«Vários mitos e histórias fizeram dos morcegos uma espécie incompreendida ao redor do mundo. Isso faz com que muitas das vantagens que esses animais proporcionam ao meio ambiente sejam desconhecidas» (Pablo Noriega)
Deixem-me partilhar convosco este episódio vivido por mim, quando tinha 18 anos. Residia no Brasil, numa casa com arvoredo nas traseiras. Um dia, um morcego caiu ferido, ensanguentado, nas escadas da minha casa. Aproximei-me lentamente e ele deixou-me tocá-lo e tratar da ferida que o debilitou, sem oferecer resistência. Não o encarcerei. E ele não fugiu. Hospedei-o na parte coberta do terraço, numa cestinha com palha. Quando ficou curado, entendeu partir, não sem antes se despedir de mim, de um modo que jamais esquecerei. Os olhos dele disseram tudo o que havia a dizer. E eui entendi. Não chorei logo, para que ele pudesse partir sem problemas. Depois, voou para uma árvore atrás da casa, e ali esteve por algum tempo, até que decidiu voar para o seu habitat (julgo eu).
Foi então que chorei muito, e esta foi uma experiência absolutamente única e inexplicável.
Daí que tenha um especial carinho pelos morcegos, que muitos desprezam, e eu não sei porquê! (Isabel A. Ferreira)
Texto: Pablo Noriega
«Esses voadores, únicos entre a sua espécie, são fundamentais para um bom desenvolvimento do meio ambiente, pois como polinizadores, dispersores de sementes e controladores de pragas, mantêm a biodiversidade dos ecossistemas que habitam em equilíbrio.
Estão registadas mais de 1.300 espécies no mundo, representando 20% das variedades de mamíferos do Planeta.
Os morcegos têm uma grande importância ecológica devido ao seu impacto positivo na Natureza.
Exemplos do impacto positivo do morcego no meio ambiente:
– Estes animais são essenciais na manutenção e regeneração de florestas. O seu “guan”, (deriva do quíchua “wánu”, “fertilizante”) serve como fertilizante em grandes quantidades. Isso faz com que seja uma alternativa natural e orgânica para a agricultura.
– Quando comemos uma fruta tropical, não podemos imaginar que poderia ter sido um morcego que agiu como um polinizador ou dispersou a semente que fez a árvore crescer.
– Também devemos agradecer outras acções, como a eliminação de mosquitos que se tornam portadores de várias doenças.
O morcego elimina insectos e pragas que consomem as culturas.
O principal perigo que as populações de morcegos enfrentam é o ataque directo do ser humano. Infelizmente, em muitas ocasiões é absurdamente provocado, seja por causa da sua peculiar aparência, os seus hábitos nocturnos ou todo o tipo de mitos insólitos que os cercam.
A realidade é que, apesar de serem considerados “vampiros”, ou seja, consumidores de sangue, apenas três espécies são hematófagas, uma vez que se alimentam de sangue bovino, principalmente vacas. A ingestão de sangue desses morcegos é mínima, o que desmistifica o facto de que eles afectam a indústria pecuária.
No entanto, eles também enfrentam outras ameaças devido a vários factores, entre os quais:
– A Síndrome do Nariz Branco é uma doença que já matou mais de um milhão de morcegos em menos de quatro anos.
– Os pesticidas.
– A destruição do seu habitat.
Para os especialistas, é imperativo cuidar dessa espécie e quebrar muitos mitos e mentiras sobre eles, visto que, algumas pessoas sentem repulsa por eles. Além disso, grande parte da população não conhece o papel benéfico que desempenham.»
Foto: National Geographic
https://www.ngenespanol.com/animales/los-murcielagos-brindan-grandes-beneficios-al-hombre/
Texto original Via National Geographic (En español)
Por Mel Colaço
«Estou disposto a acreditar que sempre que o cérebro começa a gerar sentimentos primordiais - e isso poderá acontecer bastante cedo na história evolutiva - os organismos tornam-se sencientes numa forma primitiva (1). A partir desse momento, poderá vir a desenvolver-se um processo de um eu organizado [organized self] que se acrescenta à mente, garantindo assim o início de mentes conscientes mais complexas. Os répteis, por exemplo, merecem essa distinção, as aves ainda mais, e para os mamíferos não há qualquer dúvida. A maioria das espécies cujo cérebro dá origem a um eu [self] fá-lo a um nível nuclear. Os humanos possuem tanto um eu nuclear como um eu autobiográfico. Há uma série de mamíferos que provavelmente também têm ambos, como os lobos, os nossos primos símios, os mamíferos marinhos, os elefantes, os felídeos e, claro está, aquela espécie especial chamada cão doméstico.»
António Damásio. O Livro da Consciência. Lisboa: Temas e Debates. 2010, 45 [Self Comes to Mind.Constructing the Conscious Brain. London: William Heinemann. 2010, 26].
1. Possuir uma senciência primitiva significa que o organismo vivo tem capacidade de experienciar dor, nem que seja minimamente, pelo que os animais desprovidos de uma consciência mais complexa, como a consciência de si, continuam com propriedades despoletadoras de sensações como o sofrimento. Em suma, a capacidade de sentir está desconectada da capacidade de ser consciente de si: se existisse essa ligação [de que um ser senciente só é-o se for consciente de si], afirmar-se-ia que um bebé, por não ter sentimento de si, estaria desprovido de senciência - e todos sabemos que a falta dessa consciência de si não é um argumento válido para cometer qualquer tipo de tortura ou mau trato ao bebé, visto que tem-se conhecimento da capacidade deste sofrer com essas acções.
O mesmo se aplica a animais cujo cérebro não tenha evoluído o suficiente para tomar posse de uma mente consciente mais completa, desde animais marinhos não-mamíferos a insectos. De facto, estes animais não têm a consciência de um eu mas são capazes de experimentar sensações básicas - regra geral, a dor. Portanto, nós, enquanto seres humanos que conhecemos e reconhecemos o que estamos a fazer, devemos respeitar ao máximo todos os animais, sejam eles grandes ou pequenos, complexos ou simples, e ensinar às gerações futuras, que ainda estão a crescer e a desenvolver uma consciência de si, a respeitá-los também.
Leia outros artigos sobre a senciência dos animais mais "simples" aqui, aqui e aqui
Fonte:
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Qualquer animal, apenas porque é um ser vivo, tem vida, vive, sente essa vida, e, para ele, essa vida é tão importante como a minha vida é para mim.
Para exigir que respeitem a minha vida, terei forçosamente de respeitar a vida de todos os seres vivos que comigo partilham o Planeta.
Dizem-me: então e as pulgas, os piolhos, as bactérias, os vírus...?
Meus amigos, esses servem-se da minha vida, e a única situação em que considero válido desrespeitar a vida do outro é em legítima defesa da minha própria vida.
Seria capaz de matar um meu semelhante antes que ele me matasse a mim ou aos meus? Seria, mas apenas nessas circunstâncias, de autodefesa, matar seria válido.
Ou não?
Isabel A. Ferreira
«Hoje em dia, só é ignorante quem quer.
A informação sobre esta matéria é mais que muita.
Hoje em dia, ser ignorante é uma opção. E como é triste comprovar que ainda há criaturas, e algumas com diplomas universitários, governantes no activo, ex-governantes e candidatos a governantes que optam pela ignorância» …
Aqui deixo a verdade verdadeira sobre a selvajaria que o Estado português vergonhosamente promove…» (Isabel A. Ferreira)
Este é o Médico Veterinário, Dr. Vasco Reis, o único expert português que tem a coragem de dar a cara e o nome pela abolição da selvajaria tauromáquica em Portugal, por isso tem a minha admiração e respeito (IAF)
«Os animais humanos e não humanos são seres dotados de sistema nervoso, mais ou menos desenvolvido, que lhes permitem sentir e tomar consciência do que se passa em seu redor e do que é agradável, perigoso e agressivo e doloroso.
Estes seres experimentam sensações, emoções e sentimentos muito semelhantes. Este facto leva-os a utilizar mecanismos de defesa e de fuga, sem as quais, não poderiam sobreviver. Portanto, medo e dor são condições essenciais de sobrevivência.
Afirmar-se que nalguma situação não medicada, algum animal possa não sentir medo e dor se for ameaçado ou ferido, é testemunho da maior ignorância, ou intenção de negar uma verdade vital.
A ciência revela que o esquema anatómico, a fisiologia e a neurologia do touro, do cavalo e do homem e de outros mamíferos são extremamente semelhantes.
As reacções destas espécies são análogas perante a ameaça, o susto, o ferimento. O senso comum apreende e a ciência confirma-o.
Depois desta explicação, imaginem o sofrimento horrível que uma pessoa teria se fosse posta no lugar de um touro capturado e conduzido ao “calvário” de uma tourada.
Conclusão comportamental ética?
Seres humanos (tauromáquicos) não devem infligir a outros seres de sensibilidade semelhante (touros e cavalos), sofrimentos a que os próprios infligidores (tauromáquicos) não aceitariam ser submetidos.
Na tourada à portuguesa importa mencionar o terrível sentimento de claustrofobia e pânico que o touro sofre desde que é retirado violentamente da campina e transportado em aperto até à arena. Depois, há o maltrato com a finalidade de o enfraquecer física e animicamente antes de ser toureado.
Na arena, o touro enfrenta a provocação e a tortura durante a lide e no fim desta, com a retirada sempre violenta e muito dolorosa das bandarilhas, rasgando ou cortando mais o couro sem qualquer anestesia.
No final de tudo, o animal é metido no transporte, esgotado, ferido e febril, em acidose metabólica horrível que o maldispõe e intoxica, até que a morte o liberte de tanto sofrimento.
O cavalo sofre um esgotamento e terrível tensão psicológica ao ser usado como veículo, sendo dominado, incitado e lançado pelo cavaleiro e obrigado a enfrentar o touro, quando a sua atitude natural seria a de fuga e de pôr-se a uma distância segura.
À força de treino, de esporas que o magoam e ferem, de ferros na boca e corrente à volta da mandíbula, que o magoam e o subjugam, o cavalo arrisca morte por síncope/paragem cardíaca, ferimentos mais ou menos graves, até a morte na arena.
É difícil, senão impossível, acreditar que toureiros e aficionados amem touros e cavalos, quando os submetem a violência, risco, sofrimento.
Questiono-me porque se continua a permitir uma actividade que assenta na violência e no sofrimento público de animais, legalizado e autorizado por lei e até apreciado, aplaudido e glorificado por alguns?
E uma verdadeira democracia não permite nem legaliza a tortura. E você?
Vasco Reis,13.6.13
Publicado no Algarve Jornal 123, Portimão, Algarve, Portugal
Fonte:
http://abolicionistastauromaquiaportugal.blogspot.pt/p/os-animais-humanos-e-nao-humanos-sao.html
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Comentários:
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«Concordo plenamente com cada frase escrita e isto só continua porque o dinheiro que envolve as touradas fala mais alto; na minha opinião não é por aficionamento mas sim pelo lucro e o egocentrismo em dominar um animal de grande porte entrincheirado, deslocado do seu meio ambiente, assustado e sem se poder defender.»
(Luís Filipe Ricardo)
Até que enfim que algo racional acontece no mundo dos animais humanos.
Reconhecer como pessoas os chimpanzés não é mais do que conhecer-se a si próprio, pois o que somos senão animais como os "outros"?
O que nos separa desses "outros" é muito, muito menor do que aquilo que nos une.
Então, qual é a dúvida?
Só lamento que esse passo evolutivo não se estenda a outros mamíferos. (I. A. F.)
Pela primeira vez, na história dos Estados Unidos, um juiz concedeu Habeas Corpus a dois chimpanzés, detidos num centro de investigação, onde estavam a ser usados em experiências.
Hercules e Leo estão finalmente livres. Da Universidade de Stony Brook, em Nova Iorque, e das experiências que estavam a ser sujeitos naquele centro de investigação.
E tudo isto, graças à persistência da Organização não-governamental, Projeto Direitos dos Não Humanos, e à decisão da Juíza norte americana, Barbara Jaffe.
Na passada Segunda-feira, o Supremo Tribunal de Manhattan concedeu Habeas Corpus a dois chimpanzés atribuindo assim, aos dois animais, os mesmos direitos que tem o homem.
A Lei, a Ciência e a História provam que os chimpanzés têm características, incluindo autoconhecimento e empatia, que «instituem personalidade» e o correspondente direito à liberdade, argumenta a organização que não podia estar mais contente com esta decisão.
Os animais vão ser agora libertados e enviados para um santuário para viverem o resto das suas vidas em liberdade.
Esta decisão abre um precedente legal e dá ainda mais força à Organização Projeto Direitos dos Não Humanos, para continuar o trabalho.
«Temos evidências científicas, para provar em tribunal, que elefantes, baleias e golfinhos são autónomos e por isso têm direito a viver em liberdade» disse Natalie Prosin, do Projeto Direitos dos Não Humanos.
Existem ainda dois casos semelhantes a este. Dois chimpanzés, o Kiko e o Tommy aguardam decisão dos vários recursos interpostos pela organização Projeto Direitos dos Não Humanos.
Fonte: http://sicnoticias.sapo.pt/mundo/2015-04-21-Chimpanzes-reconhecidos-como-pessoas-legais-nos-EUA
Fonte:
Especialmente transcrita para dirigir aos governantes portugueses que ainda não sabem que um Touro e um Cavalo são animais, e que entre os animais, eles são mamíferos, e que como todos os animais não-humanos são tão sencientes como os animais humanos.
Os animais são sencientes, emotivos, conscientes, inteligentes. A ciência já confirmou isso em relação a algumas espécies, mas sabe-se que isso se aplica a muitas mais espécies, ouso mesmo dizer, a todas as espécies.
E não esquecer, que antes do homem, já existia vida animal, e que o homem não é a medida de todas as coisas, nem o dono do mundo, e muito menos da Vida.
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Publicamos aqui a Declaração de Cambridge sobre a Consciência em Animais Humanos e Não Humanos, escrita por Philip Low e editada por Jaak Panksepp, Diana Reiss, David Edelman, Bruno Van Swinderen, Philip Low e Christof Koch.
A declaração foi proclamada publicamente em Cambridge, Reino Unido, no dia 7 de Julho de 2012, na Francis Crick Memorial Conference on Consciousness in Human and non-Human Animals, no Churchill College, da Universidade de Cambridge, por Low, Edelman e Koch.
O texto foi assinado pelos participantes da conferência na presença de Stephen Hawking, na sala Balfour do Hotel du Vin, em Cambridge.
A declaração foi publicada no site da Francis Crick Memorial Conference (fcmconference.org).
A tradução é de Moisés Sbardelotto (e adaptada para a Língua Portuguesa pela autora deste Blogue).
Eis o texto.
Neste dia 7 de Julho de 2012, um proeminente grupo internacional de neurocientistas, neurofarmacologistas, neurofisiologistas, neuroanatomistas e neurocientistas computacionais cognitivos reuniu-se na Universidade de Cambridge para reavaliar os substratos neurobiológicos da experiência consciente e comportamentos relacionados em animais humanos e não-humanos.
Embora a pesquisa comparativa sobre esse tópico seja naturalmente dificultada pela inabilidade dos animais não-humanos, e muitas vezes humanos, de comunicar clara e prontamente os seus estados internos, as seguintes observações podem ser afirmadas inequivocamente: - O campo da pesquisa sobre a consciência está a evoluir rapidamente. Têm-se desenvolvido inúmeras novas técnicas e estratégias para a pesquisa com animais humanos e não-humanos. Consequentemente, mais dados estão a ser disponibilizados, e isso pede uma reavaliação periódica dos preconceitos previamente sustentados nesse campo. Estudos com animais não-humanos mostraram que circuitos cerebrais homólogos, correlacionados com a experiência e a percepção conscientes, podem ser selectivamente facilitados e interrompidos para avaliar se eles são necessários, de facto, para essas experiências.
Além disso, nos humanos, novas técnicas não invasivas estão a ser disponibilizadass para se examinar os correlatos da consciência.
- Os substratos neurais das emoções não parecem estar confinados às estruturas corticais. De facto, redes neurais subcorticais estimuladas durante estados afectivos em humanos também são criticamente importantes para gerar comportamentos emocionais em animais não-humanos. A estimulação artificial das mesmas regiões cerebrais gera comportamentos e estados emocionais correspondentes tanto em animais humanos como em não-humanos. Onde quer que se evoque, no cérebro, comportamentos emocionais instintivos em animais não-humanos, muitos dos comportamentos subsequentes são consistentes com estados emocionais conhecidos, incluindo aqueles estados internos que são recompensadores e punitivos.
A estimulação cerebral profunda desses sistemas nos humanos também pode gerar estados afectivos semelhantes. Sistemas associados ao afecto concentram-se em regiões subcorticais, onde abundam homologias neurais. Animais humanos e não-humanos jovens sem neocórtices retêm essas funções mentais-cerebrais. Além disso, circuitos neurais que suportam estados comportamental-eletrofisiológicos de atenção, sono e tomada de decisão parecem ter surgido evolutivamente ainda na radiação dos invertebrados, sendo evidentes em insetos e em moluscos cefalópodes (por exemplo, polvos).
- As aves parecem apresentar, no seu comportamento, na sua neurofisiologia e na sua neuroanatomia, um caso notável de evolução paralela da consciência. Evidências de níveis de consciência quase humanos têm sido demonstradas mais marcadamente em papagaios-cinzentos africanos. As redes emocionais e os microcircuitos cognitivos de mamíferos e aves parecem ser muito mais homólogos do que se pensava anteriormente. Além disso, descobriu-se que certas espécies de pássaros exibem padrões neurais de sono semelhantes aos dos mamíferos, incluindo o sono REM e, como foi demonstrado em pássaros mandarins, padrões neurofisiológicos, que se pensava anteriormente que requeriam um neocórtex mamífero. Os pássaros pega-rabuda [1] em particular demonstraram exibir semelhanças notáveis com os humanos, com grandes símios, com golfinhos e com elefantes em estudos de auto-reconhecimento no espelho.
- Nos humanos, o efeito de certos alucinógenos parece estar associado a uma ruptura nos processos de feedforward e feedback corticais. Intervenções farmacológicas em animais não-humanos com componentes que sabidamente afectam o comportamento consciente nos humanos podem levar a perturbações semelhantes no comportamento de animais não-humanos. Nos humanos, há evidências para sugerir que a percepção está correlacionada com a actividade cortical, o que não exclui possíveis contribuições de processos subcorticais, como na percepção visual. Evidências de que as sensações emocionais de animais humanos e não humanos surgem a partir de redes cerebrais subcorticais homólogas fornecem provas convincentes para uma qualia [2] afectiva primitiva evolutivamente compartilhada.
Nós declaramos o seguinte: "A ausência de um neocórtex não parece impedir que um organismo experimente estados afectivos. Evidências convergentes indicam que animais não-humanos têm os substratos neuroanatómicos, neuroquímicos e neurofisiológicos de estados de consciência juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais. Consequentemente, o peso das evidências indica que os humanos não são os únicos a possuir os substratos neurológicos que geram a consciência. Animais não humanos, incluindo todos os mamíferos e as aves, e muitas outras criaturas, incluindo polvos, também possuem esses substratos neurológicos".
Notas da IHU On-Line:
1 - A pega-rabuda ou pega-rabilonga (Pica pica) é uma ave da família Corvidae (corvos). A pega-rabuda é comum em toda a Europa, Ásia, Norte da África e América do Norte.
2 - Qualia (plural de quale) é o nome que se dá na filosofia da mente para as qualidades subjectivas das experiências mentais, como a experiência pessoal das cores, da sensação de ouvir música, dos odores, das dores etc.. Alguns filósofos não fazem uma distinção forte entre qualia e consciência. Os qualia são subjectivos e privativos à pessoa individual.
Fonte:
Origem da foto:
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E agora que os governantes portugueses já foram informados sobre a consciência dos animais não-humanos, não têm qualquer razão lógica e racional para continuarem a excluir os Touros e os Cavalos do Reino Animal, e a manter esta coisa execrável e mais primitiva do que as práticas dos humanóides, e a que se dá o nome de tauromaquia ou a "arte" de bem torturar um animal senciente.
Depois disto, insistir neste erro é passar um atestado de infinita ignorância a vós próprios.
Isabel A. Ferreira
(Noções científicas que caracterizam estes três mamíferos, e podem ser confirmadas por qualquer cientista honesto)
Origem da foto: http://acucar-e-arte.blogspot.pt/2011_09_01_archive.html
Por Dr. Vasco Reis (Médico Veterinário – Aljezur)
1ª - O desenvolvimento embrionário é idêntico nas primeiras fases e pouco diverge nas fases seguintes, além de aspectos morfológicos e de alguns órgãos não essenciais.
2ª - Pode verificar-se que o esquema anatómico (aparelhos e sistemas) é comum; fisiologia e neurologia são idênticas.
3ª - A semelhança de sistema nervoso (centros nervosos, nervos) é flagrante.
4ª - A partir de encéfalos (central onde se processa o sentir, o pensar, o compreender, o decidir, o reagir) com estruturas correspondentes nas três espécies, é de se esperar que senciência/sentidos, consciência, sentimentos, estados de disposição, reacções sejam muito semelhantes nas três.
5ª - Os vários comportamentos confirmam isso mesmo, implicando semelhanças de necessidades (ar, alimento, água, movimento, espaço, liberdade); de sentidos; de consciência do que se passa à volta; de sentimentos; de humores; de reacções a agressão, dor, ferimento, susto, prisão, cio; de confiança e desconfiança; de amizade; de sentido de guarda e de protecção; de ligação sentimental maternal, filial, paternal, fraternal, de grupo; de gosto por carícia, por desafio, por provocação, por brincadeira, etc..
6ª Agressão a um touro ou a um cavalo - seres sencientes - é causadora de sofrimento, não muito diverso do que sofreria um ser humano em circunstâncias análogas.
7ª - Sofrimento físico (dor) é fundamental para compelir o ser a defender-se, a afastar-se do agente causador e a procurar segurança e alívio. A dor é assim fundamental e imprescindível para a defesa e a sobrevivência do ser e da espécie.
8 ª - Não é reacção que se ponha de lado com mais ou menos excitação ou com mais ou menos hormonas (ao contrário do que Illera pretende na sua pseudo-ciência).
9ª - As plantas são seres desprovidos de sistema nervoso e, portanto, não podem sentir dor, não têm consciência, não podem reagir rapidamente, não podem fugir. Não sofrem!
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Os animais não humanos têm consciência e sentimentos não muito diferentes dos nossos, o que um senso comum desperto compreende e como a ciência comprova.
Os bovinos vivem em grupo (manada) habitualmente e aí mantêm laços de companhia, solidariedade e, também de tranquilidade e habituação em relação ao sítio.
O sofrimento físico causado por violência (perseguição, captura, contenção, e castigo por aguilhão eléctrico, prisão, aperto na caixa de transporte, movimento e travagens do veículo) é acompanhado de enorme sofrimento psicológico (separação do grupo e do sítio, percepção da violência humana, claustrofobia, etc.).
E isto é só o início do martírio imposto pela tauromaquia. Não há paliativos eficazes a não ser a total abolição desta prática cruel.