Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 2021

«“Corridas”: de Touros e de Lebres a Corricão»

 

Quando pensamos que já vimos tudo o que há para ver no submundo do homem-predador, surge-nos coisas que nos surpreendem, porque inimagináveis. Só mesmo cérebros mindinhos conseguem chegar a tais actos de extrema crueldade.

 

CORRIDAS DE DOIDOS.jpg

 

Touradas (“Corridas de Touros”)

Nas touradas, o animal acossado é um bovino. Este é atacado por um toureiro e seguidamente quase sempre morto, ou pelo próprio toureiro, nas touradas à espanhola, ou num matadouro, nas touradas à portuguesa.

Na modalidade de toureio mais praticada em Portugal,  o toureiro   actua montado num cavalo ou numa égua. O equídeo sofre não só durante as touradas, como em treinos muito violentos.

 

Sobre esta matéria consultar este link:

 A tauromaquia esmiuçada através da Ciência Médico-Biológica

(Um excelente texto do Dr. Vasco Reis, Médico-Veterinário, que esmiúça o sofrimento atroz de Touros e Cavalos nas touradas)

***
 
Corridas de Lebres a corricão (“corridas de Galgos a campo” “largadas de Lebres, ou “caça à lebre a corricão”)   


Nas corridas de lebres a corricão, o animal perseguido é uma lebre (viva). É perseguida, num espaço vedado com rede com muito poucas escapatórias, durante longos minutos, por uma parelha de cães, que lhe vão tocando, provocando-lhe ferimentos. Mesmo correndo muito e mudando frequentemente de direcção, acaba por ser, na maioria dos casos, agarrada por um dos cães participantes e morta pelo próprio ou pelos dois.

Além das lebres, também os cães (machos ou fêmeas) sofrem horrores, quer durante estas provas quer nos treinos.

Em cada prova, os canídeos perdem muito peso (chegam a perder 5 kg), ficam desidratados e com alguns ferimentos, e terminam à beira da exaustão. Em 2012, o então vice-presidente da Federação Nacional de Galgueiros, Luís Lourenço, disse ao Correio da Manhã que houve uma prova disputada num dia de muito calor na qual morreram seis cães por exaustão.

Nos treinos, à semelhança do que se passa nos que visam a preparação para as simples corridas de cães, os protagonistas das corridas de lebres a corricão são obrigados a correr diariamente quilómetros e quilómetros. Sabe-se que há quem os amarre a carros e/ou passadeiras rolantes, bem como quem utilize noras circulantes, conforme admitido perante a TVI em 2019 por Nuno Ferreira da Silva, então presidente da mesa da Assembleia Geral da Federação Nacional de Galgueiros. As divisórias das noras dão choques eléctricos e/ou pancadas nos animais que correm mais devagar do que o pretendido. São muito frequentes as fracturas de ossos dos membros superiores e inferiores e as lesões musculares. Há cadelas/cães que morrem durante os treinos.

A ligação


Além de haver um enorme desrespeito quer pelas vítimas das touradas quer pelas das corridas de lebres a corricão, e muitas semelhanças entre estes vergonhosos eventos de entretenimento, uma grande parte dos concorrentes e do público está ligada a ambas as práticas. Entre os concorrentes nos campeonatos de lebres a corricão, não faltam (…) toureiros, ganadeiros, e familiares destas pessoas.



A imagem desta publicação inclui uma foto do (…)  montador tauromáquico João Moura Caetano a actuar numa tourada, e uma outra foto onde o mesmo segura um troféu e um dos seus cães, de rabo entre as pernas (um sinal de medo e/ou desconforto), junto a alguém que segura uma lebre morta pelo cão, em dia de corrida.

 

Texto obtido do seguinte link:

https://www.facebook.com/antitouradas/photos/a.215152191851685/3982148535152013

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:55

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Terça-feira, 27 de Setembro de 2016

O submundo da tauromaquia

 

(Recordando um texto escrito em 11 de Abril de 2012)

http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/95384.html

 

SUBMUNDO.jpg

A imagem da tal “identidade nacional” de um Portugal pequenino, que ainda persiste, com o aval de legisladores portugueses que sofrem de cegueira mental

 

Já tudo foi dito sobre a tauromaquia.

 

Esgotaram-se todas as palavras para definir esta “coisa” a que teimam em chamar “arte” e “cultura” e “identidade nacional”, que deve manter-se por ser "tradição".

 

Ora, arte até pode ser, sim, a “arte” cobarde de torturar Touros e Cavalos com requintes de malvadez, numa luta absolutamente desigual, onde a cobardia do torturador contrasta com a heroicidade do animal, previamente enfraquecido, o qual, ainda assim, luta valorosamente pela sua vida, enquanto é cruelmente flagelado física e psicologicamente, até à extrema exaustão, quando finalmente desiste de viver, e o torturador aproveita para vangloriar-se, levantando os braços, triunfante, como se fosse ele o herói, numa cena sinistra e patética.

 

Será a tauromaquia cultura?

 

Na Universidade aprendi que Cultura é o resultado da acção positiva do Homem sobre a Natureza; é a actividade preparatória que conduz o espírito do Homem a produzir frutos; é a realização de valores espirituais; é o conjunto orgânico dos valores expressos pela actividade intelectual do Homem na sua faceta construtiva.

 

Cultura é posse espiritual; é conquista interior; é a grandeza moral do Homem irradiada no seu agir construtivo; é a capacidade de escolher entre o saber e a erudição, e de ser capaz de utilizar positivamente esse saber.

 

A Cultura produz valores; é o conhecimento elaborado; é a assimilação do saber pela inteligência. Como formação, Cultura é a agilidade do espírito; é capacidade de síntese, de apreciar, de criticar e seleccionar os valores que nos são apresentados.

 

Cultura é, em suma, a atitude positiva do Homem em relação ao mundo.

 

Enquadrar-se-á a tauromaquia neste conjunto de significações de Cultura?

 

Quanto à tradição, só é válido manter uma tradição quando esta dignifica a Humanidade e está conforme a atitude positiva do Homem em relação ao mundo. Estará a tauromaquia dentro deste parâmetro?

 

Dalai Lama diz o seguinte: «A vida é tão preciosa para uma criatura muda quanto é para o Homem. Assim como ele busca a felicidade e teme a dor, assim como ele quer viver e não morrer, todas as outras criaturas anseiam o mesmo». E isto é tão verdade que basta conviver com qualquer animal, qualquer um que seja, para aferirmos esta certeza.

 

Então por que hão-de os tauricidas achar-se no direito de torturar Touros e Cavalos para se divertirem e ganharem dinheiro à custa desta tortura?

 

Nazaré Oliveira, uma abolicionista activista, no seu excelente Blog denominado Suricatina, escreveu um artigo intitulado «A Internet = arma contra as ditaduras», que podem ver neste link:

http://suricatina.blogspot.pt/search?updated-min=2012-01-01T00:00:00Z&updated-max=2013-01-01T00:00:00Z&max-results=41

 

Neste artigo, Nazaré Oliveira aborda a informação global e refere: «Não há desculpa para o que desculpa nunca terá: a cumplicidade com os usurpadores do poder e para com a barbárie».

 

E não há mesmo.

 

Sabemos que a tauromaquia é uma prática cruel, que não tem lugar no mundo moderno, e as pessoas que ainda teimam em dirigir-se a uma arena para aplaudir esta barbárie e aquelas que a praticam, não têm desculpa alguma para dizerem «eu não sabia», quando se toca na questão da dor e do sofrimento dos animais.

 

Também não há razão para que os governantes sejam cúmplices desta barbárie.

 

Está tudo escrito e dito e falado e gritado na Internet. Só não sabe quem não quer ou quem é analfabeto ou não tem capacidade intelectual para compreender as palavras que se escrevem e se gritam.

 

No Facebook, esta matéria é tratada por um grupo de cidadãos portugueses, que, não sendo jornalistas, não têm obrigação de informar formando as pessoas, mas fazem-no, por se sentirem insultados na sua humanidade, pela prática sub-humana da tauromaquia, fazendo aquilo que os órgãos de comunicação social deveriam fazer, e não fazem. (E até podemos imaginar porquê)!

 

Foi no Facebook que encontrei um texto magnífico da autoria de Luís Martins que, em poucas palavras, nos conduz ao submundo da tauromaquia.

 

 Escreveu ele:

 «Os aficionados tentam de formas cada vez mais desesperadas, tornar a defesa da tauromaquia num reduto inexpugnável. Sabem perfeitamente que não há argumento algum que possa justificar a tortura e o sofrimento de seres vivos sencientes, e isso assusta-os.

 

 Primeiro tentaram de todas as formas colar a tourada à tradição, julgando ser esse o tal argumento que lhes iria proporcionar segurança no seu mórbido reduto. Enganaram-se! Agora, depois de terem comprado a dignidade da Canavilhas, afirmam que o Estado Português considera a tourada como uma forma de Arte, e que a Arte é indiscutível. Segundo os torcionários é apenas uma questão de gosto... ou se gosta ou não!!!

 

Não é preciso muito esforço para desmontar tão débil argumentação. Em primeiro lugar, o Estado é o Povo, e é patente a condenação do Povo Português a essa forma legalizada de tortura em que consiste a tourada.

 

No último inquérito conhecido, 71% dos portugueses manifestou-se contra a tourada! Mais expressividade que isto? O facto da tauromaquia ter conquistado um lugar na Secretaria da Cultura, mais não torna evidente, que os poderes obscuros dos seus defensores, que conseguiram comprar a dignidade de Canavilhas. E fosse ou não a tourada, uma forma de arte!

 

Justifica tal designação o uso da tortura? Quantas formas de violência foram já consideradas formas de arte? Os espectáculos com gladiadores foram durante centenas de anos, considerados formas de arte. Os vestígios que chegam até nós são muitos e variados, como se pode ver pelas fotos.

 

Deveremos exigir a reposição de tais espectáculos?

 

Ou devemos concluir que a designação de forma de arte, em espectáculos que promovem a violência, em vez de classificar o espectáculo, desqualifica quem a faz?

 

Bem podem os torcionários continuar a buscar nas suas mentes reduzidas e limitadas, justificações que só existem nos seus delírios. Essa argumentação caduca só nos ajuda, pela ignorância que traduz, pelo desconforto que revela. Em vão tentam recrutar mais apoiantes para as suas empobrecidas hostes. Não é de certeza com argumentos tão ridículos

***

O que será necessário dizer mais?

 

Ah! Sim! Falta falar nos subsídios que a tauromaquia recebe para poder manter-se neste país, onde não há dinheiro para o que faz falta, mas para torturar Touros e Cavalos há sempre dinheiros públicos.

 

Isto não será insultar o Povo Português? 

 

E aquela iniciativa caricata, de alguns municípios (Barrancos, Sabugal, Vila Franca de Xira) terem elevado a tauromaquia a Património Cultural Imaterial? O que será isso? Uma anedota de mau gosto?

 

Talvez, mas é também o Portugal pequenino, no seu melhor.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:31

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