Quarta-feira, 18 de Junho de 2014

JUSTIÇA À PORTUGUESA: MONTADOR ACUSADO DE ABALROAR MANIFESTANTES ANTITOURADA NÃO VAI A JULGAMENTO

Era de esperar o quê?

 

Tudo o que diz respeito à tauromaquia está protegido por leis… parvas, mas ainda assim…leis…

 

E depois há o resto…

 

Observe-se bem este vídeo, que mostra a actuação do montador Marcelo Mendes em relação aos manifestantes que estavam sentados no chão, e onde NÃO SE VÊ ninguém a apedrejar, nem a atirar o que quer que seja.

 

 

Alguém que precisava de óculos para discernir, não os tinha colocados, na altura de ver a prova. Então, em vez de Justiça, fez-se justiça à portuguesa, que é acreditar mais no atacante, do que nas evidências que ficaram registadas em vídeo.

 

Enfim, nada que nos surpreenda.

 

A história conta-se numa penada.

 

O Juízo de Instrução Criminal (JIC) de Aveiro decidiu não levar a julgamento o montador Marcelo Mendes (não lhe chamo cavaleiro, porque cavaleiro é outra “louça”), que conforme se viu no vídeo, atacou a cavalo, vários manifestantes antitourada na Murtosa, em Setembro de 2012, quando lá foi realizada uma tortura de Touros, se bem que contra a maioria da população local, nada virada para estas manifestações imbecis, o que serviu (ao menos isso) para que nunca mais lá se realize iniciativas deste género inferior.

 

O montador estava acusado pelo Ministério Público (MP) da prática de um crime de coacção na forma tentada, mas o juiz de instrução decidiu não pronunciar o arguido, por falta de provas.

 

Ora, sobre a visualização do vídeo, e das provas nele contidas, vamos ler o que diz o Médico Veterinário, Dr. Vasco Reis:  

 

«A informação sobre alguma experiência minha visa credibilizar as opiniões que apresento.

 

Que justificação tão inacreditável da parte do senhor juiz!

 

Se o cavalo tivesse prestado atenção aos manifestantes e se tivesse assustado, nunca iria carregar sobre os presumíveis assustadores, mas sim teria fugido afastando-se deles. Mas não é nada disso o que o vídeo comprova.

 

Qualquer pessoa, que tenha conhecimentos de equitação, seja por simples observação ou por experiência própria, como cavaleiro, reconhece sem qualquer dificuldade, ao prestar atenção a este vídeo, que a investida do cavalo montado pelo cavaleiro tauromáquico é provocada e comandada completamente pelo cavaleiro e que o cavalo está sempre dominado.

 

Esta montada nada mais faz do que reagir às ordens que o cavaleiro intencionalmente lhe transmite por pressão das pernas e violência das esporas, por tracção das rédeas e acção mais ou menos desagradável/dolorosa provocada pelos ferros na boca, pela posição do corpo e, certamente, por incitação vocal.

 

Os cavalos treinados e utilizados para toureio estão concentrados nas ordens que o cavaleiro lhe transmite e pouco ou nada reagem ao resto do que à volta acontece.

 

É incrível, irresponsável, ridícula, revoltante, a justificação que o juiz em questão apresenta para esta sua decisão. Se nada percebe de equitação em geral ou de equitação tauromáquica, devia ter solicitado o parecer de entendidos honestos.

 

O que afirmo é fundamentado por ser Médico Veterinário, conhecedor e proprietário de cavalos, cavaleiro experiente em concursos hípicos completos e ter sido, durante 3 anos, médico veterinário destacado profissionalmente para zelar pelo chamado respeito pelos touros lidados em touradas.

 

***

Mas o que se lê no despacho de não pronuncia?

 

Depois de ouvir o montador acusado e as várias testemunhas, durante a fase de instrução, o juiz concluiu que se viveram momentos de "muita tensão", com "apupos, injúrias e arremesso de vários objectos".

 

Nestas condições, o magistrado considerou "verosímil" a tese do arguido, que alegou que a investida aconteceu não por sua vontade, mas apenas porque o cavalo se assustou.

 

«Em julgamento o arguido seria certamente absolvido ou, pelo menos, a absolvição seria muito mais certa que a condenação",  

 

«Apesar de se tratar de um animal altamente treinado e habituado a situações de stress, não deixamos de estar perante um animal irracional, pelo que admitimos como possível que, no caso concreto, o cavalo se tenha assustado com as palavras de ordem gritadas pelos manifestantes e com os objectos arremessados e, por esse motivo, tenha investido contra as pessoas presentes sem que o arguido o tenha conseguido controlar", lê-se no despacho.

 

Na sequência dos acontecimentos, a Associação ANIMAL, que tinha dois elementos da direcção no local, apresentou queixa na GNR da Murtosa contra o montador, afirmando que «Se viveram momentos de pânico. As pessoas tiveram de fugir para não serem feridas pelo animal que era conduzido para cima delas, contudo não houve nenhum dano físico de maior".

 

Marcelo Mendes alegou que os participantes na manifestação "projectaram pedras e peças de fruta contra o cavalo" (conforme não se viu no vídeo) facto que o deixou "nervoso e difícil de controlar", uma versão contrariada pelos manifestantes que afirmaram que o montador investiu contra eles "de forma deliberada" (conforme se viu no vídeo).

 

Fonte Publico

 

***

Duas considerações:

 

Primeira: como disse o Dr. Vasco Reis, basta ter o mínimo de conhecimentos de equitação, (ou até nenhum) para poder ver-se no vídeo que o cavalo esteve sempre controlado pelo montador.

 

Segunda: o animal irracional, a que se refere o senhor juiz, não era, com toda a certeza, o Cavalo.  

 

***

Proponho que ouçam esta pequena entrevista do montador Marcelo Mendes (agora ilibado de ter atacado manifestantes pacíficos) para avaliar da sua “desenvoltura” mental.

 

 

(Transcrevemos o que ele disse para facilitar a compreensão)

 

«Eu penso que é uma tradição secular, temos de mantê-la, há várias,… nós… eu penso que é um pouco o intuito do povo português perder aquilo que é nosso… imitarmos os outros, e enquanto que devia ser ao contrário… e eu creio que… não podemos deixar nós, eu e outras pessoas como eu, que estão directamente ligadas à festa, que isso aconteça.

 

Mas por vezes as pessoas argumentam que os touros sofrem… quer dizer… não sei se os touros sofrem,… o que é um facto é que os touros começam a ser lidados e nós cravamos dois, três ferros compridos e os touros investem sempre sobre o castigo.

 

Portanto, se um touro… se nós dermos um pontapé a um cão, o cão a seguir vai fugir e não vai voltar a levar outro, não é? Portanto, está provado, que o castigo que os touros sofrem, não… quer dizer, sofrem… ou que os touros estão sujeitos, não os faz sofrer, assim tanto como as pessoas pensam apesar de ver o sangue a correr… eu creio que é isto… que é que eu posso acrescentar mais?

 

Eu acho, na minha opinião isto acaba por ser o essencial…»

 

***

Pois é, mais do que essencial. Isto diz tudo sobre o montador que nem sequer sabe o que anda a fazer dentro da arena…

 

Para terminar, e depois de tanta desgraça, uma piadinha saberá bem…

 

 

A 'coragem' do cavaleiro
Por Henrique Monteiro

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:59

link do post | Comentar | Ver comentários (4) | Adicionar aos favoritos
Quinta-feira, 23 de Agosto de 2012

CARTA ABERTA AOS AUTARCAS DO CONCELHO DA MURTOSA, QUE ACEITARAM SER INSULTADOS PELO LOBBY TAUROMÁQUICO

 

 

E eu que em criança frequentei a praia da Torreira!... E eu que ainda hoje gosto de passear na Torreira! Se houver Tourada, não ponho lá mais os pés! Para trás anda o caranguejo, não um povo.

 

Exmo. Senhor Presidente da Câmara da Murtosa, Dr. Joaquim Manuel dos Santos Baptista,

Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Municipal, Sr. Francisco Augusto Valente Pereira,

Exmo. Senhor Presidente da Junta de Freguesia da Torreira, Sr. José Gonçalo Vieira Marques:

Exmos. Senhores,

 

A indústria tauromáquica, face ao evidente declínio desta prática, tem vindo a difundir e tentar implementar a tauromaquia em regiões onde nunca existiu, não existe, ou existe parca tradição tauromáquica. Aliciando edis, associações e população com o argumento do retorno económico, da solidariedade ou da homenagem, tem tentado trazer ao norte do país práticas obsoletas, cruéis e vergonhosas, que os nortenhos na sua maioria repudiam vivamente, como são os "espectáculos" tauromáquicos.

 

Portugal quer-se um país moderno, evoluído e compassivo, que se orgulhe de proteger também os seus animais, apesar da lamentável excepção legal que existe relativamente à tauromaquia.

Estamos em 2012, não é admissível que se maltratem animais para "divertimento de sádicos e bêbados", ainda que esta prática seja por enquanto, legal, e mesmo sob o argumento enganoso da "tradição" (grosseira e primitiva), da "cultura" (da imbecilidade) e da "arte" (da tortura).

 

Estamos em 2012 e a ciência ajuda-nos a compreender que nenhuma tradição, nenhuma cultura e nenhuma arte se pode sobrepor ao valor da vida e do bem-estar de um ser senciente, provocando-lhe, inútil e gratuitamente, sofrimento desnecessário.

 

Várias Câmaras Municipais têm se proclamado desfavoráveis a estas práticas grosseiras e algumas touradas foram evitadas graças, ao bom senso, determinação e dignidade dos seus edis e da maioria da população, como foi o caso de Guimarães, Maia, Chaves...e do recente caso de Viana do Castelo, em que a imposição da federação das associações taurinas, segue processo judicial.

 

Face ao exposto e tendo tomado conhecimento da realização de uma tourada na Torreira no próximo dia 2 de Setembro, venho pela presente solicitar a V. Exas. que não permitam um evento desta natureza nesta bonita vila. A Torreira é conhecida pelas suas actividades naúticas, pela sua hospitalidade, pela sua dignidade. Está nas mãos da autarquia preservar esses valores positivos e elevados e fazer com que não passe a ser tristemente célebre por albergar práticas que envolvem sofrimento e sangue.

 

Agradecendo antecipadamente a atenção que queiram dispensar a este meu pedido, subscrevo-me,

 

 De V. Exas.

 Atentamente,

 

Isabel A. Ferreira

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:02

link do post | Comentar | Adicionar aos favoritos

Mais sobre mim

Pesquisar neste blog

 

Março 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
14
15
16
17
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

Posts recentes

JUSTIÇA À PORTUGUESA: MON...

CARTA ABERTA AOS AUTARCAS...

Arquivos

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Agosto 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Agosto 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Direitos

© Todos os direitos reservados Os textos publicados neste blogue têm © A autora agradece a todos os que os divulgarem que indiquem, por favor, a fonte e os links dos mesmos. Obrigada.
RSS

AO90

Em defesa da Língua Portuguesa, a autora deste Blogue não adopta o Acordo Ortográfico de 1990, nem publica textos acordizados, devido a este ser ilegal e inconstitucional, linguisticamente inconsistente, estruturalmente incongruente, para além de, comprovadamente, ser causa de uma crescente e perniciosa iliteracia em publicações oficiais e privadas, nas escolas, nos órgãos de comunicação social, na população em geral, e por estar a criar uma geração de analfabetos escolarizados e funcionais. Caso os textos a publicar estejam escritos em Português híbrido, «O Lugar da Língua Portuguesa» acciona a correcção automática.

Comentários

Este Blogue aceita comentários de todas as pessoas, e os comentários serão publicados desde que seja claro que a pessoa que comentou interpretou correctamente o conteúdo da publicação. 1) Identifique-se com o seu verdadeiro nome. 2) Seja respeitoso e cordial, ainda que crítico. Argumente e pense com profundidade e seriedade e não como quem "manda bocas". 3) São bem-vindas objecções, correcções factuais, contra-exemplos e discordâncias. Serão eliminados os comentários que contenham linguagem ordinária e insultos, ou de conteúdo racista e xenófobo. Em resumo: comente com educação, atendendo ao conteúdo da publicação, para que o seu comentário seja mantido.

Contacto

isabelferreira@net.sapo.pt