Grande Corrida Caras, em 2 de Maio de 2010, na praça de Touros do campo pequeno, em Lisboa. Padre Victor Melícias (embaixador português junto da UNESCO).
Eu e o Carlos Ricardo, um abolicionista, tal como eu, preocupamo-nos com as ligações perniciosas da Igreja Católica Portuguesa à tauromaquia, que todos sabemos ser uma doença mental grave, que leva os doentes a torturarem Touros e Cavalos numa arena, para diversão de uns tantos sádicos e necrófilos.
O Carlos Ricardo escreveu a um Senhor Padre, numa tentativa de que lhe fosse esclarecida esta “ligação íntima”, quase de amantes, e muito imoral.
Publico aqui, com o devido consentimento do autor, as diligências que tem feito, para que esse esclarecimento seja dado.
Um EXCELENTE testemunho do que se passa no mundo PODRE da tauromaquia, e com o qual estou inteiramente de acordo.
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«Caro Pe. Nuno,
Até agora não tive a honra de resposta aos poucos e-mails que lhe tenho enviado e que faço porque me pediu que lhe enviasse, embora nalguns pedisse a sua opinião.
Mas como não sou dos que, por falta de resposta, suspenda o que prometeu fazer, aqui lhe envio mais um pequeno artigo onde a Igreja que o Sr. representa é mencionada.
Se achar por bem dar-me a sua opinião, ficaria muito grato.
Um abraço
Carlos Ricardo
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As touradas, o padre melícias e a Assembleia da República
No dia 4 de Julho de 2012, o BE levou à Assembleia da República diplomas que, resumidamente se orientavam para o estabelecimento de regras quanto à transmissão das touradas pela RTP e ao fim dos subsídios do Estado aos ganadeiros e ao espectáculo tauromáquico.
Com uma ou duas tímidas honrosas excepções, houve uma generalizada defesa da tourada como espectáculo cultural, educativo, inserido que está, como foi acentuado, nas nossas melhores e ancestrais tradições.
Foram particularmente radicais na defesa das touradas, Sérgio Sousa Pinto, uma senhora loura do PSD que nunca ouvi falar sobre qualquer outra coisa e Margarida Netto, do CDS/PP.
Nenhum ouvi que tivesse a coragem de colocar frontalmente em causa o espectáculo, reflectindo uma quase unanimidade, estranha, porquanto, naqueles duzentos e muitos deputados, estará (?) reflectido proporcionalmente o sentir do povo português e é sabido que uma percentagem muito elevada dele, detesta e condena o espectáculo tauromáquico: é o constatar da triste realidade de que os deputados abdicam das suas convicções pessoais e cívicas em favor da acarneirada obediência aos aparelhos dos partidos que os escolhem e promovem.
E valeu tudo em argumentos, até o de que muitas praças de touros são das Misericórdias. Dá sempre jeito puxar a Igreja à liça, quando convém.
Ninguém teve a coragem de dizer que a tourada é um espectáculo primitivo e bárbaro, que faz apelo aos mais baixos instintos do homem face a animais cuja nobreza é cobardemente ofendida. Que a tourada reflecte uma organização feudal da sociedade até no facto de os Senhores serem subsidiados pela extorsão aos parcos recursos dos servos da gleba, onde os cavaleiros são da classe superior e os bandarilheiros e peões de brega são da plebe.
E na AR chegaram ao dislate de afirmar que os animais não sofrem - são hipócritas e ignorantes.
É certo que a Igreja nunca tomou uma posição clara sobre o assunto. Dirá que lhe não compete. Mas a RR promove, no mínimo, uma corrida anual e o mediático padre Melícias, que só por equívoco pode pertencer à Ordem de S. Francisco, não se coíbe de, publicamente, exprimir o seu gosto pelas touradas. Não direi que lhe aplicassem algumas carícias em que os Inquisidores eram mestres. Estou convicta de que bastaria que lhe espetassem um ferro curto no reverendíssimo cachaço para que mudasse de opinião e de gosto.
E referiram o (ridículo) número de postos de trabalho que, alegadamente, as touradas mantêm, como se fosse um argumento muito forte, quando ignoram olimpicamente milhares e milhares de postos de trabalho com o encerramento sem fim de fábricas e empresas. Todos os dias.
Quanto aos subsídios ao espectáculo cultural da touradas, não é problema porque há a fonte inesgotável dos nossos bolsos - é só puxar um pouco mais pelos impostos. E aí até o CDS/PP diz presente.
E a RTP deve transmitir sem restrições porque assim cumpre a missão nobre de divertir os portugueses e educar as nossas crianças. Se precisar de mais dinheiro, o incomensurável Relvas está lá para tudo acautelar.Ele é um homem ilustrado (e turbo-diplomado) em muitíssimas e úteis especialidades e acautelará os nossos interesses.
Podemos ficar descansados!...Ele até já moralizou os gastos da RTP...E está a concretizar com indesmentível êxito a reforma do poder autárquico... Promove, por todos os meios, a transparência da Comunicação Social... Que mais se pode exigir do homem?
É este o desabafo da vossa amiga Filomena.
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Subsídios para as touradas: depois não há dinheiro. Vergonhoso!!!!
No passado dia 21/03/2012 foi publicada no Diário da República a lista dos subsídios atribuídos pelo IFAP no 2.º semestre de 2011, tal como se havia publicado a listagem relativa ao 1.º semestre de 2011 no dia 26/09/...2011.
No ano de 2011 o IFAP atribuiu subsídios no valor de €9.823.004,34 às empresas e membros das famílias da tauromaquia.
Ortigão Costa - 1.236.214,63 €
Lupi - 980.437,77 €
Passanha - 735.847,05 €
Palha - 772.579,22 €
Ribeiro Telles - 472.777,55 €
Câmara - 915.637,78 €
Veiga Teixeira - 635.390,94 €
Freixo - 568.929,14 €
Cunhal Patrício - 172.798,71 €
Brito Paes - 441.838,32 €
Pinheiro Caldeira - 125.467,45 €
Dias Coutinho - 389.712,42 €
Cortes de Moura - 313.676,87 €
Rego Botelho - 420.673,80 €
Cardoso Charrua - 80.759,12 €
Romão Moura - 248.378,56 €
Brito Vinhas - 53.686,78 €
Romão Tenório - 283.173,89 €
Sousa Cabral - 318.257,79 €
Varela Crujo - 188.957,35 €
Assunção Coimbra - 330.789,44 €
Murteira - 137.019,76 €
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Andam os canis municipais a matar cães e gatos porque não têm mais espaço para os acolher e há 10 milhões de euros aplicados na tourada só no ano de 2011?
As associações vivem de CARIDADE! Tal como os velhotes que nem têm dinheiro para pagar os medicamentos com a porcaria de reforma que recebem! Este Verão vamos ver mais e mais florestas a arderem porque as câmaras não têm subsídios para a limpeza das mesmas, e Portugal não tem dinheiro para comprar helicópteros.
Andam as esquadras da polícia podres e os carros enfiados em garagens porque não há fundos para os arranjar. Andam as crianças a ir para a escola sem tomar o pequeno-almoço porque há famílias que só têm dinheiro para pagar a porcaria das rendas para não dormirem na rua.
Foram cortados subsídios de Natal para ajudar a pagar a dívida portuguesa ao estrangeiro. Não há dinheiro para nada mas há 10 MILHÕES DE EUROS para a tauromaquia só num ano?
Carlos Ricardo»