E assim vai a selvajaria em Portugal: nem as moscas voam nas arenas de tortura…
Imagem: Internet
A propósito do documentário, glorificando as touradas, que o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa patrocina com dinheiros públicos
«A tauromaquia assenta numa premeditada exploração de touros e de cavalos com requintes de tortura, ou seja, com enorme sofrimento psicológico e físico (nos touros - ... , transporte, preparativos para a lide, a lide, o bandarilhar, a pega, o retirar das bandarilhas e a extrema exaustão, dor e mau estar até à violenta morte / nos cavalos - treino duro, embocadura subjugadora provocando dor e ferimentos nas gengivas, na língua, no chanfro - se com Hackamore = serrilha, dor com a barbela na mandíbula, no ventre com esporas mais ou menos cortantes, o cavalo é obrigado a suportar ansiedade e risco de ferimento e de morte perante o touro). A crueldade vergonhosa é tamanha, que a abolição é a única solução justa e só peca por tardia, quando acontecer. É lastimável que esteja legalizada, que haja quem ganhe com isso e que haja quem goste disso e que haja quem apoie isso e que sejam concedidas verbas para a apoiar.»
(Dr. Vasco Reis – Médico Veterinário)
A propósito de um dito de Natália Correia
«O homem actual está a viver uma crise de identificação masculina, com medo das mulheres e das disfunções sexuais secundárias. A violência é uma forma de descarregar a líbido: bater, em vez de amar; em vez da luta amorosa, a luta física (e eu acrescento também verbal). Os maus tratos que inflige às mulheres com quem vive, fenómeno entre nós medonho, não passa de um álibi (inconsciente) com que disfarça a sua falta de desejo por elas. Os jovens, por exemplo, rebentam coisas, carros, motos, pessoas (e eu acrescento, Touros), porque não podem rebentar hímenes».
(Psiquiatra Eduardo Luiz Cortezão in «O Botequim da Liberdade» de Fernando Dacosta)
Descrição fantástica e muito real dos trogloditas que vão à vaca das cordas a Ponte de Lima
São muito broncos, têm um ar abestalhado, vazio, rude. O olhar transmite um alheamento e uma insensibilidade enormes. Proferem insultos, numa verborreia estupidificada de quem não sabe mais o que dizer; fazem gestos obscenos e babam ao pensar no que vão ver. Parecem sub-humanos, e mesmo a uma certa distância cheiram a vinho azedo…
(Maria do Carmo Tinoco)
A propósito da pretensão de se construir uma arena de tortura em Samora Correia
Se o termo Portugal profundo se poderá adequar algures, então será nesse concelho.
Gostava que me explicassem, como é possível em pleno séc. XXI, numa europa evoluída e civilizada, os Srs. continuarem fazendo questão em investir numa prática que tem tanto de bárbara como de medieval.
Como podem sequer ter tal requinte de perversidade, mencionando com naturalidade, que um recinto dedicado à tortura implacável de animais, para regozijo de um bando de acéfalos provincianos, possa ser utilizado também para a cultura e comércio?
O atraso civilizacional deste país fica personificado nas vossas pessoas e nas vossas gentes, e nos vossos cúmplices gananciosos, sem ética nem humanidade.
É absolutamente inaceitável e desprezível que gastem recursos importantes para a educação da população e para o avanço do país, numa prática tão vergonhosa, vil e miserável.
É esta mentalidade que nos separa da Europa evoluída, da civilização. Se tivessem a mínima ideia do quão vergonhosa é a vossa actividade, cessariam os vossos postos e colocá-los-iam à disposição de alguém competente, que não nos envergonhassem a todos, de uma só vez, de sermos portugueses.
(Rui Faustino)
A propósito do que dizem ser "tradição" tauromáquica
«Num tempo em que se pugna pela igualdade de direitos entre géneros, vemos o poder político a dar a precedência a uma tradição marialva, primária e soez. A questão não reside apenas em matar o touro - esse sim! Debate-se com galhardia ante o "mais forte" que se respalda num pobre e escravizado cavalo - mas na cobardia de fazer espectáculo para colocar hordas ululantes de imbecis sanguinários a aplaudir um gládio em que é suposto ganhar "o mais forte", ou seja, o marialva narcisista que substitui a chupeta de que ainda precisa para se afirmar e sentir-se apreciado, pela bandarilha. Abjectamente narcisista! Desonrosamente primevo! Um atentado à civilidade.»
(Conceição Lopes da Silva)
A propósito do Referendo Académico à garraiada
A crueldade para com os animais integra a avaliação psicológica do comportamento anti-social... É um indicador sério de problemas emocionais e comportamentais se acontece na infância... Imagine-se então o que pode significar se persiste e acontece na adolescência e adultez. Os estudantes, os nossos estudantes, os nossos futuros dirigentes, gestores, advogados, psicólogos, pedagogos, gestores, médicos, farmacêuticos, biólogos, químicos, físicos, professores, economistas, assistentes sociais, sociólogos, engenheiros, educadores, pais e muito mais... podiam escolher dar o exemplo de tratamento digno para com os animais... dia 13 é uma excelente oportunidade de dizerem NÃO À CRUELDADE PARA COM OS ANIMAIS, impedindo que essa crueldade seja bandeira de uma festa académica que deveria ter a bandeira da bondade, da dignidade e do respeito por todos os animais... seria um passo em frente para lembrar que nesse reino dos animais também está incluída a humanidade...
(Rosário Moura Pinheiro)
A propósito da morte de um Touro na Moita
«Este touro foi a grande vítima de uma multidão de seres humanos, eles mesmos, vítimas da circunstância onde cresceram e foram bombardeados com espectáculos violentos aplaudidos, com exemplos de crueldade glorificados, com blábláblás de tradição, até com falácias pseudocientíficas, tudo autorizado, ou não, num país atrasado em conhecimento e ignorante de verdadeira cultura e com pouco sentido de ética.
Tudo isto "impregna" o cérebro, tanto mais intensamente quanto mais precocemente iniciado a ser badalado com a tauromania, e maior for a frequência e o "companheirismo" nos actos de provocação, agressão e violência exercidos sobre animais inocentes.
Por isso, crianças são levadas a assistir aos aplaudidos actos barbarescos, existem escolas de toureio, etc.. Resultado: habituação à violência; aceitação desta como coisa vulgar, espectacular, corajosa; perda de sensibilidade; educação falsa; zero de empatia. TUDO ISTO É CORROBORADO PELA NEURO CIÊNCIA !!!.
É difícil que nestes cérebros se faça luz sobre a cruel realidade e que a perversa paixão se esvaia e dê lugar a compaixão. Mas é sempre possível a evolução!!! Ela sucede com frequência! É sempre bem-vinda, a bem dos touros e dos cavalos e para alívio da consciência indignada de pessoas conscientes e compassivas e para o prestígio deste país de pouco brandos costumes.
HÁ SEMPRE SOFRIMENTO PSICOLÓGICO, EXAUSTÃO E RISCO DE FERIMENTO EM TODAS AS MANIFESTAÇÕES TAUROMÁQUICAS, NOMEADAMENTE NAS TOURADAS À CORDA E NAS LARGADAS. E OBVIAMENTE NAS TORADAS DE PRAÇA.
Só ignorantes ou aldrabões afirmam o contrário!!!»
(Dr. Vasco Reis - médico-veterinário)
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A propósito de acharem que a tourada é “arte e cultura”
«Para ser arte, teria de existir o factor de elaboração, de criação, de engenho, da imaginação de um artista. A tourada consiste simplesmente em torturar um animal. Mais nada! Não é necessário ser-se artista. Basta não se ter coração. Não é uma forma de mostrar bravura, tanto que quando as coisas correm mal para o "artista", vêm logo todos afastar o touro em lugar de deixar o corpo dele colher o que plantou! Que isso é que era coragem! Não há cultura na tourada, se a há, então: onde é que numa arena cheia de sangue de um animal encurralado se vai aprender alguma coisa? Os livros ensinam, contam-nos experiências, relatam a sua época e a experiência do escritor; a música funciona da mesma forma. O que nos ensinam as touradas? Tal como há 200 anos atrás, continua a ser fechada a "cultura" dentro da arena e não vai explicar nada, não vai ensinar nada. Continua tão néscia e vazia desde que começa até que acaba, como os imbecis que a praticam ou assistem.»
(Mário Amazan)
Precisamos de arejar os Municípios e limpar o cheiro a mofo e as teias de aranha, que por lá grassam.
É tempo de abrir as janelas e deixar passar o ar puro.
É hora de MUDANÇA. De qualquer mudança.
Por favor, não votem nos resistentes arcaicos… (IF)
«AS PREMONIÇÕES DE NATÁLIA CORREIA»
«A nossa entrada (na CEE) vai provocar gravíssimos retrocessos no país, a Europa não é solidária com ninguém, explorar-nos-á miseravelmente como grande agiota que nunca deixou de ser. A sua vocação é ser colonialista".
"A sua influência (dos retornados) na sociedade portuguesa não vai sentir-se apenas agora, embora seja imensa. Vai dar-se sobretudo quando os seus filhos, hoje crianças, crescerem e tomarem o poder. Essa será uma geração bem preparada e determinada, sobretudo muito realista devido ao trauma da descolonização, que não compreendeu nem aceitou, nem esqueceu. Os genes de África estão nela para sempre, dando-lhe visões do país diferentes das nossas. Mais largas mas menos profundas. Isso levará os que desempenharem cargos de responsabilidade a cair na tentação de querer modificar-nos, por pulsões inconscientes de, sei lá, talvez vingança!"
"Portugal vai entrar num tempo de subcultura, de retrocesso cultural, como toda a Europa, todo o Ocidente".
"Mais de oitenta por cento do que fazemos não serve para nada. E ainda querem que trabalhemos mais. Para quê? Além disso, a produtividade hoje não depende já do esforço humano, mas da sofisticação tecnológica".
"Os neoliberais vão tentar destruir os sistemas sociais existentes, sobretudo os dirigidos aos idosos. Só me espanta que perante esta realidade ainda haja pessoas a pôr gente neste desgraçado mundo e votos neste reaccionário centrão".
"Há a cultura, a fé, o amor, a solidariedade. Que será, porém, de Portugal quando deixar de ter dirigentes que acreditem nestes valores?"
"As primeiras décadas do próximo milénio serão terríveis. Miséria, fome, corrupção, desemprego, violência, abater-se-ão aqui por muito tempo. A Comunidade Europeia vai ser um logro. O Serviço Nacional de Saúde, a maior conquista do 25 de Abril, e Estado Social e a independência nacional sofrerão gravíssimas rupturas. Abandonados, os idosos vão definhar, morrer, por falta de assistência e de comida. Espoliada, a classe média declinará, só haverá muito ricos e muito pobres. A indiferença que se observa ante, por exemplo, o desmoronar das cidades e o incêndio das florestas é uma antecipação disso, de outras derrocadas a vir".»
Natália Correia
Fajã de Baixo, São Miguel, 13 de Setembro de 1923 — Lisboa, 16 de Março de 1993
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Todas as citações foram retiradas do livro "O Botequim da Liberdade", de Fernando Dacosta.
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