«Educai as crianças e não será necessário castigar os homens» - (Pitágoras)
Basílio de Sousa Dias (Foto: DN - Paulo Coutinho)
Eu tive um amigo (falecido há alguns anos) ilustre jornalista, poeta, historiador, publicista, agente artístico, actor (de cinema e teatro), de seu nome Basílio Joaquim de Sousa Guimarães Torres Peixoto Palhares de Lacerda Burgueira de Mariz e Dias, Conde de Celanova, Barão do Corvo e Morgado da Toutosa, último nobre galaico-português (por ter sido filho único e não deixar descendência).
Durante o tempo em que convivemos e trabalhámos no mesmo jornal, eu apenas sabia que era Basílio de Sousa Dias, jornalista e historiador, habitante da noite portuense, boémio, que vivia em Vila Nova de Gaia, numa casa onde guardava um extraordinário espólio, e que uma tarde visitei, tendo sido mimoseada com um requintado lanche, confeccionado pelo próprio Basílio.
Na altura em que trabalhávamos no mesmo jornal - «A Voz da Póvoa», dirigido por José de Azevedo - ambos escrevíamos crónicas, e ele, por mais do que uma vez, me “censurou” por eu “bater” demasiado nos homens, e ele, como Homem, sentia-se lesado com as minhas observações.
Um dia expliquei-lhe os meus motivos.
...
Não haverá ninguém que não conheça o mito de PANDORA, que atribui a esta Eva grega, todos os males que afligem a Humanidade, uma vez que, devido à sua curiosidade, abriu uma pequena caixa onde os deuses guardavam esses males, espalhando-os pelo mundo. Contudo, lá no fundo da caixa, restou uma única coisa boa: a Esperança.
Ora, esta lenda só poderia ter sido inventada por um homem. Se fosse eu a criá-la, talvez a Pandora fosse um Pandoro, pois tanto quanto sei e observo, todos os males que desde tempos antigos afligiram a Humanidade foram (e continuam a ser) causados pela falta de inteligência, de visão e de discernimento dos homens que têm o poder de pôr e dispor da vida e da morte, no nosso Planeta.
Claro que, quando me refiro aos homens, é aos que escrevo com um h minúsculo. Todas as vezes que me refiro a um ser (masculino) superior utilizo o H maiúsculo, e para mim, a superioridade de um Homem tem a ver com a sua inteligência e com o seu modo prudente, sábio, lúcido e hábil de estar na vida. Em suma tem a ver com a sua Humanidade.
Se os homens parassem um pouco para reflectirem, por exemplo, na guerra, talvez chegassem à conclusão de que ela é a maior manifestação da sua própria imbecilidade. Lá pelas épocas pré-históricas, tais actos bélicos ainda se justificariam. Talvez! Hoje, porém, em pleno século XXI D.C., a proliferação de confrontos entre os povos é inadmissível e extremamente irracional.
Os grandes chefes, normalmente pequenos homens em mentalidade, enviam para a morte, jovens que se matam uns aos outros sem saberem porquê, em nome de ideais idiotas, a maior parte das vezes. E esta é uma das maiores provas do cretinismo dos actos de guerra.
Eu, se fosse Homem, recusar-me-ia, nem que tal me custasse a vida, a ir para uma guerra matar outros seres humanos, como eu, os quais nunca me fizeram mal, a propósito de coisa nenhuma.
Quem inventou a pólvora, as bombas atómicas, as armas nucleares e as outras? Os homens. Quem são os “cérebros” das células terroristas (o que considero um bando de requintados cobardes) que infernizam a vida de cidadãos pacatos? Os homens.
Quem são os chefes das máfias? Quem são os maiores criminosos? Os grandes bandidos da Humanidade? Os pedófilos? Os homens.
Quem inventa as leis que regem os povos, e que nem sempre correspondem às necessidades, aos anseios e às realidades das populações? Os homens.
Quem governa (mal) os países (tirando uma ou outra mulher)? Os homens.
Quem contribui para a poluição do ar, das águas e do solo? São os homens, com as suas ridículas invenções, que proclamam em nome de um falso progresso. Depois é o «Ai Jesus!» que a camada de ozono vai mal; «Ai Jesus!» que a radioactividade está a contaminar a Natureza; «Ai Jesus!» que o Planeta está em risco!
Quem está a destruir o chamado “pulmão do mundo” – a floresta amazónica? São homens: fazendeiros dementes e ávidos de lucro, que matam os que querem preservar um dos lugares mais diversificados em flora e fauna que se conhece. Quem polui as águas dos rios, que desfeiam a paisagem e matam os animais e as plantas? São os homens, donos de fábricas, que não respeitam a vida no Planeta.
Quem foram os Neros, os Hitlers e os Saddams da Humanidade? Foram homens. Quem dirigiu os campos de concentração alemães e os Gulags russos, lugares de extermínio de Homens, Mulheres e Crianças? Foram homens.
Normalmente são homens que estão à frente do destino da Humanidade; homens de mente mesquinha, que se escudam por detrás da sua pequenez de espírito e pouco se importam com a fragilidade das flores. São eles que dominam e pisam a frágil verde erva que cresce nos campos.
Parece que estou a ouvir perguntar: e se o mundo fosse governado por Mulheres, como seria? Não sei. Mas palpito que talvez muito melhor. Julgo que, pelo que se tem verificado do trabalho das (ainda poucas) Mulheres que se têm encontrado no topo dos comandos, a grande maioria tem-se mostrado eficiente e pacifista. Porque a Mulher é, acima de tudo, “criadora de vida”, é Mãe, e compreende que os filhos da Pátria não são trapos que possam ser usados para limpar o lixo do mundo.
Quando olho, por exemplo, para a figura de Hitler, e penso que, um dia, ele foi uma criança, naturalmente linda... O que teria feito dele um monstro?...
Pitágoras (filósofo grego do século V a.C.) dizia: «Educai as crianças e não será necessário castigar os homens».
Será que as crianças de outrora (hoje a minoria de homens que desgovernam o nosso Planeta, não foram educadas por Mulheres?
Não sei! Talvez fossem educadas num mundo selvagem, à margem das Mães!
Hoje a Ciência pode explicar o que vai na cabeça dos homens, e por que é que os homens são tão diferentes das Mulheres, no que respeita ao comportamento.
Como gostaria de ver uma pomba branca a sobrevoar uma flor, numa noite escura...
Como gostaria que os homens se tornassem HOMENS, para que a Humanidade pudesse ter a dignidade dos seres mal denominados de irracionais.
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Basílio de Sousa Dias entendeu as minhas razões. Afinal, eu considerava-o um HOMEM. Não havia razão para sentir-se lesado na sua honra.
Isabel A. Ferreira
A escola, hoje, é um lugar terrível, tanto para alunos, como para professores, como para os pais. Para mim, foi-o igualmente, quando por lá andei.
Eu já fui professora do Ciclo Preparatório (que hoje já não se chama assim), não por vocação, mas porque na altura, ainda Bacharel, não podia fazer o que queria: prospecção arqueológica, até porque não havia nada para fazer nesse campo, num país cheio de ruínas.
Então meti-me no Ensino. Dei aulas apenas dois anos. No primeiro ano, não suportei as campainhas, os horários, o sistema, os programas (de Português e de História). No segundo ano, não admiti a indisciplina que o 25 de Abril deixou entrar nas Escolas.
O Presidente do Conselho Directivo da segunda escola em que dei aulas, confundia Liberdade com Libertinagem (e não foi só naquela escola), de modo que se implantou uma (in)disciplina tal na Escola, que os alunos podiam fazer tudo e mais alguma coisa, dentro das salas de aula, e ai do professor que quisesse manter a disciplina: não podia repreender-se os alunos, não podia marcar-se faltas de castigo, não se podia mandá-los para fora da aula, se estivessem a ser inconvenientes, porque podíamos causar-lhes traumas irreversíveis; eles tinham de sentir-se livres, para poderem crescer em liberdade, enfim, confundindo-se alhos com bugalhos, plantou-se as sementes da indignidade a que hoje se chegou.
Então acontecia que os alunos começaram a chegar à minha aula a mascar chicletes; a colocar os pés em cima das mesas; a jogar à bola... porque o professor X deixava (o professor X era o Presidente do Conselho Directivo). Tive de impor as minhas regras, e fui curta e grossa: «que fizessem o que quisessem nas aulas do professor X, mas nas minhas, nada de chicletes, nada de pés em cima da mesa e nada de bolas. E quem não quisesse obedecer às minhas regras que saísse da sala». Aguardei. Ninguém saiu. Guardaram as bolas. Puseram as chicletes no caixote do lixo, e sentaram-se.
Nesse tempo, eu andava grávida, já quase no fim da gestação, e a uns dois meses do término do ano lectivo, e numa das minhas turmas, havia um rapaz problemático, que não obedeceu a uma ordem minha de se sentar (uma vez que andava de carteira em carteira a perturbar os outros alunos). Em vez de ir sentar-se, aproximou-se de mim e disse: «Dou-te já um pontapé na barriga!». Mantive a calma, para não lhe dar um grande bofetão (como me apetecia) e disse-lhe para se retirar imediatamente da sala. Fez-me frente. Agarrei-lhe numa orelha e levei-o para fora até ao meio do corredor. E não disse nada. O miúdo sai para a área exterior e apedreja a janela da sala de aula, quebrando o vidro, não ferindo ninguém, por um mero acaso.
O estardalhaço chegou aos ouvidos do professor X. O que foi, o que não foi, fui chamada ao gabinete. Porque não podia ser, porque mais isto e mais aquilo... Os meninos não podem ser expulsos da aula.
Então eu disse ao Senhor Presidente da Escola: «O que não pode ser é eu ser ameaçada por um fedelho com treze ou catorze anos, e ficar-me por ali mesmo. E se ele me desse o pontapé na barriga? Não permito que ninguém, muito menos um aluno, me falte ao respeito; não permito indisciplina nas minhas aulas; e se estas minhas simples regras não tiverem lugar nesta escola, faça queixa de mim a quem quiser, ponha-me um processo disciplinar, ou ponha-me na rua, que eu saio imediatamente pela porta da frente, e não volto a entrar; e se tiver de ir lavar retretes para ganhar a vida, prefiro, a continuar num lugar onde não há disciplina nem autoridade – regras de ouro para o bom funcionamento de uma escola e para a boa educação dos alunos».
O Senhor Presidente ficou estupefacto com o meu atrevimento. O mau ambiente instalou-se. Quem é que ela pensa que é? Ouvia-se. Eu era apenas a bacharel rebelde (nesse ano acabava a minha Licenciatura). Contudo, continuei a manter as minhas regras de disciplina com os meus alunos, e não havia lei nenhuma que me obrigasse a aturar catraios indisciplinados. Dentro da sala de aula a lei eu era. Não abdiquei nem um milímetro da regra do respeito mútuo e das benfazejas disciplina e autoridade. Desse modo consegui manter as minhas turmas no bom caminho, e a partir de então não tive qualquer problema. Ao mínimo deslize o aluno ia porta fora, gostasse ou não o Senhor Presidente. Houvesse ou não houvesse leis a dizer o contrário. Nas minhas aulas a AUTORIDADE era EU. Se não fosse para ser eu, não me contratassem para ENSINAR.
O conceito de Ensinar não é apenas “despejar” a matéria para cima dos alunos, como se despeja um copo de água. Por detrás do Ensinar, há muitas outras regras que um Professor tem obrigação de apresentar aos seus alunos.
No final daquele ano lectivo, fui mãe, e decidi abandonar o Ensino, onde não havia lugar para mim, pois estaria sempre à margem das novas “filosofias libertárias” do Ensino, que não se coadunam com a Educação.
Dediquei-me ao Jornalismo de causas. Não consegui mudar nada, até porque um palito não faz uma canoa. Mas o mais importante é não tornarmo-nos cúmplices do desgoverno.
Pelo que se vê, depois desta minha desastrosa passagem pelo Ensino, as coisas foram piorando, cada vez mais.
E hoje, o que é a Escola? Um lugar de medo, onde não existe disciplina, nem autoridade, nem respeito por coisa nenhuma. Alunos atacam alunos. Alunos atacam professores. Professores atacam alunos. Os pais dos alunos atacam os professores. E o que acontece a uns e a outros? Nada.
Muito recentemente o Leandro atirou-se ao rio, por medo. Um professor de Música lançou-se ao Tejo, porque não aguentava as agressões dos alunos. Então onde fica a DISCIPLINA e a AUTORIDADE?
É urgente uma revolução no Ensino.
É urgente uma revolução na Educação.
É urgente uma revolução na Cultura.
É urgente uma Nova Ordem, baseada no respeito mútuo e nos valores humanos mais primários, e num ensinamento, que é a base de todos os ensinamentos: «NÃO FAÇAS AOS OUTROS O QUE NÃO GOSTAS QUE TE FAÇAM A TI».
Havia necessidade de o Leandro atirar-se ao rio?...
Havia necessidade de o professor de Música lançar-se ao Tejo?...
«Pandora», por Jules Joseph Lefebvre, 1882 (colecção privada) – Na mitologia grega Pandora foi a primeira mulher criada por Zeus como punição aos homens pela ousadia do titã Prometeu em roubar aos céus o segredo do Fogo.
Copyright © Isabel A. Ferreira 2010
Hoje, dia 8 de Março, por quase todo o mundo se comemora o Dia Internacional da Mulher. Digo “quase” porque em muitas partes do nosso Planeta, os homens andam demasiadamente “entretidos” a guerrear outros homens e não têm tempo para se lembrarem que existem mulheres que choram os filhos mortos por causas estúpidas, por esses mesmos homens provocadas; noutros lados ainda, muitas mulheres morrem de tristeza por não terem com que alimentar os filhos que os homens avidamente as obrigam a ter; outras são mantidas como escravas ou tratadas como objectos e maltratadas por indivíduos que se julgam donos delas. E ainda outras são delapidadas, obrigadas a esconderem-se atrás de panos, viajar nas malas dos táxis, tratadas abaixo da mínima condição humana.
Que motivos há para comemorar? Comemorar o quê? O sofrimento? A discriminação? A escravatura? A emancipação apenas de algumas mulheres?
Estou a lembrar-me, por exemplo, do sofrimento daquelas mães que deram à luz uma linda criança, inocente como todas as crianças, e, pouco a pouco, vêem crescer nela um monstro, um marginal, um ser nocivo à sociedade, que todos desejam ver eliminado, tal como se elimina uma erva daninha ou um indesejável percevejo.
Estou a lembrar-me igualmente daquelas mulheres que ainda são colocadas à margem; aquelas que não caminham lado a lado com o homem, mas seguem atrás dele, submissas como carneiros, e secas (por dentro) como a areia do deserto.
E aquelas outras, autênticas escravas, cuja existência é apenas “servir” o homem ou então... lá vem castigo.
Ao logo da história da Humanidade a condição da mulher variou consoante o maior ou menor grau de civilidade ou mesmo da inteligência do homem. Em algumas culturas, as mulheres conseguiam sobrepor-se e até impor-se, ocupando o lugar que lhe era devido: nem acima, nem abaixo do homem, mas tão-somente lado a lado, em pleno pé de igualdade.
Houve épocas em que a mulher era considerada um ser inferior, sem alma, de pouca inteligência e que existia apenas para procriar e “servir” os homens. Enquanto filhas eram propriedade dos pais (homens); quando casavam passavam a ser propriedade dos maridos que exerciam (uns e outros) sobre elas o poder de vida ou de morte. Aliás ainda hoje tal infâmia acontece em alguns países onde a civilização não chegou.
E no entanto, isto também aconteceu na Grécia antiga, no tempo dos cultos e sábios filósofos, entre aqueles que inventaram a democracia, embora uma democracia assente na escravatura e na marginalidade da mulher.
Se os homens sábios assim se comportavam, como devem comportar-se os ignorantes?
Naquela época, se uma mulher se atrevia a pôr à prova a sua inteligência, logo os homens tratavam de a caluniar, pois incomodava-os o facto de terem de admitir que, afinal, a mulher também tinha massa encefálica.
Enquanto os homens assim pensavam, foram construindo o mundo à medida das suas ambições, da sua ignorância, da sua falta de visão. E quantos crimes, quantas barbaridades, quanta destruição cometeram em nome da sua “racionalidade”, de uma racionalidade que, afinal, servia para os distinguir dos outros animais. E quantos animais são mais racionais do que muitos homens!
A Humanidade foi avançando. O tempo girando. As épocas se sucedendo. Muita ignorância se acumulando, até chegarmos aos dias de hoje.
Aqui e ali as mulheres foram dando o seu grito de liberdade. É claro que algumas exageraram e não souberam tirar partido dessa liberdade, e só se afundaram na lama. E hoje, podem não ser escravas do homem, mas são escravas de si mesmas e do mau uso que fazem da racionalidade que Deus lhe deu.
Hoje confunde-se muito as coisas. A mulher só é igual ao homem (muitas delas são até superiores) na capacidade que têm de construir, lado a lado, um mundo harmonioso para viver.
Em mais nada, porém, ela é igual. E ainda bem!
Se a mulher fosse tal e qual um homem, seria um homem.
Existem homens inteligentes, outros menos inteligentes; há até aqueles que “apanham” das mulheres; há os que aceitam, compreendem e aplaudem a inteligência da companheira; e há os antiquados, os indiferentes, os invejosos.
Há ainda aqueles (talvez a maioria) que apreciam, sim senhor, a inteligência, a libertação, a igualdade de direitos da mulher... dos outros.
Não se julgue que as coisas mudaram muito desde a época dos sábios gregos. Os homens de hoje admiram muito uma mulher inteligente, emancipada, senhora do seu nariz, porém, se ela, por um acaso, o incomoda ou lhe faz sombra, com essa sua inteligência, ele usa o truque dos velhos gregos: há que difamá-la. Há que pisá-la. Há que tentar desmoralizá-la, porque não conseguem aceitar em pleno pé de igualdade, um desafio, uma crítica ou a supremacia.
E se o mundo está no caos em que hoje o vemos, devemo-lo à prepotência e à falta de inteligência dos homens que o governam. Porque no meu entender, a guerra, o banditismo, o terrorismo, a criminalidade, a desordem, os confrontos, os conflitos armados, o fanatismo (de qualquer tipo) a sede de poder e todo o género de crueldade cometida contra o próprio homem, contra o meio ambiente e contra os outros seres vivos é a maior prova da falta de inteligência, da estupidez e da irracionalidade desses homens.
Para mim, qualquer homem ou mulher que enverede ou aceite este tipo de desumanidade é um acéfalo – ou seja, um ser a quem falta o pensamento dirigente.
Embora discorde peremptoriamente do Dia Internacional da Mulher (ou de qualquer outro dia que seja, não me parece que exista o Dia Internacional do Homem), porque penso que todos os dias são dias de todas as coisas, e todos os dias devemos lembrar-nos que existimos num mundo feito de todas as coisas que se comemoram por aí (não sei para quê, talvez por uma questão mercantilista), decidi, abordar o assunto, por vários motivos: primeiro porque se foi um homem que resolveu inventar este dia, perdeu o seu tempo, e gostaria que ele soubesse, que pelo menos eu, sou contra este tipo de humilhação.
EU sou mulher, e todos os dias são meus, são dos outros, são de todas das coisas que me rodeiam. Não quero que sintam a minha existência, apenas no dia 8 de Março. Existo e vivo desde que nasci. Este dia é apenas um dia mais, entre todos os que já vivi e os que espero ainda viver.
Considero inútil, descabido, humilhante, dedicarem um dia à Mulher, para lhe oferecerem uma flor, e logo no dia seguinte, lhe espetarem um punhal.