmente, cruelmente, um animal sensível e dotado de instinto de sobrevivência e defesa, está sujeito a estas artes de dá e apanha.
O protagonista deste acto altamente cultural e artístico é um MATADOR DE TOUROS, uma profissão das mais cultas, existentes à face da Terra, quiçá do Universo, e que tem como objectivo divertir os sádicos, que tanto aplaudem os ataques dos matadores como as acometidas dos Touros, em legítima defesa, porque quanto mais sangue, melhor, para os vampiros tauromáquicos.
Momento em que o matador é colhido pelo matado (a ser)...
A notícia refere que se confirma o cenário mais duro para o matador espanhol Enrique Ponce, de 47 anos, colhido pelo touro 'Declamador', de 532 kg, na corrida das Fallas de Valencia, na passada segunda-feira.
O Touro, muito legitimamente, ao defender-se do seu carrasco, deixou-lhe duas roturas de ligamentos no joelho, a tíbia e uma costela fracturadas e duas perfurações no glúteo. O matador estava ainda a recuperar de uma lesão no joelho esquerdo, que ficou completamente torcido na queda, após ter sido projectado pelo Touro. O seu apoderado e também sogro, Victoriano Valência, disse que o «Enrique tem a perna destroçada e está destroçado também».
Está a perna, está o matador e está também o Touro, que foi abatido, depois de barbaramente torturado, não esquecer.
Mas isto faz parte da cultura e arte tauromáquicas. Ou não faz? É disto que os sádicos gostam. Gostam de ver o matador torturar o Touro até à morte, e gostam de ver o Touro defender-se e deixar a sua marca nos seus torturadores. Tudo muito cultural e artístico.
Para quê tanta estranheza à volta disto?
O Touro é torturado barbaramente, e qualquer animal, incluindo o homem, quando se vê atacado por feras, instintivamente faz tudo para se defender. Umas vezes consegue. Outras, não. Este “Declamador” conseguiu. E uma vez que estava condenado a uma morte inglória, ainda teve forças para deixar a sua marca no carrasco.
Mas agora vem o mais insólito: diz a notícia que, ontem, Dia do Pai, este MATADOR DE TOUROS deveria receber do rei de Espanha o Prémio de Cultura (isto não é engano) para celebrar o Dia do Pai na companhia dos seus filhos e da família. Mas, coitado, foi obrigado a viajar para Madrid, onde deverá ser sujeito a uma intervenção cirúrgica, que o fará perder a maior parte da temporada tauromáquica. É menos uns Touros que tortura e mata.
Será que o rei de Espanha já se lembrou de conceder o Prémio de Cultura a Arturo Pérez-Reverte, ou a Carlos Ruiz Zafón, ou a Javier Cercas, ou a Almudena Grandes, grandes escritores espanhóis da actualidade? Ou a Literatura não será Cultura para o rei de Espanha? Se me quisessem dar a mim tal coisa, recusá-la-ia.
A falta que faz o Senso Comum!
Quando se dá o Prémio de Cultura a um matador de Touros, não ficará tudo dito sobre a incultura de um povo?
(Nós cá também temos disto.)
Isabel A. Ferreira
Fonte da imagem e da notícia:
NEM EVOLUIRÁ NUNCA, ENQUANTO HOUVER UMA LEI QUE LEGITIMA A TORTURA E A ESTUPIDEZ
(Tourada à corda na Ilha Terceira (Açores)
(Legenda do vídeo: «Gosto quando o Touro se diverte...)
Poderá ser uma provocação ou não.
Em 2018, a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, com ratificação da Assembleia Municipal, decidiu proibir a realização de touradas e outras práticas medievalescas que envolvam violência animal na área do município.
No entanto, existem ainda, evidências de que as touradas têm um trajecto. Vejamos:
Quem vai da Avenida Mouzinho de Albuquerque e entra na Avenida dos Banhos há uma placa a indicar que a Praça de Touros da cidade fica numa determinada direcção.
Seguindo essa indicação, e lá chegados, deparamos com aquilo a que chamam “Monumental” Praça de Touros da Póvoa de Varzim, que, se na verdade, irá ser reconvertida num pavilhão multiusos, estando previsto que o projecto possa arrancar ainda este ano, conforme o prometido por Aires Pereira, presidente do município, a designação “monumental praça de touros”, já devia ter desaparecido, e ser substituída por uma faixa a indicar que brevemente ali nascerá um pavilhão multiusos, para que não haja mais dúvidas.
Deste modo, quem está acostumado a ver touradas na Póvoa de Varzim, com estas indicações, acha que elas não acabaram, e podem ainda ser realizadas, ali, onde ainda se diz que é o tal monumental antro de tortura de Touros. Basta estalar os dedos!
Por isso, a protóiro, como é de seu hábito, garante que irá avançar com todos os meios legais contra a autarquia, contra o autarca e contra todos os que se associaram a este ataque vil à liberdade dos “espectáculos culturais no concelho”.
É que os da protóiro, coitados, vivem na ilusão de que a selvajaria tauromáquica é um “espectáculo cultural”, e que dizer NÃO à selvajaria por ela protagonizada é um “vil ataque”. Pobres mentes!
Já estamos habituados a ouvir isto.
Porém, esta será a grande prova de fogo do autarca poveiro.
Não ouvimos o primeiro-ministro, António Costa, dizer que a realização destas práticas medievalescas passariam a estar sob a alçada das autarquias?
Poie é. A autarquia poveira disse NÃO a estas práticas boçais, por lhe parecer ser a atitude mais adequada para o tempo em que vivemos.
E quem manda na Póvoa de Varzim? É a protóiro ou é a Câmara Municipal?
A autarquia não recebeu ainda nenhum pedido de licenciamento para a prática desta selvajaria, mas se surgir, aqui fica a promessa de Aires Pereira: «A decisão não pode ser outra senão rejeitar».
Quanto à protóiro, que diz que avançará com todos os meios legais contra a autarquia, contra o autarca e contra todos os que se associaram a este ataque vil à liberdade de realizarem tortura de Touros, num conselho que se declarou livre dessa barbárie, tenho a dizer que avance com esses meios, também contra mim, que me associo a esta defesa da liberdade dos Touros de terem uma vida tranquila como é de seu direito, porque a “liberdade” da protróiro, de os atacar vilmente, para se divertirem boçalmente, acaba quando começa a liberdade dos Touros à sua vida tranquila nos campos.
É que liberdade não rima com tortura, nem com ignorância, nem com estupidez, algo em que a prática da tauromaquia está assente.
Isabel A. Ferreira
Um magnífico texto assinado por Teresa Botelho, no Blogue «Retalhos de Outono»
Subscrevo inteiramente tudo o que a Teresa escreveu.
in Retalhos de Outono
Por Teresa Botelho
Quarta-feira, 13 de Março de 2019
«Sempre achei que os cravos de uma certa "revolução" serviram de pouco, porque continuou a desigualdade, a injustiça, a corrupção e a propositada cegueira de um Estado que prega valores atraiçoando-os despudoradamente a cada passo...
Por mais triste que seja, esta é a sina que nos resta por sermos obedientes, comodistas, inseguros e nada exigentes, quanto ao efectivo crescimento intelectual e vanguardista que o passar dos tempos continuamente nos exigem.
Em Portugal, a mulher comum, continua a ser o objecto negociável, traída nos seus direitos e dignidade, escrava de trabalho árduo mal pago e mola essencial à construção de uma economia que apesar de anémica, continua enriquecendo alguns, mas passando sucessivamente ao lado de quem dá o seu suor pelo pão de cada dia.
A cultura, a informação, o raciocínio e a acção, são as maiores ameaças para certas sociedades arcaicas que ainda fazem questão de dominar através de falsas retóricas moralistas, ou até religiosas, com a adequada conivência dos média, cuja disfarçada manipulação, é a arma inequívoca e fundamental para tais projectos de controlo e supremacia machistas.
Não é, portanto, de admirar que após a explosão das contestações no dia da Mulher, tivessem surgido logo, certos programas abjectos nos dois canais mais populares da nossa televisão que infestam, desacreditam e violam as mais justas reivindicações exigidas por quem lutou e se manifestou por todo o país, insurgindo-se contra uma justiça bolorenta que não responde, nem protege quem por ela implora.
As palavras e as tímidas presenças dos nossos governantes em certos eventos em prol da igualdade de género, são apenas mais uma das comédias tão politicamente correctas que apenas revelam o estado de abandono a que este povo tem sido votado ao longo dos anos, mas também a ignorância e a falta de interesse que nos torna vítimas e culpadas/os da nossa pacatez e do estado de dormência em que nos deixámos afundar.
Constata-se assim que estes programas indignos e ofensivos à dignidade feminina, não passam de manobras reaccionárias de suja humilhação, propositadamente lançados após o mais aguerrido 8 de Março que recordo em Portugal e que teve como rastilho as declarações homofóbicas de um juiz e a morte de 13 mulheres em pouco mais de dois meses.
Que tipo de gente se presta a estas actuações públicas, divertindo quem, inconscientemente ou por simples ignorância, contribui para os colocar no topo das audiências?
Que tipo de comunicação social e de Entidade Reguladora é esta que permitem que se arraste em praça pública a dignidade de quem não a tem, mas cujo evidente atraso cognitivo é assim explorado e tão engenhosamente exposto?
Quem são estes "machos" bouçais de trazer por casa que escolhem fêmeas como quem apalpa fruta no mercado e que mulheres são estas que se prestam a tão vergonhoso papel?
Acaso as suas vaginas famintas passaram a comandar os seus cérebros ocos, ou acharão que por aparecerem no "boneco", se tornarão heróis e heroínas, cuja fama se perpetuará em revistas de wc?
Nascer mulher, é o privilégio de ser mãe, de educar o mundo com a nossa pegada firme, transpondo os obstáculos com um sorriso, mesmo quando o caminho é árduo e incerto, mas sem nunca baixar a bandeira da dignidade e da força!
Jamais a obediência nos deverá derrubar, nem o pranto servir de desculpa ao enxovalho, apatia e resignação, porque ser mulher, é a determinação e o vigor que irrompem das nossas fragilidades, para que possamos seguir em frente com respeito por nós próprias, a auto estima sem mossa, a consciência limpa e o orgulho de ser quem somos!»