O Papa Bento XVI, a Igreja e os Direitos dos Animais
O Papa Bento XVI falou emocionadamente sobre a exploração de todos os seres vivos, em especial os animais que vivem nas quintas. Ao ser questionado, em 2002, sobre os direitos dos animais numa entrevista, o então Cardeal Joseph Ratzinger afirmou:
“Este é um assunto muito sério. De todos os pontos de vista, podemos ver que eles foram postos sob os nossos cuidados, e simplesmente não podemos fazer o que queremos com eles.
Os animais também são criaturas de Deus... Certamente, determinados tipos de usos industriais das criaturas, como quando os gansos são alimentados de tal maneira a produzir um fígado tão grande quanto possível, ou quando as galinhas vivem tão apertadas que se transformam em caricaturas de aves, esta degradação de seres viventes que as converte em coisas me parece que contradiz a relação de reciprocidade que vemos na Bíblia.
Os animais são também criaturas de Deus, e embora não tenham uma relação directa com Deus, como tem o homem, eles são criaturas da Sua vontade, criaturas que devemos respeitar como companheiros de criação». (Papa Bento XVI)
(Um aparte: há aqui a considerar, no meu enteder, o seguinte: talvez os animais não-humanos, por também serem criaturas de Deus e INOCENTES, tenham uma relação com Deus muito mais intensa do que os homens-predadores, que são uns grandes HIPÓCRITAS. Se não têm como afirmar esta apreciação, também não têm como negá-la).
Isto é o que diz o Papa, mas não é o que a Igreja segue. E a Igreja não seguindo, o Papa cala-se, num consentimento, que de tão silencioso nos agride, como se gritasse: dou-vos a liberdade de serem impiedosos para com os animais!
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A Bula do Papa Pio V, datada de 1567
A 1 de Novembro de 1567, o Papa Pio V publicou a bula “De salute gregis dominici”, ainda em vigor:
«(…) Nós, considerando que estes espectáculos que incluem touros e feras no circo ou na praça pública não têm nada a ver com a piedade e a caridade cristã, e querendo abolir estes vergonhosos e sangrentos espectáculos, não de homens, mas do demónio, e tendo em conta a salvação das almas, na medida das nossas possibilidades, com a ajuda de Deus, proibimos terminantemente por esta nossa constituição (…) a celebração destes espectáculos (…)».
Fonte: “Bullarum Diplomatum et Privilegiorum Sanctorum Romanorum Pontificum Taurinensis editio”, tomo VII, Augustae Taurinorum, 1862, pág. 630-631.
Esta “proibição” foi decretada em 1567, e ainda está em vigor.
O que faz a Igreja Católica, em 2012?
Pura e simplesmente IGNORA-A. E o Papado nada faz.
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Proibição de Touradas em honra de Deus e dos Santos
(Conc. Trid., Sessão 25, Cap. o 1, «De venerat. Sanctorum») CAP. o 8
«O espectáculo das touradas é indigno de ser visto pelos cristãos e não difere muito daquele desumano costume dos pagãos de combater contra as feras, com erro do povo ignorante. Sucede julgar-se este género de espectáculos como exibição em honra de Deus, da bem-aventurada Virgem Maria Mãe de Deus e dos santos - de tal maneira que se chega ao ponto de alguns fazerem promessas de realizarem touradas!
O Santo Concílio aconselha os Ordinários que ensinem ao Povo a si confiado, que com espectáculos desta natureza, mais se ofende a Deus do que se Lhe presta culto. Essas horas que se destinam a distrair os olhos com um vão e inútil prazer, são subtraídas ao culto devido a Deus, levando muitos fiéis a afastarem-se do sacrifício da missa que aqui e ali deixam de assistir ao ofício vespertino. Por isso ordena-se aos juízes das confrarias que não comprem toiros com as rendas e esmolas das mesmas. Se assim fizerem, além da restituição no dobro, sejam multados de acordo com a decisão dos Ordinários.
Se algumas promessas com o pretexto de oferecer touradas, foram feitas, estabelece o Santo Concílio que as declare nulas, proibindo também que outras promessas do género se façam. Proíbe-se aos clérigos, quaisquer que sejam as ordens sacras que tenham recebido, ou aos prebendados, quaisquer que sejam os benefícios que tenham obtido -sob pena de cinco cruzados de ouro, aplicáveis em benefício do meirinho, e, em parte, em obras pias, proíbe-se, repete-se, que assistam a tais espectáculos.
Aos alcaides das cidades e das vilas, exorta-os o Santo Concílio, que se abstenha de semelhantes espectáculos, a fim de que não desviem das coisas da Igreja e dos ofícios divinos as almas dos povos a cujo governo presidem.»
Fonte: "O IV Concílio Provincial Bracarense e D. Frei Bartolomeu dos Mártires" do Prof. Dr. José Cardoso. Edição APPACDM - 1994
Nesta “proibição” não foi mencionado o principal argumento: o enorme SOFRIMENTO que tais práticas cruéis provocam nessas CRIATURAS que também SÃO DE DEUS. Um pormenor que nos chocou bastante. O importante para este Santo Concílio não foram os animais. Mas o “desvio” das pessoas das coisas “divinas”.
É por estas e por outras que os “falsos” representantes de Deus na Terra serão um dia excomungados pelo próprio Deus, tão certo como à noite se seguir o dia. Disto, não tenho qualquer dúvida.
Porém, é caricato que em pleno século XXI, depois de Cristo, se continue com a realização de touradas a pretexto de festas “religiosas” ou em honra de Santos, com a cumplicidade de clérigos, alguns certamente equivocados e que em nada dignificam a imagem da Igreja Católica.
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D. Manuel Martins: um Bispo contra as Touradas, mas muito silencioso…
Cabe aqui referir a importante posição de D. Manuel Martins (Bispo Emérito de Setúbal), quando gentilmente recebeu uma delegação do MATP - Movimento Anti-Touradas de Portugal e lhe questionaram se gostava de touradas: «Não gosto, nunca gostei. Brincar barbaramente com um animal, como na tourada, acho que é uma agressão à Ecologia, ao equilíbrio da natureza."
Fonte: MATP - Movimento Anti-Touradas de Portugal
http://matportugal.blogspot.com/2010/05/papa-bento-xvi-igreja-e-os-direitos-dos.html
Sendo D. Manuel Martins, dentro da Igreja Católica portuguesa uma personagem de grande influência e prestígio, não o vimos nunca tomar uma posição pública CONTRA a TORTURA DE CRIATURAS, que também SÃO DE DEUS.
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A tortura de Touros conta com a cumplicidade da Igreja Católica, também no Perú
Este falso padre católico, Alfredo Castañeda Pro, vai direitinho para o inferno no qual ele acredita. Ele e os que com ele estão. Porque Deus não se deixa enganar, e está atento a estes impostores, que se fazem passar pelos Seus representantes na Terra...
Esta é outra preciosidade da Igreja Católica.
Mas quando é que esta moveu um dedo contra as corridas de Touros, contra o “Toro Embolado”, contra o “Toro Dardeado” ou contra o “Embalse de Toros”, nos tempos que correm?
Lima, Perú, Domingo 4 de Novembro de 2012, assim se iniciou a feira taurina do “Senhor dos Milagres”, COM A ABSOLVIÇÃO CATÓLICA.
Na foto, o capelão de Acho, Alfredo Castañeda Pro, padre jesuíta, (SÓ PODIA SER!), com o matador francês Juan Leal e o matador mexicano, já não tão menino, Michelito Lagravere, na capela da praça, antes das corridas.
Segue-se um artigo taurino do diário limiano “Expresso”:
«A Capela de Acho é a mais bela do mundo taurino… É a capela mais bonita de todas as praças de touros no mundo, refere o padre jesuíta Alfredo Castañeda Pro, “ Alfredito” para os seus ex-alunos e amigos, capelão durante 40 anos, na arena de Acho.
Com os seus azulejos sevilhanos e as suas imagens do Senhor dos Milagres, a “Virgen de la Macarena” e a Nossa Senhora de Guadalupe, a capela é pequena mas um assombro de elegância e arquitectura», diz o padre Castañeda.»
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E dizemos nós: isto não é um padre. É mais um carrasco de Touros, a juntar aos tauricidas.
Em Portugal, como no Perú, como em todos os outros países tauricidas (num total de oito), a Igreja Católica envergonha a DOUTRINA CRISTÃ.
Fonte:
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São estes pormenores que nos fazer crer que a Igreja Católica portuguesa está-se nas tintas para essa tortura, para o que diz o Papa Bento XVI, ou para a Bula do Papa Pio V, e porquê?
Porque a Igreja Católica portuguesa é uma das grandes beneficiárias da tauromaquia, uma vez que a grande maioria das praças de touros lhe pertence. UM SACRILÉGIO!
Além disso, considera que os animais não tendo alma, devem ser tratados como uns desalmados.
E o que desejamos a toda esta gente, que assim pensa, é que seja julgada e condenada como merece, quando chegar a vez de ela prestar contas ao verdadeiro SENHOR DO UNIVERSO, que fez o Céu e a Terra e todas as suas criaturas.
Isabel A. Ferreira