Esperemos que a Câmara Municipal de Viana do Castelo não seja cúmplice de tal insulto e impeça que as Vianenses e a Senhora d’Agonia sejam deste modo enlameadas.
Mulheres vianenses, revoltai-vos. Querem homenagear-vos com tortura de Touros.
Digam um rotundo NÃO a este enxovalho.
As mulheres vianenses devem ser homenageadas com flores, poesia e música, e não com esta selvajaria sangrenta com que uns falsos vianenses pretendem ofender-vos.
Os tauricidas acham que as mulheres vianenses são como as mulheres deles, para as homenagearem deste modo tão vil?
Cavalheiros de Viana do Castelo vão permitir que os bárbaros conspurquem as vossas mulheres, com o lixo tauromáquico?
Esperemos que a Lucidez vença a estupidez. Se a estupidez vencer, pobre Viana!!!
Um texto irónico de Carlos da Torre, sobre a prática de uma “tradição” que avilta a dignidade humana.
Texto de Carlos da Torre
«"Se tourada é cultura, canibalismo é gastronomia" - ironizou há tempos o maestro António Victorino de Almeida. Não terá razão o maestro. Podemos ver este assunto de outra maneira. Compreender a importância cultural da tourada e reconhecer que não é impossível que o canibalismo possa já ter sido gastronomia em alguns momentos históricos em alguns lugares. O que nos poderá também levar às conclusões de que nem tudo quanto é cultura é recomendável e de que nem toda a gastronomia é aceitável. Porém, temos consciência de que estaremos acompanhados numa escala indiscutível na rejeição do canibalismo e que conviveremos com maiores diferenças de opinião no que respeita às touradas. Torna-se aconselhável, por isso, balizarmos a discussão deste assunto com valores de aceitação tendencialmente universal. Valores civilizacionais. Com todas as contradições que sempre existem nestes contextos.
Cremos que o não infligir maus tratos aos animais se inscreve nessa universalidade do nosso tempo, no quadro da dignidade humana. Isto não significa deixarmos de ser carnívoros, que tendo os seus defensores é uma opção considerada por quase todos como excessiva e que é claramente discutível do ponto de vista da saúde humana. Está longe de significar o abandono absoluto de muitas práticas violentas sobre os animais associadas à nossa sobrevivência. Mas tende a consensualizar o repúdio pelos espectáculos centrados no sofrimento dos animais. Exibição de luta entre animais. Ou, como no caso das touradas, em que os animais são condicionados para se apresentarem em arenas com agressividade suficiente, e não mais, para exibições de coragem gratuita de uns e falsos heroísmos de outros. Do touro espera-se que sofra com espectacularidade. Para bem das artes tauromáquicas. Para bem do espectáculo. Para bem dos negócios associados.
E deve continuar assim, porquê? Porque é tradição? Porque é cultura? Porque é arte? Pode ser tudo isso! Mas manter intocável a prática de tradições que aviltam a dignidade humana tal como a concebemos neste tempo, mesmo se em nome da preservação cultural, só pode ser óbvio para quem esteja inconscientemente preso ao passado ou se mova hipocritamente em função dos interesses dos seus negócios presentes.
Com o evidente exagero, é caso para lembrar que preservamos a memória da guilhotina mantendo esses instrumentos em museus. Não lhes damos uso! Deveria ser de outro modo?
Carlos da Torre»
(Texto de opinião publicado no jornal "A Aurora do Lima" em Agosto de 2013)
Fonte:
Um texto de José Luís Silva, que subscrevo na íntegra, porque é isto assim, tal e qual…
Faço minhas todas as suas palavras.
Texto de José Luís Silva
«Para todos os que me questionam o porquê de eu, assim como dos meus amigos, não dedicarmos os nossos esforços noutras causas que não a luta contra as touradas. Tenho algumas coisas a dizer-lhes:
1º - Na verdade tanto eu como muitos dos meus amigos apoiamos outras lutas que envolvam injustiças ou atrocidades, sejam elas contra as pessoas, animais ou o ambiente;
2º - Muitos de nós estão envolvidos em actividades sociais, culturais e/ou desportivas de forma altruísta;
3º - Nós não sofremos da hipocrisia de quem nos critica que fala à «boca pequena» com o receio de ficar penalizado financeiramente ou socialmente e como tal damos a cara pelo que acreditamos;
4º - Muitos de nós abdicam do convívio familiar, de parte da vida profissional (mesmo sendo penalizados financeiramente), do seu tempo de lazer para despertar consciências em prol de uma sociedade cada vez mais justa, fraterna, igualitária e participativa;
5º - Muitos dos que nos criticam (alguns conheço pessoalmente) que avançam com «recomendações, sermões, e outros que tais», nunca estiveram envolvidos em actividades sociais, culturais e/ou desportivas, porque isso obriga a dispêndio de tempo e dinheiro. A esses digo-lhes claramente: Deixem de olhar para o vosso umbigo e sejam um bom exemplo para os vossos filhos, familiares, amigos e sociedade em geral, ou em alternativa, enfiem a viola no saco e remetam-se ao silêncio!
Para terminar, desejo-vos um óptimo feriado e as maiores felicidades a todos sem excepção!»
José Luís Silva»
Fonte:
É tudo uma questão de coerência.
Quem manda em Viana do Castelo?
Vejamos:
O actual primeiro-ministro de Portugal, no início do seu mandato, questionado no Parlamento sobre a existência das touradas, como costuma fazer a maioria dos políticos, deu uma no cravo e outra na ferradura, dizendo que nos municípios onde é “tradição” a realização de selvajaria tauromáquica, podem decidir pela sua continuidade ou não, assim como, naqueles que não há “tradição”, e aqui referiu-se mesmo a Viana do Castelo, que se declarou Cidade Anti-Tourada, em 2009, pode optar-se pela sua proibição.
Então de que está à espera o senhor Presidente da Câmara de Viana do Castelo?
Se a cidade se declarou Anti-Tourada, há que respeitar esta vontade dos vianenses. Há que respeitar as decisões camarárias. Ou elas existem apenas para inglês ver?
Dizer uma coisa e fazer outra não é honesto.
O primeiro-ministro disse, está dito.
Viana do Castelo não tem de vergar-se a vontades alheias, só porque existe quem permite touradas ilegais pelo país.
Quem manda em Viana são os Vianenses, e estes não querem o lixo tauromáquico na sua cidade anti-tourada.
Ponto final.
E isto devia bastar para que as outras "autoridades" respeitassem a lei.
A realizar-se, esta tourada será ILEGAL.
BASTA de tanta ilegalidade! De tanta impunidade!
Senhor Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, mostre quem manda em Viana.
Não permita que desautorizem a vontade expressa dos Vianenses, nem as decisões municipais.
O que querem fazer em Viana é uma afronta à soberania do município e à vontade do povo de Viana do Castelo.
Este é o momento certo para acabar com esta vergonhosa subserviência a um lobby decadente e corrupto.
Portugal está com Viana e com o seu Presidente.
E eu também estou.
Isabel A. Ferreira
E esta não é a primeira vez!!!!!
E quando uma instituição, como esta, comete um erro destes duas vezes, perde a credibilidade.
QUE VERGONHA, CRUZ VERMELHA!!!!!
EN | PT
Está a ser anunciada, para 19/08, uma tourada a favor da Cruz Vermelha Portuguesa de Safara e Sobral da Adiça!
A bullfight is being advertised for 19th August in support of the Safara and Sobral da Adiça branch of the Portuguese Red Cross.
Por favor, envie a mensagem abaixo sugerida, ou outra, para os endereços indicados (Cruz Vermelha local, nacional e internacional). Basta enviar uma só mensagem, mas convém colocar o seu nome no final do texto em inglês e no final do texto em português.
Please act now.
——————–
To/Para:
pimentaraujo@cruzvermelha.org.pt
marinhenses.antitouradas@gmail.com
[EN]
Dear All,
I am writing this e-mail on the issue of the association between the Portuguese Red Cross (PRC) and bullfighting.
Unfortunately, in Portugal bullfighting is still a common practice. In each of these sad events about six or seven bulls are humiliated and tortured almost to death (and often horses perish as well). Spears with barbs are thrusted forcefully into their backs, causing severe bleeding and internal damage. A very high level of physical and psychological pain is caused to the bulls. Hours later these innocent animals are then butchered, after a long period of painful agony.
Although it is still legal in some countries, bullfighting has become the target of huge and growing social protests. For ethical reasons, more and more organizations choose to distance themselves as much as possible from this cruel activity.
It is quite difficult to understand how a prestigious institution such as the Red Cross can be associated to such cruel activities practiced upon the animals. As a matter of fact, aside from the regular provision of ambulances and human means to eventually assist people actively involved in bullfighting, there are some branches of the PRC who advertise, sell tickets for and/or accept money from the bullfighting events – red blood-stained money from innocent animals. Presently a bullfight is being advertised for 19th August in support of the Safara and Sobral da Adiça branch of the PRC.
The PRC admits there are branches that receive money from bullfights but states they are not the organizers, and thus undervalues the regular protests, from members and sympathizers, it receives.
In face of what has been said I would like to appeal to the Red Cross to dissociate itself as much as possible from performances based on animal abuse, namely by not allowing its denomination/logo to be used in bullfighting posters; by not advertising bullfights; and by not accepting blood-tainted money from bullfights.
Thanking you in advance for the kind attention devoted to this letter, I look forward to your kind reply, which I hope will be a positive one.
Best regards,
Isabel A. Ferreira (Portugal)
(Name, city, country)
[PT]
Exmos./as. Srs./Sras.,
Escrevo-lhes a propósito da ligação da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) à selvajaria tauromáquica.
Infelizmente, em Portugal ainda se realizam touradas. Em cada uma delas, seis ou sete bovinos são humilhados e torturados quase até à morte (havendo também, frequentemente, cavalos que ficam feridos ou morrem). São-lhes cravados ferros que lhes provocam severas hemorragias. É-lhes provocado um elevado nível de sofrimento físico e psicológico. Horas depois, os inocentes animais são, na sua quase totalidade, abatidos, após um longo período de agonia.
Embora ainda legalmente permitida em alguns (oito entre 193) países, a tauromaquia tem vindo a ser alvo de uma enorme e crescente contestação social e, cada vez mais, a generalidade das organizações optam por se distanciar ao máximo desta cruel actividade por razões de ordem ética, cultural e social.
É incompreensível que uma instituição como a Cruz Vermelha se associe a estas práticas de crueldade sobre animais. Com efeito, além do frequente envio de ambulâncias e meios humanos para eventual socorro de pessoas envolvidas nestas práticas selváticas, há delegações da CVP que publicitam touradas, vendem bilhetes para touradas, e/ou aceitam dinheiro proveniente de touradas – dinheiro manchado de sangue de inocentes e indefesos animais. De momento, está a ser anunciada, para 19 de Agosto, uma tourada a favor da Delegação da CVP de Safara e Sobral da Adiça.
A CVP reconhece que há delegações que recebem verbas provenientes de touradas, mas salienta que não é organizadora, e vai assim desvalorizando os protestos que, neste âmbito, lhe vão sendo dirigidos por sócios e simpatizantes.
Face ao exposto, apelo a V. Exas. para que a Cruz Vermelha se dissocie o mais possível destas práticas onde animais sencientes são torturados atrozmente, nomeadamente não permitindo que a respectiva denominação/logótipo conste em cartazes de touradas, não publicitando touradas, nem recebendo verbas delas provenientes.
Agradecendo antecipadamente a atenção dispensada e ficando na expectativa de uma resposta a esta mensagem que, espero, seja positiva,
Com os melhores cumprimentos,
(Nome, cidade, país)
Isabel A. Ferreira (Portugal)
Via: Marinhenses Anti-touradas
Chegou-nos a notícia de que deu entrada na Câmara Municipal de Viana do Castelo, um pedido da associação “vianenses pela liberdade” de instalação de uma praça de touros amovível para realização de uma tourada a 20 de Agosto, último dia da Romaria da Senhora d’Agonia.
O que esses falsos vianenses não sabem é que os verdadeiros Vianenses querem Touros sem agonia, na Senhora d’Agonia.
E é o que teremos.
TODOS A VIANA DO CASTELO PARA VARRER O LIXO TAUROMÁQUICO
Fonte da imagem.
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10155686295764106&set=gm.269419406890074&type=3&theater
O requerimento já se encontra na autarquia para “apreciação”.
José Maria Costa, o seu presidente, dirá de sua justiça.
Bem, já se sabe que Viana do Castelo declarou-se Cidade Anti-Tourada, em 2009, a partir de uma proposta do então presidente da Câmara Municipal, Defensor Moura, dando um passo gigantesco para a modernidade, catapultando Viana para o rol dos municípios civilizacionalmente evoluídos, e que rejeitam esta barbárie, ainda mais para celebrar Senhoras d’Agonia ou outras.
No ano passado, os bárbaros fizeram uma tentativa de invadir Viana com a sua “tropa” medievalesca, mas foram corridos pelo bom senso da autarquia e pela vontade dos Vianenses, e não por terem desistido da tortura, como pretendem, alegando que «não encontraram enquadramento no programa das festas». Como poderiam encontrar tal enquadramento, se a tortura não se enquadra em nada que diga respeito a festas, muito menos de Santas, e ainda menos numa cidade luminosa e iluminada pela luz da civilização?
Pois este ano, irão ser corridos novamente, até porque a Senhora d’Agonia merece ser celebrada com alegria e sem agonia de Touros, e não se conspurca um município anti-tourada, apenas para uns poucos e sempre os mesmos sádicos forasteiros, provenientes de municípios civilizacionalmente atrasados, ali transportados em camionetas pagas com dinheiros públicos, irem dar aso à sua mórbida sede de sangue.
Haja racionalidade.
Mahatma Gandhi encorajava: «Quando uma lei é injusta, o correcto é desobedecer". E não há lei mais injusta e estúpida do que aquela que permite a tortura de um ser vivo, para diversão de sádicos.
Os verdadeiros Vianenses e todos os seus apoiantes estão mobilizados, e em Viana, touradas, nunca mais.
Fonte da imagem
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A selvajaria tauromáquica continua em Barrancos, com o apoio da igreja católica e do governo socialista.
Não esquecer que os touros de morte foram introduzidos em Barrancos, em 2002, por Jorge Sampaio (socialista) na qualidade de presidente da República.
E pensar que andaram a cometer um regicídio para implantar em Portugal uma República das (e dos) Bananas!!!!! (***)
Esta imagem diz tudo sobre o atraso mental de todos os envolvidos nesta prática, desde os que matam, aos que apoiam, aos que aplaudem e aos que dão o seu aval. E veja-se o sofrimento atroz do touro, estampado naquele olhar desesperado... Apenas os desalmados, desprovidos de essência humana, pactuam com este horror.
O texto que se segue é da autoria de Rui Palmela
«Mais uma vez se realiza na vila alentejana de Barrancos, em finais de Agosto, a festa religiosa que culmina sempre num espectáculo sangrento, frente à capela, com a morte de 3 toiros numa arena improvisada onde o povo vibra de satisfação aplaudindo a barbárie que ali se realiza em “honra de Nª Srª da Conceição”. E a Igreja não reprova ou fica em silêncio cometendo seu “pecado de omissão” ...
O espectáculo violento dura 3 dias onde se cumpre um ritual demoníaco de matar um touro por cada dia, “estoqueando” o animal que acaba caindo no chão mergulhado numa poça de sangue. Depois de morto, ou sofrendo horrivelmente sem se poder mexer, os ‘heróis’ da festa cortam-lhe as orelhas, o rabo e as patas como ‘troféus’, enquanto o toiro é arrastado pelo chão, já cadáver, acabando finalmente por ser esquartejado e distribuído pela população como manda a ‘tradição’.
Toda esta selvajaria é possível ainda em pleno século XXI com a aprovação do governo português que em 2002 criou uma famigerada “lei de excepção” que garante esse ‘direito’ do povo barranquenho realizar um espectáculo abominável apesar da forte contestação por parte das organizações de Protecção Animal e uma Lei que vigora desde Maio/2017 que reconhece os animais como seres sencientes dotados de sensibilidade e não ‘coisas’ como eram considerados antigamente.
Entretanto o PAN (Partido das Pessoas, dos Animais e da Natureza) deverá apresentar na AR uma proposta de lei para proibição destes espectáculos de morte no país, tal como as touradas deviam ser proibidas e transmitidas pela televisão. E já agora cortar todos os subsídios de apoio à Tauromaquia que deve ser suportada apenas pelos seus aficionados e não por todo o povo português que na sua maioria condena toda esta situação.
Pausa para reflexão!
Rui Palmela»
Fonte:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10212176718524673&set=pcb.10212176729004935&type=3&theater
(***) Denomina-se República das Bananas um país ou região em que há corrupção e desrespeito pela legalidade e interesse público, expressão originalmente aplicada a países latino-americanos ou terceiro-mundistas, mas que se encaixa na perfeição a um Portugal que, fisicamente, é europeu, mas cerebralmente é latino-americano e terceiro-mundista, nestes detalhes grosseiros, até na língua que os actuais republicanos bananas (= gente sem atitude e sem coragem) decidiram importar e impingir aos portugueses.
Depois de cinco anos consecutivos sem emitir ou apoiar touradas, a TVI está a dar publicidade à corrida dos 125 anos de tortura no campo pequeno, com a menção “apoio TVI”.
Não há certezas sobre se pretende ou não transmiti-la, mas tendo em conta as insinuações em blogues tauromáquicos, é o que parece…
Mas ainda que não a transmita, só o facto de a publicitar e apoiar já é uma machadada na sua reputação de estação televisiva independente…
Isto é um ultraje à modernidade e à civilização…
Exmos. responsáveis pela programação da TVI,
Isto é lamentável, tão lamentável que é nossa obrigação manifestar o nosso descontentamento, a nossa repulsa, a nossa decepção por este retrocesso, esta atitude descabida, incivilizada, insultuosa para com todos os telespectadores que deram à TVI o privilégio de lhe proporcionar grandes audiências.
Quando, em 2013, a TVI deixou de emitir e apoiar touradas, acreditámos que o tinha feito, pelo menos em parte, devido a apelos como o meu e os de outros telespectadores, mas, acima de tudo, por razões de ordem ÉTICA.
Foi uma medida racional, inteligente, civilizada e lúcida, que agora está a ser posta em causa com esta posição retrógrada, que só demonstra uma subserviência a um lobby decadente, que está a tentar tudo, por tudo, no sentido de manter erguida a rejeitada e moribunda tourada.
Na altura, acreditei que, finalmente, em Portugal, pelo menos a TVI havia se libertado do jugo tauromáquico, contribuindo, desse modo, para fazer evoluir o País, atitude que mereceu a minha consideração.
Pois se partem para esta tomada de posição retrógrada a única coisa a fazer é voltar a boicotar a TVI.
No entanto, antes de chegar ao boicote, tenho fé e esperança no triunfo da lucidez, e que a TVI perceba que ao associar-se à tauromaquia não só está a insultar os seus telespectadores mais evoluídos como a contribuir para o recuo do progresso moral e cultural da sociedade portuguesa.
Por isso, e passados cinco anos, estou aqui, novamente, a apelar para a racionalidade dos responsáveis pela programação da TVI, no sentido de que, de uma vez por todas, deixem de apoiar a selvajaria tauromáquica, e não transmitam a corrida dos 125 anos de tortura no campo pequeno que, para além de toda a habitual crueldade que encerra, assinala mais de um século de extrema violência contra inocentes, inofensivos e indefesos bovinos.
Por uma TVI mais condizente com o Século XXI d. C,
Isabel A. Ferreira
Uma excelente Crónica Ilustrada de Filipe Simões sobre o que se convencionou chamar de “festa brava”, e não passa de um atentado cobarde à vida de um ser indefeso, encurralado numa arena…
Vale a pena ler…
Texto de Filipe Simões - artista
Crónica ilustrada para o Jornal O Riachense, Julho 2017
«Desde que o Homem é Homem - e já o é, dizem, há uma catrefada de tempo - que tem a mania de se achar mais que os outros. E quando digo os outros refiro-me a tudo, desde as alfaces e formigas até aos elefantes ou mesmo outros seres humanos, seus semelhantes.
O Homem, reparem que escrevi com letra maiúscula, tem por hábito estabelecer hierarquias onde se coloca sempre no topo, claro, tudo o resto são servos. Se os caracóis soubessem o que é uma hierarquia se calhar também se punham no topo. Ainda bem que não sabem, pois seria uma estrutura bem viscosa.
Olhando para o passado recente, está logo à vista a inevitável questão dos escravos negros que nós tão bem chicoteámos durante gerações. Era uma delícia ver aqueles reles seres inferiores a servirem-nos e nós a manietá-los com toda a imponência e virilidade que nos caracteriza. Foi até alguém ter a brilhante ideia de que "eles" não são em nada inferiores a "nós". Enfim, tradições que se perdem. E bem!
Outra tradição que ainda resiste é a tauromaquia, que consiste em dar uma bela maquia aos tauros (brilhante jogo de palavras, sou realmente um ser superior!).
Se formos a analisar bem a coisa vemos que também aqui há bastante racismo. Primeiro, larga-se o indivíduo no meio de uma espécie de beco sem saída, mas redondo. Depois vêm uma data de rufias todos emproados, uns até montados no seu cavalo (cá está outra vez a mania de superioridade), mandam uns piropos sarcásticos ao tipo encurralado a ver se o provocam, "Oh oh oh, oh tu de chifres, anda cá a ver quem é o maior!", depois fazem umas fintas à Cristiano Ronaldo mas sem a bola, todos armados ao pingarelho e toca de dar umas facadas no cachaço, enquanto uma data de gente altiva ri e aplaude a elegância com que se procede à tortura do infeliz, que só deseja não ter saído da cama naquele dia. Bravo!
Depois do incidente, se houvessem bovinos jornalistas escreveriam a seguinte manchete: "Grupo organizado agride touro até à morte", e no corpo da notícia poderiam ler-se frases como: "Ao que tudo indica trata-se de uma quadrilha referenciada pelas autoridades" e "O touro ainda tentou defender-se marrando naquele que alegadamente seria o chefe do clã, mas de nade lhe valeu". De facto, há tradições muito giras.
Ah! já agora, outra tradição que houve em muitos povos era aquela em que se faziam sacrifícios humanos em nome dos Deuses. Felizmente houve quem conseguisse sacrificar essas tradições em nome do Homem.»
Fonte:
Extraordinário texto de Walter Ramalhete, publicado no jornal online Figueira na Hora.
Nunca li nada tão extraordinariamente real.
Uma descrição perfeita, magnífica, sobre a verdade obscena das touradas.
Uma leitura absolutamente obrigatória para os que odeiam, mas também para os que amam as touradas…
… consciente do efeito visual - projecta, premeditadamente, as pudendas partes, artificialmente avolumadas e parcimoniosamente espartilhadas, na direcção de algumas sobreexcitadas damas, com as entre coxas entumecidas por inconfessáveis devaneios, acirrados pelo cheiro a sangue…
Texto de Walter Ramalhete
«Horrorizado, li, que quando um touro mata um toureiro, toda a manada donde proveio é, também, sacrificada. A ser verdade…
Que hedionda vingança!
Que hedionda cobardia!
Estes…, estes,…estes, … - entre tantas palavras que me ocorrem, não consigo encontrar nenhuma, suficiente, para os qualificar -… estas malvadas criaturas, sabem muito bem aquilo que fazem. Com este procedimento, eliminariam um “apuramento”, suprimiriam uma selecção genética, que “A tempo “, poderia redundar na consolidação duma estirpe de animais mais apta, mais ferozmente defensiva que, com maior frequência, passaria a reclamar o seu sangue, com sangue igualmente derramado nas arenas, pelos seus cobardes torturadores. Na verdade, deixar correr naturalmente o curso evolutivo genético, poderia redundar na “troca por troca” ; “ olho por olho, dente por dente”; “ sangue por sangue”; “ moeda por moeda”, como é da mais elementar justiça de Talião!
Mas não!
Por falta de coragem e astuta cobardia, retiram-no da sua casa. Retiram-no dos amplos prados verdejantes, que percorre com mansidão e garboso porte, onde, a sua imponente silhueta é recortada pelo sol, que dele, projecta uma sombra altiva e intimidatória.
Ao invés!
Encerram-no num curro claustrofóbico, depois de horas de viagem, sob calor, fome, sede e, frequentemente, já num estado febril. Por fim, lançam-no numa arena, cercada por barreiras e camarotes apinhados de gentalha, de bêbados, marialvas, coristas e “galifões de crista” que vociferam brados e olés. Lançam-no num espaço confinado e com uma forma geométrica que lhe é totalmente desconhecida.
Fica cercado, envolvido por guizos, chocas, cornetas, cornetins, capotes, mantilhas pretas e uma algazarra intimidante. Por detrás daquela multidão ululante, - e daquele triste “espectáculo”, rebordado por pasodobles vomitados por estridentes cornetas e fanhosos cornetins -, um “machito” espartilhado por roupas reluzentes e coloridas que realçam músculos e volumes ilusórios, falsa e artificialmente aumentados e evidenciados por gestos, passos e compassos duma lúgubre “dança”, escudado por solícitos e atentos peões de brega, bandarilheiros, forcados, cavaleiros e outros tantos patéticos e sinistros actores menores, dá início a um trágico ritual de morte.
Ritual que abre com um cavaleiro que, munido duma lança convenientemente comprida, a espeta no dorso do animal, picando-o vezes sucessivas, por forma a causar-lhe dor e sofrimento desnorteantes. Já diminuído e desnorteado, é ainda mais fatigado por sucessivas verónicas, enfunadas por estirados rodopios em bicos dos pés do “toureador”, rodopios que lhe retesam o corpo, como que acometido por um torpor orgástico, enquanto que – consciente do efeito visual - projecta, premeditadamente, as pudendas partes, artificialmente avolumadas e parcimoniosamente espartilhadas, na direcção de algumas sobreexcitadas damas, com as entre coxas entumecidas por inconfessáveis devaneios, acirrados pelo cheiro a sangue.
Damas que, mais tarde, se submeterão, furiosamente, às estocadas dos usados, mas não ousados marialvas. Já mais lesto, febril, e a sentir-se a desfalecer, é impiedosamente bandarilhado. Não apenas uma vez, nem duas, nem três, mas, enquanto mostrar uma réstia de vitalidade e arremesso. Entretanto, este massacre é acompanhado com gáudio, brados, olés, pasodobles, palmas, e outros vociferantes sons exteriorizados numa histeria colectiva.
Finalmente, arfante, por vezes, já a expelir sangue pela boca, humilhado através de sucessivos passes de muleta, passes que antecedem a morte – morte que, por vezes finta o touro e colhe o energúmeno toureiro - avança, enfraquecido, com o discernimento reduzido, com os reflexos embutidos por tanta dor.
Avança com coragem, com nobreza, com uma dignidade inaudita. Vai. Vai sobre as suas próprias patas, – de uma forma exemplarmente digna –, vai colher a morte libertadora e consoladora que põe termo a tanta crueldade, sofrimento e humilhação.
Desta forma, o tido por irracional - mortalmente estocado com arte de assassino - curva lentamente os quartos dianteiros e superioriza-se à verdadeira besta, ao seu algoz, ao patético “dançarino”.
A turba vociferante, saciada de inocente sangue, entra em êxtase! Atinge-se o clímax da estupidez e da selvajaria. Termina o atroz e vil espectáculo. O cadáver do malogrado “herói” é preso a correntes e é arrastado para fora da arena, ficando, por surda testemunha, um enorme rasto de inocente sangue.
Em contrapartida, o marreco mental, o vilão, entre vivas, olés e pasodobles é ovacionado e levado em ombros por uma turba ululante que grasna patéticos e quejandos sons, ritmadamente acompanhados pela esganiçada fanfarra. Até que, - um dia que espero muito próximo - esta “prática” primária, gratuitamente violenta e absurda, esta nódoa vergonhosa na história da humanidade, seja definitivamente erradicada pela sua incontornável evolução.
Assim como foi com a hedionda escravatura, assim será com a não menos hedionda tauromaquia!»
Fonte:
http://www.figueiranahora.com/opiniao/gosto-de-touros-odeio-touradas-e-abomino-toureiros-