Quando o feitiço se vira contra o feiticeiro: vejam-se as crianças expostas a esta LEGÍTIMA investida do Touro contra os seus carrascos...
CARTAS ABERTAS
Deve haver muito tribalismo. Marias e Manéis são criados no ambiente tauromáquico desde a infância e absorvem a cartilha e vão com os outros e as outras. São alvo da influência e evitam pensar, interessar-se, terem coragem em discordar e mudar, mesmo que vacilem e reconheçam que há sofrimento dos animais. Mas seria difícil discordar, seria incómodo, provocaria zanga e arriscaria uma acusação de traição e castigo por parte da multidão.
Com certeza, que reconhecem sofrimento da parte dos animais, mas mais forte do que compaixão será o gosto pelo "espectáculo", pela "festa das pessoas (claro que os animais não festejam, pois sofrem)", a presunção, a cumplicidade, o companheirismo, a confraternização, mais ou menos embriagada e embriagadora.
Para essa onda, então que se lixe o sofrimento dos bichos, quando a tourada é tão "entusiasmante"?
Trata-se, pois, de defender o espectáculo, a tradição, o negócio, a facturação dos “artistas”, as "admiráveis qualidades" da tauromaquia e os "feitos culturais, virtuosos e admiráveis dos artistas tauromáquicos" e as barrigadas de gozo que as touradas proporcionam?
Penso que cartas abertas, críticas e didácticas, dirigidas ao lobby pouco influência terão na evolução desta mentalidade, mas deverão ter um ricochete importante e levar o público em geral a tomar conhecimento e a reflectir sobre a realidade da tauromaquia. Pouco esforço exigem, pois os argumentos dos críticos da tauromaquia são óbvios. Penso que devem ser frequentes e variadas.
Provavelmente, até provocarão respostas dos aficionados, que representem tiros nos próprios pés.
Vasco Reis
(Médico Veterinário)