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Com a ratificação do resultado do referendo pelo Conselho de Veteranos da Universidade de Coimbra, acabou oficialmente a garraiada no programa da Queima das Fitas de Coimbra.
A constatação de que a maioria dos estudantes não se revê neste tipo de práticas constitui uma vitória inequívoca para os animais e para o progresso da Academia.
Começámos este movimento há 3 anos com consciência da missão que tínhamos em mãos e da responsabilidade e compromisso que provavelmente exigiria de nós. Poucas pessoas deram a cara mas foram muitas as que se uniram em torno deste propósito. Foi graças à certeza das nossas convicções e à vontade de mudar a realidade de muitos animais que conseguimos estabelecer esta rede que não deixou cair a Queima das Farpas, apesar de todos os obstáculos que fomos encontrando.
O nosso propósito era a abolição da garraiada do programa da Queima das Fitas. Conseguimos!
Com o apoio incondicional do Grupo Ecológico da Associação Académica de Coimbra (que travava esta luta desde 1989), criámos um movimento forte, coeso e que, acreditamos, ainda está em crescimento. Com o trabalho que fomos desenvolvendo e a sensibilidade (e coragem!) quer da actual Comissão Central da Queima das Fitas, quer da Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra, ficaram reunidas as condições necessárias.
É um momento de festejos, mas queremos relembrar a todas as pessoas que ficaram sensíveis para o maltrato animal nas garraiadas, que Portugal é um dos últimos 8 países no mundo onde a tauromaquia ainda existe e que as atrocidades que muitos de nós preferem ignorar são infligidas aos animais em arenas por todo o país.
À semelhança do que aconteceu até 2017 na cidade de Coimbra, em que a festa de toda a gente pagava o “divertimento” que alguns sentem no tormento de outrem, no nosso país a tauromaquia subsiste graças ao dinheiro que é de todos os contribuintes.
Se achas que isto não faz sentido e compreendes, por todos os motivos, a necessidade urgente de abolir estas práticas ou, simplesmente, percebes que é revoltante que toda a gente pague por algo que vai contra os valores da maioria, pedimos-te que faças algo! Está a decorrer uma Iniciativa Legislativa de Cidadã/os para eliminar de vez os subsídios públicos a esta actividade – assina e partilha-a!
http://peticaopublica.com/?pi=PT86673
Mexe-te, como nós fizemos há 3 anos! A abolição é possível e está próxima! Existe um futuro melhor para nós e para os outros animais, em que podemos, no mínimo, concordar que não é correcto fazer uma festa da sua tortura e sofrimento…nós caminhamos para lá. Vens connosco?
Queima das Farpas – rentrée
A tauromaquia já existiu por toda a Europa e tem vindo a ser banida de todos os países à medida que os respectivos padrões éticos se vão tornando mais exigentes.
Permanece ainda na Península Ibérica e nalgumas regiões do sul de França mas, à medida que a contestação sobe de tom e vão caindo um a um os pilares que a sustentam, toda a estrutura claudica...
De acordo com a listagem divulgada pelo CAS International, 109 municípios em Espanha já se declararam anti-tauromaquia, o que há uns anos seria impensável.
Portugal não vai ficar de fora desta onda de consciencialização e consequente tomada de posição relativamente a uma indústria que glorifica o massacre de animais, sorve dinheiros públicos e contraria abertamente as recomendações do Comité dos Direitos das Crianças da ONU.
Inúmeros estudos e sondagens demonstram que poucos são os que promovem activamente a violência, mas é a indiferença da maioria que a permite.
Queres pertencer à massa anónima de indiferentes que com tudo pactuam, ou preferes fazer da tua passagem por uma das Universidades mais prestigiadas da Europa um marco da sua evolução ética erradicando esta actividade do programa oficial da Queima das Fitas?
A sociedade conta connosco e nós queremos contar contigo. Junta-te a este movimento no seu caminho para uma Universidade mais justa, em que a alegria de uns não tem de significar o sofrimento de outros.
Coimbra tem mais encanto sem sangue na despedida.
Assina a petição:
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=QueimaDasFarpas
Fonte:
«(…) Foram divulgadas as estatísticas oficiais da Inspecção Geral das Actividades Culturais que nos dizem que as touradas perderam, mais uma vez, público em 2015.
Os números indicam ainda que só nos últimos 5 anos (2010-2015) as touradas perderam 42% do público em Portugal! É uma excelente notícia que temos muito gosto em partilhar convosco e que pedimos que divulguem o mais possível. É muito importante que a sociedade portuguesa perceba que isto está mesmo a acabar. Obrigado!»
Fonte:
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QUEIMA DAS FARPAS EM COIMBRA
«Cerca de 1.500 bilhetes vendidos ao público em geral em 2015. Mesmo que todos fossem estudantes, esse número representaria menos de 4% do universo total. Fará sentido o dinheiro de todos pagar os vícios de alguns?
Coimbra tem mais encanto sem garraiada na despedida.»
Assinem a petição:
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=QueimaDasFarpas
Fonte:
«Queremos que a partir de 2016 a Queima das Fitas de Coimbra deixe de estar manchada pelo divertimento à custa de sofrimento e exploração animal»
«É MUITO IMPORTANTE mostrar que na academia, na sociedade coimbrã e na sociedade portuguesa em geral, a maioria não concorda com a inclusão da garraiada na Queima das Fitas e por isso apelamos que enviem uma mensagem às entidades responsáveis.
(p.f. sejam cordiais)
Vamos fazer ouvir a voz da cidadania».
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Destinatários:
geral@academica.pt,cveteranos@gmail.com,geral@queimadasfitascoimbra.pt
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(Mensagem sugerida)
Caríssimos,
A única tradição de que a Universidade deve orgulhar-se e pela qual deve lutar acerrimamente, é a do seu papel como baluarte do conhecimento e da ética.
É por isso que deve questionar regularmente as suas práticas e os seus valores para que estes sejam sempre consentâneos com o papel de charneira que a sociedade lhe imputa.
Pelo seu percurso histórico, a Universidade de Coimbra, (a minha Universidade) tem neste campo uma responsabilidade acrescida e não pode, assim, continuar a permitir-se promover actividades que violam o princípio básico de não provocar sofrimento desnecessário.
Devemos contribuir para a difusão de valores como a ética, a solidariedade, a excelência académica, não precisamos nem devemos vitimizar animais em garraiadas e actividades similares para celebrarmos os nossos sucessos.
Por estes motivos manifesto a minha total solidariedade com o movimento Queima das Farpas e apelo a que não seja incluída na maravilhosa festa estudantil que é a Queima das Fitas uma actividade anacrónica e cruel como a garraiada.
Com os melhores cumprimentos e elevada consideração,
Isabel A. Ferreira
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Coimbra tem mais encanto sem sangue na despedida.
Assinem a petição, por favor:
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=QueimaDasFarpas
#QueimaDasFarpas #Abolição #Garraiada #Coimbra #rumoaoTRI #queimadasfitascoimbraAssina a petição: http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=QueimaDasFarpas #QueimaDasFarpas #Abolição #Garraiada #Coimbra #rumoaoTRI #queimadasfitascoimbra
Fonte:
«É de estudantes com esta elevação moral, cultural e social que a Academia de Coimbra precisa. E ao que se vê, 80% dos estudantes não se revêem na barbárie, que também é a garraiada, além da tourada.
Bem-haja Ana Cláudia Bordalo, por ser um exemplo de jovem que vive a modernidade de que Portugal tanto precisa) (I.A.F.)
09/04/2015
Há 86 anos que a Queima das Fitas de Coimbra organiza uma garraiada no Coliseu da Figueira da Foz, mas há cada vez mais vozes – dentro e fora da academia – que combatem esta “tradição bárbara em pleno século XXI”, nas palavras de Ana Cláudia Bordalo, uma das organizadoras do movimento Queima das Farpas.
Há umas semanas, a Queima das Farpas lançou uma petição para abolir a garraiada e todos os espectáculos com touros da Queima das Fitas de Coimbra, uma acção que lhe garantiu um invulgar palco mediático nacional e que colocou a organização da festa académica entre a espada e a parede. O Green Savers falou com Ana Cláudia Bordalo sobre o movimento, a petição e os espectáculos tauromáquicos, em geral.
Como surgiu a ideia para esta iniciativa e quem a desenvolveu?
A ideia de abolir a tauromaquia é antiga e transversal na sociedade portuguesa. O seu patrocínio pela Universidade – uma instituição que deve representar novos modelos de pensamento – é absolutamente anacrónico, porquanto a única razão apresentada para que se constitua como excepção à lei que protege os animais de serem maltratados é a tradição. Ora o facto de se fazer algo há muito tempo é inaceitável como justificação para se continuar a realizar uma actividade repugnante em termos éticos. A pergunta deveria ser antes: porque ainda não foi abolida esta tradição bárbara em pleno século XXI?
A tradição da garraiada existe, na Queima das Fitas de Coimbra, desde 1929. Na vossa opinião, que hipótese terá a vossa iniciativa de ser levada em conta pelas organizações responsáveis pela queima?
Que quem ganha a sua vida a maltratar animais para fins de entretenimento, se empenhe em assegurar a sua actividade, é compreensível. O que não podemos compreender é que os estudantes do ensino superior se recusem a questionar a legitimidade das actividades que promovem. Entendemos que é difícil exercermos pensamento crítico sobre práticas consideradas comuns na sociedade em que vivemos, mas não é impossível. Acreditamos que, trazendo este debate à comunidade estudantil, a abolição é inevitável.
Ponderam pedir aos estudantes para boicotar o evento ou preparar alguma acção específica para o dia da garraiada?
De acordo com uma sondagem levada a cabo, 80% dos estudantes da Universidade de Coimbra não se revê na garraiada, ou seja, de todas as actividades que fazem parte do programa da Queima das Fitas, a garraiada é, de longe, que reúne menos vontades. Pensamos que é só uma questão desses 80%* fazerem valer as suas razões e deixarem de ser a “maioria silenciosa”.
Acredita que se o tema for discutido a nível nacional – e com o apoio de entidades pró-animal nacionais – ele poderá mais facilmente chegar aos organizadores da Queima das Fitas?
Achamos que é tempo de iniciar o debate a todos os níveis. No entanto, o ensino superior é um mundo autónomo e deve servir de charneira, definir o espírito dos tempos, e não o contrário.
Muitas destas iniciativas, para serem bem-sucedidas, têm de ter consistência temporal. Se não conseguirem acabar com a garraiada este ano, voltarão “à carga” nos próximos?
O nosso movimento só acabará com a abolição de espectáculos de massacre de animais no contexto das festas académicas.
O que poderia substituir a garraiada no mapa de eventos da Queima das Fitas?
Não nos compete a nós apresentar alternativas, pois o objectivo é acabar com o que consideramos inaceitável. No entanto, estaremos abertos a contribuir para a criação de um qualquer outro evento, se todos entendermos que beneficiará a nossa festa.
Coimbra já tinha estado nas notícias, por razões menos abonatórias, devido ao envio de carrinhos de supermercado para o Mondego, depois do desfile da Latada. Por que razão a mais reputada universidade portuguesa continua com tradições tão insustentáveis?
A irreverência estudantil deve manifestar-se de formas menos lesivas.
Qual o seu passado enquanto estudante, idade e a sua ligação a associações ou entidades pró-animais?
Sou estudante de Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, tenho 25 anos. A minha única ligação é ao Grupo Ecológico, secção cultural da Associação Académica de Coimbra, do qual sou sócia e através do qual tento fazer algum trabalho de sensibilização na área dos direitos dos animais.
Que outras pessoas fazem parte deste movimento?
Este movimento engloba pessoas de toda a comunidade, não apenas do meio académico/estudantil, é um movimento de vontades de diferentes pessoas que não se revêem neste tipo de práticas completamente desenquadradas daquele que é hoje o nosso conhecimento em relação aos animais.
Ana Claúdia Bordalo
*(Dados da pesquisa Culturas Juvenis e Participação Cívica: diferença, indiferença e novos desafios democráticos, coordenada por Elísio Estanque e Rui Bebiano e realizada no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra entre 2003 e 2006. Projecto financiado pela FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia/ Ministério da Ciência e do Ensino Superior, no POCTI/SOC/45489/2002)
Fonte: