Sexta-feira, 23 de Abril de 2021

Celebrando o Dia Mundial do Livro: «Da importância do acto de LER e dos Livros», escritos e traduzidos em Bom Português

 

Em Portugal, celebraremos o dia 23 de Abril - Dia Mundial do Livro - rejeitando LER os livros escritos conforme a cartilha do Acordo Ortográfico de 1990, porque:

 

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Da importância do acto de LER e dos Livros

 

© Isabel A. Ferreira

 

«Um livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive». (Padre António Vieira).

 

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Livraria Lello (Porto) - A Catedral do Livro, incluída na lista das Livrarias mais belas do Mundo. (Origem da imagem: Internet)

 

Os livros são barcos que dão para muitas viagens.

 

LER é, pois, como viajar num barco e ir a muitos lugares, onde nos é permitido viver uma infinidade de aventuras.

 

LER é entrar na Máquina do Tempo, que nos transporta a todos os tempos. Até ao início do mundo, passando por todas as épocas, por todos os lugares, por todas as gentes. Até às mais longínquas galáxias do universo, se tivermos imaginação.

 

Quando somos crianças gostamos que nos contem histórias.

 

Mia Couto, um prestigiado escritor moçambicano, que também gosta de LER, costuma dizer que ao ler «recuperamos as histórias da nossa infância». Para ele, LER «é uma caixa de tesouros que não encontramos em mais lado nenhum. Devemos ler para podermos contar histórias».

 

Daniel Sampaio, escritor português – que é também psiquiatra, sobre os livros diz-nos: «Os livros são para podermos imaginar».

 

Vasco Graça Moura – poeta e escritor, também português – escreveu este belo texto, acerca dos livros, que passo a citar:

 

«Há livros que são mágicos.

Abrimo-los e é como se estivéssemos instalados num tapete voador das Mil e Uma Noites: transportam-nos através do tempo e do espaço;

Fazem vibrar aos nossos ouvidos os ecos fortes da História;

Põem-nos diante dos nossos olhos um fervilhar de gente;

Dão-nos a medida dos trabalhos e dos dias;

Mostram-nos as cores, as formas e os volumes das paisagens;

Penetram-nos no coração com os seus excursos mais prosaicos ou com os seus acentos mais líricos, tornando-nos possível fazer uma deambulação e vagabundagem com uma respiração diferente e mais livre, com um paladar de palavras feito que tem o perfume e o encorpamento de um vinho velho».

 

Paulo Filipe Monteiro, guionista, encenador e actor, diz do livro: «Um bom livro é uma viagem absorvente e nocturna para os espaços próprios da obra, para os seus mundos possíveis».

 

Fernanda Pratas (crítica literária) escreve: «LER é uma tarefa irrequieta. Envolve os sentidos todos, exige energia, mete-se com a nossa vida. Desata velhas emoções, inventa outras com um cheiro a novo que até faz doer, serena almas e inquieta-as outras vezes. Consegue o prodígio de nos dar saudades de pessoas que nunca conhecemos».

 

Teolinda Gersão (escritora) diz: «A leitura é isto: um sentido que se ilumina de quando em quando, mas que não nos é dado gratuitamente. Atravessamos um túnel, fazemos um certo esforço para chegar a qualquer lado e o lado onde chegamos é o sentido do livro. O Metro pode ser uma metáfora para isso: atravessa-se um túnel para se chegar a um lugar iluminado. A leitura não é uma coisa automática. Tem de haver um certo trabalho interior. Mesmo do leitor, porque lhe exige o esforço de se colocar na pele da personagem, vendo com os olhos dela».

 

Manuel de Pedrolo (escritor espanhol), defende os livros como a principal e insubstituível fonte de transmissão do saber.

 

E na opinião de Nelson de Matos (editor) «os livros ajudam-nos a decifrar o mundo e a conhecermo-nos a nós próprios ou, como disse o filósofo George Steiner (...) os livros são o santo e a senha para convertermos em melhor aquilo que somos. E “melhor” também quer dizer “menos sós”, mais solidários. Na medida em que busca um leitor (um interlocutor), um livro também nos ajuda a romper a solidão».

 

Arturo Pérez-Reverte, um dos escritores espanhóis mais lidos na actualidade, diz: «Nasci numa casa com uma biblioteca muito grande, cresci entre livros e descobri desde muito pequeno que os livros são uma explicação para o mundo. Quanto mais se lê mais vitaminas se tem, mais recursos se adquirem para enfrentar a vida, para sobreviver. E isso, para mim, foi decisivo».

 

O Livro é, pois, um companheiro fiel, um amigo, que nunca nos deixa ficar sós, em lugar nenhum, e é um óptimo antídoto para a ignorância.  

 

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Através da leitura podemos imaginar mundos infinitos e imensos, e cada um de nós imagina esses mundos de um modo tão desigual quanto único.

 

Através da leitura, podemos criar as imagens, as paisagens, os rostos das personagens de acordo com a nossa própria visão e modo de sentir as coisas, que são diferentes de pessoa para pessoa, de acordo com a nossa imaginação.

 

Podemos até  impregnar-nos dos  aromas que as histórias dos livros nos sugerem: como o da terra molhada; como o das flores; o do mar; o do suor das gentes que trabalham nos campos...

 

Podemos rir ou chorar, conforme a história nos diz da alegria ou da tristeza.

 

LER é também aprender. Quem não lê não aprende. Quem não aprende não sabe. E quem não sabe, é quase como quem não vê.

 

Mário Quintana - LER.jpg

 

LER é conhecer uma infinidade de pessoas, umas inventadas, outras verdadeiras, em torno das quais giram peripécias vulgares ou invulgares que, de um modo ou de outro, enriquecem o nosso conhecimento do mundo.

 

Cada escritor é um escritor. Cada um tem as suas próprias vivências. Vê as coisas de um modo diferente, por isso, todos os escritores podem até escrever sobre um mesmo tema, imaginemos, por exemplo, que escrevem sobre o mar, mas esse mar será diferentemente descrito, porque os olhos de cada um vão olhá-lo de um modo absolutamente singular. E o mar, que é o mesmo, será então muitos mares.

 

Daí que quantos mais livros lermos, quantos mais escritores conhecermos, maior será também o nosso conhecimento do mundo.

 

Quem não lê não vive, nem as venturas, nem as desventuras, nem as aventuras da vida. Porquê? Porque a leitura, mais do que os filmes que vemos na televisão ou no cinema, isto é, mais do que todas as imagens, nos proporciona uma ligação íntima, só nossa, única, com o que cada um de nós tem de mais valioso, que é a nossa liberdade de pensamento, e essa liberdade ninguém, nem o mais feroz e audaz dos carrascos pode tirar-nos. e esta é que é a verdadeira liberdade.

 

A leitura desenvolve a nossa imaginação, a nossa criatividade, e também o nosso raciocínio, se nos propusermos a LER, quase como se mastigássemos as palavras, nelas sorvendo cada gota de sentido que a escrita nos oferece.

 

E como LER nos dá conhecimentos, muitos conhecimentos, LER é preciso, para nos tornarmos pessoas esclarecidas, porque: «Quanto mais esclarecidos formos, mais livres seremos», de acordo com Voltaire, um grande escritor e pensador francês, que viveu no século XVIII.

 

E a LIBERDADE que vem do nosso SABER é o bem mais precioso que temos, é a coisa mais nossa que possuímos, porque nem que nos encerrem numa masmorra, ou nos condenem à escuridão de uma funda caverna, ninguém, neste mundo, jamais poderá destruir, em nós, essa liberdade.

 

Façamos então do LIVRO um amigo, um companheiro para a VIDA.

 

Além dele nos proporcionar uma liberdade infinita, far-nos-á companhia nem que seja na mais deserta ilha do nosso planeta, porque com um LIVRO estamos na companhia de um Escritor; estamos com as Palavras; estamos com as Personagens das narrativas; podemos até entrar na história, se nos deixarmos levar pelas asas da nossa imaginação, transformando-nos também numa personagem.

 

LER, enfim, é viver muitas vidas; e quantas mais vidas vivermos, mais humanos nos tornamos; e quanto mais humanos formos, melhor será o mundo em que vivemos; e quanto melhor for esse mundo, maior será a harmonia do futuro. E hoje, mais do que nunca, é URGENTE acreditar num futuro mais promissor.

 

Porém, ainda há quem, pura e simplesmente, não leia, porque LER dá muito trabalho e é preciso pensar. E pensar também dá muito trabalho…

 

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 © Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 12:11

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Sexta-feira, 12 de Junho de 2020

O Padre António Vieira, erguendo a sua voz contra os colonos europeus, dedicou a sua vida aos escravos, negros e indígenas brasileiros

 

Mas a ignorância é a mãe da estupidez. Sempre foi, em tudo.

 

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Quem, ontem, vandalizou a estátua do Padre António Vieira, erguida no Largo Trindade Coelho (Bairro Alto - Lisboa), além de vândalo(s) é (são) ignorante(s) ao mais alto grau.

 

É no que dá os governos menosprezarem o ESTUDO DA HISTÓRIA, que querem apagar, por motivos dos mais estúpidos, até porque a Humanidade tem uma História, e goste-se ou não das barbaridades que se cometeram, em nome dos homens ou em nome dos deuses, elas existiram, e têm de ser recordadas para que as gerações futuras não as repitam, se bem que haja quem não consiga aprender o mínimo dos mínimos.  

 

E uma coisa é erguer-se estátuas a indivíduos que na sua época foram “heróis”, outra coisa é perpetuar a memória dos actos que esses "heróis" cometeram contra a Humanidade, e isso faz-se através do estudo da História, sem a apagar e não a lendo à luz dos valores do século XXI d. C. Num futuro muito longínquo, isto é, se houver futuro,  talvez os "heróis" do nosso tempo também sejam desconsiderados e anulados pelos crimes cometidos contra os seres humanos, contra os seres não-humanos e contra o Planeta.

 

Não foi o caso do Padre António Vieira, que ergueu a sua voz contra os colonos europeus, e dedicou a sua vida aos escravos, aos negros e aos indígenas brasileiros.

 

E a National Geographic, num texto escrito em Bom Português, dá-nos uma pequena lição de História, acerca do padre António Vieira, que qualquer um, que esteja interessado, pode aprofundar com a ajuda de uma Enciclopédia.

 

Espero que os nossos governantes tenham aprendido alguma coisa, com este triste episódio, e tratem de incluir, no currículo escolar, o estudo da História, e não apenas pedaços da História, que mais convêm a quem não tem uma visão global da Humanidade e do seu percurso, para que possamos ter um futuro livre de um vírus chamado estupidez, que anda a atacar países como os EUA e o Reino Unido e, ao que parece, Portugal também.

 

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«Padre António Vieira, defensor dos Índios»

 

A descoberta do Brasil provocou o choque entre duas culturas em diferentes estados de evolução. Entre conquistadores e conquistados, a voz do padre António Vieira ergueu-se contra os abusos dos colonos europeus.

 

Nasceu em Lisboa em 1608 e viajou muito novo com a família para São Salvador da Bahia.

 

Com 15 anos, iniciou o noviciado na Companhia de Jesus e, aos 26, foi ordenado sacerdote. Na hora de fazer os votos, Vieira terá acrescentado um quarto voto especial: o de dedicar a sua vida aos escravos, negros e índios do Brasil.

 

Com a Restauração, viajou para Lisboa e permaneceu na Europa durante os 11 anos seguintes. Tornou-se Pregador de Sua Majestade, confidente e amigo pessoal de Dom João IV, e os seus sermões cedo causaram sensação na capital. Em Novembro de 1652, o padre António Vieira trocou a vida cortesã da Europa pelas paragens remotas da selva amazónica, onde viu a oportunidade de realizar a sua verdadeira vocação num território que via os escravos, os índios e os negros como a sua principal riqueza.

 

Nove anos depois, o conflito com os colonos atingiu um ponto insustentável. Vieira foi expulso com os jesuítas do Maranhão e embarcado à força para Lisboa. Os índios perdiam um dos seus mais fervorosos defensores.»

 

Fonte:

https://nationalgeographic.sapo.pt/historia/actualidade/1719-padre-antonio-vieira-defensor-dos-indios?fbclid=IwAR3R6tNQOWU9_ZcaWoK8zCjsABrpyYgBv4H6D5X4vQ-OPbgGhKd3EV4VMtM

 

***

«Repondo alguns factos históricos:

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Sinceramente, até desconfio que quem vandalizou a estátua do Padre António Vieira, em Lisboa, foram os neonazis do "Bosta!" para incendiar os ânimos (uma técnica típica neonazi...); mas, seja como for, é importante repor aqui os factos históricos.



António Vieira foi um pensador muito avançado para o seu tempo. Não era um colonialista, até foi expulso do Brasil por se opor aos colonos, ao modo como escravizavam e oprimiam os ameríndios e os africanos, e pregou e escreveu copiosamente contra a escravatura. Foi também perseguido pela Inquisição por ter uma visão de síntese espiritual inclusiva e multicultural que se opunha ao anti-semitismo e anti-islamismo do 'santo ofício' português.


Em suma, se há uma figura histórica portuguesa que em absoluto não merece o rótulo de colonialista e esclavagista é precisamente o Padre Vieira.


É preciso afirmar aqui que, se fosse vivo, António Vieira, homem vertical e corajoso, estaria pregando e escrevendo contra o fascismo, o nacionalismo, o racismo e o monoculturalismo do extremismo ideológico.


Portanto, os neofascistas nacionalistas que tenham o pudor de não instrumentalizar essa figura que se situa nos antípodas da sua miserável visão fanática monocultura racista.



E os activistas anti-racistas que aprendam História, e canalizem a sua energia para o futuro, apreendendo as lições da História que nos diz que quem gosta de apagar, decapitar e vandalizar vestígios do passado são precisamente os fascistas... Não é através do niilismo destruidor que algo de evoluído e benéfico poderá ser construído. Os fins não justificam os meios; os meios devem já em si prefigurar os fins que desejam.



Ainda umas palavras sobre o derrube e decapitação de estátuas em vários países na esteira de 'protestos' ‘anti-racistas’.

O passado não pode, ou deve, ser apagado, seus aspectos negativos devem ser ultrapassados aqui e agora dentro do Espírito humano, criativamente e construtivamente sublimados e transmutados, apreendendo as suas lições, e evoluindo através delas.

A História é o longo percurso de aprendizagem da espécie humana, percurso feito de muitos erros e horrores, mas um caminho que também possibilitou que paulatinamente ideias luminosas como os direitos humanos, a democracia, o multiculturalismo, o universalismo, o anti-racismo, a inclusão, pudessem expandir-se e enraizar-se. Não deitemos fora o bebé com a água suja do banho!

Viva o exemplo espiritualista luminoso do Padre António Vieira! Abaixo todos os extremismos! Todos os fascismos (que existem em ambos os extremos ideológicos)!
Paz e Unidade!

Miguel Santos»

 

Fonte:

https://www.facebook.com/MiguelSantosescritor/photos/a.617760231734790/1540741862769951/?type=3&theater

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:21

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Quarta-feira, 16 de Outubro de 2019

«Sermão do Bom Ladrão» - Mudam-se os tempos, mas as vontades de ladroar continuam no ADN de quem detém o Poder

 

(Recebido via e-mail)

 

O Sermão do Bom Ladrão foi proferido em 1655 na Igreja da Misericórdia (hoje, Conceição Velha), perante o Rei D. João IV, a sua corte e os maiores dignitários do reino - juízes, ministros e conselheiros.



Desassombrado, o texto critica todos aqueles que se valem do poder público para enriquecer de forma ilícita; denuncia escândalos no governo, gestões fraudulentas e reclama contra a falta de punições. Quando se lê este sermão, parece que estamos nos tempos actuais. Uma visão perfeita do comportamento imoral da época que parece não ter acabado até aos nossos dias. Aqui fica um pequeno excerto.

 

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Padre António Vieira – Pintura de Cândido Portinari

 

"Levarem os Reis consigo ao paraíso os ladrões, não só não é companhia indecente, mas acção tão gloriosa e verdadeiramente real. (...) Mas o que vemos praticar em todos os reinos do mundo é, em vez de os Reis levaram consigo os ladrões ao paraíso, os ladrões são os que levam consigo os Reis ao inferno.


(...)


O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões de maior calibre e de mais alta esfera.



Não só são ladrões os que roubam bolsas; (...) os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título, são aqueles a quem os Reis encomendam exércitos e legiões, ou o governo das províncias ou a administração das cidades, os quais, pela manha, pela força, roubam e despojam os povos.


Os outros ladrões roubam um homem; estes roubam cidades e reinos: os outros furtam correndo risco; estes sem temor nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados; estes furtam e enforcam os outros".



****


O Padre António Vieira, foi um dos maiores religiosos, filósofos, escritores e oradores portugueses do século XVII, nasceu em Lisboa a 6 de Fevereiro 1608, e morreu na Bahia a 18 de Julho 1697, com 89 anos. Deixou cerca de 700 cartas e 200 sermões.



 
A Igreja da Conceição Velha resultou da reconstrução da Igreja da Misericórdia, destruída pelo terramoto de 1775. O seu Portal é o que resta da antiga Misericórdia.

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:31

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Sábado, 10 de Fevereiro de 2018

«Defender a Língua Portuguesa é uma prioridade da acção do governo» Dr. António Costa? Ouvimos bem?

 

Nós vamos cobrar esta aCção, doutor António Costa.

 

E o primeiro-ministro disse mais esta coisa dúbia: considerou que esta é uma aposta de “afirmação da individualidade e da diversidade»

 

Querem saber? Banzei-me, porque a treta não diz nada, nada, nada com a careta.

Absolutamente nada.

 

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«No dia 08 de junho, o poeta português Manuel Alegre foi eleito o novo ganhador do Prêmio Camões de Literatura, principal comenda do mundo literário em linguá portuguesa. Instituído em 1988, o Prêmio tem o objetivo de consagrar autores de língua portuguesa que tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da nossa língua». (***)

Origem da imagem e do pequeno texto:

http://praxis.com.br/manuel-alegre-e-o-vencedor-do-premio-camoes-2017/

 

*** (Será esta linguagem que António Costa defende para Portugal? É que já estamos neste caminho, e bastante adiantados. E isto não se faz às crianças portuguesas: obrigá-las a escrever à brasileira!)

 

E querem saber por que não diz a treta com a careta? Porque ou António Costa está a gozar connosco, porque até agora não mexeu uma palha em defesa da Língua Portuguesa (que saibamos, mas como há muita coisa que se faz às escondidas, no Parlamento…!) ou quando se referiu à Língua Portuguesa queria dizer “grafia brasileira”, e fugiu-lhe a boca para a verdade, porque a verdade é que em Portugal a Língua é a Portuguesa. E a isto chama-se individualidade. E não há cá esta coisa de português europeu e português brasileiro. Até porque o Português não é outra coisa senão europeu. PONTO. O que há é a Língua Portuguesa e as suas variantes: brasileira, angolana, moçambicana, cabo-verdiana, são-tomense, timorense, guineense, macaense, goense… E onde mais fôramos, mais tivéramos… E a isto chama-se diversidade.

 

Pois se António Costa quer afirmar a individualidade, fiquemos com a nossa Língua Portuguesa, e atire-se ao lixo o AO90, como o Brasil atirou ao lixo a Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de 1945, que assinou, mas não cumpriu.

 

E se António Costa quer afirmar a diversidade, pois deixemos que cada país lusófono fique com a sua especificidade linguística, para que os escritores citados: Luís de Camões, José Craveirinha, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Guimarães Rosa, Luandino Vieira, José Saramago, Arménio Vieira, Jorge Amado, Baltazar Lopes, Cecília Meireles, Mia Couto e Manuel Alegre, possam ser lidos diversamente, e não somente à moda brasileira.

 

Porque haveria Luandino Vieira (Angola) ou Mia Couto (Moçambique) ou Arménio Vieira (Cabo Verde), ou Alda do Espírito Santo (São Tomé e Príncipe) ou Odete Semedo (Guiné-Bissau) ou Luís Cardoso de Noronha (Timor-Leste) ou Luís de Camões (Portugal) serem lidos segundo a cartilha brasileira, ou Jorge Amado ser lido segundo a cartilha portuguesa?

 

Qual o interesse de unificar algo que é absolutamente impossível de unificar, se António Costa pretende afirmar a diversidade, como declarou?

 

Então para quê mutilar a ortografia portuguesa, para a avizinhar da ortografia brasileira nos vocábulos em que existem consoantes mudas e hífenes e acentos, mesmo assim, com excePções e bastantes abortinhos ortográficos por parte dos portugueses, que se metem a ser mais “papistas do que o papa” por pura ignorância?

 

A verdade é que o servilismo do governo português aos mandos brasileiros é notório e vergonhoso e repugnante.

 

Mas ainda há mais. Lê-se na notícia:

 

«António Costa falava momentos antes de entregar, juntamente com o embaixador do Brasil em Portugal, Luís Alberto Figueiredo Machado, e na presença do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, do ex-líder parlamentar socialista, Alberto Martins, e do presidente do PS, Carlos César, entre outras personalidades, ao poeta e ex-candidato presidencial Manuel Alegre, o Prémio Camões 2017, numa cerimónia que decorreu na passada sexta-feira, no Palácio da Ajuda, tendo o primeiro-ministro reafirmado o compromisso do Governo com a língua portuguesa, “com os seus valores e as suas valências”.

 

Duas observações a fazer:

 

Primeira: como teria sido elegante convidar os embaixadores dos restantes países lusófonos, para esta cerimónia, uma vez que o Prémio Camões destina-se a distinguir autores que tenham contribuído para o enriquecimento do Património Literário e Cultural da Língua Portuguesa, apesar de o prémio ter sido instituído pelos governos do Brasil e de Portugal em 1988!

 

Mas não será esta a festa maior da Língua Portuguesa, escrita e falada também por Angolanos, Moçambicanos, Cabo-verdianos, São-Tomenses, Guineenses e Timorenses, que pertencem aos PALOP, aos países ditos lusófonos? E que em 29 atribuições, apenas cinco foram para autores africanos, e mesmo assim para apenas três países (Moçambique, Angola e Cabo Verde)? Por que teriam sido excluídos os embaixadores dos outros países? Por quê esta exclusividade brasileira? É que aqui há muita água suja no bico.

Isto pareceu uma cerimónia luso-brasileira, tal como o é o AO90, mais brasileiro do que português, pois de português só tem Malaca Casteleiro, parcveiro de Antônio Houaiss, o paridor-mor desta tragédia linguística.

Segunda: se o primeiro-ministro reafirmou o compromisso do Governo com a Língua Portuguesa, “com os seus valores e as suas valências”, porque se continua a desvalorizar a Língua Portuguesa e a impingir às crianças portuguesas a valência brasileira?

 

Bem, e António Costa disse mais: segundo ele «num mundo onde se observa um “crescente “risco” de massificação, uniformização e de hegemonização, a língua é um instrumento e uma “condição insubstituível” de afirmação da individualidade e da diversidade».

 

Que conversa é esta, senhor primeiro-ministro?

 

Impingem ao país a individualidade ortográfica basileira, e pretendem afirmar a diversificação? Em que ficamos? Ou percebi mal?

 

Nesta cerimónia luso-brasileira, António Costa fez ainda questão de vincar a importância da Língua Portuguesa e da prioridade que o Governo dá à sua difusão, defendendo que cada língua representa por si mesma um mundo e uma “visão desse mesmo mundo”, uma “singularidade e uma pluralidade”, reiterando a vontade do Governo que lidera de “reforçar, ampliar e de modernizar” uma política de língua “mais activa e mais eficaz”, de modo a tornar a língua “mais partilhada e mais presente”.  

 

O que é que isto significa, senho primeiro-ministro?

 

Não é verdade que o governo português (porque hei-de escrever "governo" com letra maiúscula e Fevereiro com letra minúscula?) dá prioridade à difusão e defesa da Língua na sua singularidade e pluralidade. Não é verdade. Se desse, já teria acabado com esta fantochada de introduzir em Portugal a ortografia brasileira. Deixaria correr livremente a pluralidade… Ou percebi mal?

 

E o desafio que defendeu, o de «que não deve ficar apenas no âmbito do Estado e das suas instituições, mas um desígnio que tem de ser assumido igualmente pelo “conjunto da sociedade civil” e por todos os “luso falantes”, saudando a propósito os povos, países e comunidades dispersas pelo mundo que falam o português, defendendo que todos e cada um deles “são representantes dessa comunidade maior” que fala a língua de “Luís de Camões, de José Craveirinha, de Carlos Drummond de Andrade, de Fernando Pessoa, de Guimarães Rosa, de Luandino Vieira, de José Saramago, de Arménio Vieira, de Jorge Amado, de Baltazar Lopes, de Cecília Meireles, de Mia Couto e de Manuel Alegre”, é atirar areia para os olhos dos Portugueses.

 

Porquê?

Simplesmente porque os luso-falantes, dispersos por todo o mundo, estão-se nas tintas para o AO90 que os governos português e brasileiro querem impingir aos demais povos lusófonos, estando esses luso-falantes a contestar fortemente esta ditadura ortográfica, que pretende, à força de um objectivo torpe,  que Luís de Camões, José Craveirinha, Fernando Pessoa, Luandino Vieira, José Saramago, Arménio Vieira, Baltazar Lopes, Mia Couto e Manuel Alegre, estejam “afêtos” à cartilha de Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e Jorge Amado.

 

Fonte da notícia: https://shar.es/1NOC4R

 

***

Ouvi o discurso de Manuel Alegre, e pareceu-me que ele esteve-se nas tintas para a defesa da Língua Portuguesa. Poderia ter aproveitado a ocasião para mandar um recado ao governo de António Costa, mas não mandou. Por vezes penso que estes prémios literários, que são atribuídos a certos desacordistas, servem para os calar. E o pior é que eles CALAM-SE. Com isto não quero dizer que Manuel Alegre não merecesse o prémio, mas podia ter feito algo mais pela Língua Portuguesa, sugerindo ao seu camarada António Costa que desista de abrasileirar a ortografia portuguesa, porque isso não é defender a diversidade, nem a Língua Portuguesa.

 

Para finalizar sugiro a leitura deste texto onde José Saramago, Padre António Vieira, Marguerite Yourcenar, Séneca e Jaime de Magalhães Lima falam daquela «cegueira que faz com que não reconheçamos o que temos à frente…»

 

Os olhos são inúteis quando a mente é cega

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:47

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Terça-feira, 15 de Dezembro de 2015

Os olhos são inúteis quando a mente é cega

 

A todos os cegos mentais do meu desventurado País, que assenta a sua desdita na estreiteza de espírito de muitos dos que o governam; mas também a todos os cegos mentais que habitam o planeta Terra, e fazem dele um lugar tenebroso. 

 

«O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas cobardias do quotidiano, tudo isto contribui para essa perniciosa forma de cegueira mental que consiste em estar no mundo e não ver o mundo, ou só ver dele o que, em cada momento, for susceptível de servir os nossos interesses»

(José Saramago)

 

 

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«A cegueira que cega cerrando os olhos, não é a maior cegueira; a que cega deixando os olhos abertos, essa é a mais cega de todas».

(Padre António Vieira)

 

«Quando se trata de pessoas comuns, é inútil atribuir-lhes qualquer sabedoria. Basta que lhes atribuamos cegueira, apenas cegueira».

(Marguerite Yourcenar)

 

«A atribuição própria dos pretores, em Roma, era a administração da justiça. Nenhum homem sábio deixará de se espantar com a cegueira do espírito humano».

(Séneca)

 

«Leon Tolstoi foi um adepto e um apóstolo do vegetarianismo. E não é pouco nem insignificante que um tal espírito e tão sublimado coração perfilhasse e praticasse essa doutrina, que a inércia moral e o poder do vício desprezam ou escarnecem na cegueira própria da sua particular estreiteza

(Jaime de Magalhães Lima)

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:21

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Sexta-feira, 11 de Dezembro de 2015

Lula diz que a culpa pelos atrasos na educação no Brasil é dos Portugueses

 

Esta é a anedota do ano publicada, hoje, dia 11 de Dezembro de 2015, no Diário de Notícias.

Porém, o que este indivíduo diz faz parte da IGNORÂNCIA dos brasileiros ignorantes, porque os há cultos, e estes não dizem tamanhos disparates.

 

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 Álvaro Isidoro / Global Imagens

 

«De quem é culpa pelos atrasos na Educação? É dos portugueses, diz Lula

 

«Eu sei que isto não agrada aos portugueses», afirma o ex-presidente do Brasil.

 

O ex-presidente do Brasil Lula da Silva culpabilizou hoje a colonização portuguesa pelos atrasos na educação brasileira, afirmando que Álvares Cabral descobriu o país em 1500 e a primeira universidade brasileira apenas foi criada em 1922. (*)

 

"Eu sei que isto não agrada aos portugueses, mas Cristóvão Colombo chegou a Santo Domingo [actual República Dominicana] em 1492 e em 1507 já ali tinha sido criada a Universidade. No Peru em 1550, na Bolívia em 1624. No Brasil a primeira universidade surgiu apenas em 1922", disse hoje Lula da Silva, numa conferência em Madrid, organizada pelo diário El País.

 

Para Lula da Silva, que comparou as atitudes dos países colonizadores Espanha e Portugal nas respectivas áreas de influência, este facto "justifica os atrasos na educação do Brasil".

 

A primeira universidade brasileira foi a Universidade do Rio de Janeiro, que resultou na junção das Faculdades de Medicina, Direito e Engenharia. Ao contrário de outras ocasiões, Lula da Silva não referiu que as bases do Ensino Superior brasileiro foram lançadas muito antes, no final de século XVII e XVIII.

 

Em 1792, foi criada a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, instituição de ensino superior precursora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1808 foi criada a Faculdade de Medicina da Baía, na sequência da chegada ao Brasil da Coroa portuguesa.

 

O Brasil tornou-se independente de Portugal em 1822.

 

A argumentação de Lula da Silva em Madrid visava sobretudo as "elites brasileiras" dos últimos 100 anos, em comparação com o "legado" dos seus anos à frente do Brasil. Lula argumenta que o seu Governo triplicou o orçamento da Educação, construiu 18 novas universidades federais, 173 novos "campus" no interior do Brasil e três vezes mais escolas técnicas do que últimos 100 anos.»

 

Fonte:

http://www.dn.pt/mundo/interior/de-quem-e-culpa-pelos-atrasos-na-educacao-e-dos-portugueses-diz-lula-4925166.html

 

***

Lula, ao dizer o que diz só demonstra uma profunda ignorância sobre a História da Colonização Portuguesa no Brasil.

 

Não me surpreende.

 

Se eu me tivesse ficado pelo que estudei no Brasil independente, era uma ANALFABETA das GRANDES.

 

Ao dizer o que disse, Lula não só escarrou em cima dos antepassados dele, como escarrou em cima dele próprio.

 

Os Brasileiros têm agora um novo livro para APRENDEREM a sua verdadeira História:

«A Colonização Portuguesa do Brasil - Verdades e Mentiras - Contestação e Repúdio aos livros "1808" e 1822"», da autoria de António Neto Guerreiro e José Verdasca.

 

Neste livro está tudo o que o Lula e os ignorantes como o Lula devem saber sobre a colonização portuguesa no Brasil.

 

O Lula leu os livros errados, onde se diz os maiores disparates da História, e ficou ignorante.

 

Os portugueses deixaram no Brasil Escolas Superiores, e foi numa dessas escolas que se formou o Padre António Vieira, um dos expoentes máximos da Cultura Portuguesa e também Brasileira.

Os Brasileiros mutilaram a Língua Portuguesa, Culta e Europeia, para reduzirem o índice de analfabetismo no Brasil, e agora querem impingi-la aos Portugueses, através do famigerado Acordo Ortográfico de 1990.

 

Ora o que aconteceu foi que os Brasileiros, pós-independência, que ocuparam o Poder, não tiveram capacidade intelectual para utilizar inteligentemente as FERRAMENTAS deixadas no Brasil, pelos Portugueses CULTOS.

 

Agora choram a INCAPACIDADE INTELECTUAL deles e a INCULTURA deles e colocam a culpa nos colonizadores?

 

Era o que mais faltava!

 

(*)  A Escola de Cirurgia da Bahia foi a primeira escola superior do Brasil, criada   em 18 de Fevereiro de 1808 por Dom João VI, passando a ser conhecida, mais tarde, em Abril de 1813, como Academia Médico-Cirúrgica, e em 1832, passou a chamar-se Faculdade de Medicina da Bahia. Em 1891 tornou-se Faculdade de Medicina, Farmácia e Odontologia, e, finalmente, em 1946, passou a designar-se por Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia. A transferência da Família Real Portuguesa para o Brasil constituiu o início da independência cultural do Brasil. Contam as crónicas que a Faculdade de Medicina da Bahia esteve sempre à frente no seu tempo. Além de ser a primeira Faculdade do país, foi também o primeiro lugar do Brasil a receber a luz eléctrica, em 02 de Julho de 1844. Dom João VI fundou também a Escola de Anatomia, Cirurgia e Medicina, em 05 de Novembro de 1808, a actual Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Como se vê, Lula da Silva estava muito mal informado.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:17

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Terça-feira, 22 de Julho de 2008

Da importância do Livro e do acto de Ler

 

 
© Isabel A. Ferreira 2008
 

 

«Um livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive»  (Padre António Vieira)   
 
 

Livraria Lello.jpgLivraria Lello (Porto) - A Catedral do Livro (Origem da imagem: Internet)

 
Os livros são barcos que dão para muitas viagens.
 
LER é, pois, como viajar num barco e ir a muitos lugares, onde nos é permitido viver uma infinidade de aventuras.
 
LER é entrar na Máquina do Tempo, que nos transporta a todos os tempos. Até ao início do mundo, passando por todas as épocas, por todos os lugares, por todas as gentes. Até às mais longínquas galáxias do universo. Se tivermos IMAGINAÇÃO.
 
Quando somos crianças gostamos que nos contem histórias.
Mia Couto, um prestigiado escritor moçambicano, que também gosta de ler, costuma dizer que ao ler «recuperamos as histórias da nossa infância». Para ele, LER «é uma caixa de tesouros que não encontramos em mais lado nenhum. Devemos ler para podermos contar histórias».
 
Daniel Sampaio, escritor português – que é também psiquiatra, irmão do nosso ex-Presidente da República, Jorge Sampaio – sobre os livros diz-nos: «Os livros são para podermos IMAGINAR».
 

Mary Shelley, escritora britânica, filha do filósofo William Godwin e da feminista e escritora Mary Wollstonecraft, diz sobre o acto de ler: «Gostar de ler é ter tudo ao nosso alcance».

 
Vasco Graça Moura – poeta e escritor também português – escreveu este belo texto, acerca dos livros, que passo a citar:
«Há livros que são mágicos.
Abrimo-los e é como se estivéssemos instalados num tapete voador das Mil e Uma Noites: transportam-nos através do tempo e do espaço;
Fazem vibrar aos nossos ouvidos os ecos fortes da História;
Põem-nos diante dos nossos olhos um fervilhar de gente;
Dão-nos a medida dos trabalhos e dos dias;
Mostram-nos as cores, as formas e os volumes das paisagens;
Penetram-nos no coração com os seus excursos mais prosaicos ou com os seus acentos mais líricos, tornando-nos possível fazer uma deambulação e vagabundagem com uma respiração diferente e mais livre, com um paladar de palavras feito que tem o perfume e o encorpamento de um vinho velho».
 
Paulo Filipe Monteiro, guionista, encenador e actor, diz do livro: «Um bom livro é uma viagem absorvente e nocturna para os espaços próprios da obra, para os seus mundos possíveis».
 
Fernanda Pratas (crítica literária) escreve: «LER é uma tarefa irrequieta. Envolve os sentidos todos, exige energia, mete-se com a nossa vida. Desata velhas emoções, inventa outras com um cheiro a novo que até faz doer, serena almas e inquieta-as outras vezes. Consegue o prodígio de nos dar saudades de pessoas que nunca conhecemos».
 
Teolinda Gersão (escritora) diz: «A leitura é isto: um sentido que se ilumina de quando em quando, mas que não nos é dado gratuitamente. Atravessamos um túnel, fazemos um certo esforço para chegar a qualquer lado e o lado onde chegamos é o sentido do livro. O Metro pode ser uma metáfora para isso: atravessa-se um túnel para se chegar a um lugar iluminado. A leitura não é uma coisa automática. Tem de haver um certo trabalho interior. Mesmo do leitor, porque lhe exige o esforço de se colocar na pele da personagem, vendo com os olhos dela».
 
Manuel de Pedrolo (escritor espanhol), defende os livros como a principal e insubstituível fonte de transmissão do saber.
 
E na opinião de Nelson de Matos (editor) «os livros ajudam-nos a decifrar o mundo e a conhecermo-nos a nós próprios ou, como disse o filósofo George Steiner (...) os livros são o santo e a senha para convertermos em melhor aquilo que somos. E “melhor” também quer dizer “menos sós”, mais solidários. Na medida em que busca um leitor (um interlocutor), um livro também nos ajuda a romper a solidão».
 
Arturo Pérez-Reverte, um dos escritores espanhóis mais lidos na actualidade, diz: «Nasci numa casa com uma biblioteca muito grande, cresci entre livros e descobri desde muito pequeno que os livros são uma explicação para o mundo. Quanto mais se lê mais vitaminas se tem, mais recursos se adquirem para enfrentar a vida, para sobreviver. E isso, para mim, foi decisivo».
 
O Livro é, pois, um companheiro fiel, um amigo, que nunca nos deixa ficar sós, em lugar nenhum.  
 
Através da leitura podemos imaginar mundos infinitos e imensos, e cada um de nós imagina esses mundos de um modo tão desigual quanto único; podemos criar as imagens, as paisagens, os rostos das personagens, de acordo com a nossa própria visão e modo de sentir as coisas, que são diferentes de pessoa para pessoa.
 
Podemos até cheirar os aromas que as histórias dos livros nos sugerem: como o da terra molhada; como o das flores; o do mar; o do suor das gentes que trabalham nos campos...
 
Podemos rir ou chorar, conforme a história nos diz da alegria ou da tristeza.
 
LER é também APRENDER. Quem não LÊ não APRENDE. Quem não APRENDE não SABE. E quem NÃO SABE é quase como quem NÃO VÊ.
 
LER é CONHECER uma infinidade de pessoas, umas inventadas, outras verdadeiras, em torno das quais giram peripécias vulgares ou invulgares que, de um modo ou de outro, enriquecem o nosso conhecimento do mundo.
 
Cada escritor é um escritor. Cada um tem as suas próprias vivências. Vê as coisas de um modo diferente, por isso, todos os escritores podem até escrever sobre um mesmo tema, imaginemos, por exemplo, que escrevem sobre o mar, mas esse mar será diferentemente descrito, porque os olhos de cada um vão olhá-lo de um modo absolutamente singular. E o mar, que é o mesmo, será então muitos mares.
 
Daí que quantos mais livros lermos, quantos mais escritores conhecermos, maior será também o nosso conhecimento do mundo.
 
Quem não LÊ não VIVE, nem as venturas, nem as desventuras, nem as aventuras da vida. Porquê? Porque a leitura, mais do que os filmes que vemos na televisão ou no cinema, isto é, mais do que todas as imagens, nos proporciona uma ligação íntima, só nossa, única, com o que cada um de nós tem de mais valioso, que é a nossa liberdade de pensamento, e essa liberdade ninguém, nem o mais feroz e audaz dos carrascos pode tirar-nos.
 
A LEITURA desenvolve a nossa IMAGINAÇÃO, a nossa CRIATIVIDADE, e também o nosso RACIOCÍNIO, se nos propusermos LER, quase como se mastigássemos as palavras, sorvendo, uma a uma, cada gota de sentido que a escrita nos oferece.
 
E como LER nos dá conhecimentos, muitos conhecimentos, LER é preciso, para nos tornarmos pessoas esclarecidas, porque: «Quanto mais esclarecidos forem os homens, mais livres serão», como disse Voltaire, um grande escritor e pensador francês que viveu no século XVIII.
 
E a LIBERDADE, que vem do nosso SABER, é o bem mais precioso que temos, é a coisa mais nossa que possuímos, porque nem que nos encerrem numa masmorra, ou nos condenem à escuridão de uma funda caverna, ninguém neste mundo pode destruir em nós essa liberdade.
 
Façamos então do LIVRO um AMIGO, um COMPANHEIRO para toda a nossa VIDA.
 
Além dele nos proporcionar uma liberdade infinita, far-nos-á companhia nem que seja na mais deserta ilha do nosso planeta, porque com um LIVRO estamos na companhia de um ESCRITOR; estamos com as PALAVRAS; estamos com as PERSONAGENS da história; podemos até entrar na história, se nos deixarmos levar pelas asas da nossa IMAGINAÇÃO, transformando-nos numa personagem.
 
LER, enfim, é viver muitas vidas; e quantas mais vidas vivermos, mais humanos nos tornamos; e quanto mais humanos formos, melhor será o mundo em que vivemos; e quanto melhor for esse mundo, maior será a harmonia do futuro. E hoje, mais do que nunca, é URGENTE acreditar num futuro mais promissor.
 
 
Isabel A. Ferreira
 
publicado por Isabel A. Ferreira às 16:14

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