Comentários:
De Isabel A. Ferreira a 18 de Setembro de 2012 às 12:06
Não podemos comparar gatos, cães e cavalos, leões, ratos...

Acredito que a Lilith ame e trate bem os seus cavalos.
O que eu quero dizer é que um cavalo tem de sesr primeiro "domado" para poder deixar que o montem... E depois é como todos os animais, incluindo os humanos: habituam-se.

Mas um cavalo nasceu para correr livre. Amo demasiado os cavalos, e nunca montaria nenhum, porque estaria a violar a sua liberdade.

Mas este é o meu sentir.
Não estou a censurá-la. Apenas a discordar com algo que não faz parte da natureza de um cavalo: andar com arreios e ser montado.

Gosto de tudo o que é selvagem (no bom sentido do termo), e livre.

Cães e gatos eram selvagens e domesticaram-nos. Agora os pobres são dependentes dos humanos e não temos outra coisa a fazer do que defendê-los. Por isso um cão tem de ir à rua de trela, e um gato, ter um cestinho na sala para dormir.
De Lilith Marleen a 18 de Setembro de 2012 às 12:28
Isabel, antigamente os cavalos eram domados para serem montados, geralmente à força, a impôr a liderança dos humanos como figuras ameaçadoras. Hoje em dia, cada vez mais gente opta pela via oposta: conquistar a confiança do cavalo, mostrar-lhe que não lhe queremos fazer mal, que os arreios não o vão magoar. O treino começa sempre com o cavaleiro no chão, a ensinar regras básicas de etiqueta ao cavalo (como não avançar para cima das pessoas, mesmo sem intenção, porque pode ser perigoso), apresentar-lhe os arreios e as várias ferramentas com que ele deverá familiarizar-se e mostrar-lhe que nem elas nem nós representamos dor nem perigo para eles. Só passados dias de interacção e volteio (para o cavalo aprender certos comandos de voz, como "passo", "trote" e "galope") é que o cavalo começa efectivamente a ser montado.

Quando se treina um poldro tem-se o cuidado de começar com lições muito curtinhas (cerca de 15 minutos) e com uma pessoa leve. À medida que o cavalo vai ganhando condição física, pode começar a carregar mais peso durante mais tempo, mas o cavaleiro tem de ser sempre sensato quanto à condição do seu cavalo quando está a montar, ver se o cavalo já está suado, se está demasiado calor, se o terreno é adequado, se nota alguma anomalia no movimento do cavalo que pode sugerir dores ou ferimentos.

Eu não tenho cavalos, Isabel, mas desde que me entendo por gente que tenho uma paixão imensa por eles. Sou a única da família que quer enveredar pela via equestre, ninguém me levou lá, simplesmente já nasci assim. Faço mais do que montar a cavalo... no picadeiro onde ando, ajudo a limpar os baldes da água, pôr água fresca e limpa, dar a ração, limpar os cavalos, verificar a sua condição física, pôr os arreios correctamente e verificar se não causam desconforto ao cavalo, e geralmente dou apoio às aulas e ensino os cavaleiros mais inexperientes que eu a montar de forma a que haja segurança e respeito pelo cavalo (manter uma postura correcta de forma a não desequilibrar cavalo nem cavaleiro, não dar puxões nas rédeas, não manter muita pressão na boca do cavalo, usar a voz para comunicar com o cavalo, não usar as pernas de forma bruta, mas dar ajudas suaves e firmes).

O facto é que tanto cães e gatos como cavalos foram domesticados pelo Homem há milhares de anos, e o cavalo sempre foi um companheiro fiel. O cavalo é um animal do campo, gosta de correr e de liberdade, e é por isso que quando eu tiver um cavalo não o quero fechado numa box quando não estou a tratar dele, mas sim no pasto, ao ar livre, como é da sua natureza. Mas estou consciente que montar a cavalo não é estar a usá-lo, não necessariamente, mas sim a proporcionar-lhe uma forma de se relacionar comigo, de nos unirmos como uma só entidade e agirmos em conjunto, de nos exercitarmos e ultrapassarmos novos obstáculos, e quanto mais um cavaleiro monta um cavalo, mais estreita se torna a sua relação, e mais o cavalo confia no cavaleiro.

Circos, tauromaquia, carrosséis e outras formas de exploração animal são deploráveis, sim, mas nem todas as pessoas que montam a cavalo têm como propósito explorá-los e abusar deles.
De Isabel A. Ferreira a 18 de Setembro de 2012 às 14:14
Tudo o que disse no seu comentário, Lilith, eu sei, e não estou a criticar.

Mas se lhe fizer esta pergunta: acha que um cavalo GOSTA de que o montem?

Como disse a Lilith, eles "são preparados" para serem montados. Logo não nasceram com essa função.

Agora se me perguntar a mim, se eu fosse cavalo gostaria de ser arreado e montado, eu dir-lhe-ia logo que não.

Nenhum gosta. Habituam-se aos donos. Têm uma ligação bonita com os donos. Mas são muito mais felizes sem os donos em cima deles.

Não veja nisto uma crítica. Só estou a colocar a questão do ponto de vista do cavalo.

Sou contra todo o tipo de espectáculos (hipismo, incluído) que utilize o cavalo. Para treiná-los é preciso "massacrá-los" com insistência. E nenhuma criatura gosta de ser "massacrada".

É como ensinar os cães a sentar, a obedecer a ordens, etc., sou contra.

Tudo o que não é natural não serve os seres, limita-os.
De Lilith Marleen a 18 de Setembro de 2012 às 14:22
Acho que isso é ser demasiado extremista. Os cães gostam de aprender truques, da mesma forma que os cavalos podem gostar de ser montados, dependendo da forma como são montados. Os cavalos são seres extremamente sensíveis, inteligentes e curiosos, e uma das melhores coisas que o cavaleiro pode fazer é apresentar-lhe novos desafios, ensinar-lhe coisas novas.

Já andei a ensinar o passo espanhol a um cavalo, usando cenouras, e o cavalo andava em liberdade atrás de mim, sem rédea, a fazer o que eu lhe indicasse, porque queria a guloseima. Já ouvi uma vez uma pessoa a dizer que tinha uma égua que adorava ser montada, e quando ela ia para ao pé da égua mas não tivesse intenção de montar, a própria égua ia buscar a cabeçada e trazia-a na boca para dar à cavaleira, porque queria ser aparelhada para ser montada. Com os cães funciona da mesma forma - quando se ensinam truques, transformam-se as lições em sessões de brincadeira, são apresentados novos desafios aos cães e eles são estimulados, tal como as crianças na escola, para aprender coisas novas. Não vejo nada de errado com isso.
De Isabel A. Ferreira a 18 de Setembro de 2012 às 18:18
Eu não chamo a isto ser extremista, Lilith.
Ponho-me apenas no lugar do outro.

E se eu fosse cavalo, ou cão, ou qualquer outro animal que é usado pelo homem, não gostaria nada dessas coisas, assim como humana, não gosto de cabrestos.

Os cães gostam de brincar. Os porcos também. Já criei uma porquinha como se fosse uma gata, e ela brincava ao escorrega comigo, e divertia-se muito, mas por escolha dela, não por minha imposição. E era livre. Vivia à solta no quintal, e vinha dormir a sesta no tapete do meu quarto, onde dava o Sol.

Compreende onde quero chegar?
De Lilith Marleen a 18 de Setembro de 2012 às 18:25
Compreendo, Isabel, mas o facto é que não podemos humanizar os animais à nossa imagem. Não são menos nem mais do que nós, são nossos irmãos, mas também não são iguais, têm necessidades diferentes das nossas, e nunca poderemos dizer com certeza do que é que eles gostam ou não gostam.

Eu sei que os cães gostam de aprender truques, porque para eles é brincar e é uma maneira de comer guloseimas, e da mesma forma, com o conhecimento que tenho dos cavalos, sei que se eles não gostassem de ser montados, não seriam tão dóceis nem os primeiros a vir ter connosco mal nos vêem, até porque é difícil obrigar um cavalo a fazer alguma coisa que ele não queira ;)
De Isabel A. Ferreira a 18 de Setembro de 2012 às 18:34
Reflexos condicionados, Lilith.
Neste aspecto não concordamos.
Já tive cães, muito brincalhões, mas nunca tive de lhes dar nada em troca pelas brincadeiras. Eram espontâneas.

Nunca tive Cavalos. Gostaria de ter pelo menos um na vida, porque são para mim criaturas divinas. Apenas para o ver correr num espaço aberto, com as crinas ao vento.

Tenho até escrito um belo conto dedicado a Rajid, um Cavalo Preto, modelado por Deus.

Comentar post