Quinta-feira, 2 de Junho de 2016

Salvando uma gaivotinha que caiu num cano de ventilação

 

Esta madrugada, cerca das duas horas, fui acordada de forma inesperada, porque um pássaro estava a piar desesperadamente no quarto- de-banho da casa.

Ainda um pouco atordoada, fui ver. E nada vi. Só ouvia.

 

Gaivotinha.jpeg

 

Ouvia-se o piar aflito, mas não se via o pássaro. Até que, olhando para a grelha da ventilação, viu-se algo a mexer. Era ali que estava a ave.

 

Era uma gaivotinha, ainda bebé. Devia ter caído do ninho que, com toda a certeza, se encontra no telhado do prédio, uma zona onde é hábito as gaivotas pousarem, em dias de tempestade.

 

Fui buscar o meu material de salvamento, e cuidadosamente coloquei-a no fundo de uma gaiola.

 

Gaivotinha salva.jpeg

 

Foi examinada para ver se não teria patinhas ou asas partidas, ou outros ferimentos. Não tinha. Era robusta e defendia-se com valentia. Não fossem as luvas, eu seria bicada (legitimamente).

 

Continuava a piar. Agora assustada.

 

Tinha feito uma “viagem” cano abaixo, desde o telhado até ao quarto andar.

 

Estaria faminta?

 

Eram quase duas e meia da madrugada, estava eu a migar pão com água (era o que tinha) para lhe dar. Ela estava esfomeada. Bicou umas tantas migalhas e sossegou.

 

Bem, àquela hora, não podia fazer mais do que isto.

 

Quando amanhecesse, trataria de ir procurar o ninho.

 

Eram oito e meia da manhã, muni-me de um escadote e luvas e fui para o sótão do prédio, onde há uma janela que dá para o telhado.

 

Mas mal abri a janela e coloquei o fundo da gaiola em cima das telhas, uma gaivota (a mãe?) logo seguida de outra (o pai?) fizeram voo picado na minha direcção, e começaram a grasnar tão alto que logo muitas outras gaivotas vieram de todos os lados, a gritar, e tive de fechar a janela imediatamente, com medo de ser atacada, (legitimamente) pois na Natureza, os animais unem-se para se defenderem de estranhos. E eu era uma estranha. Pareceria até um mostrengo aos olhos das gaivotas.

 

Foi lindo ver aquela união solidária.

 

Não podia ficar ali a manhã toda. Deixei que Natureza seguisse o seu rumo. Porém regressaria.

 

Eram 11h30, munida de escadote e luvas, lá fui eu outra vez. Abri a janela e uma gaivota, agora apenas uma (a mãe novamente?), voou na minha direcção, e tive de a fechar rapidamente.

 

Agora em segurança, pude então ver que a gaivotinha estava mais abaixo, já no telhado, a bicar uma paparoca triturada, e junto dela estava uma cabeça de peixe. E a gaivota (mãe ou pai?) estava ali a alimentá-la, a defendê-la com as garras de fora.

 

Que cena mais enternecedora. As lágrimas vieram-me aos olhos.

 

A minha ideia era levar a gaivotinha até ao ninho, mas era uma missão impossível, com a defesa que lhe fizeram.

 

Regressaria mais tarde.

 

Eram duas horas da tarde. Fui lá novamente. A gaivotinha já lá não estava. Ainda tentei avançar para o telhado para ver se estaria em algum outro sítio ou no ninho. Mas de atalaia estava uma gaivota (a mãe?), que veio a grasnar na minha direcção.

 

Fechei a janela. Missão cumprida.

 

Espero que a gaivotinha esteja no ninho.

 

Mais do que isto não pude fazer.

 

Depois de tudo o que vivi hoje, fiquei a saber algo que desconhecia nas gaivotas: o instinto materno delas é igual ao meu.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:55

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Domingo, 20 de Dezembro de 2015

Profecia dos Índios Cree

 

 A propósito do tema Ambiente e da última Conferência de Paris

 

ÍNDIO.png

 

«Somente depois que a última árvore tiver sido cortada,

 

Somente depois que o último rio tiver sido contaminado,

 

Somente depois que o último peixe tiver sido pescado,

 

Somente então vocês entenderão que dinheiro não se pode comer».

 

(Os Cree são um povo indígena da América do Norte)

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:49

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