Segunda-feira, 20 de Agosto de 2012

TOURADA NO PASSADO DOMINGO EM VIANA DO CASTELO: UMA VITÓRIA OU UMA DERROTA PARA A CAUSA ABOLICIONISTA?

 

 

Brevemente os nossos belos Touros viverão assim... pacificamente, em liberdade, sem carrascos a atormentá-los...

 

 

O texto que se segue é uma adaptação do texto original, que estava escrito no “futuro” e eu passei-o para o passado, porque o acontecimento já foi consumado. De resto está inviolado e de acordo com o que penso.

Os sublinhados são meus.

 

«Contributos para uma reflexão»

 

Por RUI SILVA

 

«A ilegalidade que aconteceu no passado domingo em Viana do Castelo com a realização de uma tourada na Freguesia da Areosa em terrenos ecológica e agricolamente protegidos como reserva natural, (REN e RAN), contra a decisão do Município que a proibiu e que definiu Viana do Castelo no início de 2009 como cidade Anti-touradas, e sem sequer serem consultadas as entidades que superintendem estes espaços protegidos (a CCDR-N e a Entidade Regional da Reserva Agrícola Nacional) deve merecer da parte de todos os abolicionistas da tauromaquia uma reflexão profunda e madura sobre se estamos perante mais uma derrota neste percurso para a abolição das touradas em Portugal e no mundo, ou se pelo contrário estamos perante mais uma vitória a juntar a tantas outras que se somam quase diariamente por esse mundo fora.

 

Como tenho estado muito perto e por dentro dos desenvolvimentos de todo este processo desde que o Juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga decretou que autoriza a Prótoiro a montar o recinto nos terrenos da Areosa, gostava de partilhar algumas reflexões com todos vós.

 

Em primeiro lugar é muito significativo que o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Eng.º José Maria Costa, logo a quando o pedido de licenciamento da corrida de touros o tenha indeferido liminarmente e afirmado que Viana do Castelo é desde Fevereiro de 2009 uma Cidade Anti-touradas e que portanto este tipo de espectáculos não é autorizado na cidade.

 

Surpreendentemente, o Juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga, considerando a tourada uma manifestação cultural idêntica à música e ao teatro, e de que ninguém pode ser privado, decretou que se autorize a instalação do recinto nos terrenos ecologicamente protegidos solicitados pela Prótoiro, na Freguesia da Areosa.

 

A partir daqui a Prótoiro entendeu que tinha realmente feito uma grande conquista e embandeirou em arco esta possibilidade. E aí estiveram eles no domingo a massacrar mais meia dúzia de bichos inocentes para gáudio de uns quantos adeptos da violência e do sangue.

 

Os abolicionistas, profundamente revoltados perante este acto, primeiro porque é completamente ilegal, segundo porque é uma afronta à vontade da população e da edilidade, terceiro porque surge como resultado de manobras com contornos extremamente esquisitos e estranhos, quarto porque faz parte da natureza intrínseca da sua consciência rejeitarem o sofrimento alheio seja ele qual for, mas pior ainda quando exercido sobre seres inocentes, acossados, num jogo injusto de onde saem sempre derrotados, decidiram convocar diversos protestos a horas diferentes, em locais diferentes de Viana e com motes diferentes.

 

Bem hajam!

 

Mas a pergunta fundamental é esta “Estamos perante uma derrota da causa, um passo atrás no processo abolicionista em Portugal, com esta tourada numa cidade onde desde 2008 não havia nenhuma? Ou poderá este processo ser considerado uma mais vitória a juntar às que quase diariamente se registam por esse mundo fora, como dizia acima?”

 

Antes de mais, refira-se que nestes protestos stiveram presentes juntamente com os abolicionistas, o actual Presidente da Câmara de Viana do Castelo, Eng.º José Maria Costa, no Jardim da Marina, bem como o seu antecessor e autor da declaração de Viana como Cidade Anti-Touradas, Dr. Defensor Moura. Isto é extremamente significativo e confirma a postura e a declaração feita em 2009 pelo autarca de então: Viana do Castelo é e continuará a ser uma cidade Anti-Touradas apesar da tourada de domingo na Areosa, a qual deve ser entendida como um acto isolado e descabido.

Não há dúvidas que com todo este processo Viana se afirmou ainda com mais força como Cidade Anti-Touradas no país e no mundo, e isto constitui uma grande vitória para esta causa.

 

A única cidade que até há pouco tínhamos como bandeira da causa abolicionista em Portugal está agora mais forte que nunca na sua posição e irá tomar todas as medidas para que um acto como este nunca mais volte a acontecer dentro do perímetro do concelho de Viana.

 

A juntar a esta, outra grande vitória é o facto de que antes tínhamos um autarca abolicionista convicto, o Dr. Defensor Moura, e agora duplicámos o número e temos dois, pois todos temos até ficado agradavelmente surpreendidos com as diversas declarações de grande convicção feitas pelo Eng.º José Maria Costa ao longo da passada semana sobre a sua (e de Viana) oposição à tauromaquia.

 

E não só afirmou a posição de Viana, que era orgulhosamente a única cidade anti-touradas em Portugal até há pouco, como agora o Senhor Presidente da Câmara de Viana fez a proposta de que seja criada uma Associação de Municípios Anti-touradas em Portugal que englobe todos os municípios que não se revém nesta prática caduca, e que querem abraçar o progresso civilizacional que está a acontecer por esse mundo fora e no nosso país também.

 

Além disso, com todo este processo, e pelos melhores motivos, Viana do Castelo está neste momento nas bocas do mundo e a Autarquia recebeu diariamente centenas de cartas de apoio e de felicitações vindas do mundo inteiro pela sua firme convicção de ser e permanecer uma cidade anti-touradas.

 

Por outro lado, a cobertura mediática que esta causa teve ao longo da passada semana foi enorme, e isso tem um valor imenso e deve ser também registado como um facto altamente positivo para a causa abolicionista.

 

E com toda essa cobertura mediática, e com tudo o que se tem falado e escrito sobre Viana do Castelo, sem dúvida que o número de pessoas sensíveis ao quão nefastas são as touradas aumentou significativamente ao longo deste dias e nos dias que se vão seguir com todo este processo de Viana do Castelo. Ou seja, o número de abolicionistas é agora muito maior com este processo da tourada este domingo em Viana do Castelo.

 

Por outro lado ainda, e este facto é da maior importância, gerou-se entre os abolicionistas e as diversas organizações que lutam por esta causa um forte espírito de união e de conjugação de esforços que é notável e que deve ser nutrido e fortalecido por todos.

 

Sem dúvida que esta lista de aspectos positivos resultantes deste processo de Viana podia ainda continuar por aqui abaixo com muitíssimas mais coisas que já conquistámos ao longo destes dias e que jamais retrocederão no processo de evolução civilizacional em que Portugal está também envolvido.

 

Mas ainda assim, e apesar de todos estes pontos altamente positivos e vitoriosos para a causa abolicionista poderíamos dizer.

 

Sim, mas a tourada fez-se à mesma. Seis touros foram massacrados, cavalos sofreram, e mais uma vez Viana teve uma tourada depois de não haver nenhuma desde 2008.

 

Sim, sem dúvida. Isso aconteceu.

 

E isso não é mau? Pode perguntar-se.

 

Sim, claro que é, e a mim dói-me profundamente que estes animais tivessem sido brutalizados no Domingo passado,  na Areosa e que houvesse conterrâneos meus que aplaudiram essa brutalização. Isso é gravíssimo e muito triste.

 

Mas ainda assim acho que devemos ter uma perspectiva de longo prazo.

 

Estamos todos a lutar pacificamente numa guerra difícil e complexa em que por vezes se perdem batalhas e por vezes se tem de recuar.

 

Barrancos, aqui há uns anos, foi também uma batalha perdida. E que longa batalha foi a de Barrancos, ao longo de todos aqueles anos!

 

Mas neste momento estou absolutamente convicto de que a nossa causa e todos nós saímos muito mais fortes e coesos, e que se estão a dar passos muito sólidos e significativos para a inevitável vitória que será a abolição de todas as touradas no nosso país.

 

Temos no entanto ainda um grande desafio pela frente. E acho que deve ser essa a nossa principal preocupação neste momento.

 

Temos de continuar a unir a nossa causa abolicionista. Temos de nos unir cada vez mais em redor do nosso objectivo comum, pois só assim teremos a força para acabar com a tauromaquia neste país.

 

Quanto mais sentirmos que estamos todos no mesmo barco, que queremos todos os mesmos objectivos; e quanto mais unidos e solidários formos uns com os outros em todos os momentos, mais fortes seremos e mais longe podemos chegar na promoção dos nossos ideais.

Haverá diferenças e divergências de opinião? Sim sem dúvida.

 

Isso é extremamente saudável e deve ser bem-vindo.

 

Com maturidade e abertura devemos saber acolher as diferenças de forma, de estilo, de preferências, de prioridades, etc., pois temos algo muito forte que nos une; algo único que nos distingue e identifica, e algo que nos deve orgulhar a todos e a todas que é o de queremos ver o fim do sofrimento animal no nosso país e de que os animais possam também ter o direito a viver uma existência livre de sofrimento e maus-tratos de acordo com a sua natureza.

 

Este é um valor muito nobre, muito belo e deve ser altamente aplaudido e enaltecido por todos e por todas.

 

Bem hajam abolicionistas!

 

Rui Silva»

 

***

OBVIAMENTE QUE O QUE SE PASSOU EM VIANA DO CASTELO CONSTITUIU UMA GRANDE VITÓRIA PARA A CAUSA ABOLICIONISTA PELOS SEGUINTES MOTIVOS:

 

PRIMEIRO: A ARENA DE VIANA DO CASTELO ENCHEU-SE À CUSTA DE GENTE "COMPRADA" PARA LÁ IR. MUITOS BILHETES OFERECIDOS. MUITAS CAMIONETAS CHEIAS DE GENTE VINDAS DE MUITOS LUGARES. GENTE ALICIADA PARA ALI ESTAR. MUITA GENTE? SIM. MAS NÃO OS VIANENSES! ISTO É VITÓRIA? NÃOOOOOO! OBVIAMENTE. ISTO É UMA GRANDE DERROTA DA PRÓTOIRO. SÓ CONSEGUIU ENCHER A ARENA “À FORÇA” DE PERDER DINHEIRO.

 

SEGUNDO: COM ISTO, A CAUSA ABOLICIONISTA SAIU MAIS REFORÇADA. COM MAIS ADEPTOS. O MUNDO FICOU A SABER QUÃO PODRE É O SUBMUNDO DA TAUROMAQUIA.

 

TERCEIRO: A PRÓTOIRO PERDEU O POUCO PRESTÍGIO QUE JÁ TINHA.

 

QUARTO: O TRIBUNAL ADMINISTRATIVO DE BRAGA ENVERGONHOU A JUSTIÇA PORTUGUESA, AO CONSENTIR QUE A ARENA FOSSE ERGUIDA, CONSIDERANDO QUE ESTAVA EM CAUSA UM “DIREITO CULTURAL”.

 

ESQUECEU-SE O MAGISTRADO QUE A TORTURA DE SERES VIVOS PARA DIVERSÃO DE SÁDICOS NÃO É CULTURA. E É LAMENTÁVEL QUE NÃO SAIBA DISTINGUIR CULTURA DE "COLTURA"...

 

VAMOS NO BOM CAMINHO.

 

A ABOLIÇÃO DA TOURADA EM PORTUGAL ACABA DE TER UMA GRANDE VITÓRIA.

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:27

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Comentários:
De José Dores a 21 de Agosto de 2012 às 12:06
Sem dúvida que foi um tiro no pé da Prótoiro, aliás como é habito dessa entidade, muito por culpa da forma de estar na vida das pessoas que a constituem.
De Isabel A. Ferreira a 21 de Agosto de 2012 às 15:22
Um GRANDE TIRO NO PÉ, José Dores.
Mas isso só ajuda a Causa Abolicionista.
Cada passo que dão, cada trunfo para nós.
Viva a prótoiro!

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