O jovem forcado tem apenas 26 anos. Ficará tetraplégico, na sequência de uma pega na tourada da passada quinta-feira no campo pequeno, em Lisboa, numa cena de tortura patrocinada e emitida pela RTP1, em directo.
A colhida do jovem foi transmitida também em directo.
Ao contrário do Touro, o forcado não foi forçado a ir para aquela arena, massacrar um Touro, já mais morto do que vivo, mas ainda assim suficientemente lúcido para tentar defender-se das investidas dos seus carrascos.
O Touro simplesmente defendeu-se, como era de seu direito.
A RTP1, que apoia, promove e transmite a tortura de seres vivos (neste caso, humanos e não- humanos) em directo, remeteu-se ao silêncio, cobardemente.
Este jovem, ao contrário do Touro, escolheu ir para a arena, sabendo os riscos que poderia correr.
Normalmente nada acontece aos forcados, uma vez que cobardemente tentam manietar um Touro ferido, moribundo, não esperando que um ou outro animal guarde as maiores forças deles para defender o pouco de vida que lhe resta. É o instinto de sobrevivência do animal não-humano, totalmente ignorado pelos torcionários.
Ficar tetraplégico, nestas circunstâncias, é um quase suicídio.
O Touro sofre barbaramente e acaba por morrer, mas não por vontade própria.
Os torcionários (alguns) morrem, ou ficam feridos, ou paraplégicos e tetraplégicos, por livre e espontânea vontade. Ninguém os obriga a ir para uma arena.
Obviamente que não vamos aplaudir a desgraça que se abateu sobre este jovem ou sobre outro qualquer, que sofra ferimentos ou morra durante uma tourada, do mesmíssimo modo que não aplaudimos a tortura dos Touros e dos Cavalos.
Os tauricidas dizem que é uma “glória” ser morto ou ferido na arena. Sentem-se uns “heróis”. E o pior é que são aplaudidos como tal. Os sádicos aplaudem entusiasticamente, quando morre um toureiro ou ou forcado na arena.
Infeliz glória. Triste heroicidade.
O que aqui há a lamentar, e lamentamos profundamente, é que exista uma LEI que permite torturar Touros e Cavalos (excluindo-os da espécie animal) para divertimento de sádicos, de bêbados e de necrófilos, ao mesmo tempo que se encoraja jovens a colocarem a vida em risco, em nome da estupidez.
Nós, pedimos a ABOLIÇÃO DAS TOURADAS, pelo direito à liberdade que os Touros e os Cavalos têm, mas também para que jovens como este não sejam OBRIGADOS a ficar tetraplégicos, apenas porque uma LEI IDIOTA o permite.
Isabel A. Ferreira
Esta coisa de se considerar os forcados e a pega uma coisa de menos tem que se lhe diga, quem é aficionado e gosta de transmitir uma ideia de compreensão pelo touro diz que o que gosta mais é da pega... bem há muito que a dor no touro é assumida por todos dentro e fora da tauromaquia, não está quantificada, mas existe, será que é preciso quantificar, na minha opinião é desumano e ridiculo andar a argumentar que doi pouco ou doi muito, agora do que se trata hoje em dia é que os animais sentem, têm consciência, têm uma qualquer noção do mundo que os rodeia que nós desconhecemos mas que já sabemos que está lá, por isso seja a pega, o transporte até à praça, o curro, as bandarilhas, tudo o que se passa numa tourada se traduz em sofrimento para o touro, já passamos a fase do doi ou não doi, estamos na fase de o touro não é uma coisa, é um ser sensivel, logo divertirmos com o seu sofrimento não é etico.
Será isto muito dificil de entender para que se tenha de repetir isto vezes sem conta... ou será que são os seres humanos com uma visão extritamente utilitária dos outros animais que lhes están a cair mal tudo isto... acho que é mais a segunda hipótese!
Relativamente ao forcado, acho revelador o fato que vi noticiado de não haver seguro... mais uma falta de respeito das instituições a tauromaquia e como estou farto de dizer esta coisa de querer acabar com a tourada não é apenas e só pelo touro é também pela humanidade, ou pelo sentimento de uma verdadeira humanidade que não está presente neste país, levar crianças com menos de 6 anos a praças de touros, a igreja patrocinar a tourada, o estado apoiar uma atividade de risco que é ser forcado e depois querer que ninguém fume ou beba bebidas alcoolicas, é tudo de uma falta de valores, de coerência, de ética sem limites, só neste país sem rei nem roque é que isto é possivel!
Precisam-se de valores inamoviveis, onde uma criança deve ser salvaguardada, a religião dá o exemplo de compaixão e tolerância e os comportamentos nocivos são despromovidos pelo estado, sejam eles uma tradição ou não, porque o resultado disto é uma vida destruida, uma familia destruida, encargos para o estado e para todos nós nos cuidados necessários a uma pessoa que os merece, mas que os podia ter evitado.
Cpts,
José Dores
Excelente, José Dores.
Faço minhas as suas palavras.
Neste país, onde há tanta gente néscia, vamos encontrando a lucidez e o bom senso em seres humanos como o José Dores.
Obrigada pelo seu brilhante testemunho.
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