Entre as minhas papeladas, encontrei esta carta escrita no DIA MUNDIAL DA CRIANÇA, do ano de 1984, um trabalho colectivo das turmas do 1º ano, A e N e do 2º ano, B, D e F, da Escola Preparatória de Irene Lisboa (Porto), para a UNICEF.
Hoje, as crianças que escreveram esta carta já serão umas senhoras e uns senhores, com certeza, responsáveis por outras crianças.
Gostaria de partilhar convosco estas palavras escritas em 1984, que poderiam ser as mesmas de hoje, e o Menino do Líbano, a quem é dedicada a carta, poderá ser qualquer menino do nosso mundo, onde a criança ainda não é considerada um Ser Humano com Direitos.
A carta continua tão actual como em 1984.
De então para cá, o que mudou? O que se fez para mudar as coisas?...
Menino tão triste
sem nome
sem pais
menino da fome
do frio
da terra
do terror da guerra
Menino do Líbano
sem casa
sem sorte
menino doente
menino da morte
apavorado
gritando de dor
que sofres
que anseias
um pouco de amor.
Se jogo à bola
se apanho uma flor
se salto
contente
de ser tão feliz
se olho as estrelas
e sinto a beleza
do céu
e do mar
porque tenho amigos
e sei
o que é amar
também penso em ti
Menino do Líbano
e como é urgente
a guerra acabar.
A ti
porque choras
(e podia ser eu)
gostava de dar-te
daquilo que é meu.
Mas
eu vou crescer
e no mundo
doente
em que hoje vivemos
prometo lutar
de um modo diferente
a favor da vida
da paz
da justiça
dos meninos perdidos
na escuridão
sem nunca esquecer
que és meu irmão!
***
Espero que estes meninos de 1984, estejam a cumprir o que aqui prometeram, agora que são adultos responsáveis.
Mais do que nunca precisamos de lutar para que TODAS AS CRIANÇAS DO MUNDO sejam amadas e vejam cumpridos os seus mais elementares direitos.
Vou partilhar com os leitores do Arco de Almedina uma história singular, passada comigo, no Facebook.
Partilho-a porque além de singular é inacreditável, partindo de quem partiu: um escritor brasileiro, de 46 anos, oriundo de São Paulo, com um livro recentemente publicado, e muitos outros. E estas coisas devem ser partilhadas, para memória futura.
No Facebook o sujeito é “amigo” de algumas editoras portuguesas, das quais também sou “amiga”. Até aqui, nada de mais.
Ora, uma dessas editoras, colocou na sua página do FB a capa de um determinado livro e a seguinte frase: Todos nós procuramos a felicidade. Mas o que poucos sabem é que… todos nós já somos felizes!
Comentei a frase (como é meu hábito), dizendo que tal era uma grande verdade; de seguida uma outra senhora comentou também algo idêntico, e depois o tal sujeito escreveu: «A felicidade é irrelevante».
Perante tal “irrelevância” da felicidade fiquei curiosa, e sem procurar saber quem tinha proferido tal frase (aprendi com isto que nunca devemos meter-nos com quem não conhecemos, apesar de ser amigo do nosso amigo), fiz-lhe uma simples pergunta: «Se a felicidade é irrelevante, o que é relevante?» Respondeu-me o sujeito: «Conhece-te a ti mesma».
A partir daqui, como gosto de trocar ideias, e pensando eu que estaria a dialogar com um HOMEM inteligente, continuei a conversa dizendo que conhecer-nos a nós próprios também era muito importante, mas a felicidade...
Como resposta obtive este discurso:
«Conhecer a si mesma não é apenas muito importante.
É TUDO O QUE REALMENTE IMPORTA!
Porque quando você detém o conhecimento pleno e completo sobre si mesma, pode perceber que a tal "felicidade" nada mais é que marketing pra vender livros.
Ou pra iludir especialmente as mulheres, sempre tão emotivas.
Pois não existe "felicidade"....
Nem “infelicidade”.
Existe você perante a si mesma e sua eterna luta contra seu Ego.
Quem quer ser feliz é o Ego e ele não é você.»
Bem, continuei a divagar sobre a questão, discordando do marketing para vender livros e insurgindo-me quanto à emotividade da mulher, blá, blá, blá...
O sujeito começou então a descambar e escreveu o seguinte:
«A mulher é moldada e criada para ser emotiva. E submissa, escrava, prisoneira, etc.
Mas incentiva-se a emotividade feminina exatamente para lhe vender produtos, como este livro, por exemplo.
Fossem as pessoas mais dedicadas a DESCONSTRUIR essa imagem de "mulher", livrando-se dessas frases feitas, tipo "o importante é viver"...
Certamente estaria mais próxima de compreender a si mesma descartando todo esse entulho mentiroso e falso que lhe fui imputando».
Pasmei. Banzei-me! Reagi, a tal absurdo, e disse-lhe que o que havia escrito só podia ser conversa de treta, ou estava a gozar com a minha cara.
Só então me apercebi de que o sujeito não devia regular bem da cabeça, e decidi que não iria dar-lhe mais conversa.
Só que, à minha reacção, o sujeito escreveu:
«Mimimi, tchutchutchu, bububu!
Bata o pezinho agora, bata!
Não faça assim senão tu vais fazer naninha sem comer tua papinha!
ÔÔÔÔ, que coisinha mais dindinha de nenê!
Né, nenê di lindinha?...
Cadê a lindinha do papai, cadê?
...
Anta.»
(Saliente-se que anta no Brasil significa pessoa estúpida).
Pasmei ainda mais. Que grande ingénua! Então fui procurar saber tudo sobre o fulano (a linguagem da sua página no Facebook é de uma baixeza, impressionante), e continuei a surpreender-me, pois o tal era um escritor brasileiro, editor, e lá nos entretantos, dizia-se anarquista (uma verdadeira ofensa para os verdadeiros anarquistas que não têm nada a ver com bandalheira).
(Um parêntesis para dizer que outro dia, tive de bloquear um “amigo” no Facebook, que também se dizia anarquista, e era tudo menos isso).
Continuando.
Depois disto, decidi nunca mais trocar conversa com desconhecidos.
Ainda hesitei: respondo, não respondo?
Contudo, acabei por responder o seguinte: «Pensei que estava a “esgrimir” ideias com um HOMEM. Enganei-me. Acontece».
Este comentário foi retirado. Claro! Com certeza, denunciado.
Então decidi retirar os meus. Claro!
E o sujeito ficou com os dele, que sem os meus, não têm qualquer nexo.
Como tenho este feitio “refilão”, escrevi-lhe uma mensagem (não pública) a dizer-lhe das minhas.
E ele respondeu que era descendente de portugueses e era assim (completamente idiota – este aparte é meu), por culpa dos “meus” antepassados. Se quisesse culpar alguém, que os culpasse a eles.
Depois continuou a dizer disparates que não posso aqui reproduzir por serem impróprios.
Aquela frase da descendência, porém, disse-me tudo: outro brasileiro preconceituoso que nunca soube reconciliar-se com o seu passado e tem vergonha do que é e do seu presente, nada tendo contribuído para a grandeza do povo brasileiro, depois da sua independência. Um fracassado. Um frustrado. Apesar de escritor.
Espero que o livro deste sujeito não seja publicado em Portugal, pois, se o for é mais uma daquelas injustiças que se cometem contra os portugueses que querem publicar e não lhes dão oportunidade.
Agora, que anda no ar o programa «CÁ e LÁ», na RTP2, onde se quer mostrar as diferenças e as semelhanças entre o Brasil e Portugal, é bom que se conclua que ainda há muito que fazer no Brasil, para que os portugueses sejam respeitados como um povo que colonizou o Brasil dos indígenas, sim, mas não é um povinho qualquer...
http://www.facebook.com/home.php?#!/jrp64
http://www.facebook.com/home.php?#!/profile.php?id=100000065029919
Há imagens impressionantes.
Esta é uma delas.
O Touro, ferido, ensanguentado, dorido, sofrido, com as carnes rasgadas, decidiu defender-se.
Quem pode criticá-lo? Não o toureiro, nem o povo que minutos antes o aplaudia.
O Touro, mataram-no, com certeza, mas pelo menos teve o seu momento...
RECADO URGENTE AOS GOVERNANTES DESTE PAÍS
Quando Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República Portuguesa, acabou de promulgar o diploma sobre o casamento homossexual, ouviram-se alguns comentários, entre os quais um que dizia mais ou menos isto: «Deu-se um grande passo em frente para um Portugal mais civilizado...»
Não vou aqui discutir se esta promulgação é ou não é um grande passo em frente para um Portugal mais civilizado.
O que aqui vou pôr em causa é um passo que ninguém se mostra disposto a dar e que nos colocaria entre os países mais evoluídos.
Ora, se os nossos governantes estão tão interessados em dar grandes passos em frente para um Portugal mais civilizado, ainda há muito que “passear”.
Por isso vou aproveitar este embalo, para mandar um RECADO à Assembleia da República, ao Sr. Presidente da República, ao Sr. Primeiro-ministro, e a quem mais tem as rédeas do poder para poder dar grandes passos em frente no sentido da evolução, da civilização e de uma cultura culta, para que Portugal possa ser reconhecido, cá dentro e lá fora, como um país realmente evoluído e civilizado (o que ainda não é o caso, apesar da existência da lei do casamento homossexual).
Ter ou não ter os homossexuais casados pelo civil, não considero um passo assim tão importante para a evolução do país, pois se, hoje em dia, os heterossexuais nem sequer se casam!... Então?!
Um passo em frente para um Portugal civilizado e para a evolução do país seria, entre outros passos, isso sim, acabar com os espectáculos degradantes que por esta altura de Verão, se verificam um pouco por todo o país: as abomináveis touradas.
Já por diversas vezes saí à praça em defesa dos magníficos animais que são os Touros. Desta vez, torno a sair, para dizer que estou com Anna Mulá, membro do comité da organização da ILP – GROU (basta em catalão).
O que diz Anna Mulá?
Um documento gentilmente cedido pelo Movimento Internacional Anti-Tourada à CAPT – Campanha Anti-Tourada Portugal, e que passo a transcrever.
Anna Mulá diz que a votação da nova lei (que proibirá as touradas em Espanha) ainda não tem data definida, mas pode ocorrer nos próximos meses: «Nós teremos oportunidade de justificar a nossa postura no parlamento, assim como terá também o grupo favorável à tauromaquia, antes da votação. Da nossa parte, já temos um quadro de pessoas muito qualificadas, em veterinária, filosofia, biologia, direito e outras disciplinas, dispostas a falar».
Anna diz-se optimista em relação a essa iniciativa, apesar de conhecer a força dos grupos que suportam as touradas e se apoiam em conceitos de identidade nacional: «Os argumentos para justificar a continuação de um espectáculo cruel, baseados na tortura e na tradição, já não são convincentes. A cultura não é uma realidade estática, mas dinâmica, e muda continuamente – o que no passado era direito ou costume, hoje não é mais.»
«Não podemos seguir cegamente todas as tradições», diz Anna.
«Quem usa argumentos de identidade nacional para defender a tauromaquia, na verdade, não se atreve a encarar o verdadeiro debate que é sobre a ética. A ideia de progresso e evolução tem acompanhado a Humanidade e tem se manifestado tanto na sua versão tecnológica quanto ética. O lugar que os animais devem ter na moral e no direito é consequência de uma evolução social, fruto de investigações de carácter científico e da etologia (estudo do comportamento animal). Hoje, a ideia de que é moralmente detestável causar sofrimento desnecessário aos animais já está completamente consolidada, e a sociedade já pode exigir que a legislação proíba actos sangrentos contra os animais», argumenta Anna antes de finalizar, com entusiasmo contagiante:
«O touro é um mamífero superior, categoria na qual também está o ser humano. Assim como nós, o touro tem um sistema nervoso central que regista e transmite impulsos de dor. No entanto, os touros não podem defender-se a si próprios, dentro da ordem jurídica humana. De facto, é isso que transforma as touradas numa covardia inaceitável. É certo que nós estamos no topo da pirâmide evolutiva porque fomos dotados de racionalidade (eu diria que fomos dotados do poder da palavra, pois tenho dúvidas quanto à falta de racionalidade dos animais, uma vez que existem homens muito mais irracionais do que os touros, por exemplo) mas isso não só nos concede direitos especiais, como também a importante responsabilidade de proteger aqueles que não podem fazê-lo por si próprios».
***
Posto isto, Senhores Governantes Portugueses, querem dar passos em frente para um Portugal mais civilizado?
Então ACABEM DE VEZ COM AS TOURADAS, e estarão a dar um passo de gigante em direcção à tão necessária e pretendida EVOLUÇÃO, uma vez que TORTURA NÃO É CULTURA, e cheira a mofo, a sangue podre, a coisa velha, fora do tempo...
DE QUE TÊM MEDO?
QUEM VOS IMPEDE?
NÃO SÃO GENTE CULTA E CIVILIZADA?
ENTÃO DE QUE ESTÃO À ESPERA?...
NÃO TENHAM RECEIO DE EVOLUIR...
Tenho por hábito coleccionar papeladas, textos, coisas antigas, que passados uns anos volto a encontrar nas gavetas, e surpreendo-me.
Foi este o caso.
Encontrei um belo documento, feito poema, escrito por Thiago de Mello, poeta brasileiro, que continua tão actual como outrora: «Estatutos do Homem».
Ora leiam:
Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
Que agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.
Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.
Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais de
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.
Parágrafo único:
O homem confiará no homem
como um menino confia em outro menino.
Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.
Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.
Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.
Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.
Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.
Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
a qualquer hora da vida,
o uso do traje branco.
Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.
Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.
Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.
Artigo Final
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.
Thiago de Mello
Santiago do Chile, Abril de 1964
Copyright © Isabel A. Ferreira
Hoje apetece-me mergulhar no pensamento dos meus filósofos, dos Homens que ainda nos fazem acreditar na capacidade da razão humana.
Hoje, aproveitarei uma citação do filósofo e estadista latino, Marco Túlio Cícero, (que serve de título a esta crónica) para enviar uma mensagem discreta àqueles que, porventura, estarão confusos acerca da interligação entre Honra e Justiça.
E tudo isto vem a propósito de tantas coisas que acontecem no dia a dia, comigo, com outros, com tantas e tantas pessoas...
Na verdade, chegamos à conclusão de que não pode haver Honra onde não existe Justiça.
Ao que podemos verificar, o conceito de Justiça, isto é, aquela virtude moral que inspira (ou deveria inspirar) o respeito pelo Direito de outrem anda muito desvirtuado.
E o que dizer da Honra? Aquele sentimento que leva (ou deveria levar) o homem a procurar a consideração pública pelo cumprimento do dever e pela prática das boas acções... onde está ele?
Hoje em dia, são raras aquelas pessoas para quem estas moralidades, ou seja, estas doutrinas dos costumes e dos deveres do Homem para com os seus semelhantes, têm algum significado.
Para mim, a Justiça ainda é uma questão de Honra, por isso, dela não abdico.
Um dia, li algures: «Se os criminosos não forem punidos, como poderemos acreditar na Justiça?»
É um facto. Vivemos numa sociedade em que os valores afectos ao Homem estão a desvirtuar-se vertiginosamente. O respeito pelo próximo dilui-se como o pó em água. O respeito pelas leis e pelos direitos é constantemente violado, das mais variadas formas, e por quem devia defendê-lo.
E o que acontece?
Assiste-se a este desmoronamento de valores, impávida e serenamente, e quem ousa levantar a voz contra essas imoralidades, é molestado por tal ousadia, tal como acontecia na Idade das Trevas.
«As nossas opiniões não poderão sobreviver, se não tivermos oportunidade de lutarmos por elas», dizia Thomas Mann. E é precisamente essa a minha filosofia.
Como poderei ficar quieta no meu canto, acomodada, indiferente, se o mundo ao meu redor se desmorona tão aparatosamente?
Que devo fazer das minhas ideias? Dos meus ideais? Dos sonhos que ainda sonho? Da vida que tenho para viver?
Enterro-os na areia e deixo que as ondas do mar os levem para as profundezas dos abismos?
Tal seria o mesmo que regressar à Idade das Trevas. Mas eu vivo (todos nós vivemos) no século XXI D. C..
E o que se vê? Uma regressão vertiginosa da Razão, dita humana. A desinteligência a tomar o lugar da inteligência. E a percepção deste fenómeno constrange-me.
Henri David Thoreau, um escritor norte-americano, disse certa vez que «a Sabedoria contém o Desespero»; daí que eu deduza que a Ignorância contém a Indiferença. E isso é o pior dos males.
Quem consegue ver mais além do que os seus olhos podem alcançar, vive num constante desassossego, pois tem a nítida percepção do que poderia ser a vida se pudesse eliminar, por completo e definitivamente, a ignorância que ainda está instalada nas sociedades ditas humanas.
O nosso sábio poeta Luiz de Camões cantou num dos seus versos: «Mais c’o saber se vence, que c’o braço».
E esta é uma verdade irrefutável.
Quem deveria ter a percepção destes “fenómenos humanos”, porém, não a possui e dá mau exemplo a quem já tem a visão curta.
Por isso, esta nossa sociedade está virada do avesso, e a Justiça não existe porque se perdeu a Honra.
Para finalizar esta divagação, citarei um pensamento do estadista britânico Sir Winston Churchill: «A Coragem é a primeira das virtudes humanas, porque é ela que garante todas as outras».
Por vezes, sou abordada pelas pessoas que costumam ler as minhas crónicas, e falam-me da “minha coragem” ao tratar determinados assuntos. Talvez seja essa a minha única virtude. Mas, na verdade, ela é necessária para se enfrentar a vida de frente, se bem que nos traga muitos dissabores e inimigos.
Já lá diz o povo: «Viver não custa, o que custa é saber viver». Contudo, para se saber viver há que ter coragem de enfrentar certos monstros que nos barram o caminho, até porque para trás anda o caranguejo, e como o homem não é um caranguejo não posso aceitar que ele recue tão grosseiramente.
A propósito das citações de que, por vezes, me valho para ilustrar as minhas crónicas, e para aqueles que criticam o “saber enciclopédico”, gostaria de dizer que os filósofos, os pensadores, os sábios, deixaram-nos o seu legado de inteligência, para nele podermos reflectir, e se com ele concordarmos, utilizá-lo para bem da Humanidade.
É o que faço.
E, como diz o povo francês:
«Não há almofada mais fofa do que uma consciência tranquila».
Isabel A. Ferreira
Ao meu correio electrónico chegou-me o texto que a seguir reproduzo (entre aspas), o qual li com muita atenção.
Eu já me tinha apercebido de que algo estava errado nesta campanha telefónica. Por isso, não participei.
Com certeza, muitas mais pessoas receberam este texto. No entanto decidi partilhá-lo aqui, para que se conste.
E coloco a questão: ISTO SERÁ VERDADE?
A SER VERDADE, É NOSSO DEVER FAZER ALGUMA COISA, PARA PARAR ESTA VERGONHA. UM PAÍS ONDE EXISTEM LADRÕES INSTITUCIONAIS, QUE ROUBAM O POVO IMPUNEMENTE, QUE MORAL TERÁ PARA CONDENAR OS LADRÕES NÃO INSTITUCIONAIS?
...
«EM PORTUGAL ATÉ A SOLIDARIEDADE DOS PORTUGUESES
SERVE PARA FAZER NEGOCIATAS...
A campanha a favor das vítimas do temporal na Madeira através de chamadas telefónicas é um insulto à boa-fé da gente generosa e um assalto à mão-armada.
Pelas televisões a promoção reza assim: Preço da chamada 0,60 € + IVA.
São 0,72 € no total. O que por má-fé não se diz é que o donativo que deverá chegar (?) ao beneficiário madeirense é de apenas 0,50 €.
Assim oferecemos 0,50 € a quem carece, mas cobram-nos 0,72 € , mais 0,22 € ou seja 30%. Quem fica com esta diferença?
1º - a PT com 0,10 € (17 %) isto é a diferença dos 50 para os 60.
2º - o Estado 0,12 € (20 %) referente ao IVA sobre 0,60.
Numa campanha de solidariedade, a aplicação de uma margem de lucro
pela PT e da incidência do IVA pelo Estado são o retrato da baixa
moral a que tudo isto chegou.
A RTP anunciou com imensa satisfação que o montante doado já atingiu os 2.000.000 de euros. Esqueceu-se de dizer que os generosos pagaram mais 44% ou seja mais 880.000 euros divididos entre a PT (400.000 € para a ajuda dos salários dos administradores) e o Estado (480.000 € para ajuda ao reequilíbrio das contas públicas e aos trafulhas que por lá andam).
A PT cobra comissão de quase 20% num acto de solidariedade!!!
O Estado faz incidir IVA sobre um produto da mais pura generosidade!!!
ISTO É UMA TOTAL FALTA DE VERGONHA!!!
ISTO É UM ASQUEROSO ESBULHO À BOLSA E AO ESPÍRITO DE SOLIDARIEDADE DO POVO PORTUGUÊS!!!
Já agora, vale a pena pensar nas recolhas de alimentos para o Banco Alimentar Contra a Fome feitas nos hipermercados. É uma bela forma de os supermercados venderem mais... e nem em cêntimo dão às instituições que lhes aumentaram as vendas...
Tudo é pago, contemplando o lucro dos ditos e, claro está, os impostos ao consumo...
E o notável negócio das empresas da SONAE com o arredondamento para cima das facturas?
É UMA PIPA DE MASSA QUE ENTRA NOS COFRES DA SONAE!!! QUANTO RENDE? QUEM CONTROLA?
E O BELMIRO, DEPOIS (SABE-SE LÁ QUANDO), AINDA FAZ UM NÚMERO MEDIÁTICO A ENTREGAR PARTE DO QUE OS PORTUGUESES, DE BOA FÉ, ARREDONDARAM... (pagaram impostos e rechearam a tesouraria das empresas)... E, EIS A CEREJA EM CIMA DO BOLO: AINDA SE DESCONTA NOS IMPOSTOS DAS VÁRIAS EMPRESAS DA SONAE... POIS CONTABILISTICAMENTE O DINHEIRO GERADO COM OS ARREDONDAMENTOS DOS CLIENTES É ENTREGUE COMO DONATIVO...
E O POVO PAGA!
MISERAVELMENTE ESTA GENTE (?) ATÉ DA SOLIDARIEDADE FAZ NEGÓCIO!!!
TUDO LHES SERVE PARA ASSEGURAREM OS SEUS MULTIMILIONÁRIOS ORDENADOS E PRÉMIOS!!!
NÃO COLABORES NESTAS CAMPANHAS, CASO NÃO SEJA ESCLARECIDO CABALMENTE QUE OS "DONATIVOS" ESTÃO ISENTOS DE IMPOSTOS E DE TAXAS OU COMISSÕES, BEM COMO NÃO CONTRIBUEM (SEM RETORNO SOLIDÁRIO) PARA O AUMENTO DOS NEGÓCIOS DOS GANANCIOSOS GESTORES...
NÃO SEJAS TOTÓ!!!
E DENUNCIA!»
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