Rfof, deixou um comentário ao meu texto Uma vez mais a Igreja Católica portuguesa de mãos dadas com a tortura de seres vivos para celebrar Santos e Santas às 14:34, 2012-08-21.
Minha cara Isabel A. Ferreira,
Estou espantado como não consegue, obviamente, viver num meio de seres humanos e levar às últimas consequências aquilo que a mesma senhora defende: que as pessoas são iguais aos animais.
Deixe-me partilhar consigo que a senhora é um excelente exemplar. Contudo, nem todos os humanos - sim, aqueles que procuram viver como humanos e não apenas numa situação puramente natural(!) - pretendem viver como animais.
A grande questão de fundo que aqui se põe é sempre a mesma: podemos discutir infinitamente sobre se a alma (ímpeto) vital dos animais é igual à alma racional do ser humano.
A senhora não quer aceitar os dados que vêm da própria experiência, quanto mais os argumentos filosóficos mais agudos! Não há, enfim, uma discussão possível na medida em que a senhora coloca certos dogmas que são insuperáveis para si...
Não deixa de ser interessante o grande desprezo que tem pela espécie humana em relação com os animais. Eu arriscaria quase a afirmar que a senhora é a favor do aborto e da eutanásia. Se não for, ainda bem! O que acontece a maior parte das vezes é que muitos dos grandes defensores dos direitos dos animais são os primeiros a defender a morte de criaturas indefesas da mesma espécie, se quiser reduzir o discurso a um nível puramente naturalista.
É com muita pena que assisto ao seu fechamento em termos de discussão e a não deixar qualquer porta aberta a um diálogo frutífero. Como disse o Gonçalves: «Não aceito e repugna-me que não aceite o legítimo direito de quem tem opinião diferente, no que se refere à argumentação apresentada». Por fim, fica a esperança que na era apocalíptica, tal como descrita pelo profeta Isaías, em que o cordeiro estará junto do lobo, também a senhora consiga encetar uma paz verdadeira com quem se aproxima de si para a fazer compreender que a realidade do mundo é muito mais que o meio metro que está à sua volta ou que a senhora constrói na sua cabeça.
Ah, e já agora, tente aprofundar um pouco mais os seus conhecimentos bíblicos para não dizer tal número de babuzeiras quando se referiu às passagens bíblicas sobre a criação. É mais uma prova da sua soberba diante de um texto antiquíssimo que diz muito mais sobre o que é o ser humano do que a senhora parece suspeitar. Com os melhores cumprimentos, Espero que compreenda as minhas invectivas, mas continuo a ter igual respeito por si. Rfof
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Como o meu comentário ao comentário do Rfof se alargou (porque tinha de ser, pois já veio na sequência de um outro, que está publicado no post) não coube no quadradinho a ele destinado, por isso, transcrevo-o aqui, porque pode também servir para algo mais.
Caríssimo Rfof:
Não sei o que o levou a pensar que não consigo viver no meio de seres humanos. Será porque não me considero superior a um animal não-humano?
É verdade. Não me sinto superior a um animal não-humano.
Porque eu também sou um animal, e estou de acordo com São Francisco de Assis: eles são MEUS IRMÃOS, e tenho o DEVER de os respeitar e de PARTILHAR o PLANETA com eles (até porque foram eles que chegaram primeiro, e nós mal chegámos, começámos a matá-los, a comê-los a DESTRUIR o mundo que era deles.
Pois também considero que sou um excelente exemplar de animal humano: não faço mal a uma mosca, literalmente.
Sigo uma página no Facebook, intitulada «Dentro do Padrão Divino» em inglês (Inside the Divine Pattern), que recomendo, a qual vem ao encontro da minha filosofia de vida. Um destes dias li, num dos belíssimos posts que lá são publicados, esta fantástica frase: «Eu não tenho de provar que os outros animais (os não-humanos, naturalmente) têm uma alma, muitos já me mostraram a alma deles» (frase de Anthony Douglas Williams).
É isso. Os animais com quem partilhei e partilho a minha vida, já me mostraram a alma deles. E digo-lhe que há gente que se diz “humana” muito menos racional e desalmada do que qualquer um dos meus amigos não-humanos.
Eu aceito os dados que me vêm da MINHA experiência; os filósofos, nem sempre me dizem o que SEI e SINTO. Tenho uma intuição apurada, e isso basta-me para saber da VIDA.
Não há discussão possível, tem razão. Eu estou noutra dimensão. Não sou um ser humano comum. Já ouviu falar nos “seres índigos”? Pois sou um deles.
Não sei de onde foi tirar a barbaridade que disse: «Não deixa de ser interessante o grande desprezo que tem pela espécie humana em relação com os animais. Eu arriscaria quase a afirmar que a senhora é a favor do aborto e da eutanásia».
Não admira. Não conhece nada do meu trabalho. Dos meus escritos. Dos meus artigos. Dos meus livros. Das minhas lutas. NADA. De outro modo não se atreveria a dizer essa ATROCIDADE que disse. É um ignorante a meu respeito.
Apenas desprezo, não tenho apreço, para ser mais delicada, os animais humanos-predadores, os o animal-homem desumano, que não me merecem qualquer consideração. De resto, até as prostitutas merecem o meu respeito.
Sou absolutamente contra o aborto. Quanto à eutanásia cada um saberá de si. Se me pedissem para eutanasiar um ser humano, eu não teria coragem de o fazer, por isso, não o faria. Quanto a mim, nunca o pediria.
Mas já tive de utilizar a eutanásia nos meus GRANDES AMIGOS NÃO-HUMANOS, que morreram tranquilamente, nos meus braços, sem sofrer os horrores de doenças terminais. Muito abraçadinhos a mim. Sem sofrimento algum. O que me fez doer a alma, e estraçalhá-la aos pedacinhos. E até hoje, o sinto profundamente.
O que diz a seguir, no seu comentário, é absolutamente descabido.
Eu não estou aqui a discutir IDEIAS ou OPINIÕES. Cada um tem as suas, e eu aceito-as.
Estou aqui a discutir atitudes. Actos primitivos. Rituais cruéis contra seres vivos, para divertir sádicos e bêbados. E nesta matéria sou absolutamente intransigente: nenhum ser, dito humano, tem o direito ou a liberdade de torturar um ser não-humano, seja para o que for, muito menos para se divertir.
Neste aspecto não há nada que discutir. Não vamos argumentar quando se trata de torturar ou matar prisioneiros de guerra. Ou vamos? Não temos o direito de torturar ou matar prisioneiros de guerra, que são animais humanos. Ponto.
O mesmo se passa com os animais não-humanos. Ponto..
Meu caro Rfof, poderia colocar-me neste momento, diante de Deus, para ser julgada pelos meus actos na Terra, e não teria medo algum desse julgamento. Se é que Deus tem olhos, olharia bem fundo nos Seus olhos e sorriria.
O mundo não gira à volta do meu umbigo. O mundo gira à volta de todos os seres vivos, de todas as coisas, animadas e não animadas que existem no nosso Planeta, e pelas quais me bato. Sou um ser cósmico. Faço parte do TODO. Por isso todo o TODO me diz respeito.
A mim, o Rfof não me vem falar de “conhecimentos bíblicos”, porque sobre a Bíblia eu tenho a minha própria interpretação. E baboseiras sobre a criação, diz quem lê a Bíblia nas linhas. Eu leio-a nas entrelinhas, que é onde eventualmente poderá estar a verdade.
Como se engana, Rfof, sobre o que diz no seu último parágrafo: «É mais uma prova da sua soberba diante de um texto antiquíssimo que diz muito mais sobre o que é o ser humano do que a senhora parece suspeitar».
Esse texto antiquíssimo foi escrito numa época antiquíssima, quando os homens eram antiquíssimos e tinham evoluído pouquíssimo. Apenas a partir do NOVO TESTAMENTO, já com a presença de Jesus Cristo, é que se pode vislumbrar algo da Nova Humanidade, que ainda assim ficou muito aquém daquela que Jesus preconizou.
Evoluiu-se tecnologicamente. Mas a mentalidade de certos animais humanos ficou nessa época antiquíssima de que fala, e o mundo é o caos que é.
Só mais um pormenorzinho: eu sigo a minha consciência, e sou dotada de espírito crítico.
Não sou maria-vai-com-as-outras.
E só pretendo que deixem os animais não-humanos em paz.
Isabel A. Ferreira