Faço minhas todas as palavras dirigidas por Jorge ao seu amigo aficionado.
Quanto a mim, dirijo-as aos aficionados que aqui vêm ameaçar-me, insultar-me com as ordinarices próprias de quem anda neste mundinho sangrento, e que me odeiam do mesmo modo que odeiam os Touros.
«Manel M., já somos amigos... sei lá... há 25 anos?! e sabes bem que numa coisa sempre me mantive fiel. O meu amor aos animais. Já discutimos sobre este assunto por diversas vezes e não quero que tomes a integridade da minha posição como uma "farpa" espetada a nível pessoal, mas sobre as touradas já sabes que nunca nos encontraremos do mesmo lado da "arena".
Manel, sabes bem que não posso admitir que hoje, em pleno século XXI; que hoje, em que sou Pai e tenho duas filhas, que educo promovendo o respeito pelos seres vivos e para que tenham coragem para ajudar os mais fracos; que hoje, ainda se pratique e promova uma actividade de tortura de seres vivos como espectáculo.
Tu, que és aficionado, poderias por exemplo divulgar DETALHADAMENTE como se "preparam" os touros antes das touradas. Sim, porque as touradas não são lantejoulas, trajes de luzes, cornetas e cavalos.
Conta por exemplo, como se deixam os touros sem água e sem comida na escuridão, como se serram as pontas dos chifres até aos nervos, fazendo com que cada marrada lhes provoque dor, como se lhes coloca vaselina nos olhos para evitar que vejam bem, como são manuseados, picados e espancados dentro dos curros... para depois serem soltos numa arena barulhenta, estranha, plena de ódio e cheia de pessoas sedentas de sangue que se divertem e regozijam com cada ferro que lhes é espetado no dorso... tu, que és aficionado diz-me o comprimento da lâmina serrilhada que tem cada farpa... 4cm? 6cm? 8cm? 10cm?
Manel, fomos colegas de carteira nas aulas de Biologia, lembras-te? Não me venhas dizer que o touro não sofre, que não sente a dor ou que o seu instinto o preparou para aquilo... amigo, até tu, um aficionado, sabe que não é assim.
Sim, sou contra as touradas, sou contra a forma como os animais são abusados e sabes porquê? Porque me coloco no lugar deles e aí sinto a dor, a humilhação e o estupro... sim, Manel, também sou contra a forma como os animais são criados, transportados e mortos nos matadouros, por isso sou quase vegetariano...
Já não me recordo quem disse que o nível cultural e de evolução de um Povo se mede pela forma como trata os seus animais...
Tira daí as conclusões que queiras sobre quem és e sobre quem todos nós somos e quem queremos ser; recebe um forte abraço com amizade,
Jorge»
Fonte:
Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada
Exmo. Senhor Presidente da Junta de Freguesia dos Remédios da Bretanha
Exmo. e Revmo. Senhor Dom António de Sousa Braga
Exmos. Senhores,
Amanhã, dia 8 de Março está programada a realização de uma “vacada”, integrada no programa da festa a favor do Império da Trindade nos Remédios da Bretanha, em Ponta Delgada.
- Considerando que as touradas ou “vacadas” contribuem para educar os cidadãos e cidadãs para o respeito a ter aos animais, além de proporcionarem grande alegria aos mesmos, que saltam de felicidade e dão urros de satisfação;
- Considerando que a vida das pessoas que praticam esta modalidade, muito divertida e cultural, aliás, não está em risco, nem física nem mentalmente, pelo contrário, dá-lhes uma visão de vida altamente evoluída;
- Considerando que esta tradição cultíssima e religiosa justifica a alegria que dão aos animais, como desde tempos imemoriais foi hábito das gentes do Município de Ponta Delgada ou da ilha de São Miguel;
- Considerando que o Município de Ponta Delgada é visto em todo o mundo como um município moderno e como um exemplo de respeito pela natureza, pelo ambiente e pelos animais, humanos e não humanos, ficando associada a sua imagem à prática deste tipo de eventos super evoluídos;
- Considerando também que a Igreja Católica segue à risca os ditames do Papa Francisco, quanto ao respeito a ter por todas as criaturas de Deus, e a bula, ainda em vigor, do Papa Pio V, que mandava realizar vacadas e touradas em nome da Santa Madre Igreja, pois considerava-as como espectáculos de grandiosa caridade cristã, que muito agradava a Deus;
Venho apelar a Vossas Excelências que não deixem morrer este evento, que trará grande fama a Ponta Delgada e um enorme prestígio à Igreja Católica e à festa pagã do Império da Trindade.
É eventos destes que fazem progredir um povo em todos os sentidos.
Estão de parabéns os organizadores.
Os Açores continuarão no topo do mundo, como um Arquipélago com um nível cultural do mais elevado que há. Podem crer.
Atentamente,
Isabel A. Ferreira