Sexta-feira, 30 de Dezembro de 2016

VITÓRIA! BARCELONA DIZ NÃO A GOLFINHOS EM CATIVEIRO

 

 

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Os Defensores dos Animais comemoram mais uma vitória épica na vizinha Espanha, desta vez no que respeita a cetáceos em cativeiro, com o anúncio de que o único delfinário que está localizado dentro do Zoológico de Barcelona será encerrado, por violação dos padrões de bem-estar estabelecidos pela Associação Europeia de Mamíferos Aquáticos.

 

De acordo com In Defence of Animals, o ex-presidente da câmara de Barcelona aprovou uma verba de 15 milhões de Euros para modernizar a instalação e colocá-la em conformidade, mas o projecto foi embargado pela nova administração, sob a alçada da actual Presidente de Câmara, Ada Colau, que questionou se a cidade deveria ter golfinhos em cativeiro…

 

Não devia.

 

Em Portugal marca-se passo…

 

Fonte:

http://www.care2.com/causes/victory-barcelona-says-no-more-captive-dolphins.html

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:15

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Quinta-feira, 29 de Dezembro de 2016

«EU SOU UM TOURO DE TOURADA»

 

Um apelo de Christophe Thomas: apoiem a curta metragem "Eu sou um touro de tourada", do Festival Nikon 2016

 

Juntos acabaremos com o sofrimento dos nossos amigos Touros.

 

Thomas Christophe Fadjen, deixou um comentário ao post Do nascimento (do Touro) à extinção na arena... às 18:26, 2016-12-28. Comentário: Olá, esta é uma maneira muito informativo de sensibilização para a situação dos touros na praça de touros durante as touradas. Este é fillm visível até 15 de fevereiro no site da Nikon Festival. Obrigado a compartilhar e apoio para acabar com esta prática no mundo. http://www.sauvons-un-taureau-de-corrida.com/p.html cordialmente Christophe Thomas e Fadjen

 

 

Ver mais aqui:

http://www.sauvons-un-taureau-de-corrida.com/p.html#ifrm_4

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:02

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Terça-feira, 27 de Dezembro de 2016

Do nascimento (do Touro) à extinção na arena...

 

 

Reflexão de fim de ano sobre o Touro que os tauricidas chamam de “bravo”…

 

Um tal João Aranha, que não sei quem é, nem me interessa, escreveu um texto completamente imbecil, desprovido do mais básico conhecimento científico sobre bovinos, no aficionado “jornal” Correio da Manhã, sob o título «Do nascimento à extinção - Reflexão de fim de ano sobre o toiro bravo», onde esparramou uma ignorância que vem do tempo das mais profundas trevas, e que foi passando de geração em geração, como se fosse o saber dos saberes

 

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Porém (existe um porém) os tempos evoluíram, o mundo saiu das trevas, os conhecimentos avançaram, e hoje apenas os muiiiiito, mas muiiiiiito ignorantes é que não sabem que na Natureza não existem Touros “bravos”, mas simplesmente bovinos, que nascem como todos os bovinos, mas que são manipulados e torturados desde a nascença e ao longo da sua curta vida, para fazerem de conta que são “bravos”, e depois são enfraquecidos através dos mais repugnantes métodos, antes de entrarem na arena, para serem barbaramente torturados e morrerem lentamente, para que aos olhos dos sádicos que assistem à tortura, os cobardes tauricidas possam passar por “heróis”, porque a tauromaquia é a suprema arte da cobardia… desde o nascimento do bovino até à sua extinção na arena…

 

E esta é a única extinção que existe na tauromaquia: a morte lenta e dolorosa de um dócil e pacífico ser senciente, para satisfazer o prazer mórbido de psicopatas, sádicos e dos afectados por uma deformação mental, e encher os bolsos de criaturas acéfalas.

 

O que se extinguirá, com a abolição da selvajaria tauromáquica é a crueldade e a violência exercidas sobre seres que são muito superiores a quaisquer dos intervenientes nesta barbárie, e obviamente a extinção do bando de parasitas tauricidas que vivem à custa dos impostos dos portugueses.

 

***

Que haja joões aranhas por aí a destilar um ódio cavernícola por seres sencientes e pacíficos como os bovinos, e a dizer disparates de alto quilate, sobre uma matéria que desconhecem por completo, será (será?) normal, porque a anormalidade, neste nosso país ainda com raízes terceiro-mundistas, está legislada, por mais incrível que isto pareça.

 

O que é espantoso é existir um “jornal” que tem por função informar, e o que faz? Publica uma enxurrada de imbecilidades, que só contribui para que a ignorância continue a espalhar-se como um vírus nocivo. Por estas e por outras Portugal tem uma franja populacional ainda muito, mas muito atrasadinha…

 

(Do nascimento… do bovino)

 

 

 

(…à extinção do bovino na arena…)

 

 

Esmiucemos o que disse o João Aranha:

 

«Com mais um ano a findar, eis a ocasião propícia para algumas reflexões. Ao fazê-lo, dei comigo a meditar sobre a ignorância de alguns anti-taurinos e outros fundamentalistas urbano-depressivos que, nunca tendo visto parir uma ovelha ou cobrir uma burra, se permitem criticar quem aponta factos sobre tão importante matéria».

 

Só este primeiro parágrafo diz da deformação mental dos tauricidas. Eles é que são ignorantes (pois nada sabem de bovinos); eles é que são anti-taurinos (que significa inimigos dos touros) nós somos anti-touradas; eles é que são fundamentalistas, tipo islâmicos (pois sentem prazer em torturar seres vivos); eles é que são urbano-depressivos (tão depressivos que precisam de torturar animais para exorcizar as suas frustrações e a invirilidade de que sofrem); e como são extremamente ignorantes acham que todos são ignorantes também, e medem todos pelo mesmo alqueire.

 

Todos nós, animalistas, conhecemos bem tudo o que diz respeito aos animais, temos conhecimentos das ciências que se dedicam ao estudo dos animais no que se refere à sua biologia, genética, fisiologia, anatomia, ecologia, geografia e evolução, por isso sabemos do que falamos.

 

Não queiram vir ensinar o padre nosso ao vigário, quando nem sequer sabem rezar, porque o que vos ensinam nas igrejas que frequentam é apenas odiar os animais. Torturá-los para se divertirem. E isto não é cristão. É diabólico.

 

O parágrafo que se segue é de uma ignorância crassa. Medieval. Cavernícola. Uma mentira repetida há séculos, para enganar os ignorantes, tornou-se na verdade dos imbecis.

 

«Igual comportamento provem dos que, à porta do Campo Pequeno, em noite de corrida, ou mesmo na comunicação social, e até na Assembleia da República, continuam a afirmar que o toiro bravo (o toiro de lide destinado à tourada) mais não é do que um bovídeo que não estará condenado à extinção se as touradas acabarem, podendo sobreviver livremente na natureza. Uma tal crença peca por total ignorância de quem, com base num fundamentalismo sem fundamento, desconhece todo o percurso da espécie, desde que se chamava auroque e surgia pintado nas cavernas da pré-História até ao soberbo animal que hoje temos

 

Leia mais, João Aranha. Não enterre essa cabeça oca na areia. Saia das trevas. Ilumine-se.

 

Vou indicar-lhe aqui informação suficiente para deixar de ser ignorante, e nunca mais se atrever a vir a público dizer tanto disparate.

 

Fonte:

http://www.cmjornal.pt/opiniao/detalhe/do-nascimento-a-extincao

 

***

Quando falamos de selvajaria tauromáquica falamos disto:

 

«A tourada, razão da existência do Touro bravo?» Ou a queda de um mito...

A tourada vista por um Médico-Veterinário

 A verdade perversa sobre a tortura de Touros e Cavalos, antes, durante e depois de lide

Morte do Touro na arena 

 “A origem científica da "afición" ” 

O sofrimento de um touro diagnosticado por um Médico-Veterinário 

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 12:34

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Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2016

PRECE AOS DEUSES DE TODAS AS ALTURAS…

 

Ó Deuses de todas as alturas, iluminai os desiluminados para que o mundo se transforme num lugar de HOMENS de boa vontade, harmoniosos, lúcidos e racionais, para que todas as criaturas viventes possam coexistir em Paz….

 

MVO-0127-mensagem-natal-ano-novo-iluminado-l[1].jp

(Origem da imagem: Internet)

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:07

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«OBRIGADA POR DEIXARES QUE OS ANIMAIS ENTREM NO TEU CORAÇÃO…»

 

Uma bela mensagem da AnimaNaturalis, a maior organização ibero-americana para a defesa dos direitos dos animais e por um mundo mais justo para todos.

 

FELICES FIESTAS.png

 

Se os animais (não humanos) pudessem pedir um presente, serias tu, o presente. Tu, que sonhas com um mundo onde nenhum animal seja vítima do sofrimento, do aprisionamento, ou da tortura.

 

Tu, que és destemido, e que dia após dia tens a ilusão e a convicção de que a vida dos animais (não humanos) também importa.

 

Obrigada por deixares que os animais (não humanos) entrem no teu coração.

 

Obrigada, por confiares em que juntos podemos mudar o mundo, por eles.

 

O nosso compromisso é que 2017 seja um ano pleno de boas notícias para os animais.

 

Neste Natal, a melhor dádiva está dentro de ti…

 

(…)

Que a compaixão e o amor inundem estas festas.

 

Obrigada, do coração, por nos acompanhares e seres a voz dos animais (não humanos).

 

 

DANIELA.jpg

 

Daniela Romero Waldhorn Directora de AnimaNaturalis Internacional www.AnimaNaturalis.org

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:58

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Quinta-feira, 22 de Dezembro de 2016

«ALEPPO É UM LUGAR ONDE AS CRIANÇAS JÁ NÃO CHORAM»

 

Estas são cenas de puro terror e sofrimento no último hospital, nestes últimos dias em Aleppo.

 

(Advertência: imagens angustiantes nesta filmagem - filmada nestes últimos dias por Waad Al Kateab, que está entre os milhares ainda presos na Aleppo rebelde, aguardando segurança para sair da cidade.

Relato de Matt Frei.

 

 

VER MAIS NOTÍCIAS AQUI:

http://razoesparaacreditar.com/apoie/holocausto-sirio-8-maneiras-praticas-de-ajudar-as-vitimas-da-guerra-em-alepo/

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:05

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Quarta-feira, 21 de Dezembro de 2016

ACP apoia o circo Victor Cardinal que escraviza animais

 

Carta à Direcção da ACP

Peço a colaboração de todos

Escrevam para:

acpporto@acp.pt, apoio.socio@acp.pt, acpamoreiras@acp.pt, acpvilareal@acp.pt, acpviana@acp.pt, acpviseu@acp.pt, acpguarda@acp.pt, acpcbranco@acp.pt, acpcoimbra@acp.pt, acpevora@acp.pt, acpfaro@acp.pt, acpbraga@acp.pt, acpalmada@acp.pt, acpsantarem@acp.pt, acpbraganca@acp.pt

 

CIRCO.png

 

À Direcção do ACP,

 

Foi com enorme desagrado que tive conhecimento de que o ACP ofereceu bilhetes com desconto para o Circo Victor Hugo Cardinali, que utiliza animais de várias espécies nos seus espectáculos, retirando-os dos seus habitats, escravizando-os barbaramente.

 

São do conhecimento público as condições degradantes em que vivem estes animais, e o modo como são torturados para que façam o que não nasceram para fazer, e custa a acreditar que uma empresa socialmente responsável, como o ACP, promova e apoie este tipo de barbárie.

 

Daí que recuse a ser cliente do ACP enquanto esta empresa continuar a ser conivente com maus-tratos a animais, e solicito que revejam com urgência a vossa postura no que respeita a esta matéria.

 

Porque é urgente EVOLUIR.

 

Agradeço uma resposta a esta solicitação que, espero, seja positiva.

 

Com os meus cumprimentos,

 

Isabel A. Ferreira

***

Maria João, deixou um comentário ao post ACP apoia o circo Victor Hugo que escreviza animais às 09:32, 2016-12-22.

Comentário:

Infelizmente não foi apenas o ACP a contribuir para o sr. Cardinali ganhar dinheiro, se investigar mais um bocadinho descobrirá o nome das várias empresas que fazem a festa de Natal dos filhos dos funcionários no circo Cardinali, e são centenas de bilhetes vendidos, ou melhor, espectáculos exclusivamente pagos pelas empresas. Seria útil essas empresas serem confrontadas com aquilo que estão a patrocinar. Além de estarem a financiar um espéctaculo onde os artistas não-humanos são humilhados e sofrem horrores, passam às crianças a ideia de que ter animais no circo é normal e faz parte do Natal.

***

Infelizmente existem mais empresas. Agradeço que mas indique, porque não tive tempo de averiguar.

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:32

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Domingo, 18 de Dezembro de 2016

BOAS FESTAS??????

 

 

Os votos andam por aí… de boca em boca…

 

Os católicos celebram o nascimento do Menino Jesus, que nasceu numa manjedoura, humildemente…

 

O mundo rejubila com pais-natal e luzes… e um apelo irracional ao consumismo…

 

Enquanto isso… no outro lado da Vida, existe o caminho da morte, da tortura, da fome, da violência, da guerra…

 

E o mundo importa-se? Os governantes insanos que promovem guerras insanas importam-se?

 

E os que falam em nome dos deuses importam-se…?

E tu? Importas-te…

 

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… com esta fome…?

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… com esta guerra…?

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 … com esta morte…?

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 … com este suicídio forçado…?

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 … com o uso de armas químicas…?

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… com armar meninos para serem soldados…?

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 … com crianças/produtos expostos para venda…?

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 …com esta violência doméstica…?

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 … com o trabalho infantil…?

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 … com a escravatura infantil…?

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 …com os prisioneiros do mal…?

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 …com esta redução à condição de nada…?

 

CR13.jpg

…com a morte como única opção…?

 

Não, não me peçam para celebrar a hipocrisia…

 

Não enquanto o mundo estiver impregnado da loucura de governantes insanos…

 

Eu, individualmente, nada posso fazer para os impedir, a não ser mostrar as imagens dessa insanidade e indignar-me com ela…

 

(Origem das imagens: Internet)

 

 

 

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:13

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Sábado, 17 de Dezembro de 2016

ISTO NÃO É DOS HOMENS…

 

… é das BESTAS!

 

 

tags: ,
publicado por Isabel A. Ferreira às 15:11

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Quinta-feira, 15 de Dezembro de 2016

«O homem é a espécie mais insana...»

 

«O Homem é a espécie mais insana. Venera um Deus invisível e destrói a Natureza visível…  sem se aperceber de que esta Natureza, que ele destrói, é o Deus invisível que ele venera» (Hubert Reeves)

 

HUBERT REEVES.jpg

Hubert Reeves é um astrofísico, cosmólogo e divulgador de ciência, nascido em 13 de Julho de 1932, em Montreal, Canadá.

 

Entrevista a Samuel Silva ao Jornal PÚBLICO:

 

Hubert Reeves: “Não acredito que os seres humanos possam exterminar a vida”.

 

Publicou Um Pouco mais de Azul há mais de 30 anos, o livro que o lançou numa carreira com mais de uma dezena de títulos de divulgação científica. Tem também uma carreira científica notável. Cosmólogo, nascido no Canadá, fez de França a sua casa depois de se ter sido escolhido para director do Centro Nacional da Investigação Científica.

 

As mãos de Hubert Reeves traem-no quando tenta abrir uma garrafa de água. Aos 81 anos, a destreza física começa a faltar-lhe, mas a forma enérgica como expõe o seu pensamento permanece intocada. Continua a ler as principais revistas científicas “por prazer”, mas também “por dever”: “Se as pessoas querem que eu seja capaz de lhes falar sobre as últimas novidades, preciso de estar actualizado.”

 

Reeves esteve na Porto Business School, na última quinta-feira, para uma conferência sobre Cosmos, Sustentabilidade e Responsabilidade, onde explora algumas das ideias do seu último livro editado em Portugal “Onde Cresce o Perigo Surge Também a Salvação” (Gradiva). Em breve deverá editar um novo livro sobre o mar, a Terra e as placas tectónicas, dedicado ao público juvenil.



P - Ainda fala de ciência com o mesmo entusiasmo que tinha nas primeiras palestras feitas nas noites das suas férias em França, nos anos 1970?


H. R. - Tanto quanto consigo ver, sim. Para mim é sempre muito importante poder falar de ciência.

P - Quando percebeu que a ciência podia ser interessante para uma audiência mais vasta?


H. R. - Era estudante e dava palestras em Montreal [Canadá]. Um dia fui dar uma palestra a uma escola de estudantes problemáticos. A directora da escola estava à espera que eles fossem grosseiros comigo ao ponto de ela e outro professor terem ficado à espera à porta, na expectativa de terem de me ajudar. Mas não houve problemas e para mim foi uma experiência agradável.

P - E nessa altura percebeu que a ciência não interessa apenas aos cientistas?


H. R. - Sim, em particular a astronomia. É um assunto agradável, porque fala para as pessoas. É uma área onde podemos compreender, fazer física, mas também podemos sonhar. E isso é um bom tema para uma audiência. Esta história passou-se no Quebeque, de onde sou, e encontro alguma similitude com Portugal. Temos uma história análoga: quando eu era miúdo, o Quebeque era uma região muito religiosa, onde o conhecimento e o ensino eram completamente governados pelos padres e pela Igreja. Em 1960, aconteceu o que chamamos a “Revolução Tranquila” e isto mudou completamente as coisas. Costumava ser ensinada às pessoas uma verdade eterna e, de repente, foram deixadas no vácuo. Por alguma razão, a astronomia tornou-se muito importante para preencher esse espaço. E encontro coisas muito semelhantes em Portugal, depois de 1974 e da Revolução dos Cravos. Passou a haver um grande interesse em olhar para as questões do Universo. Havia gente que vivia numa espécie de certeza e, de repente, teve a necessidade de pensar sobre estas coisas. Agora as pessoas estão sozinhas e não há uma autoridade que lhes diga o que pensar.

P - Na ciência, é sempre preciso ter dúvidas?


H. R. - Fundamentalmente, sim. Questionar tudo. Por que devo acreditar nisto? Em que devo acreditar? E, muito frequentemente, a ciência não dá a resposta. Uma questão simples sobre a bomba atómica: devemos fazer bombas atómicas? A ciência não responde a isso. Diz como se faz uma bomba, mas não diz se a devemos fazer.

P. - Desde a década de 1980, quando começou a publicar livros, houve mudanças na forma como as pessoas acolhem a ciência?


H. R. - A corrida à Lua abriu um grande interesse pela ciência e pela astronomia. E isto voltou a sentir-se agora com a exploração de Marte. Tinha sido dito que este interesse ia diminuir, que não ia haver um grande espectáculo como no tempo de [J. F.] Kennedy, [antigo presidente dos EUA], mas a Internet mostrou que o interesse das pessoas pelo tema ainda é muito grande.

P. - Está no campo da divulgação científica há décadas e publicou vários livros. Qual é a grande diferença que sente com a Internet?


H. R. - Todo o conhecimento está lá, o que não era de todo o caso nos anos 1970 ou 1980. O que não mudou é que continua a ser preciso alguém para intermediar. Mesmo que o conhecimento esteja lá, as pessoas que não conhecem não vão procurá-lo espontaneamente. E isso é um papel importante do “apresentador”, que é quem diz: “Aqui está alguma coisa que pode interessá-lo.” A Internet até tornou mais importante o papel do intermediário.

P. - Nos seus livros, torna interessante ler sobre o assunto. Por que é que isso importante?


H. R. - Se os livros tiverem apenas ciência árida, não vão despertar interesse em lado nenhum. A ciência diz-lhe alguma coisa acerca da sua origem e toda a gente está interessada em saber de onde vem e qual é a história. Mas é importante que alguém diga que a química, a física, a geologia, são todos capítulos desse sítio de onde alguém veio.

P. - Acredita que a divulgação tornou as pessoas mais conscientes da necessidade de ter conta as descobertas científicas?


H. R. - Tem de haver alguma coisa entre a religiosidade – num sentido absolutamente naïf – e a ciência pura. Não é preciso fazer parte de nenhum grupo evangelista, nem negar toda a possibilidade de espiritualidade. As pessoas hoje podem decidir por si.

P. - Como é que um homem de ciência vê o debate crescente nos EUA sobre o criacionismo?


H. R. - É ridículo. Nenhuma pessoa inteligente pode acreditar no criacionismo.

P. - Mas já há estados dos EUA onde há a possibilidade disto ser ensinado nas escolas.


H. R. - Acho que essa é mais uma questão política do que uma questão científica. Há uma pressão social e política de algumas pessoas com interesses. É difícil ver que um miúdo que tem algum cérebro possa acreditar que o mundo foi feito há 4000 anos. E é o caso. Acho que é inútil lutar contra o criacionismo.

P. - O debate na Europa acerca da utilidade da ciência também é uma arma política?


H. R. - Não vejo que seja esse o caso na Europa. Vejo antes neste sentido: acreditou-se durante todo o século XIX que a ciência traria felicidade ao ser humano e o século XX mostrou que não era assim tão simples. A ciência em si mesma não é garantia de tornar as pessoas felizes. E há uma decepção daqueles que pensaram que a ciência traria felicidade à humanidade.

P. - Todo o conhecimento tem de ter uma aplicação?


H. R. - É uma questão de escolha pessoal. Algumas pessoas, como eu, pensam que o conhecimento é importante por si mesmo, independentemente da sua aplicação. Queremos perceber este mundo, o que significa a vida. E algumas pessoas não estão interessadas nestas respostas. Mas há uma grande quantidade de pessoas que está interessada em ter um novo conhecimento na ciência. As pessoas têm o direito de saber como a ciência é uma descoberta.

P. - Como olha hoje para o seu primeiro livro, Um Pouco mais de Azul, de 1981 [editado pela Gradiva em 1983], e a sua primeira experiência na divulgação científica?


H. R. - Fico sempre muito contente quando algumas pessoas me dizem que foi importante para elas. Isso foi o que descobri, entretanto, porque quando lancei o livro não tinha ideia alguma do que aconteceria. Quando algumas pessoas me dizem que foi muito importante, que o tiveram na mesinha de cabeceira, isso é gratificante para mim.

P. - Ainda há pessoas que ficam chocadas quando diz que o Sol vai morrer em 5000 milhões de anos?


H. R. - Não, acham que é tempo suficiente.

P. - Mas quando se diz isso, parece haver uma ideia pessimista.

H. R. - Por que diz isso?

P. - Porque nos mostra que há um fim na vida.


H. R. - Não necessariamente. Há outras estrelas, algumas das quais viverão muito mais tempo do que o Sol. Isso não significa o fim da vida no Universo. O futuro longínquo da física do Universo está cheio de incertezas, mas não diria que possa dizer-se que é o fim. Será realmente um problema, mas há outras estrelas que continuam. Se houver vida à volta dessas outras estrelas, a vida pode continuar.

P. - No seu último livro diz que a beleza do mundo está ameaçada pelo ser humano. É uma ideia que explorou em O Tempo do Deslumbramento em que falava numa “pulsão de morte”. Estamos mesmo a caminhar para uma destruição da vida na Terra como a conhecemos?


H. R. - Não sabemos. O futuro é desconhecido. Não acredito que os seres humanos possam exterminar a vida. Ela é muito robusta, muito mais adaptável do que pensávamos antes. Encontramos sempre novas formas de vida que são muito mais resistentes do que pensávamos e por isso ela continuará.

P. - Mas não como a conhecemos?


H. R. - A humanidade poderá não estar lá. Os vírus e as bactérias, ninguém sabe. São muito robustos e podem viver muito mais tempo. A questão é o futuro do ser humano. Possivelmente, mais tarde, outra espécie animal poderá desenvolver inteligência. Há poucos milhões de anos, uma espécie recebeu um dom da natureza e uma inteligência fantástica e é hoje em dia este dom que ajuda estas pessoas a viver num ambiente hostil. Mesmo que a humanidade desapareça, ninguém sabe o que pode acontecer dentro de 100 milhões de anos.

P. - É como um historiador: pode entender o passado, mas não pode prever o futuro.


H. R. - Nesta área, podemos dizer quais são os perigos, mas é impossível dizer o que acontecerá. Quase sempre as pessoas tentaram fazer estas previsões e falharam.

P. - Como vê as alterações climáticas e o desentendimento entre os países nesta matéria?


H. R. - Pensamos que se a temperatura subir dois graus [Celsius], o clima deixará de poder ser gerido. As previsões actuais são mais próximas de uma subida de três ou quatro graus e isso vai tornar a vida extremamente difícil.

P. - Foi muito crítico com os discursos políticos sobre esta matéria. É importante começar a agir e não apenas produzir documentos?


H. R. - O Protocolo de Quioto foi uma tentativa positiva, mas o sucesso não foi o que se esperava. A questão é sempre dinheiro. O Canadá, que há uns anos era muito verde, agora descobriu petróleo em Alberta e mudou completamente de política. O dinheiro está primeiro.

P. - A conferência que deu no Porto foi complementada como uma apresentação de “boas práticas” de empresa portuguesas em termos de sustentabilidade. Este discurso chega de facto às empresas?


H. R. - Há progressos em muitos casos e esforços que vão no sentido certo. Não sou de todo pessimista nesse sentido. Mas há sempre esta questão de dinheiro. O exemplo que dou é o de Fukushima, no Japão. Como é que um país que tem os melhores engenheiros do mundo e alguns dos melhores cientistas, decidiu colocar um reactor nuclear numa das regiões sísmicas mais activas e protegê-la com um muro de seis metros, quando se sabe que um “tsunami” chega a 20 metros de altura? Se fosse no mundo em desenvolvimento, podia dizer-se que eles não sabiam, mas aqui não. A resposta é que a segurança e o lucro não andam juntos. Isto é puramente humano e será sempre o problema. As pessoas correm sempre risco para ganhar dinheiro e, às vezes, mesmo que o evento possa ser muito raro, ele acontece.

P. - O dinheiro e a sustentabilidade podem alguma vez ter um terreno comum?


H. R. - É o que esperamos. Mas quando olhamos para o que acontece, temos exemplos claros contrários.

P. - Os seus livros têm referências constantes à literatura e às artes plásticas. Como vê a relação entre a ciência e a arte?


H. R. - A ciência diz como é que o mundo funciona. É uma operação racional, mental. A arte é mais o sentido de maravilhamento do mundo, da imaginação. Ambas são fundamentais para o ser humano. Se alguém está apenas no mundo racional, “seca-se”. Se está apenas no da imaginação, enlouquece. São dois pilares para um desenvolvimento saudável dos indivíduos. Essas pessoas estão impressionadas com o mundo, a nossa vida, o nosso corpo. Mas quando se é um artista, não se está apenas a contemplar o mundo, está-se a usar este poder da imaginação para criar. O cientista é o que tenta entender com lógica, o artista é o que tenta recriar algo que faz as pessoas felizes.

P. - Há um par de anos publicou um livro para jovens. É diferente escrever para pessoas jovens e para um público adulto?


H. R. - Escrever para crianças é particularmente difícil. É preciso manter a todo o tempo o seu interesse e compreensão. Quando se escreve, é preciso ter um objectivo e ter sempre em mente que os leitores vão continuar a ler. A dificuldade é esta: se eu usar esta palavra, o leitor vai entender? Tem de se evitar que a pessoa que está a ler o livro pense que não é suficientemente inteligente para o entender.

 

Fonte:

http://www.publico.pt/ciencia/noticia/nao-acredito-que-os-seres-humanos-possam-exterminar-a-vida-1623748

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:09

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