A Lei do Retorno a funcionar em pleno.
Quando não é na arena, é fora dela.
Mas como esta "gente" é muito estúpida, não aprende nada com estes avisos bem inteligíveis.
O novilheiro Daniel Garcia Navarrete, de 23 anos, teve o que merecia quando, no passado domingo, cobardemente, tentava matar um indefeso e senciente novilho, na arena de Las Ventas, em Madrid (capital de um país da Europa do Sul, que, tal como Portugal, esbanja dinheiros públicos nesta selvajaria).
As notícias dizem que o novilho atacou o novilheiro. Quanta ignorância!
O novilho não atacou ninguém. Foi atacado. O novilho apenas se DEFENDEU do ataque COBARDE do seu carrasco. E com toda a legitimidade.
A notícia diz também esta coisa espantosa: «A violência do ataque ficou registada em vídeo, em imagens fortes que podem ferir a susceptibilidade dos leitores».
Qual violência? De que ataque?
A única violência que fere a susceptibilidade dos leitores é o ataque do cobarde tauricida ao novilho. O resto não nos interessa. O cobarde novilheiro estava na arena por sua livre e espontânea vontade. O valente novilho, não. O valente novilho foi para aquela arena, à força de muita crueldade. E ainda querem que olhemos para o cobarde carrasco como a principal vítima?
Só se fôssemos muito estúpidos!
O tauricida foi operado de emergência na enfermaria da arena. Tinha uma clavícula partida, um fémur furado e algumas perfurações na região cervical que atingiram o céu-da-boca. Coisa pouca, para quem gosta de torturar e matar por prazer.
Já no início do mês de Março, Juan José Padilla, o tal que ficou deformado por um Touro, que se defendeu valentemente das investidas cobardes deste tauricida, foi internado com ferimentos graves, desferidos por um outro Touro que, em legítima defesa, o atingiu, durante uma sessão selvática na Feria Fallas, em Valência.
Ultimamente, os Touros, legitimamente, têm feito bastantes estragos aos seus carrascos, mas estes continuam a atacar cobardemente os indefesos animais, com uma enraizada cegueira mental, legitimada por um governo também cego mental, que além de promover a violência gratuita contra animais indefesos, patrocina o estropiamento dos seus carrascos, que depois são tratados à custa do erário público. Em Espanha, tal como em Portugal.
Se a estupidez matasse, a Península Ibérica seria um imenso cemitério.
Isabel A. Ferreira
Fonte:
O relato hilariante, datado de 1935, de uma tourada à corda nos Açores
Assim como era naquele tempo, assim é hoje. Nada mudou. O tempo parou ali, e ainda hoje as mulheres soltam uns «ais terroríficos e parturientes» e os homens com «pronunciadas atitudes simiescas, trepam às árvores, encarrapitando-se nos últimos ramos, como se o toiro fosse um animal trepador»…
Divirtam-se!...
Cena do filme «Ferdinado, o Touro»
(Para quem estiver interessado em ver (ou rever) esta extraordinária curta-metragem)
O jornalista e advogado Ferro Alves que esteve nos Açores como deportado, onde participou na “Revolta dos Açores e da Madeira”, em 1931, antes de aderir ao salazarismo, esteve na ilha Terceira durante quinze dias, tendo assistido a uma tourada que descreveu no seu livro “A Mornaça (***) ”, publicado em Lisboa em 1935.
Aqui vai um relato do que viu:
«Na praça da terra reúnem-se todos os habitantes no meio de uma chinfrineira aguda empunhando cacetes e com mais abundância guarda-chuvas, Esse instrumento antipático e avelhado disfruta aqui de irresistíveis simpatias. Nas janelas apinham-se cachos humanos chilreantes…
O cacique local com aspecto importante – as ilhas estão pejadas de odiosos caciques – dirige a função. Munido de uma corneta, ou búzio, o soba do povoado dá o sinal para começar a festa. As mulheres, que no mais recôndito das suas almas escondem a sua adoração pela tragédia, cerram os olhos, soltando uns ais terroríficos de parturientes. Os homens atacados dum pânico súbito fogem em todas as direcções. Alguns, com pronunciadas atitudes simiescas, trepam às árvores, encarrapitando-se nos últimos ramos, como se o toiro fosse um animal trepador.
A praça fica deserta e respira-se um ar pressago de dramatismo. Contraídos e anelantes, como nas tardes famosas de Madrid, em que Belmonte alterna com Cagancho, aguardamos a aparição do toiro, fumegando cólera e bramindo vingança. Afinal surge o cornúpeto, que não é toiro, mas simplesmente um novilho, e bastas vezes, uma raquítica vaca, muito enfastiada por ver-se metida em zaragatas. Pois, senhores, e aqui reside o ineditismo do espectáculo, o tal novilho de poucas carnes e de insubsistente acometividade, vem amarrado por uma longa corda de quinze ou vinte metros. O pobre bicho de olhos chorosos, autenticamente bovinos, acossado pelo gritério, dá uma corridita até ao meio da praça, estaca de repente assustado soltando uns mugidos lancinantes, em que bramam desejos insatisfeitos duma boa ração de favas.
Aproveitando a indecisão do animalzito nostálgico duma verde campina, onde possa saciar a sua fome, os populares mais atrevidos lançam-se à praça com a chaqueta*** numa mão e o obcecante guarda-chuva na outra. Com estes singulares atavios, que substituem a muleta e as bandarilhas citam o pachorrento animal, que exala uns quantos gemidos a ver se não o metem em sarilhos.
Animados pela mansidão do cornúpeto, los diestros, puxam-lhes o rabo, espicaçam-no com a ponta das malditas sombrinhas, provocam-no com lenços escarlates.
O animal resolve-se finalmente a investir depois de laboriosa deliberação. Os artistas abandonam a presa e os instrumentos de combate. Se porventura o triste novilho consegue alcançar algum dos seus algozes, rasgando-lhe com uma cornada o fundilho das calças, o gentio delira. Há palmas e vivas, desmaios e chiliques. Os marmanjões que sustentam a corda que prende o bicho puxam dela desesperadamente até que imobilizam completamente o bicharoco. Se este num movimento ocasional se volta, enfrentando-se com os moços de corda, então o pânico é indescritível.
Um autêntico salve-se quem puder. Os muros e as árvores são impotentes para conter a correria vertiginosa, alucinada, dos pretensos campinos. Chiam como ratazanas aprisionadas na ratoeira.
Felizmente a mornaça contamina não só os homens como os animais. O novilho a breve trecho se fatiga, pára tristonho e rendido entregando-se sem combate à fúria vencedora dos seus inimigos. Docilmente deixa-se conduzir ao curral, com um olhar resignado, de quem pede perdão por ter magoado o traseiro de algum diestro menos veloz. Creio que nestas touradas, apesar de frequentes, nunca houve colhidas que demandassem mais do que um pouco de álcool para friccionar as nádegas dos campónios.
Nestas touradas somente tomam parte como aficionados elementos populares. Os filhos dos sobas e régulos, classifico assim as personagens locais, abstêm-se de participar nestes folguedos. A sua seriedade de jarrões impede-os de se misturarem a tudo o que seja dinamismo.
O espectáculo termina com a lide de alguma vaca, mãe respeitada de numerosa prole. Insensível aos guarda-chuvas e às chaquetas permanece estática no meio da praça entre as chufas da multidão. Para arrancá-la à sua passividade chegam a picá-la com sovelas. Eu vi uma tão pachorrenta, que um indígena no meio do entusiasmo da assistência, puxava-lhe cinicamente as orelhas. Com a descrição das célebres touradas à corda, cremos dar uma ideia nítida da maneira como a mornaça transforma em insipidez, os mais emocionantes espectáculos.»
Açores, 12 de Setembro de 2016
José Ormonde
***
(***) Mornaça - clima quente e húmido particular dos Açores.
*** Chaqueta – o mesmo que jaqueta (casaco curto)
Mais um...
Desta vez foi amputado um testículo ao torcionário Juan del Moral após grave cornada que sofreu na zona escrotal, enquanto lidava (imagine-se!) um novilho, na localidade madrilena de El Molar.
É o que acontece a quem se deleita a torturar bovinos. Mais tarde ou mais cedo recebe o troco. E não há que dizer que somos mauzinhos. É a infalível Lei do Retorno a funcionar em pleno. Sempre.
O torcionário na ambulância, quando era transportado à Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de la Paz, em Madrid, onde foi operado ao longo de várias horas e onde lhe amputaram o testículo direito, podendo ainda sofrer nas próximas horas uma segunda intervenção cirúrgica devido a ferimentos também no pénis.
Apesar disto (e que não foi pouco, se bem que esses “instrumentos” não sejam de grande utilidade para uma “bailarina de arena”, que sente uma necessidade patológica de torturar touros, neste caso um novilho, para exorcizar a sua invirilidade, daí não lhe fazer grande falta o testículo) este torcionário, amputado, já manifestou a intenção de reaparecer nas corridas que tem agendadas em Aldea de Fresno (Espanha) e em Tarancón (França) em Junho.
Pois que vá, e que outro novilho afoito lhe leve o que lhe restou, para que aprenda que torturar seres indefesos tem o seu preço, segundo as Leis Cósmicas.
Fonte:
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